Casamento Arranjado escrita por Thalita Moraes


Capítulo 3
Capítulo 3




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Se tinha uma coisa que Edward não conseguia fazer era escolher. Muitas escolhas na sua frente fazia seu estômago revirar. Edward sabia que se ele não perguntasse a tão aclamada pergunta para seu sogro, ele viveria com a dúvida e acabaria deixando-se tornar louco. Edward precisava saber. Então, Edward tomou a decisão de conversar com seu sogro sobre Bella.

Assim que Edward viu uma brecha pra poder falar com seu sogro sobre um assunto que os dois conheciam, Edward entrou em sua sala já ajeitando a gravata.

— Eu estou vendo que você está nervoso, Edward. — Nelson já o interrompeu antes mesmo de falar. — O que está em sua mente?

— Eu preciso conversar com o senhor sobre... — Ele disse, parando para engolir em seco, mas a saliva entrou no buraco errado, e se esforçando para não tossir, disse o nome dela baixinho, sua voz travando. — Isabella.

Nelson olhou para Edward confuso. Ele sentou para trás na cadeira.

— O que tem a Isabella?

— O senhor sabe se ela tem... Algum histórico de doença mental? — Edward perguntou, percebendo agora o quão idiota foi aquela pergunta. Ele estava esperando que Nelson fosse ficar surpreso ou rir de sua cara, mas a reação dele foi inesperada. Ele apenas sentou para frente e fechou o computador.

— Porque você pergunta isso? — Nelson perguntou. Era como se ele já tivesse ouvido aquilo de outra pessoa.

— Porque ela ultimamente anda fazendo algumas coisas um pouco estranhas. — Edward disse, sentindo-se nervoso demais para continuar de pé. Ele sentou-se na cadeira na frente de Nelson. — Ela anda conversando consigo mesma, ela, às vezes, para do nada e fica encarando a parede, como se... como se tivesse alguma coisa ali. — Edward parou para analisar a reação de Nelson. Nenhuma. Era como se ele estivesse suprimindo todas as emoções. — O senhor já viu ela fazendo isso antes?

— Sim. — Nelson disse, suspirando. — Ela é de fazer essas coisas. É perfeitamente normal.

Edward ficou imediatamente preocupado.

— É completamente normal parar no meio de uma conversa e olhar para o nada? — Edward perguntou, ficando um pouco mais que preocupado. — O senhor acha completamente normal conversar com uma planta achando que a planta está te respondendo?

— Ela tem uma imaginação forte. — Ele deu de ombros. Edward estava indignado.

— Desde quando ela faz isso? — Edward perguntou.

— Desde os cinco anos de idade, acho. — Nelson disse. — Eu te disse, é perfeitamente normal. É uma coisa dela.

Edward suspirou e desistiu. Ele não conseguiria descobrir o que Bella tinha através de seu pai. Ele imaginava como era os outros relacionamentos que Bella teve.

— Só tenho uma última pergunta. O senhor sabe quantos namorados Bella já teve? — Edward perguntou e agora Nelson riu.

— Foram tantos... Ela era muito paqueradora no ensino médio. Não tenho como te dizer isso. Ela só me apresentou para um, mas uma semana depois eles terminaram. O único que realmente durou com ela foi você. — Nelson disse deixando Edward curioso.

— Obrigado. — Edward disse, levantando-se da cadeira. Antes de chegar à porta, Nelson chamou de volta.

— É melhor deixar ela. — Edward virou-se para ver o que Nelson estava dizendo. — Ela é um mistério. Nem eu consegui desvendar ela. Eu duvido que você consiga.

Edward saiu do escritório de Nelson determinado a encontrar o problema de Bella, só para provar para seu sogro.

Por um momento, Edward pensou em conversar com Bella, talvez ela soubesse se ela estava passando por alguma coisa específica. Mas pensou que talvez seria uma má ideia, afinal, não sabia como Bella poderia reagir. Recentemente, toda vez que Edward queria falar com Bella que não fosse do assunto que ela queria conversar, bom... era seguro dizer que Bella não agia como ela mesma. Bella começava a falar em tom alto, se tornava agressiva, sempre voltando para o mesmo assunto de sempre. Ela sempre achava que Edward estava traindo ela. E não importava o quanto Edward continuasse a falar que não, que nunca nem tinha olhado para outras mulheres depois que casou com ela, o que era uma verdade, pois não tinha tempo para sair e se acalmar, e se preocupava com as reações cada vez mais agressivas de Bella.

Ele tinha certeza de que se trouxesse o assunto doença mental à tona, ela transformaria a conversa para virar em torno do caso que achava que Edward tinha.

À esse ponto, ele estava se perguntando se Bella fazia aquelas coisas de propósito ou não. Ele odiaria ser considerado como vítima de um relacionamento abusivo, não seria algo bom para ser estampado na capa de uma revista. “Mulheres podem ser abusivas também: conheça Edward Allen, vítima de abuso conta sua história”.

Edward sentou-se em sua mesa no escritório, pensando se ligava para Isabella ou se procurava outra forma de se livrar daquele pesadelo que estava vivendo. Era tão intenso que Edward não conseguia ficar em sua casa por muito tempo, mas também não podia ficar fora por muito tempo, pois Bella criava ilusões de que ele estava traindo ela.

Edward então, resolveu ir atrás de um ex-namorado de Bella. Talvez ele não fosse o primeiro. Não demorou muito tempo para encontrá-lo, e Edward ficou surpreso quando ligou e Alex concordou em encontrá-lo. Em meia hora, Edward estava na cafeteria, bebericando um café quente sem açúcar quando um homem bronzeado e extremamente malhado apareceu na porta da frente. Seu cabelo era bagunçado, e seu sorriso era extremamente branco. Ele olhou para os lados e sorriu para Edward. Pegou uma água e sentou-se na frente de Edward.

— Desculpe, eu me atrasei um pouco no trânsito. — Ele disse oferecendo a mão. Edward aceitou com um pouco de receio. — Eu sou Alex, você disse que queria conversar comigo no telefone.

— Ah, sim. — Edward disse, gaguejando um pouco. Alex tinha um perfume muito cheiroso. — Desculpa, você está um pouco diferente das fotos.

— Sim, depois que eu terminei com ela, eu resolvi seguir minha carreira como surfista profissional.

— E está dando certo pelo visto. — Edward disse e Alex riu, sem graça.

— Sobre o que exatamente você queria conversar? — Alex disse e imediatamente o sorriso que Edward nem tinha percebido que estava segurando desapareceu.

— Quando você namorava com a Isabella, você reparou em alguma coisa diferente nela?

— Tipo?

— Ela não parecia ser um pouco... sei lá, abusiva? Controladora?

— Sim, mano. Esse era nosso relacionamento. E se você for atrás dos outros, eles vão dizer a mesma coisa. A Bella é assim cara. — Alex disse e então viu o anel na mão de Edward. — Então, você é o marido dela agora? Vish, que bala, hein. — Ele disse, fazendo uma careta e abrindo sua garrafa d’água.

— Porque?

— Porque quando eu namorava com ela, era cada um em sua casa e ainda assim já era ruim, porque ela ficava quase o tempo todo ligando para mim e pedindo para eu ir para a casa dela, porque era importante. Chegando lá, era alguma coisa minúscula e ridícula e era tudo uma desculpa para poder me ter por perto. — Alex disse e bebeu sua água quase pela metade, enquanto Edward digeria toda aquela informação.

— Ela já chegou a ficar agressiva com você? — Edward perguntou, com medo.

— Agressiva? — Alex perguntou soltando uma risada alta. — A Isabella é agressiva, Ed. Não se engane pela carinha fofa, ela é um demônio no corpo de uma mulher. Se você não se cuidar, ela pode te matar enquanto você dorme. — Alex disse e a boca de Edward secou. Ele tentou beber um gole de café, mas desceu completamente quadrado. — Ela ainda não tentou te matar?

Edward ficou em silêncio.

— Ela vai tentar. — Alex disse, o clima ficando mais sério ainda. — Eu não to te falando isso para você ficar com medo, tá, eu desejo o melhor de tudo para você. Mas você precisa saber com quem você está morando. Ela tem tendências agressivas.

— Você já conversou com ela alguma vez sobre... sei lá, ir no psicólogo?

— Você já conversou com Bella alguma vez? — Alex disse. — Ela sempre tem a mania de transformar a conversa voltada para ela, ela gosta de ser o centro das atenções. Ela não vai te ouvir. O melhor que você tem a fazer é chamar uma ambulância e levar ela direto para um manicômio. Eu tentei fazer isso, mas o pai dela pediu para não fazer isso.

— Nelson sabe de tudo?

— Sim, cara. Sempre que eu tinha algum problema, Nelson resolvia. Por que você acha que não tem nenhuma notícia disso na internet ou em lugar algum? Ele pagou para ninguém escrever sobre a filha louca dele. — Alex parou para respirar, e ponderar se contava aquela história para ele. — Uma noite, ela invadiu meu quarto com uma faca e se eu não tivesse acordado para ir ao banheiro... Eu poderia estar morto agora. Eu chamei a polícia, alguns minutos depois, Nelson estava lá. Ele me disse para terminar com ela, que ele manteria ela em sua casa, que ele cuidaria de tudo, que eu não precisava me preocupar. Ele colocou Bella no carro e vazou. Nenhuma viatura chegou aquela noite.

Edward ficou em silêncio, batucando seus dedos na mesa, nervoso. Nelson sabia do que Bella era capaz, mas ainda assim, ele ignorava tudo, mantinha tudo debaixo dos panos, mesmo quando isso pudesse ser uma ameaça para outras pessoas.

— Olha, na boa, um conselho de amigo. Não conviva com ela, não deixa ela entrar na sua vida, não deixa ela transar com você. Se ela chega no estado de “romance”, ela fica completamente obsessiva. — Alex disse e Edward abaixou a cabeça. — É tarde demais, não é?

Edward apenas acenou com a cabeça.

— Porra, mano. — Alex disse, terminando de tomar a sua água. Os dois ficaram em silêncio por um tempo. Edward então, resolveu perguntar.

— Você acha que talvez ela teria algum problema mental? — Edward perguntou, completamente direto. Ele estava extremamente contente que Alex estava disposto a conversar com ele.

— Com certeza. — Alex disse. — Ela com certeza deve ter algum problema. Mas não adianta levar ela num psicólogo. O melhor é botar ela num manicômio.

Com esse conselho, logo depois do café os dois se despediram. Alex parecia ser uma pessoa simples e feliz. Edward adoraria ser amigo dele. Edward entrou no carro e pensou no que faria, quando Amanda ligou para ele. Ele sorriu e atendeu o telefone, sabendo o que ela queria. Edward não tinha entregue alguns documentos para ela que ele deveria ter entregue de manhã.

— Eu estou voltando para a empresa agora, quando eu chegar eu te mando por e-mail.

— Obrigada. E, como que ta indo a vida, Ed? — Amanda disse, com um sorriso no rosto. Dava para ouvir pelas palavras dela. — Eu sinto falta de você, o escritório não é a mesma coisa sem você.

— Aah, que fofinha. Ta sentindo minha falta? — Edward brincou.

— Claro que sim. — Ela disse, sem fingir. — Quando você vai aparecer aqui ou você agora é um homem ocupado e importante?

— Quando eu puder, eu dou uma passada aí.

— É o teu pai, né?

— Sim.

— Ele ta bem chateado com você, sabia? — Ela disse. — Parece que você traiu ele.

— Eu não to traindo ninguém.

— Eu preciso voltar ao trabalho. Não esquece de me mandar aqueles documentos da multinacional. Eu preciso de tudo pronto para hoje.

— Tudo bem. Deveríamos marcar uma saída qualquer dia desses. — Edward disse, sorrindo.

— Me manda o e-mail primeiro. — Amanda riu. — E depois a gente conversa.

Edward desligou o celular e foi logo para a empresa, mandar os e-mails para ela. A tarde passou rotineiramente para Edward. Teve que ficar mais horas novamente, não somente porque tinha trabalho para fazer, mas porque não queria ter que voltar para casa, ainda mais depois do que Alex falou para ele. Ele estava com medo de ter que encarar Bella de uma nova forma agora. Antes, ele tinha apenas uma impressão. Agora, era quase uma certeza.

Quando Bella ligou para seu celular, Edward atendeu.

— Onde você tá? — Ela disse, nervosa. — Já são oito da noite. Você deveria estar em casa agora.

— Eu estou no trabalho ainda. Eu já to indo. — Edward disse, e Bella bufou no telefone.

— Você não está com ninguém agora não, né?

— O que? — Edward perguntou. — De onde você tirou isso? Não.

Silêncio.

— Volta logo para casa.

Bella desligou o telefone antes mesmo de Edward dizer alguma coisa. Edward estranhou, porém, desligou o computador e resolveu voltar para casa. Se ela ligou uma vez, ela logo ligaria para todo mundo que Edward conhecia, procurando ele. Ela não acreditava nele.

Edward chegou em casa, Bella não estava. Deitou, e rolou na cama até conseguir dormir, a ansiedade de dormir e não acordar mais rodeando sua mente. Ele quase conseguia enxergar Bella nos pés da cama, com uma faca em mãos. Ele riu consigo mesmo, pensando que estava perdendo a insanidade por causa dela.

Edward não dormiria aquela noite. Ele não conseguiria dormir sem saber onde Bella estava, ele a veria em qualquer lugar. Sua mente brincaria com ele, enquanto ele não soubesse onde ela estava.

Edward pegou seu computador e começou a pesquisar, ele não tinha certeza do que estava procurando exatamente. Ele precisava descobrir o que Bella tinha, porque, certamente agora não poderia perguntar para ela, e nem poderia perguntar para seu sogro, porque sabia que ele não diria nada.

A primeira palavra que Edward digitou no campo de pesquisa foi “Alucinações”. A quantidade de resultados o espantou. A primeira coisa que apareceu foi as causas comuns, mas Edward ignorou, porque não dizia todas as doenças que poderiam ocasionar alucinações e ela não poderia estar embriagada o tempo todo. Logo embaixo, a parte que ele mais teve medo.

“Procurar assistência médica nos seguintes casos:

Sintomas de repetem.

Delírios e isolamento social”

Edward engoliu em seco, com medo do que aquilo poderia significar. Direto ele via Isabella parada olhando para o nada, Edward sempre a perguntava o que tinha acontecido e ela nunca respondia. Provável que era o efeito de ter morado e vivido com o seu pai por tanto tempo. Edward sabia o que morar com o seu próprio pai tinha causado nele, ele nem ao menos poderia imaginar como seria viver com Nelson, possivelmente tendo uma doença mental que não era tratada e nem ao menos aceita.

Edward pesquisou mais um pouco e encontrou um artigo no mínimo interessante.

“Sete problemas que causam alucinações”

O primeiro que o site abordava era lesão cerebral. Mas Isabella nunca caiu enquanto morava com Edward, e se ela tivesse sofrido alguma queda ou algum problema físico dessa forma, ela teria contado. Não teria?

O segundo também não encaixava, o terceiro também não... E assim, lendo cada um deles, Edward chegou à conclusão de que talvez ele devesse realmente levar Bella à um psiquiatra para conseguir identificar seus problemas. Então, Edward chegou no último item da lista.

Transtorno psicótico.

“Pessoas que possuem transtorno psicótico possuem dificuldades de se manter conectados com a realidade, e por muitas vezes são incapazes de lidar com a vida cotidiana.”

Alguns dos tipos listados era esquizofrenia, uma coisa que Edward só tinha ouvido falar em alguns filmes específicos. As pessoas com essa doença nos filmes, quase sempre, eram os assassinos, psicopatas. Ele viam e ouviam coisas e possuíam delírios de que as pessoas, policiais e até mesmo alienígenas estavam indo atrás deles.

Bella não parecia ser do tipo de ter esquizofrenia. Mas Edward não poderia simplesmente julgar isso sendo que ele nem ao menos era licenciado para falar sobre isso.

Debaixo havia alguns outros tipos de esquizofrenia que Edward também provavelmente não tinha ouvido falar, mas ele não leu até o final. Ele tinha se convencido de que ele não poderia fazer esse diagnóstico por ela, ele deveria a levar para um médico para que ele pudesse examiná-la e dizer com certeza o que tinha de errado com Bella.

Mas para isso, primeiro, Edward precisava encontrá-la.


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