Starling City 2013 escrita por AmandaTavaress


Capítulo 18
Capítulo 18




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Tommy teve que ficar internado no hospital pós cirurgia e não pôde voltar pra casa no mesmo dia. Felicity ainda era o seu contato de emergência oficialmente desde que ela havia “alterado” suas informações no hospital na época em que encobriu a sua morte, então ela se ofereceu a acompanhá-lo até que tivesse alta. Fazia sentido e nem o Oliver nem a Thea estariam disponíveis no dia seguinte, pois se comprometeram a estarem com a Moira quando a promotoria oferecesse um acordo. Eles já sabiam que Laurel estaria com a promotoria. Ela não quis pegá-los de surpresa, como seu chefe queria. Ela achou melhor avisar antes. Era o seu trabalho, mas ela não precisava ser babaca por conta disso. Só que a proposta em si, só ouviriam no dia seguinte.
— Tudo bem, Smoaky? – Tommy perguntou, observando a Felicity andar de um lado pro outro sem ter muito o que fazer.
— Quê? – Felicity perguntou distraída, pegando a ficha médica dele no pé da cama e lendo pra ter o que fazer.
— Você tá bem? Parece que tem alguma coisa te incomodando. – Tommy esclareceu a pergunta.
— A+? – Felicity perguntou reflexiva.
— Igual ao meu pai... – Tommy acrescentou. – O Oliver já te contou como ele disse pra mim sobre o... você sabe? Da transfusão de sangue? – Tommy fez o gesto de um capuz com a mão que não estava imobilizada. Felicity deixou a prancheta de volta no pé da cama e foi sentar-se do lado da cama do amigo.
— O Oliver não me conta muita coisa... Achei que ele estava melhorando nesse quesito, mas aparentemente me enganei. – Felicity respondeu desolada.
— Ah, então é isso que tá te chateando? – Tommy perguntou com um sorriso fraco. – O que o idiota do meu melhor amigo fez dessa vez?
— Eu não sei... – Felicity respondeu simplesmente. – Tem alguma coisa que ele tá escondendo de mim. Antes de ele vir aqui se despedir de você, eu vi ele conversando com uma mulher no corredor, mas assim que ela me viu, ela foi embora. O Oliver não percebeu, que eu estava lá, mas a conversa parecia muito séria, e deu pra ver que não era uma desconhecida, sabe? Ela estava de boné, então não vi o rosto dela direito... E quando eu fui sondar com ele se estava acontecendo alguma coisa, ele encerrou o assunto completamente e foi embora. Não que ele me deva alguma explicação ou algo assim... – Felicity tentou se explicar, olhando pro Tommy. – Nós claramente não somos um casal, e isso não é ciúme nem nada... Eu só sei que ele ficou muito chateado depois de conversar com aquela mulher, e eu queria poder ajudar, mas... não posso... – Felicity terminou baixando a cabeça, e Tommy pegou a mão dela na dele.
— Ei! – Felicity ergueu o olhar para o amigo. – Você também não precisa se esconder de mim. Eu sei que vocês não são um casal, mas também sei que não é por falta de sentimentos... – Felicity respirou fundo e baixou a cabeça mais uma vez.
— Eu só conheci o Oliver como ele é hoje. – Felicity começou, resolvendo se abrir pro amigo. – Esse “Ollie” de quem vocês tanto falam e que estava sempre nos tabloides? Não tenho nem ideia de quem seja, porque até quando eu não sabia do... “segredo”, ele nunca foi nada menos que respeitoso e simpático. Até quando mentia descaradamente e sabia que eu sabia... Ele simplesmente respeitava minha inteligência o suficiente pra não prolongar a mentira. E acabou que... com o tempo, eu e o Diggle éramos as únicas pessoas que sabiam quem de fato ele era. Pros outros, o Oliver interpretava um papel: Ollie Queen, o bilionário inconsequente. Mas pra gente... pra mim, ele era muito mais que isso, entende? E eu achei mesmo que ele soubesse que pode confiar em mim. Não que eu esperasse um relatório completo dos últimos seis anos da vida dele... – Felicity disse com um sorriso irônico. – Acho que ninguém nunca vai saber *tudo* desses anos dele, mas eu não pensei que ele guardaria novos segredos de mim. Ainda mais depois de... – Felicity interrompeu o que ia dizer.
— Depois do quê? – Tommy perguntou curioso. Felicity simplesmente balançou a cabeça de um lado para o outro. – Tem a ver com o segredo de como eu voltei dos mortos, não tem? – Felicity estava tão envergonhada de manter segredo do amigo que não conseguia nem olhar nos olhos dele. – Eu sei que a história é maior do que simplesmente “me largaram na sua porta”, Felicity. Eu sei que tem coisas que você nunca me contou.
— É porque é tão absurdo, que nem eu sabia se acreditava 100% no que aconteceu!
— Mas você acredita 100% agora, não é? – Tommy perguntou sério. Felicity assentiu com a cabeça. – Me conta então. Se você acredita, isso basta pra mim. – Felicity sentiu seu coração encher tanto de amor pelo Tommy, que não aguentou e o abraçou com o máximo de cuidado possível e os olhos marejados. – Ah, Smoaky! – Felicity esperou alguma piadinha pra aliviar a carga emocional do momento, mas a piada nunca veio. Tommy simplesmente retribuiu o abraço da melhor maneira que pôde, e aguardou que ela estivesse pronta. E porque ele pediu, ela contou. Ela explicou sobre a Zari, sobre viagem no tempo, sobre o pai dele ter ressuscitado o Tommy num futuro que nem existia mais, sobre o William do futuro, e sobre...
— Então quer dizer que falando com o William de 2040, vocês descobriram que você e o Oliver... se casam, têm uma filha? – Felicity assentiu com a cabeça. – E ele sabe? – Felicity assentiu mais uma vez. – E tão enrolando pra ficar juntos por quê, meu Deus? – O tom de voz de Tommy era de pura frustração. – Pra que essa perda de tempo? O mundo todo já acha que vocês estão juntos! Vocês tão passando pela parte ruim sem gozar da parte boa? Não consigo entender!
— É complicado... – Felicity tentou explicar.
— Não, não é complicado! – Tommy estava agora um pouco bravo, além de frustrado. – Não é complicado porque eu sei muito bem que você ama o Oliver. E depois de ver o Oliver com você nessas últimas semanas desde que ele voltou, eu consigo ver completamente essa mudança que você falou. O Oliver que me mandou lutar pela Laurel e ainda assim foi atrás dela é o mesmo babaca do Ollie que eu conheci. Nunca tinha sido babaca comigo antes, mas o comportamento foi bem típico dele mesmo. Mas com você... – Tommy passou a mão no cabelo dela, tentando demonstrar que não estava com raiva dela em si. – Com você ele é sim esse Oliver que só você conhece. O Oliver que eu e a Thea sempre soubemos que ele era, mas que só resolveu vir à tona por você! É claro e visível pra qualquer um, Felicity! O Diggle vê, eu vejo, a Thea vê... Então por quê, Felicity? Por que não estão juntos?
— A gente decidiu que não deixaria uma mensagem do futuro escolher pela gente. – Felicity deu de ombros. – A verdade é que o Oliver estava ficando diferente comigo por causa disso, e eu quis oferecer uma saída pra ele. Assim como você, eu quero ser a primeira opção, Tommy, não que ele fique comigo porque alguém disse que seria assim.
— Eu entendo completamente... – Tommy disse baixo. – Prometo que não vou interferir nesse ritual de acasalamento estranho de vocês. Mas Felicity, acredita em mim quando eu digo: nossa situação não é a mesma. O Oliver claramente não se acha digno de uma pessoa que ele considera ter pendurado o sol no céu, enquanto que a Laurel estava completamente bem consigo mesma e ainda assim escolheu o Oliver a mim. – Felicity fez uma expressão que era um misto de chateação com a Laurel e pena pelo amigo. – As coisas são como são...
— Tenho certeza que um dia vai aparecer alguém digna dessa pessoa maravilhosa que você é, Tommy. – Felicity pegou a mão dele mais uma vez. – E se ela passar pelo meu crivo, eu deixo você ficar com ela. – Ambos riram e conversaram sobre coisas mais leves até caírem no sono.

***

Alguns dias se passaram desde o tiroteio, Tommy teve alta, e com tempo, se recuperaria como se nada tivesse acontecido. Felicity finalmente descobriu o que o Oliver estava escondendo dela: Sara Lance, e ela foi obrigada a concordar que não era um segredo dele pra se compartilhar. Sara até ficou na mansão Queen por alguns dias, mas depois do ataque e ameaças da Liga dos Assassinos, ela resolveu deixar a cidade. Felicity genuinamente gostou da Sara. Ela sentiu na assassina a mesma dor e peso que sentia no Oliver. Duas pessoas que se odiavam pelas escolhas que fizeram pra sobreviver.
Em meio a isso tudo, Oliver confidenciou à Felicity que sabia que sua mãe estava escondendo algo. Ela preferia aceitar o acordo de prisão perpétua e não ter que ir a júri a continuar lutando. Thea ficou muito brava e chateada com isso. Já estava difícil ficar do lado da mãe (especialmente depois da descoberta do que havia se passado com o William), e agora a adolescente estava se sentindo abandonada, como se a mãe estivesse desistindo dela.
— E você tem certeza que ela está guardando um segredo de vocês, por isso ela não quer enfrentar o júri? – Felicity perguntou ao Oliver quando ele trouxe o assunto à tona numa noite em que só restaram os dois no esconderijo debaixo da Verdant.
— Eu perguntei pra ela se ela estava com medo que levassem o escândalo do William pro júri, mas como eu não entrei na justiça, e não há prova nenhuma de que ele seja o meu filho, ainda que saibam da existência dele, isso não mudaria em nada o julgamento dela. Mas eu sei que tem alguma coisa que ela quer esconder. Eu sei! – Oliver olhou sério nos olhos da Felicity.
— Oliver... Eu estou desconfiada que sei o que é. E eu posso ver ser consigo provas concretas, mas é sua mãe... Tem certeza que quer saber? – Felicity perguntou hesitante.
— Nada pode ser pior do que esconder o William, Felicity. – Oliver respondeu claramente triste com a mãe.
— Tem razão... Você quer ouvir agora das minhas suspeitas, ou quer esperar eu ter provas?
— Felicity, se você conseguir encontrar, a promotoria também pode encontrar, e eu prefiro entrar numa batalha com todas as informações possíveis. – Felicity assentiu com a cabeça e começou a digitar no seu teclado, abrindo algumas janelas de documentos. – Além do mais... – Oliver puxou uma cadeira pra sentar do lado dela e passou a mão na ponta do seu rabo de cavalo pra que ela olhasse pra ele. Ela olhou erguendo as sobrancelhas, e ele retribuiu sorrindo. – Se você desconfia de algo, provavelmente está certa.
Felicity sorriu encabulada e virou ligeiramente seu monitor para que o Oliver pudesse enxergar melhor.
— Quando o Walter pediu que eu pesquisasse o livro da sua mãe e também aquela empresa Tempest, eu acabei revirando várias coisas e descobri uma quantidade considerável de dinheiro desviado da empresa. Pela sua mãe. Eu falei com o Walter, que na época me falou que falaria com ela, mas eu sabia que era mentira... Os britânicos mentem mal. – Oliver deu um leve sorriso, mas permaneceu em silêncio. – Felicity mostrou suas pesquisas da época. – Pra ser bem sincera eu nunca confiei muito na sua mãe, então continuei pesquisando. Eu encontrei esse rastro de dinheiro. – Ela apontou um nome na tela. – Pagamento para um Dr. Gill, que foi o obstetra dela na época que a Thea nasceu. Eu não tinha mais nada a ver com isso e deixei quieto. – Oliver assentiu com a cabeça, e Felicity continuou. – Eu entendo o básico de genética, Oliver, todos estudamos na escola sobre genes dominantes e recessivos, né? – Oliver fez uma cara de “mais ou menos”, e Felicity continuou. – Sempre me incomodou muito o fato da Thea ter cabelos castanhos. Seu pai *e* sua mãe são louros. Duas pessoas louras só podem ter filhos louros. Ou ruivos, ocasionalmente... Talvez albinos.
— Felicity! – Oliver chamou a atenção da amiga, pois ela estava saindo por uma tangente.
— Sim! – Felicity voltou ao assunto. – E uma vez eu perguntei se ela tingia o cabelo, porque você sabe... Mistérios me incomodam! E ela disse que não. Então não havia chance genética da Thea ser filha do Robert!
— Mas então? – Oliver perguntou em dúvida.
— É aqui que eu não posso provar nada e é tudo suposição. – Felicity continuou a explicação. – Durante o tiroteio dos Glades, a Thea doou sangue e me disse que tem sangue A+. O seu é O-. Não seria impossível vocês serem irmãos do mesmo pai e mãe, mas juntando ao que eu já sabia, minhas suspeitas aumentaram ainda mais. – Oliver respirou fundo mas não ousou interromper a linha de pensamento da Felicity. – Daí, no mesmo dia eu descobri mais uma pessoa que tem sangue A+. O mesmo do pai dele... Que conviveu por anos com a sua mãe...
— Não... – Oliver se levantou da cadeira, passando as mãos freneticamente pelo cabelo.
— Oliver, eu não tenho como provar, e é tudo suposição até a gente fazer um teste genético, ou a sua mãe confirmar... Mas eu acho que a Thea é filha do Malcolm.
— Mas se isso for verdade, minha mãe mentiu a vida toda pra ela e pro... Tommy! – Oliver disse horrorizado.
— E se a gente não tivesse descoberto, por quantos anos mais ela mentiria pra você sobre o William? – Felicity disse baixinho, olhando sem jeito pra ele.
Oliver respirou fundo e parou de andar de um lado pro outro.
— Eu vou conversar com ela sobre isso. Vou tirar a limpo essa história o mais rápido possível.
Felicity apenas assentiu com a cabeça, fechou suas janelas e desligou os monitores antes de se levantar.
— Boa noite, Oliver. Não fique até muito tarde. – Ela se esticou para dar um beijo na bochecha dele, e antes que ela pudesse se afastar muito, Oliver pegou na sua mão e a chamou:
— Felicity... – a loirinha se virou olhando das mãos deles juntas pro rosto dele. Seu olhar estava triste e cansado, mas ele olhava profundamente nos olhos dela, e ela sabia que não eram por causa dela aqueles sentimentos. – Obrigado.
Felicity assentiu vagarosamente com a cabeça e eles ficaram naquela posição alguns instantes a mais do que o necessário, até que Felicity finalmente quebrou o contato, e foi embora.


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Notas finais do capítulo

Uau... O Tommy tinha mais pra falar do que eu imaginei
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