Return to Paradise escrita por Lily


Capítulo 10
10. One Day At A Time




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"One Day At A Time"

I

“-Você se lembra quando disse que queria começar de novo a nossa relação? - Jackie indagou colocando um punhado de pipoca na boca. Na televisão os créditos do filme passam indicando seu fim, Betsy dormindo entre eles indicava que já estava tarde, talvez tarde demais para poder ir para casa.

—Lembro, porque praticamente falei isso hoje de manhã. - Steven resmungou pegando os caroços não estourados da vasilha. Jackie franziu a nariz, ele era a única pessoa que ela conhecia que comia aqueles milhos solitários que se recusavam a estourar e se unir a multidão. - Em que ponto quer chegar, Jaqueline?

Jackie revirou os olhos. Steven havia pegado a estranha mania de chamá-la de Jaqueline só porque Margot a chamava assim. Ele tentava desesperadamente impressionar Margot de todas as maneiras possíveis, o que chegava a ser ridículo.

—Com quem foi seu primeiro beijo? - ela indagou mesmo sabendo que talvez não obtivesse a resposta que queria. Steven não falava sobre seus sentimentos ou emoções, e era bem provável que ele apenas lhe desse uma resposta rasa e encerrasse o assunto, ou mesmo nem lhe desse uma resposta.

—Lauren. - ele disse sem olhar para ela. Jackie arqueou as sobrancelhas quase sentindo a pele de seu nariz esticar. Ele não podia estar falando sério.

—Lauren Forman? A prostituta Forman? Aquela que você jurou odiar pelo resto da vida? Aquela vadia com quem Michael me traiu? Aquela Lauren?

—Ela mesma, Jackie.

—Por que? - ela questiona mesmo que sua vontade seja de chutá-lo na canela. Era horrível pensar que ela e Lauren pareciam ter o mesmo gosto para homens. Michael, Fez e Steven. Argh!

—Eu tinha onze anos, estava de bobeira no porão, Lauren apareceu, brigamos por algo e ela acabou esfregando na minha cara que eu ainda é BV, então eu meio que disse que se ela tivesse uma alma boa me ajudaria com isso e então ela me beijou.

—Oh meu Deus, Steven! Essa é a pior história sobre primeiro beijo que eu já ouvi. Chega a ser nojento.

—Você só fala isso porque odeia Lauren. - ele retrucou acertando o rosto ela com um dos grãos gordurosos.

—Hey!

—Seu primeiro beijo também não deve ter sido legal. Nenhum primeiro beijo é legal.

—O meu foi. - ela afirmou balançando a cabeça dramática. - Foi com Michael. Eu tinha oito anos e foi meu beijo especial com ele .

—Beijo especial?

—É. Em todos os meus namoros eu tive um beijo especial. Com Michael foi meu primeiro beijo, com Fez foi o beijo na caixa d'água, com Philippe foi naquela peça de teatro depois que ele me deu o anel de noivado e Dylan foi no almoço no country club depois de uma partida de tênis que ele me deixou ganhar. - ela contou enumerando nos dedos seus beijos especiais. Steven a encarou pelo canto do olho, ele passava cada vez mais tempo sem aqueles malditos óculos escuros quando estava com ela. Jackie o conhecia muito bem para saber o que ele queria que ela falasse. - E o meu beijo especial com você foi naquele dia dos veteranos quando você me levou a aquele encontro.

—Você disse que não havia sentido nada. - ele a lembrou, Jackie mordeu o lábio e desviou o olhar. - Então isso significa que você mentiu.

—Mas você também mentiu. - ela acusou mantendo um sorriso insolente. - Nós dois somos mentirosos, sr. Steven Hyde.

—Péssimos mentirosos para falar a verdade. - ele afirmou deixando um sorriso adornar seus lábios.

—Terríveis.”

—Não, cara. É porque foi com sua irmã. - Steven disse e Jackie não pode evitar olhar para ele. Assim como todos na sala.

—NÃO! - Eric gritou dramaticamente enquanto se jogava no chão. - Hyde não me diga isso! Não me deixei morrer com esse desgosto!

—Eric, se você for um pouco mais dramático estaria no cinema. - Jackie murmurou atraindo a atenção de todos para ela. - Isso não é o fim do mundo.

—Me surpreenda que você, o diabo. Não esteja revoltado com esta situação. Pensei que seria a primeira a gritar e chutar Hyde.

—Eric, eu sou adulta agora. Não me importo quem Steven beijou ou não.

—Não, você não é. - Fez afirmou cruzando os braços. - Você gritou com um dos duendes do Papai Noel do shopping por suas meias não estavam combinando!

Jackie revirou os olhos e se encostou na parede, tentou parecer indiferente quando disse.

—Tanto faz.

Steven sorriu para ela enquanto a sala de enchia de grunhidos de desaprovação.

—E por que diabos você não está gritando? - Eric indagou a Red. - Esse marginal beijou sua filha e você não está gritando.

Red apenas deu de ombros e voltou a assistir TV, Kitty soltou uma risada nervosa antes de virar para o filho e dizer.

—Pegamos os dois se beijando no porão. Desculpa não ter contado, querido.

—Se Lauren pegou Hyde, isso significa que todos os amigos do Eric ficaram com a irmã dele. Isso é um triplo burn! - Michael exclamou sorrindo como idiota.

Jackie segurou o riso enquanto observava Eric continuar a se lastimar e Steven o encarar impaciente.

—Você! Oh prostituta do Satanás. - Eric apontou para Lauren que o olhou indagada. - Que tipo de feitiço você lançou nos meus amigos para  caírem em suas garras?

—Papai! Eric me chamou de prostituta! - Lauren exclamou batendo o pé no chão.

—Eric. - Red o repreendeu sem olhar para os filhos. Jackie balançou de leve a cabeça tentando lembrar que eles não eram os mesmo adolescente de antes, que ela era uma adulta de quase quarenta anos com um bebê em sua barriga e uma marido sendo interrogado pelos seus melhores amigos, estes que não faziam ideia de que eles eram casados. Aquilo era uma bagunça.

—Brooke, passa logo para a próxima pergunta antes que Eric tenha um derrame. - Donna pediu enquanto empurrava o marido para se sentar na cadeira.

—Ok, pergunta número nove. - Brooke retirou a mão de dentro do aquário e desdobrou o papel. - Qual o melhor dia de sua vida?

Steven parou um segundo parecendo pensar no que dizer. Jackie observou com suas sobrancelhas se levantaram quase unido-se e boca se contorcia de leve enquanto ele buscava a resposta. Mas ela já sabia qual era.

—O dia em Red me forçou a vir para cá.

A sala de repente ficou em silêncio. Eric que segundos atrás parecia irritadíssimo com Steven, agora tinha um olhar surpreso em seu rosto, Kitty sorriu abertamente segurando as mãos perto do coração e Red apenas encarava Steven com seu rosto impassível. Jackie podia ver o misto de emoções que se passava na cabeça de cada pessoa presente. Surpresa, descrença, perplexidade, alegria, compaixão. Ela mesma estava com um sorriso no rosto quando a sra. Forman se levantou de onde estava e caminhou até Steven o envolvendo em um abraço.

—Oh meu bebê. - ela sussurrou com a voz embargada.

—E é por isso que Steven é o favorito. - Jackie disse sem deixar de sorrir.

—Hyde não é o favorito, não é mamãe? - Eric olhou para Kitty em busca de uma afirmação, mas a mulher apenas continuou calada enquanto se afastava de Steven e voltava ao se lugar.

—Oh meu Deus! Que fora! - Michael exclamou. Jackie riu com vontade enquanto o rosto de Eric era tomado pela descrença.

—Isso está bem melhor do que eu imaginava. - Fez disse também sorrindo. - Continue lady Brooke, vamos descobrir mais podres deste lindo filho de aberração.

Brooke balançou a cabeça rindo e então puxou outro papel, ela o leu rapidamente e franziu a testa parecendo preocupada. Então seus olhos voaram direto para Jackie e depois voltaram para Steven.

—Você tem a opção de não responder, então apenas diga se não quiser, está bem?

—Brooke, eu já estou ferrado, qualquer coisa que eu diga não fará a menor diferença. Então pode mandar qualquer pergunta que eu não hesitarei em responder. - Steven afirmou mantendo a expressão de indiferença.

—Você quem sabe. Lá vai, o que você ia fazer em Chicago quando foi atrás de Jackie?

—Eu ia propor.

Jackie não pode evitar de olhar surpresa para Steven, mesmo que já soubesse sobre aquilo, era estranho ouvi-lo falar disso na frente de todo mundo. Era como ele finalmente revelasse o final não gravado de um filme já assistido.

—Você realmente iria pedir para ela casar com você? - Donna questionou piscando rapidamente. - Tipo de verdade?

—Sim, big Red. Eu tinha um anel e tudo. Eu fui até lá para isso, mas Kelso atrapalhou meus planos. - Steven disse olhando para Michael que parecia nervoso.

—E por que diabos você iria propor a Jackie se você tinha pavor de casamentos? - Eric indagou parecendo mais perplexo do que qualquer um. - Você estava cedendo ao diabo?

Jackie revirou os olhos.

—Seja mais criativo, Eric. - ela resmungou.

—Ok. Vamos reformular a frase. Hyde, você pode acaso estava cedendo ao ser que criou todo o mal no mundo e seus derivados?

—Você iria me propor? Eu pensei que você fosse contra o casamento. - Jackie olhou surpresa para Steven. O silêncio da cidade do lado de fora apenas mostrava a eles que as horas estavam passando.

—A ideia de casar me assustava, mas de te perder me aterrorizava. - Steven revelou sem olhar diretamente para ela. Jackie mordeu o lábio imaginando que se ela tivesse ouvido aquelas palavras anos antes as coisas seriam bem diferentes.”

Steven deu de ombros se fazendo de indiferente.

—Oh Kelso, seu grande filho da mãe. Você é um idiota estraga prazeres. - Fez resmungou dando um soco no braço de Michael.

—Jesus, Fez!

—Brooke, continua. Quanto mais rápido acabarmos, mas rápido essa humilhação passa. - Steven disse.

—Qual o pior de sua vida?

—O dia em que minha mãe me abandonou. - ele falou, Jackie silenciosamente torceu para que ele olhasse para ela, porém Steven manteve os olho fixos em Brooke.

—Quando percebeu que chegou ao fundo do poço?

—The Rolling Stones, New York, 16 de março de 1991.

Brooke franziu a testa diante da resposta. Jackie entendia sua confusão mental, se ela não soubesse a história também se sentiria confusa.  

—Qual sua cor favorita?

—Preto. Porque é versátil.

—Sério que você estragou uma pergunta com isso! - Eric olhou irritado para Fez que apenas deu de ombros.

—Prioridades, baby.

—Próxima pergunta. - Brooke disse segurando o riso. - Antes de qualquer coisa, essa pergunta é de Michael. Você prefere passar o dia ouvindo Jackie falar de compras ou ouvindo Eric falar sobre aquelas coisas idiotas de naves espaciais?

Steven ponderou por alguns segundos, Jackie arqueou a sobrancelha. Ele estava mesmo pensando em como responder aquela pergunta?

—Jackie. Pelo menos eu sei como fazê-la calar a boca. - ele disse e ela suspirou mantendo um sorriso no rosto.

—Por quem você decidiu parar de beber? - Brooke indagou e por algum motivo Jackie sentiu que aquela pergunta era dela. Movendo os olhos para longe ela colocou as mãos sobre a barriga já sabendo qual seria a resposta de Steven.

—Margot.

Jackie fechou os olhos com força até sentir a pressão cada vez mais forte. Ela então deitou a cabeça contra a parede e tentou regular sua respiração. Um para dentro. Um para fora. E enquanto fazia isso sentia que tudo ao seu redor se afastava lentamente, até que ela percebeu que seu pequeno exercício de respiração na verdade se transformou em um pequeno cochilo.

—Qual o seu maior medo? - a voz de Brooke soou longe, mas desta vez Jackie não deu importância.

 

II

Eric sabia que sua esposa era maligna, mas não podia imaginar o quanto até aquele momento. Donna havia feito o maior bad boy de Wisconsin abrir seu coração. Ele deveria eternamente a ela por isso. Hyde parecia tentar se manter zen, mas todas aquelas perguntas estavam quebrando-o de pouco em pouco. E parecia que as piores haviam ficado por último, a porcaria iria ser bem maior.

—Qual o seu maior medo? - Brooke indagou. Hyde parou alguns segundos parecendo pensar bem no que iria responder.

—Ser abandonado.

Eric assentiu lentamente. Hyde estava sendo mais sincero naquela hora do que em qualquer momento de sua vida. Ele parecia outro cara e Eric tinha certeza que ele era, seja lá quem fosse Margot, ela havia feito uma enorme diferença no maconheiro vagabundo que morava no porão.

—Qual o pior show de sua vida? - Brooke questionou amassando o papel e o jogando de volta ao aquário.

—The Rolling Stones, New York, 16 de março de 1991.

—Como esse pode ter sido seu melhor show e seu pior show? - Donna pergunta dando voz ao questionamento de todos na sala.

—É complicado. - Hyde disse, não havia sinal de gozação em sua voz. Ele parecia sério e até nervoso, seus olhos buscavam Jackie, porém a morena ainda estava sentada na escada fingindo ignorar tudo e todos.

—Por que?

—Eu me lembro que Mick Jagger estava cantando “You can't always get what you want” e depois disso não lembro de mais nada. Eu estava tão bêbado e alto que nem conseguia lembrar meu nome. Foi naquele show que eu percebi que havia chegado ao fundo do poço.

—Então foi quando você decidiu parar de beber e fumar? - Kitty indagou com a voz aliviada. Eric sabia que ela estava aliviada por Hyde estar finalmente se abrindo com eles, mesmo sem ser por vontade própria.

—Foi quando eu conheci Margot. Ela salvou minha vida. - Hyde disse com a voz de indiferença.

—Ela foi um anjo, não foi? - Donna sorriu com carinho para ele. Hyde assentiu deixando um sorriso um tanto triste tomar conta de seu rosto.

—Ela era uma boa garota. - ele afirmou deixando o sorriso de esvair.

—Por isso se apaixonou por ela? Por que todo bad boy gosta de uma boa garota? - Eric questionou, Hyde soltou uma risada debochada desviando indiretamente o olhar para Jackie.

—Boas garotas modificam os caras. - Donna disse apontando com a cabeça para Brooke. - Acho que devemos agradecer a Margot por este novo Hyde. Quando podemos conhecê-la?

Hyde abaixou os olhos parecendo mais melancólico do que ele sempre foi. Algo estava errado e Eric sabia disso. Ele abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo quando de repente a campainha tocou. A sala ficou em silêncio.

—Eric, vá abrir. - Red ordenou.

—Mas por que eu?

—Porque eu quero.

Eric se levantou irritado do banco do piano e caminhou até porta da frente, ele girou a maçaneta e arqueou a sobrancelha diante do adolescente que estava parado na soleira. Alto, cabelo claros e olhos azuis.

—Oi, por acaso Lauren Forman mora aqui? - ele indagou apertando com força o punho do casaco. Eric franziu a testa.

—Você não é novo demais para ela? - ele questionou fazendo o garoto arquear as sobrancelhas. - Esquece. Lauren é pra você.  

Eric observou a irmã lentamente se aproximar dele com a cerveja na mão e olhar confusa para o garoto.

—Oi, eu sou a Lauren. O que você quer comigo?

—Por acaso você esteve no Kansas em 1981? - o garoto perguntou. Lauren assentiu. - Que bom. Porque eu sou Frederico Galler, seu filho.

Eric arregalou os olhos deixando um sorriso subia pelo canto de seus lábios enquanto o rosto de Lauren foi tomado pelo desespero.

—OH NÃO! - ela gritou ao mesmo tempo que Eric exclamava.

—OH SIM!


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