Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 9
Capítulo 9 - Investigação


Notas iniciais do capítulo

Hehehe

~~ Boa Leitura



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 Tony estava começando a perder a cabeça. Três dias se passaram desde do último vislumbre que ele teve de Peter, nesse meio tempo não teve nenhum progresso em rastrear o garoto. Ele estava, basicamente, na estaca zero, mas pelo menos agora ele sabia sobre quem ele estava procurando.

 Tony pediu para Sexta-Feira trazer toda e qualquer informação sobre Peter Benjamin Parker, o resultado foi interessante e só fortaleceu ainda mais as chances de que esse garoto era realmente Jean.

 Peter foi encontrado junto com outras dez crianças em um porão sujo em uma casa de shows em Manhattan em meados de 2008, todos vítimas do tráfego infantil. Eles só foram liberados graças a uma investigação que levou quatro anos para ser concluída e, na época, Peter tinha apenas 5 anos e meio.

 Todas as crianças foram libertadas e levadas posteriormente para um orfanato. Peter, diferentes das demais, não tinha nenhuma lembrança do que aconteceu. Grande parte das crianças — que inclusive tinham de 4 a 8 anos — conseguiram dizer o nome e sobrenome de seus pais verdadeiros, voltando assim para casa, mas graças a uma pancada forte que Peter levou de uns dos agressores, ele perdeu completamente a memória.

 Apenas alguns messes depois, quando Peter já tinha 6 anos de idade, ele foi adotado por Richard e Mary Parker, que o batizaram com o nome de Peter Benjamin Parker.

 Tony realmente ficou irritado com toda essa história, que na época havia sido exibida em um jornal. Ele realmente não se lembra de ter ouvido um caso assim em 2008, mas também foi um ano bem complicado para ele, cheio de problemas e mais problemas que Tony teve que lidar.

 Ainda assim ele tinha certeza de que se tivesse visto a reportagem, certamente teria reconhecido Jean.

 Apesar do seu ódio e aflição, Tony não podia mudar o passado e se viu preso pensando nas possíveis coisas que o jovem Peter poderia ter passado ao longo de dois anos nas mãos de bandidos e pedófilos, coisas que assombraram sua mente por dois dias inteiros.  Naquele momento ele queria apenas encontrar o garoto e lhe dar um grande abraço.

 Tony acabou por investigar mais ainda a vida de Peter, chegando a ver o boletim escolar do garoto quando ele entrou na escola. A quantidade de “A” e “A+” o surpreenderam, já que ele estava atrasado dois anos no colégio, mas demonstrava um nível de inteligência bem maior do que a maioria das crianças na sua idade.

 Ele viu que Peter ganhou uma feira de ciências em 2010; viu também que ele perdeu um dente em uma luta contra um valentão, quebrou uma das vidraças da sala com uma bola de basquete e ficou no quadro de honras por dois anos consecutivos.

 Ele também ganhou um prêmio por ser um “Aluno Exemplar”.

 Não era difícil dizer que Peter era um garoto inteligente, talvez mais inteligente do que Tony pensará; não era atoa que ele conseguiu fugir de uma delegacia.

 Tony não poderia se sentir mais orgulhoso quando viu cada uma das conquistas que estavam permanentemente exibidas no histórico escolar de Peter. Não importa se esse garoto estava vivendo nas ruas, se ele estava roubando uma mercearia, se ele fugiu de uma delegacia, ele era genial e isso foi motivo de orgulho para Tony.

 Ele percebeu então que não era muito difícil se sentir orgulhoso do seu próprio filho.

 Tony também se permitiu investigar um pouco sobre a vida de Mary e Richard. Ele descobriu que ambos eram geneticistas e trabalhavam nas Industrias Oscorp, aqui em Nova York, contribuindo para grandes projetos, incluindo um estranho e promissor relacionado ao cruzamento genético de espécies. Não era exatamente a área de Tony, mas ele se viu interessado nos dois.

 Eles eram casados há cincos anos quando adotaram Peter, e cuidaram dele por quatro. Em 2012, Richard e Mary morreram em um acidente de avião quando ambos estavam viajando para a Europa a negócios, algo relacionado ao trabalho de Richard na Oscorp. Seus corpos nunca foram recuperados e todo o trabalho foi perdido na queda.

 Com essa nova informação, Tony pediu para Sexta-Feira invadir — novamente — os dados de Peter na assistência social de Nova York. Ele descobriu que Peter foi deixado aos cuidados de um tutor chamado Steven Westcott durante dois anos até, aparentemente, desaparecer.

 Tony realmente reprimiu um rosnado quando viu que a assistente social sabia do desaparecimento de Peter, mas nem ao menos se preocupou com isso; como se o garoto fosse um caso perdido.

 Tony se sentiu tentado a entrar em contato com Steven, mesmo sabendo que ele não via Peter a quase um ano e meio, mas mudou de ideia quando descobriu que o homem estava na Europa passando as férias de fim de ano.

 Tomando o que pareceu a décima sexta caneca de café, Tony se virou para o computado e investigou os dados que Sexta-Feira estava lhe mostrando.

 Obviamente, com toda essa pesquisa, ele formulou uma pequena lista de lugares no Queens onde Peter poderia estar, e agora estava pedindo para Sexta-Feira imprimi-los, com todos os dados e endereços presentes.

 1º Possibilidade — May e Ben Parker.

 Richard tinha um irmão, Benjamin Parker, ambos eram bem próximos e, consequentemente, Ben e sua mulher, May, estavam sempre ao redor de Peter. Tony dúvida que Peter ao menos se lembre de seus tios postiços, mas ainda é uma possibilidade.

 2º Possibilidade — Área Pobre do Queens

 Havia uma pequena área humilde no Queens, se misturando um pouco com o Brooklyn, era ali onde a maioria dos sem-teto viviam, amontoados. Tinha uma grande chance de Peter estar ali no meio.

 3º Possibilidade — Abrigos

 Existia apenas um abrigo no Queens, onde são servidos almoços e jantas para os necessitados. No inverno, é aberto uma pequena área onde as pessoas possam se refugiar do frio, assim como uma doação de agasalhos. Não há nada dizendo que Peter não possa estar lá.

 Bem, é uma pequena lista, mas tem todas as informações que Tony precisa. Ele se levantou da cadeira se espreguiçando. Suas costas protestaram e Tony gemeu da estranha dor no ombro que ele tinha, mas ignorou tudo isso por enquanto.

 Ele pegou a folha contendo todas as informações necessárias e saiu do laboratório, brigando com Dum-E quando o robô quase derrubou uma pasta cheia de arquivos do topo de uma estante.

 Tony saiu do seu laboratório depois de dias e foi obrigado a colocar um par de óculos escuros no rosto, já que as olheiras em baixo deles eram bem visíveis. Ele tinha tirado um pequeno cochilo há algumas horas, mas não era o suficiente para revigora-lo.

 Basicamente ele estava parecendo um zumbi.

 Ele poderia descansar quando achar Peter, por agora, ele vai simplesmente revirar toda a área do Queens atrás do garoto.

 Eram apenas oito e meia da manhã quando Tony entrou no elevador, as mãos firmemente enterradas dentro do casaco de diversas dimensões. O elevador parou depois de um tempo e às portas se abriram apenas para Clint Barton aparecesse.

 Tony levantou uma sobrancelha.

 — Chegaram quando? — Ele perguntou meio incrédulo, Sexta-Feira novamente não anunciou a chegada do resto da equipe e isso irritou Tony.

 Mas talvez ele devesse lhe dar algum crédito já que Tony pediu estritamente para Sexta-Feira ignorar toda e qualquer pessoa que tentasse falar com ele. Um método estranho de deixar os demais problemas de lado.

 — Ontem. Parece que o gênio estava ocupado demais no laboratório privado. Ninguém quis te incomodar — Clint disse, parando ao lado de Tony quando as portas fecharam e o elevador começou a descer novamente.

 — Como foram as férias? — Tony perguntou, apenas puxando assunto.

 — Divertidas. Como foi o período sozinho na Torre? Scott disse que você se fechou por três dias

 — Aconteceu uma coisa, se tudo der certo, vou dar uma festa no final — Isso pareceu pegar a atenção de Clint, que olhou para Tony levemente surpreso.

 No mesmo instante, o bilionário se amaldiçoou por ter falado demais. Ele não queria revelar a equipe que, supostamente, Jean tinha aparecido, já que isso podia causar um certo alvoroço antecipado e todos iriam querer se meter aonde não eram chamados. Eles podiam ser bem irritantes quando queriam e Tony definitivamente não precisava desse problema a mais agora.

 — O que acontece? — Clint perguntou, um sorriso maroto brotando em seus lábios.

 — Prefiro não te contar. Desculpa Clint, apesar de você ser um espião treinado a sua boca é enorme e eu não preciso disso agora — Tony disse, deixando claro em seu tom de voz que não queria falar sobre isso agora, mas Clint insistiu.

 — Qual é Stark, você realmente acha que eu sou um fofoqueiro? — Ele perguntou meio ofendido, mas ainda com um tom de brincadeira. Tony revirou os olhos quando Clint voltou a falar. — Qual é um bom motivo para uma festa? O Bruce apareceu? — Tony se recusou a mostrar qualquer reação a pergunta de Clint, deixando claro para o espião que não era isso. — Uma espaçonave alienígena amigável entrou em contado com a Terra? — Sem resposta. — Pepper tá grávida? O uísque tá em promoção... se bem que esse não é um motivo pra você comemorar...

 Tony agradeceu internamente quando a porta do elevador se abriu e o Hall de entrada da Torre dos Vingadores apareceu, um de seus carros esperando do lado de fora. Ele saiu do elevador, pegando ainda assim mais uma das tentativas de Clint faze-lo falar.

 — Não vai me contar mesmo? Pensei que fossemos amigos! — Ele insistiu, Tony ajeitou os óculos e revirou os olhos, girando a chave do carro em um dos dedos.

 Ele iria se arrepender de ter respondido.

 — Acharam meu filho — A resposta veio e logo em seguida as portas do elevador se fecharam, Tony ainda foi capaz de ouvir Clint gritar completamente surpreso do outro lado.

 — O quê?!

 — Bom dia sr. Stark — A recepcionista o cumprimentou e Tony apenas acenou em resposta. Ele saiu da Torre e desbloqueou o Audi preto, entrando no banco do motorista.

 A neve tinha dado uma acalmada esses últimos dias, então Tony não podia enfrentar grandes problemas, isso não quer dizer que ele não possa ficar entalado no meio da neve.

 ...

 A viajem até o Queens foi longa e demorada, e demorou mais um pouco até que Tony conseguisse achar a casa dos Parker. Era em Forest Hill, no meio de um monte de outras casas do mesmo tamanho, apenas com pinturas e jardins diferentes. Particularmente, não tinha nada que destacasse a casa, apenas a caixa de correio com o sobrenome “Parker” gravado.

 Ele estacionou o carro ao lado do meio fio e saiu, trancando a porta antes de entrar no terreno dos Parker e apertar a campainha. Ele estava esperançoso, mais esperançoso do que nunca. Não havia nervosismo em seu corpo, e sim ansiedade, deixando-o inquieto.

 Tony ouviu alguns passos apressados dentro da casa e um grito de “Já vai” de uma mulher. Logo, a porta se abriu e uma mulher jovem, de cabelos castanhos cumpridos e óculos abriu a porta.

 Seu sorriso primeiramente amigável murchou, dando lugar a uma expressão de surpresa e confusão. Tony podia ver as engrenagens funcionando em sua cabeça.

 — Tony Stark? — Ela perguntou com um leve levantar de sobrancelha. Ela se inclinou para frente e olhou ao redor, como se estivesse pensando que a qualquer momento câmeras fossem pular dos arbustos. — A que devo a honra...?

 — May Parker? — Tony perguntou tirando os óculos escuros, apenas um gesto para deixa-lo mais casual. Ele observou a mulher acenar positivamente, franzindo os lábios para ele. — O que você sabe sobre Peter Benjamin Parker?

 Isso pegou a mulher despreparada. Ela estreitou os olhos para ele e colocou uma mão na cintura, assumindo uma postura defensiva.

 — O que você quer com ele? — Tony suspirou, realmente não querendo entrar nesse assunto, mas sabendo que era necessário se ele quiser encontrar Peter.

 — Tem 99% de chance de ele ser meu filho — May soltou um barulho de surpresa, ficando completamente calada pelo que pareceu 30 segundos inteiros. No final, ela pigarreou, de repente abrindo espaço para que Tony entrasse dentro da simples casa.

 — Você pode explicar isso um pouco melhor? Vou chamar o Ben

 ...

 Os Parker conseguiram ser um casal realmente amigável, apesar da certa desconfiança que May deixava transparecer. Bem, diferente dela, estava bem mais disposto a conversar e a fazer suas próprias perguntas.

 Explicar tudo para os Parker foi a tarefa mais difícil. De acordo com eles, Peter estava desaparecido a um bom tempo, não chegando nem ao menos a pedir ajuda aos tios quando fugiu do último guardião.

 May e Bem explicaram que, quando Richard e Mary morreram, ambos estavam passando por um período de crise financeira, mal conseguindo sustentar a própria casa. Por isso foram declarados incapazes de cuidar do sobrinho.

 — Não insistimos no assunto porque Peter iria ficar melhor com Steven — Ben disse, tomando um gole de café. Atualmente estavam apenas os dois na sala, já que May insistiu em servir brownies como um pequeno lanchinho. — Nunca mais o vimos...

 — Alguma ideia de onde ele possa estar? Qualquer lugar? — Tony perguntou, tomando um gole do seu próprio café. Havia um toque de desespero em sua voz, mas ele fez o máximo possível para não deixar isso transparecer. Infelizmente, Ben acenou negativamente.

 — Ele provavelmente ainda está pelo Queens, é o único lugar que ele conhece... — Ben parecia triste. Aparentemente os dois também não sabiam que Peter havia fugido e que agora é um sem-teto. — Por que ele não veio até nós?

  — Não pense muito sobre isso querido... — May disse, se aproximando dos dois homens sentados no sofá e entregando um prato com brownie para cada um deles. — Nós convivemos com Peter antes dos pais dele morreram, mas acho que ele não pensou que nós dois pudéssemos ajudar depois Steven...

 Tony olhou para o brownie, sem vontade de come-lo. Sua fome estava bem longe, deixando-o quase enjoado. May voltou a se afastar e Ben olhou para ele, fazendo um movimento com as mãos e dizendo alguma coisa sem usar a voz.

 “Não come”

 Tony engoliu em seco e resolveu deixar o brownie de lado.

 — Eu tenho alguns lugares para procura-lo ainda, espero que hoje seja meu dia de sorte — Tony disse e se levantou, ajeitando o casaco levemente e colocando os óculos escuros de volta no rosto.

 — Se o encontrar por favor nos ligue, tenho algumas coisas de Richard e Mary que Peter poderia gostar de ter — Ben disse, nada além de boas intenções em sua voz, por isso Tony engoliu o orgulho levemente ferido e acenou.

 Ele realmente não queria pensar na relação que Peter tinha com seus pais adotivos, já que isso o deixa incomodado e com um enorme ciúme borbulhando em seu ser. Era melhor apenas ignorar quando alguém se referia a Richard como o pai de Peter.

 — Vou entrar em contato assim que puder — Tony confirmou verbalmente, ganhando um sorriso de Ben. — Preciso ir, mas foi bom conhecer vocês

 Ben se levantou do sofá e acompanhou Tony até a porta, saldando ele com um aceno. Tony saiu da casa e deu uma última despedida ao casal amigável — ele também agradeceu silenciosamente Ben pela dica do brownie.

 Ainda na estaca zero.

 Tony andou até seu carro, pegando o papel agora levemente amassado do seu bolso e uma caneta.

 1º Possibilidade — May e Ben Parker

 Com um suspiro derrotado Tony entrou no carro, com raiva de si mesmo e com raiva da vida. Era melhor ele apenar seguir para a segunda possibilidade antes que bata o seu carro em alguma cerca.

 ...

 O lugar era realmente tenso, com a grande maioria dos prédios completamente abandonados. Ficava perto do mar e de alguns depósitos antigos, Tony se viu deixando o casaco e o carro bem longe do lugar, com receio de que alguém fosse realmente ataca-lo por causa de dinheiro.

 Ele só estava atrás de um garoto, nada mais.

 Tony tinha uma foto de Peter em mãos, e não importa quem passasse na sua frente, ele já estava perguntando se a pessoa o tinha visto. Acontece que não tinha quase ninguém nas ruas, e as que tinham não estavam sendo muito úteis; a maioria eram bêbados ou pessoas drogadas, que nem ao menos conseguiam responder a sua pergunta, passando reto por ele ou murmurando palavras sem nenhuma coerência.

 Basicamente, ele foi ignorado por todos.

 Ele tinha andado por toda a extensão da rua, dado a volta em quatro quarteirões e já estava pronto para desistir quando viu uma figura enrolada em um cobertor na base de um prédio.

 Com a foto de Peter na mão, ele se aproximou.

 Tony já não estava tão esperançoso quanto hoje de manhã, mas ainda chegou à conclusão de que valia a pena pelo menos tentar falar com alguém.

 — Olá? — Ele perguntou, testando se a pessoa estava acordada ou não, por fim, um homem com pelo menos 27 anos levantou a cabeça, parecendo cansado e com frio.

 Ele não pareceu reconhecer Tony, ou talvez estivesse entorpecido demais para se importar com o bilionário.

 — Sim? — O rapaz disse com a voz rachada, os olhos turvos, mas ainda lutando para se manter acordado.

 Tony engoliu em seco, odiando toda essa realidade, mas se vendo incapaz de ajudar.

 — Você conhece esse garoto? — Ele mostrou a foto de Peter, esperando alguma reação positiva do homem.

 Demorou um pouco, mas depois de alguns segundos o homem levantou uma sobrancelha, olhando para Tony como se finalmente tivesse despertado. Seu olhar era acusador e desconfiado, como se não confiasse em Tony. O bilionário, por sua vez, levou sua reação como algo bom.

 No mesmo instante seu coração saltou pela garganta, a ideia de finalmente receber alguma resposta fez seu ânimo se levantar e ele quase abriu um sorriso.

 Quase.

 — O que você quer com o Pete? — O homem perguntou, usando um apelido que até então ele não tinha ouvido. Tony soltou um suspiro aliviado, sentindo seu corpo tremer em antecipação.

 Ele finalmente encontrou alguém que foi capaz de responder a sua pergunta.

 — Ele é meu filho — Tony disse, sem se preocupar em dar mais explicações. O homem arregalou os olhos, olhando para Tony com mais atenção, como se quisesse criar alguma ligação entre ele e Peter.

 Ele demorou mais um pouco, antes de arfar com realização.

 — Vocês têm os mesmos olhos... — Ele sussurrou levemente espantado, antes de franzir os lábios em aborrecimento, quase como se estivesse ferido. — Eu pensei que o pai do Pete estivesse morto...

 Tony percebeu que esse homem era um possível amigo do Peter, já que ele sabia sobre algumas coisas. Finalmente, a sorte pareceu estar do seu lado pela primeira vez na semana e ele se animou.

 — O pai adotivo dele está morto — Tony explicou. — Estou procurando por ele já faz quatro dias, tem alguma ideia de onde ele possa estar agora?

 Tony sentiu seu peito inchar com esperança, mas tudo se esvaziou quando o homem franziu as sobrancelhas para ele, parecendo apológico.

 — Desculpa cara, não vejo o Pete há duas semana. Ele vive sumindo, dando desculpas, e quando menos se espera ele aparece. Foi mal — O homem explicou, fazendo um gesto com as mãos, soando realmente apológico.

 Tony suspirou, deixando seus ombros caírem em desanimo. Ele fechou os olhos, sentindo as pálpebras arderam com o cansaço claro; ele contou até cinco, forçando a sua mente a se acalmar. Novamente, estaca zero. Ele já podia riscar a segunda possibilidade da sua lista.

  — Eu até diria pra você procurar o Homem-Aranha, o cara conhece todo mundo por aqui... — Tony levantou uma sobrancelha para o nome.

 — Quem? — Perguntou, atento novamente, tentando extrair toda e qualquer informação do homem.

 Qualquer detalhe poderia lhe ajudar, e nesse momento Tony estava aceitando tudo.

 — O Homem-Aranha — Ele disse novamente, como se ambos estivessem conversando sobre um super celebridade, mas que Tony nem ao menos sabia quem era. Ele nunca ouviu tal título. — Você sabe, o vigilante de máscara vermelha — Ele explicou um pouco mais, tentando fazer com que Tony se lembrasse de algo que ele não conhecia. — Escala paredes, joga teia...

 Tony balançou a cabeça negativamente, realmente não tendo a mínima ideia de quem o homem estava falando. Ele estava surpreso que a cidade tinha um novo vigilante e ele nem ao menos tinha ouvido falar dele.

 — Tá. Já entendi, cê não conhece — O homem pareceu desistir. Ele se ajeitou no seu lugar no chão para ficar mais de frente para Tony, parecendo disposta a explica tudo. — O Homem-Aranha conhece o Pete, os dois são brothers. O Pete faz os atiradores pra ele e tals. Se tem alguém que sabe onde está o Pete, esse alguém é o Homem-Aranha

 — E onde eu encontro esse “Homem-Aranha” — Tony perguntou, franzindo o cenho quando o homem na sua frente começou a rir.

 — Cara cê é azarado. O Homem-Aranha está de férias, o Pete disse que o cara não se dá bem com o frio. Ele não vai aparecer até março — Ele soltou mais uma risada antes de se acalmar.

 Tony realmente queria se dar um tapa agora, amaldiçoando a sua sorte e seu orgulho novamente ferido.

 — Você disse que o Peter faz os “atiradores” para esse “Homem-Aranha”. O que é isso? — Tony voltou a perguntar, disposto a sair dali conhecendo seu filho um pouco melhor.

 — Cara, o Pete é um gênio! — O homem disse, orgulho e admiração brilhando na sua voz. Tony se sentiu quente por dentro com isso. — Ele é basicamente quem concerta tudo por aqui, já me ajudou um monte de vezes com produtos quebrados. Eu não faço a mínima ideia de como os atiradores funcionam, só sei que tem algo a ver com um relógio e que foi Pete quem criou.

 O homem pareceu se animar no seu canto, olhos brilhando enquanto falava e contava mais das suas experiências com Peter. Tony se prontificou a ouvir, prestando atenção em cada palavra enquanto imagina como era a personalidade de seu filho.

 — Uma vez, o Pete fez um aquecedor funcionar com uma bateria de carro, durou o inverno inteiro! Mas ele nem aproveitou. Como eu disse, ele sempre some — O homem explicou e dessa vez Tony foi incapaz de conter um sorriso. —Sabe, as vezes eu até penso que o Peter tem uma vida secreta, indo de lá pra cá todos os dias. Vai ser bom quando ele finalmente ter alguém para cuidar dele

 Parece que a geração Stark ainda vai continuar, e Tony estava orgulhoso disso, tanto que todo o seu corpo se aqueceu e ele se viu mais determinado ainda. Ele realmente queria ver o que Peter conseguia fazer, talvez ambos pudessem concertar um carro antigo juntos; parece o passatempo ideal para uma dupla de Stark.

 — Obrigado pelas informações — Tony disse, estendendo o pulso direito para tirar o relógio.

 — De nada cara. Quando encontrar o Pete diz que o Phlipe mandou um beliscão... e que é pra ele me pagar as dez pratas — Tony sorriu para isso.

 — Acho que não vai ser necessário — Tony estendeu o relógio para o homem, ganhando um olhar confuso em troca. Ele pareceu hesitar antes de aceitar o presente, girando a peça nos dedos com cuidado. Havia admiração em seus olhos com o quão brilhante o relógio era. — Isso vale bem mais do que dez dólares, é melhor usar com cuidado.

 O homem estava pasmo enquanto observava Tony se afastar, confuso do que realmente fazer ou se aquilo que tinha acabado de acontecer era real.

 — Ei cara! — Ele chamou Tony, fazendo o bilionário virar de relance para ele. — Qual o seu nome?

 Tony sorriu um pouco com isso, enfiando as mãos nos bolsos da calça antes de responder.

 — Tony Stark

 Tony quase riu com a forma como o homem se engasgou com a resposta, congelado em seu lugar com um relógio extremamente caro em mãos. O bilionário se virou e retomou seu caminho até o carro, um último destino em mente quando chegou.

 O interior do Audi estava quente se comparado ao ar frio do lado de fora, Tony esfregou as mãos juntas tentando aquece-las brevemente. Ele pegou o papel e a caneta de novo.

 2º Possibilidade — Área Pobre do Queens

...

 Não demorou muito para Tony chegar ao abrigo, já que ele era relativamente perto de onde ele estava. O lugar também era simples e qualquer um poderia dizer que era apenas um prédio normal, se não fosse a quantidade de gente comendo sopa do lado de fora.

 Ele colocou os óculos escuros, se sentindo fisicamente e mentalmente cansado, antes de sair do carro. Ele bocejou, balançando a cabeça em uma tentativa de espantar o sono do seu sistema.

 As pessoas não notaram sua presença ou, se notaram, realmente não estava se importando muito com ele. Tony entrou rapidamente, encontrando o lugar vazio de qualquer tipo fila, mas ainda assim tinha uma garota loira de 14 anos parada ao lado de uma panela enorme de sopa, mexendo no celular.

 — Com licença? — Ele perguntou, se aproximando da garota.

 — Desculpa moço, mas a sopa já acabou. Você pode voltar amanhã — Ela disse sem desviar o olhar do celular. Tony respirou fundo para não perder a paciente com uma pré-adolescente e tirou a foto do bolso do casaco.

 — Na verdade, estou procurando por alguém — Ele disse, levantando a foto para que a garota pudesse ver. — O nome dele é Peter Parker.

 Isso pareceu finalmente chamar a atenção dela, que olhou para cima encontrando com Tony.

 O celular caiu na mesa com um baque vergonhoso.

 — Oh meu Deus — Ela disse, um grande sorriso brotando lentamente em seu rosto.

 É, ela claramente o conhece.

 — Tony Stark! — Ela pegou o celular da mesa, tremendo claramente de excitação. — Eu tô falando com Tony Stark!

 — Sim, sim, você está falando com Tony Stark. Agora pode me dizer se você conhece ou não um garoto chamado Peter Parker? — Tony perguntou, se controlando para não explodir com a garota, afinal ela parecia ser apenas uma fã.

 — Tá. Er... Parker? Tipo, Peter B. Parker? O crush da MJ? —Tony levantou uma sobrancelha para o que a garota disse, não fazendo o menor sentido na sua cabeça. Além do mais, ela estava falando um pouco rápido demais.

 — O quê?

 A garota se virou, como se estivesse prestes a tomar alguma decisão. Ela olhou para Tony apreensiva e levantou dois dedos, como se estivesse pedindo para ele ficar a onde estava.

 — O senhor pode esperar aqui sr. Stark, tem uma pessoa aqui que conhece o Peter — Ela disse, um pouco mais coerente agora. Tony concordou com um aceno e observou a garota se virar e entra por uma porta a esquerda.

 Graças ao ataque de fã dela, agora algumas pessoas que antes nem tinha reparado na sua presença, estavam olhando para ele e entrando em conversas sussurradas. Tony guardou a foto com um suspiro e esperou. Ele estava se sentindo ansioso por dentro, algo que ainda era estranho.

 40 segundos depois — sim, ele estava contando — uma garota que também aparentava ter 14 anos, de pele morena e cabelos selvagens, parecendo um pouco mal-humorada, saiu daquela mesma porta, seguida da loira.

 Ela resmungou alguma coisa inaudível, cruzando os braços logo em seguida e deu um olhar para Tony completamente desconfiado e ameaçador, um brilho de determinação que quase fez o bilionário recuar. Ele nunca iria admitir isso.

 Ela parecia um pouco com a Natasha, pelo menos no quesito intimidador.

 — O que quer com o Peter? — Perguntou, séria e objetiva. Tony realmente não estava a fim de explicar tudo de novo então, assim como ela, foi direto ao assunto.

 — Ele é meu filho. Por acaso sabe onde ele está? — A garota pareceu ofendida, levantando uma sobrancelha.

 Ela riu, quase como se estivesse zombando dele antes de falar novamente.

 — Desculpa Stark, mas da última vez que chequei o Pete ele estava quase morrendo de hipotermia. Ele não é seu filho — Tony sentiu algo ruim revirar em seu estômago com essa nova informação, se sentindo alarmado com tudo e muito, muito culpado.

 Ele estava demorando demais. Seu filho estava tento problemas sérios e ele estava aqui, rondando o Queens de um lado para o outro buscando respostas. Tony tinha que ser mais rápido; ele tinha que encontrar Peter logo e isso só fez o sentimento de ansiedade se intensificar.

 O bilionário tirou os óculos, revelando as olheiras e o cansaço gravado em seu rosto. Sem vontade, ele começou, novamente, a explicar a história.

 — Peter tem as mesmas digitais de Jean Stark, desaparecido há onze anos. Ele foi preso a quatro dias atrás, fugiu e desde então eu estou procurando por ele. Você pode simplesmente facilitar as nossas vidas e dizer aonde ele está? — Tony disse, sem ânimo e claramente cansado.

 A garota na sua frente pareceu ficar pensativa, hesitando em responder, enquanto a loira atrás dela ficava boquiaberta com a situação — Tony, inclusive, a ignorou.

 O silêncio reinou sobre os dois por quase um minuto inteiro, e isso fez Tony suspirar. De volta à estaca zero. Ele colocou os óculos e fez menção de se virar quando a garota finalmente resolveu responder sua pergunta de forma abrupta.

 — O Pete esteve aqui... ficou por um dia. Ele é meio difícil de se lidar...  acha que está ocupando o lugar de alguém que realmente merece dormir em baixo de um teto — Ela disse, evitando o olhar de Tony. Ele se virou para ela novamente. A esperança e o interesse claros em sua postura e rosto. — Não consegui fazer ele ficar. Às vezes ele aparece aqui nos finais de semana, mas é bem raro.

 — Alguma ideia de onde ele possa estar agora? — Tony perguntou, praticamente implorando por uma resposta positiva.

 A garota descruzou os braços e encarou Tony profundamente, determinação brilhando em seus olhos, chegando a ser cativante.

 — Eu não sei se ele vai curtir muito a ideia de ser filho do Grande Tony Stark — Ela disse, exaltando o seu nome. Cada palavra dita como um aviso, antes de seus ombros caírem em derrota. — Mas eu acho que um pai é exatamente o que ele precisa agora — Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de finalmente responder. — Quando ele saiu, disse que iria para “casa” resolver algumas coisas.

 — Onde ele mora?

 ...

  Tony se viu refazendo totalmente o caminho de antes, voltando para a área pobre do Queens. Ele passou pelo beco onde aquele homem de antes deveria estar, mas o lugar estava vazio agora.

 Sem se importar se alguém iria ou não roubar o seu carro — afinal ele tinha muitos — Tony estacionou em frente a um pequeno prédio de quatro andares, caindo, literalmente, aos pedaços. As paredes estavam rachadas e havia tábuas de madeiras pregadas nas janelas, exceto em uma, onde um pedaço de pano balançava com o vento.

 Seu coração pulou no peito em antecipação. De repente, Tony estava muito nervoso, nervoso demais para ficar parado. Ele avançou até os três degraus que levavam a uma porta de madeira cheia de tábuas em volta. Ele não sabia como entrar, mas a esperança, o nervosismo, a ansiedade e a determinação fizeram com que ele agarrasse aquelas tábuas a as puxasse com toda a sua força.

 Ele não era Steve, por isso teve uma breve luta contra as tábuas, o que machucou um pouco as suas mãos, mas finalmente, cada uma delas cedeu, caindo no chão com um baque que pareceu ecoar pela rua deserta.

 Tony entrou no prédio, se encontrando completamente mergulhado na escuridão. Ele desejou estar com seu Starkphone agora apenas para poder usar a lanterna, mas voltar para o carro parecia uma grande jornada, por isso ele continuou a andar em direção as escadas completamente às cegas.

 Cada passo dado causava um rangido diferente, e Tony realmente teve a sensação de que o prédio iria desabar a qualquer momento. Ele subiu as escadas até o quarto andar, a onde tinha visto a janela tampada por um pedaço de pano.

 O corredor parecia mais largo do que realmente era, com alguns quartos — Tony realmente não se deu ao trabalho de conta-los. A maioria das portas tinham sido derrubadas, apenas duas ainda estavam de pé. Ele tentou entrar na primeira, encontrando com a porta completamente emperrada. Ele forçou um pouco mais e quando ela finalmente se abriu, Tony se viu dentro de um quarto completamente escuro e vazio, seja de móveis ou de vida.

 Ele foi então para o final do corredor, onde tinha outra e última porta de pé. Ele estendeu a mão para a maçaneta, sentindo seu coração bater contra sua caixa torácica como se quisesse sair pela garganta. Suas mãos estavam úmidas quando ele girou a maçaneta e a porta não protestou contra o breve empurrão.

 A primeira coisa que o saldou quando ele entrou foram os piscas-piscas pendurados ao longo de todas as paredes, iluminando a sala com um brilho fraco que a cada segundo piscava em uma ordem diferente. Ele também viu a fraca luz do sol entrando pela janela, mesmo que estivesse coberta pelo que agora ele identificou como uma camisa rasgada.

 Ele deu um passo para dentro do quarto, o piso de madeira rangendo contra seu peso. Tony tomou um momento para olhar ao redor; haviam teias de aranhas por todo lugar e poeira pelo chão. Tinha uma mesa de escritório caindo aos pedaços no meio do quarto e não parecia ter um proposito. Seus olhos logo pousaram no monte de cobertas e edredons no canto direito do quarto, pressionado contra a parede.

 Seu coração gaguejou quando ele notou que o monte subia e descia uniformemente. Um movimento tão pequeno que Tony quase perdeu.

 Ele andou lentamente em direção ao monte, como se estivesse se aproximando de um leão selvagem. Seu peito estava tão apertado que ele estava com dificuldades para respirar; um medo em seu corpo misturado com ansiedade foram as únicas coisas que mantiveram seu corpo em movimento.

 Tony se agachou quando estava perto o suficiente, estendendo a mão com extremo cuidado para afastar um pouco das cobertas e ver o rosto de seu filho pela primeira vez em uma década.

 Tony sorriu, os olhos se enchendo automaticamente de lágrimas quando ele viu o rosto de Peter — cabelos completamente desgrenhados e cumpridos demais, pele pálida, bochechas e lábios rosados, olheiras embaixo dos olhos e uma pequena cicatriz acima da sobrancelha; ele parecia estar tão cansado. Tony engoliu o nó, e foi quando a primeira lágrima caiu. Ele foi rápido em seca-la.

 Ainda extremamente cauteloso, o bilionário estendeu a mão e roçou os dedos na bochecha do filho, sentindo elas quentes. Era como se Peter fosse desaparecer a qualquer momento, por isso o menor movimento contava. O garoto se mexeu em seu sono, soltando um suspiro leve que pareceu ser de satisfação. Tony se permitiu aprofundar o toque, mais lágrimas caindo de seus olhos involuntariamente, nublando sua visão de forma irritante, quando o inesperado aconteceu.

 Peter se inclinou mais ainda para a sua mão, esboçando um sorriso contente.


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Notas finais do capítulo

Finalmente chegamos aqui, a um passo do reencontro. Bem, amanhã tem mais, provavelmente as 22 horas em vez de 13 como foi o caso de hoje, realmente achei que estava na hora!

~~ See Ya Later



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