Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 13
Capítulo 13 - Espalhando a Noticia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D

~~ Boa Leitura



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 O resto da noite se seguiu calma, pelo menos para Tony. Ele se viu fazendo alguns planos com Pepper sobre o futuro de Peter na Torre e como as coisas iriam funcionar a partir de agora. Ficou claro que Tony tinha que fazer duas coisas urgentemente: 1º falar com a assistente social e colocar Peter oficialmente sobre sua tutela, 2º ajeitar o garoto na Torre.

 Depois, ele e Pepper chegaram ao consenso de que seria adequado levar o garoto ao médico, apenas uma checagem para ver se estava tudo certo — isso, obviamente, inclui outras áreas, como dentista, psicólogo, nutricionista. Sem contar que Tony tinha que lidar com o fato de que Peter estava fora da escola por um ano e meio, isso era um problema que ambos ainda tinham que discutir.

 Mas por enquanto ele vai deixar o garoto descansar.

 Pepper havia insistido para ele anunciar o retorno de Jean Stark em uma conferência de imprensa, mas Tony não estava necessariamente feliz com isso. Parte disso estava direcionado ao fato de que Peter, automaticamente, ganharia um monte de peso extra em suas costas, tendo sua vida constantemente observada pela mídia — essa era a última coisa que Tony queria para ele.

 Havia também uma parte obscura da sua mente, brincando com a irônica disso tudo. O garoto sumiu quando ele estava em uma conferência de impressa, era como se o acontecido fosse se repetir se isso acontecesse de novo. Era apenas um pensamento bobo, mas que ainda assim o assombrava lá no fundo, deixando Tony hesitante.

 Querendo ou não, alguma coisa tinha que ser feita, mas Tony não estava ansioso por isso. A mídia podia esperar.

 Acabou que as duas pizzas acabaram rapidamente, e Tony se viu surpreso quando reparou que Peter as comeu quase que sozinho. O garoto tinha um apetite e tanto — Tony suspeitava que ele pudesse competir contra Steve —, o que fez com que Pepper o fizesse prometer que o levaria a um nutricionista assim que desse.

 Quando acabou, Pepper deu boa noite e foi para o quarto que ambos compartilhavam, enquanto Tony acompanhava Peter até seu próprio quarto, um pouco hesitante em deixar o garoto sozinho ainda, como se ele fosse virar as cotas e Peter fosse desaparecer logo em seguida.

 Ele sentia a necessidade de ficar perto de Peter, como se isso fosse preencher o tempo perdido. Ele fez questão de colocar o garoto na cama, como ele fazia antigamente na maioria das noites.

 Tony estaria mentindo se disse que não sentiu uma enorme nostalgia ao olhar para o garoto. Ele podia ver a curiosidade e ansiedade brilhando nos olhos de Peter, mas o menor estava claramente fazendo um esforço para encarar toda essa situação da melhor maneira possível.

 — Desculpa por isso garoto, acho que vou ser um pouco grudento demais — Tony disse, oferecendo um sorriso para Peter que agora estava deitado e coberto até o queixo.

 Peter era tão diferente do que Tony podia ter imaginado. Havia uma pequena possibilidade de ele ter herdado a personalidade de Tony — pelo menos alguns traços dela —, mas não. Como uma criança que vivia nas ruas, Peter deveria ter uma personalidade forte, briguenta e marrenta, deveria puxar briga com todo mundo, ter o instinto egoísta da sobrevivência; ser um verdadeiro valentão.

 Pelo menos essa foi a imagem que qualquer um imaginaria de um garoto que assaltou uma mercearia e depois fugiu de um departamento de polícia. Mas Peter era diferente disso. Ele era calmo, tímido e educado — um pouco quieto ao redor de estranhos, mas Tony podia ver o brilho curioso em seus olhos —, tanto que até mesmo Pepper se viu surpresa com a forma como o garoto a cumprimentou.

 Sua risada também era o som mais lindo que Tony já ouviu.

 O bilionário não sabia exatamente tudo sobre a vida que Peter teve até agora, mas estava disposto a conhece-lo e ama-lo pelo que ele é. Talvez demore um pouco para que ambos se familiarizem, mas por Peter, Tony moveria o mundo.

 — Tudo bem sr-Tony — Peter disse timidamente, brincando com a borda do travesseiro, propositalmente evitando seu olhar. — Acho que a última pessoa que me colocou pra dormir foi Mary — Tony piscou para o nome.

 Mary Parker, a mãe adotiva de Peter. Ele se sentiu curioso agora que o garoto a citou — também um pouco ciumento, mas era apenas a parte obscura da sua mente trabalhando.

 — Como eles eram? — Tony perguntou, ganhando um olhar interrogativo do garoto. — Richard e Mary

 — Oh — Tony observou quando um sorriso meigo, com um significado bem maior por trás, apareceu no rosto de Peter. O garoto pareceu pensar um pouco antes de responder. — Eles foram ótimos, acho que bem melhor do que eu merecia

 Tony levantou uma sobrancelha, desistindo de deixar o garoto tão cedo agora que ele estava disposto a conversar. O bilionário se sentou na cama, se sentindo um pouco intrigado com o que o garoto disse, quase como se ele não valesse nada.

 Se essa era a ideia que Peter tinha de si mesmo, então Tony estava disposto a tirar isso da sua cabeça.

 — Por quê? — Tony perguntou. A cama balançou quando Peter fez um esforço para se sentar também.

 Tony o observou, analisando cada uma das suas feições com cuidado. O garoto franziu os lábios antes de responder, encarando o nada.

 — Eu fui um pouco difícil. Dei mais trabalho pra eles do que o esperado — Peter encolheu os ombros, brincando agora com um pedaço do edredom, evitando os olhos de Tony. — Eu sempre tinha pesadelos. Acontecia quase todas as noites e eu acabava acordando eles. Isso sem dúvidas era meio chato. Eu me sentia como se tivesse incomodando...

 Tony parou por um segundo, analisando suas opções. Ele não era muito bom com sentimentos — na verdade, ele era a pior pessoa no mundo quanto a isso —, mas sentia que o silêncio não era o que Peter precisava agora.

 Céus! Seu filho é um pré-adolescente, passando por mudanças típicas da idade. Tony sabe que essa era uma das piores épocas da vida, ele passou por isso e lidou da pior forma com todos os sentimentos e aflições.

 Peter parecia bem. Ele não tinha sucumbido as drogas e ao álcool, não tinha entrado em poço o qual não podia mais sair — pelo menos Tony espera que não. Essa era uma chance única, a chance de ser um bom pai; alguém em quem seu filho sabe que pode confiar.

 Tony não teve uma boa figura paterna. Ele nem ao menos tem boas lembranças do seu pai, mas agora estava mais disposto do que antes a quebrar a tradição Stark. Ele iria fazer de tudo para Peter ser uma boa pessoa, iria ajuda-lo com seus problemas e não deixa-lo sozinho para lidar com eles.

 Mas para isso ele precisava saber o que dizer e a hora em que deveria dizer. Ele precisava saber o que se passava na mente de seu filho e mais importante, ele precisava saber como se expressar da maneira certa.

 Mas Tony sempre foi péssimo com sentimentos.

 — Mas eles não faziam isso por que se importavam com você? — Tony perguntou, se amaldiçoando por não saber como agir, por não saber como confortar Peter.

 — Eu acho que sim — Peter deu de ombros. Ele olhou para Tony, um misto de sentimentos expressos em seus olhos castanhos, parecendo tão confusos. — Acho que vocês se dariam bem. Richard também era um nerd — O bilionário riu do comentário, imaginando como Richard cuidará de Peter, se ele tinha ou não sido um bom pai.

 — Não posso duvidar disso — Ele ofereceu um meio sorriso. — Mas e você? Também é um nerd?

 Peter bufou com isso, deixando os ombros caírem.

 — Eu ganhei a feira de ciências uma vez. Isso conta?

 Tony sorriu internamente para isso.

 — Depende. O que você fez? — Tony se inclinou para encostar seu ombro com o do filho, ignorando a forma como o garoto ficou tenso com isso. Ele ainda pode ver o rubor se espalhar sobre seu rosto, evitando novamente o contato visual. — Não vai me dizer?

 — Você vai rir — Peter argumentou, conseguindo agora toda a atenção e a curiosidade do bilionário.

 — Não vou não. Prometo — Ele levantou a mão direita, esperando que isso fosse o suficiente para convencer Peter. O garoto lhe deu um olhar tímido, seu rosto se transformando em vermelho puro.

 — Eu criei um mini robô do Homem de Ferro — Peter disse depois de longos segundos, enterrando o rosto nas mãos. Ele riu envergonhado, mas o som foi abafado.

 Tony, por sua vez, encarou a figura incrédulo e lentamente um sorriso se formou em seu rosto.

 — Sério?

 — Eu estava tão obcecado por você que pensei que seria uma ótima ideia mostrar pra toda a escola como eu achava que sua armadura funcionava — Peter explicou, tirando o rosto das mãos para encara Tony, vergonha estampada em seu rosto.

 — Bem, você ganhou. Isso é um bom sinal — Tony disse, seu tom completamente lúdico.

 Só então ele percebeu que seu filho ganhou uma feira de ciências com um projeto inspirado nele. Orgulho encheu seu peito e Tony se sentiu tentado em se inclinar para o lado e puxar esse garoto para um grande abraço, mas ele se conteve, se contentando apenas com o sorriso e o olhar orgulhoso.

 Ele esperava que isso também fosse o suficiente.

 — Eu acho que seria bem melhor se eu tivesse guardado a medalha — Peter comentou, relaxando um pouco mais, mas seu rosto continuava vermelho como um tomate.

 — Espero que nós dois possamos trabalhar em um projeto juntos, seria interessante — Tony comentou, deixando mais uma vez que sua mente bolasse planos para o futuro.

 Apenas a ideia de trabalhar com seu filho no laboratório fez ele se sentir mais completo, já que assim ele estaria compartilhando algo com Peter, tornando-o único.

 — O quê? — O garoto exclamou, olhos arregalados que logo começaram a brilhar com o puro entusiasmo, algo que poderia contagiar qualquer um. — Você acha que eu poderia?

 — Sim, claro. Por que não? Me dê uma boa ideia e nós vamos trabalhar juntos. Pode até ser divertido — Tony sorriu, se sentindo contente quando o rosto do garoto foi tomado por uma excitação contagiante, que fez com que ele mesmo se sentisse ansioso e animado com a ideia.

 — Isso seria tão legal! — Peter exclamou, praticamente tremendo de excitação. Por um momento ele se perdeu em seus pensamentos e Tony quase pode ver a engrenagens girando dentro de sua cabeça. — Eu poderia melhorar os atiradores! — O bilionário arqueou uma sobrancelha e Peter congelou ao seu lado, como se tivesse dito algo que não devia. Então Tony se lembrou.

 Peter trabalhava para o Homem-Aranha.

 — Você sabe que não precisa mais trabalhar pra ele, né? — Tony disse, apenas insinuando.

 Talvez fosse um pouco de hipocrisia, mas Tony já sentia que era o suficiente Peter estar morando junto de um bando de super-heróis, ele não queria que o garoto se preocupasse com mais um. Tá, ele não sabia como Peter conhecia esse Homem-Aranha, não sabia nem qual era a relação entre deles, mas se bem que ele nem mesmo entendia esse vigilante direito.

 Ele se lembrou então que tinha que pesquisar um pouco mais sobre ele.

 — O quê? — Os ombros de Peter caíram, quase como se ele estivesse decepcionado com isso. O garoto foi rápido em balançar a cabeça e as mãos, negando avidamente. — Não, não, não, não, não. Eu gosto de fazer as coisas pro Homem-Aranha, estou apenas ajudando ele. Ele é um cara legal com boas intenções. Não posso deixar ele na mão só porque não estou mais nos Queens

 Tony cruzou os braços, observando o garoto atentamente. Algo no jeito que Peter falou, rápido demais, como se nem ao menos precisasse respirar, lhe deixou intigrado. Ele franziu os lábios, lançando a pergunta sem pensar duas vezes.

 — Como vocês se conhecem? Ou você não sabe quem ele é...? — Peter pareceu tenso com essa pergunta, mas não demorou muito em responder.

 — É claro que eu conheço ele. A gente já conversou várias vezes — Peter parou. Seus ombros se afundaram e ele olhou para Tony por longos segundos antes de decidir continuar. — Ele me salvou uma vez. Não sei quem ele é por trás da máscara, mas ele é um cara legal sr. Stark. Espero que o senhor não se importe se eu continuar a fazer algumas coisas pra ele

  Em parte, Tony realmente queria proibir Peter disso, mas aparentemente o vigilante era importante demais para o garoto — pelo jeito que Peter falava sobre ele e como a ideia de parar de trabalhar para o vigilante o deixava inquieto. Novamente, o bilionário se viu intrigado com o jeito que seu filho agia, maduro demais para a sua própria idade.

 Ele deu um suspiro pesado antes de responder.

 — Certo garoto. Mas vou te observar de perto — Ele viu a felicidade voltar ao rosto de Peter em um sorriso largo e cheio de dentes. O garoto acenou firmemente, seus cachos castanhos caindo sobre seu rosto.

 — Pode deixar sr. Stark!

  Tony balançou a cabeça, rindo. Seu filho era tão encantador, cheio de energia; ele não sabia como tinha vivido sem Peter durante todos esses anos, mas agora sabia que não podia deixa-lo ir mais uma vez. Tony poupou um rápido olhar para o relógio no seu pulso, suspirando quando percebeu que já passava das onze e meia. Ele olhou para o garoto, que ainda estava sorrindo, olhando para Tony com gratidão e admiração; essa combinação fez o coração do mais velho gaguejar e ele não queria nada além de abraçar seu filho.

 — É meio tarde e amanhã nós dois temos um longo dia — Tony disse, se levantando da cama. Ele ignorou o olhar decepcionado que Peter lhe deu, quase que pedindo silenciosamente para Tony ficar um pouco mais, assim como ele fazia quando era pequeno quase todas as noites. — Descanse garoto

 Peter se deitou, olhando para Tony com os olhos arregalado, observando cada movimento do homem mais velho. Um pequeno déjà vu das lutas que Tony tinha com Peter pequeno na hora de dormir invadiram sua mente, fazendo as lágrimas arderem em seus olhos mais uma vez naquele dia.

 Ele suspirou, estendendo a mão para afagar o cabelo do filho, desejando internamente poder beijar sua testa em seu lugar, mas ainda hesitante de que Peter não estivesse confortável o bastante com ele.

 — Boa noite — Tony disse e se virou, andando até a porta.

 — Boa noite sr. Stark — Peter respondeu, alto e claro, mas ainda não do jeito que Tony queria.

 Ambos tinham uma longa caminhada pela frente, e tudo que Tony tinha que fazer era ser paciente o suficiente para lidar com tudo isso. Talvez um dia Peter o chame de “pai” e o pensamento o encheu de alegria. Ele saiu do quarto, fechando a porta até ouvir um “clique” suave.

 — Sexta-Feira, se Peter tiver um pesadelo, me acorde — Ele disse, se virando para ir pro seu próprio quarto.

 — Certo, chefe

 Tony entrou no quarto, encontrando Pepper já de pijama na cama com um livro nas mãos. Ela olhou para cima, lhe oferecendo um sorriso enquanto ele se aproximava da cama e se deitava ao seu lado.

 —Está tudo indo bem? — Ela perguntou, se inclinando para beijar Tony. Ele retribuiu e logo estava deitado na cama pela primeira vez em três dias.

 — Até agora sim — Tony responde e deixou sua namorada para ler o livro em paz. Se ajeitando na cama ele fechou os olhos e logo adormeceu, se sentindo em paz pela primeira vez em uma década.

...

 Tony acordou com um resmungo baixo, descontente em perceber que Pepper já sairá. Ele se sentou na cama e como sempre Sexta-Feira o cumprimentou com o horário e a previsão do tempo.

 O bilionário deixou que as informações dos últimos dias invadissem sua mente, cada peça se encachando até que ele se lembrou que logo no quarto ao lado um pré-adolescente de 14 anos dormia — ou assim ele espera.

 — Sexta-Feira, Peter já acordou? — Tony perguntou se levantando da cama e interrompendo sua I.A.

 — Ainda não chefe — Ela responder. — Ele parece estar bem. Os batimentos cardíacos estão normais, apenas a temperatura corporal que está um pouco baixa, mas isso pode ser devido ao clima

  Tony aceitou essa resposta e voltou a sua rotina, se preparando para o dia com uma roupa quente e um ideia de fazer panquecas — o que com certeza será um desastre se ele não tiver ajuda — para seu filho.

 Ele saiu do quarto 10 minutos depois e andou lentamente até o quarto de Peter. Tony parou em frente a porta, decidindo se era ou não uma boa ideia ver como seu filho estava; ele tinha essa mania quando ele era pequeno, se sentindo um pouco mais calmo ao ver que a respiração da criança ainda estava estável.

 Tony decidiu que não fazia mal nenhum observar Peter um pouco, mesmo que ele parecesse completamente insano ao fazer isso. Ele entrou no quarto em silêncio, sussurrando para Sexta-Feira manter as luzes apagadas para não perturbar Peter. Ele andou com passos lentos até a cama e se inclinou para ver como o garoto estava.

 Peter estava coberto até as orelhas com o edredom, parecendo ainda assim com frio. Ele não estava tremendo nem nada, apenas o vai e vem de sua respiração calma e lenta. Tony analisou seu rosto, um pouco mais corado agora que ele havia descansado corretamente, mas os lábios ainda estavam um pouco azulados.

 Ele fez uma nota mental: Peter é sensível ao frio.

 Tony se virou e andou até o grande armário na parede, se lembrando vagamente de que ali dentro eram também guardadas as cobertas. Ele pegou uma azul escura, a primeira que estava na sua frente e se virou novamente para Peter, jogando a coberta por cima de sua pequena figura.

 Ele esperou que aquilo fosse o suficiente.

 Tony deu uma última olhada no garoto, resistindo a vontade de afagar os seus cabelos. Ele se virou e saiu do quarto, mas em vez de ir para o elevador, Tony voltou para seu próprio quarto, determinado a encontrar uma roupa mais quente para Peter.

 Ele vasculhou o closet por um tempo, separando alguns suéteres de lã que ele pensou que serviria no garoto, luvas, um cachecol e até mesmo uma touca.

 Se alguém o visse agora, qualquer um de seus amigos, diria que ele estava exagerando, mas Tony só queria que o garoto ficasse bem. Ele voltou para o quarto do filho e deixou as roupas em cima da cômoda, parando seus movimentos quando encontrou com algo peculiar.

 Ao lado do abajur tinha uma foto, levemente amassada e gasta pelo tempo, as bordas enroladas e desgastadas, mas ainda visível.

 Ele sentiu seu coração saltar um pouco quando percebeu quem estava na foto.

 Eram claramente Richard e Mary, parecendo felizes; no meio deles estava uma criança, com pelos menos 7 anos de idade, sorrindo para câmera e ao mesmo tempo exibindo uma falha nos dentes.

 Tony sentiu uma dolorosa pontada em seu coração, algo que enviou um tremor para o seu corpo e ele logo se viu com dificuldades para respirar. Ele viu Jean na criança, ele viu Peter; era mais claro do que nunca. A visão de como seu filho era quando pequeno fez ele ficar extremamente consciente do que perdeu nesses últimos onze anos.

 Ele desejou voltar no tempo, desejou poder acompanhar tudo isso, mas sabia que era impossível. A única coisa que Tony podia fazer agora era aproveitar ao máximo a presença de Peter, seja na adolescência ou não. Ele vai ficar ao lado do seu filho, vai recuperar o tempo perdido, mesmo que isso pareça impossível.

 Tony não conseguiu se conter, ele estendeu a mão e pegou a foto, analisando ela mais de perto. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto e ele foi rápido em seca-la, fungando logo em seguida. Tony passou o polegar pelo rosto da criança, desejando poder alcança-la.

 Ele então olhou para Peter na cama e abriu um sorriso triste ao ver o seu filho dormindo calmamente, seguro e finalmente ao seu lado depois de tantos anos. Tony devolveu a foto ao seu lugar e se aproximou um pouco mais de Peter, dessa vez não hesitando em deixar um pequeno beijo na testa do garoto, que se remexeu em seu sono esboçando um sorriso contente.

 Tony se afastou, afagando os cabelos de Peter mais uma vez como uma espécie de despedida. O garoto resmungou, mas ainda não deu sinal de que estava acordando. O bilionário então saiu do quarto em silêncio, se certificando de encostar a porta.

 Tony suspirou enquanto andava na direção do elevador, pedindo para Sexta-Feira manda-lo ao andar de baixo onde ficava a cozinha. Ele precisava de café.

 Quando as portas do elevador se abriram, Tony foi rápido em entrar na sala de jantar, nem reparando nas figuras de Clint e Scott tomando café na mesa, provavelmente tendo alguma conversa tranquila.

 — Tony! — Clint praticamente gritou, fazendo o bilionário resmungar e lançar um olhar entediado para o arqueiro.

 — Bom dia...

 Tony foi direto para a máquina de café, alcançando uma caneca vazia antes de colocar o liquido preto dentro. Ele quase pulou em um susto enquanto tomava o primeiro gole de seu café quando Clint simplesmente apareceu do seu lado.

 — O que você me disse ontem é verdade? — Tony se virou, ignorando Clint enquanto tomava outro gole de café.

  — Do que vocês estão falando — Scott disse. Ele ainda estava sentado na mesa, remexendo uma tigela cheia de cereal.

 — Qual é Stark! Você não vai me contar. Estou curioso desde ontem — Clint insistiu, seguindo Tony quando o bilionário se sentou na mesa.

 Tony olhou para o relógio na parede, logo ao lado de um quadro pintado por Steve — particularmente era um bom quadro — e suspirou quando viu que eram apenas sete e cinquenta da manhã, o que significa que Steve, Natasha e Sam provavelmente estão na academia em seus treinos matinais.

 — Sim, Clint, eu o encontrei. Só queria ter certeza antes de espalhar isso aos quatro ventos — Tony disse, tomando mais um gole de seu café quando Clint começou a borbulhar ao seu lado. Ele sorriu discretamente.

 — Eu não acredito! Você é um monstro Stark! Por que não nos avisou. Você sabe muito bem que te ajudaria a traze-lo para a Torre — Tony revirou os olhos, ignorando o olhar confuso que Scott estava jogando entre ele e Clint. — Quando você vai nos apresentar?

 — Do que vocês estão falando? — Scott perguntou mais uma vez, soando um pouco mais urgente, ele levou uma colherada de cereal a boca e mastigou lentamente.

 — Jean. Eu o encontrei — Tony disse, um pequeno sorriso em seu rosto. Ele desviou o olhar de seus companheiros e encarou a caneca agora vazia de café, sentindo a necessidade de tomar mais uma.

 Por um momento ele pensou que Scott tinha se engasgado.

 — Você o encontrou? Quando? —Scott perguntou. Tony se levantou da mesa mais uma vez e foi pegar mais café.

 — Eu recebi um aviso a quatro dias, mas como não tinha certeza resolvi não contar pra vocês. Respondendo a sua pergunta Clint, você pode conhecer ele quando ele acordar — Tony observou o café encher sua caneca mais uma vez.

 — Então ele está aqui na Torre, e eu ainda não falei com ele? Poxa Stark você sabe que eu sou ótimo com crianças — Clint respondeu, caindo na cadeira mais uma vez. Ele parecia mais relaxado agora e talvez um pouco ansioso. — Como ele é?

 —  Meio tímido, quieto e fã de super-heróis. Vocês vão se dar bem— Tony balançou a cabeça negativamente quanto Clint bateu palma.

 — Simplesmente o espirito que essa Torre precisava. Acho que ficar aqui ganhou um novo significado — Clint disse, quase como se estivesse aliviado. Tony arqueou uma sobrancelha para ele, fazendo uma pergunta silenciosa. — Você sabe Stark, uma criança anima qualquer lugar

 Tony abaixou a caneca, desviando o olhar de Clint para encarar o nada. É claro que as coisas estavam diferentes na Torre depois da confusão com os “Acordos de Sokovia”, que foi um fiasco desde o início. Separou a equipe em pedaços que ainda estavam sendo colados de volta.

 Tony ainda estava magoado com Steve — talvez a palavra certa fosse “zangado”, mas ele não é bom com sentimentos —, incerto do que pensar. Claro, ele estava disposto a trazer os Vingadores de volta, se não qual era o motivo de ainda estar aqui? Ele poderia muito bem vender essa Torre e se mudar para o norte do estado. Mas ele ainda sentia que o mundo precisava deles, que algo como Loki fosse atacar a qualquer momento. Existia vida inteligente no espaço, assim como existia Thor e toda aquela baboseira de mitologia nórdica, quem não garante que a qualquer momento uma nave alienígena iria pousar na Terra e querer escravizar toda a humanidade? Os Vingadores tinham que estar preparados caso isso acontecesse.

 Tony não podia negar, mas as vezes a sua mente o machucava, indo além em seus pensamentos e em seus medos. O resquício do estresse pós-traumático ainda agindo, mesmo depois de três anos.

 Isso não quer dizer que ele esteja confortável com Bucky dividindo o mesmo espaço que ele, mesmo que todos a sua volta garantisse que ele estava livre do controle mental.

 Uma parte dele detestou concordar com Clint, porque isso era como admitir que as coisas estavam ruins, era como admitir que a confiança na equipe estava quebrada, que Bruce provavelmente estava morto em algum lugar por aí.

 Que as coisas tinham ido de mal a pior.

 — Você tem razão — Tony admitiu, tomando mais um gole do seu café.   

 Ele voltou a se sentar na mesa, apenas ouvindo a conversa animada que começou a florescer entre Clint e Scott.

 — Você acha que ele gostaria de aprender alguns golpes? Eu posso ser um bom professor — Clint disse, dando alguns socos no ar para dar ênfase.

 Tony franziu os lábios para isso, não muito contente com a ideia.

 — Você? Um bom professor? Vai acabar machucando o garoto. Defesa é a melhor opção. Não queremos que ele machuque alguém — Scott respondeu, se esquecendo facilmente da tigela de cereal que estava comendo.

 — Uma criança tem que saber se defender

 — Exato, se defender, e não atacar. Ele não vai ser um espião ou algo do tipo — Scott argumentou, depois parou e se virou para Tony. — Não vai né Stark?

 Tony abaixou a caneca e pensou na resposta. Era meio difícil imaginar Peter, um garoto magricela e frágil, lutando contra um bando de bandidos ou mafioso, manuseando armas pesadas e dando golpes críticos em alguém. Também era difícil imaginar que ele venceria.

 O pensamento de ver seu filho machucado depois de uma luta enviou um sentimento doentio pelo corpo de Tony e ele lutou para deixar esse pensamento de lado. Peter definitivamente não iria lidar com essas coisas; ele não iria deixar.

 — Espero que não. Não parecer o estilo do Peter

 — Peter? — Scott perguntou intrigado, uma sobrancelha levantada. Um breve olhar para Clint provou que ele também tinha a mesma dúvida.

 — O nome dele agora é Peter, Peter Parker — Tony esclareceu. — Melhor chamarem ele assim. Jean pode soar um pouco confuso demais

 — Bem, se isso for deixar ele mais confortável — Scott deu de ombros, voltando-se para a sua tigela.

 — Ô Tony — Clint o chamou. Tony se virou para encara-lo e encontrou com um olhar duvidoso; um sobrancelha levantada e lábios franzidos. — Você não sequestrou essa criança né? Você pode ser o pai biológico, mas não acho que o resto da “outra família” vá ficar muito contente sabendo que o Homem de Ferro sequestrou seu filho

 Tony sentiu vontade de rir, mas tudo que saiu foi um murmúrio divertido. Ele olhou para Clint como se perguntasse: —Sério isso?

 — Não, eu não sequestrei ele. O garoto está aqui por livre e espontânea vontade — Ele disse, balançando a cabeça negativamente. — Você realmente acha que eu faria isso?

 Clint riu nervosamente, dando de ombros.

 — É um pouco provável levando em conta a sua personalidade — Tony queria se sentir um pouco ofendido com isso, mas não aconteceu. Ele realmente agia as vezes no puro impulso, o que resultava em catástrofes.

 Provavelmente, se Peter ainda morasse com alguém — qualquer um, seja ele seus pais adotivos ou seus tios; até mesmo aquele tutor — Tony não duvidava que ele teria levado a criança sem pensar duas vezes. Claro, poderia ter alguma luta no meio disso, mas ele ia trazer Peter para casa de qualquer jeito.

 Não importa se tivesse demorado ou não.

 Era como uma espécie de alivio que as coisas foram tão fáceis.

 As portas do elevador se abriram. Tony se virou para cumprimentar quem quer que seja com um aceno, sorrindo quando viu Pepper entrar na cozinha com um monte de sacolas em mãos, coberta de neve.

 — O que é tudo isso? — Clint perguntou, levantando uma sobrancelha brincalhona para Pepper. Tony não estava muito diferente dele, levemente confuso.

 — Eu fui fazer algumas compras, infelizmente as ruas estão cobertas de neve e não consegui ir muito longe, mas acho que dá pra fazer alguma coisa com isso — Ela disse, deixando as sacolas em cima da bancada da pia. — Ele já acordou? — Tony balançou a cabeça negativamente, brincando com a alça da caneca ainda em suas mãos. — Ótimo

 Pepper começou a tirar algumas coisas de dentro das sacolas; frutas, legumes e outras coisa que pareceram despertar o interesse de Scott.

 — Você vai fazer panquecas, porque se sim eu posso ajudar — Ele disse, se levantando da mesa e levando consigo sua tigela de cereal vazia.

 — Na verdade eu não sei fazer panquecas, mas estava disposta a tentar — Pepper disse, ganhando uma risada de Scott.

 — Então deixa comigo. De acordo com a Cassie, as minhas panquecas são as melhores do mundo — Tony e Clint reviraram os olhos, não ousando se meter na provável bagunça que será aquela cozinha daqui a alguns minutos.

 — Eu vou pra academia — Clint disse, se levantando da cadeira e indo em direção ao elevador. — Espalhar a noticia

 Tony bufou, observando o arqueiro entrar no elevador e desapareceu, se arrependendo instantaneamente em deixar Clint espalhar a notícia. Ele se levantou da cadeira.

 — Acho melhor você contar a Rhodey antes que ele descubra por outra pessoa — Pepper disse, passando por Tony com sua própria caneca de café em mãos.

 O bilionário não pode fazer outra coisa senão concordar; na verdade, Rhodey deveria ter sido a primeira pessoa a saber da volta de Jean, já que ele estava lá desde que Tony assumiu a responsabilidade de cria-lo, mas as coisas tinham se complicado um pouco.

 — Você tem razão

 O bilionário se virou, passando por Scott que já estava revirando os armários em busca de ingredientes. Ele deixou a caneca na pia e caçou o celular dentro do bolso.

 Ele o desbloqueou, andando até a sala, deixando a cozinha para Scott e Pepper. Tony se encostou na parede — o som da chamada batucando em seu ouvido —, um pouco distante da televisão e dos sofás, focando seu olhar no lado de fora da Torre e no quanto o clima lá fora parecia severo.

 Era para Peter estar lá, lutando contra o frio com apenas alguns cobertores e casacos sujos. Ele se lembrou vagamente daquela garota dizendo que Peter quase morreu de hipotermia a apenas alguns dias, o pensamento enviando calafrios pela sua espinha assim que veio.

 Peter era um guerreiro, mais forte do que parecia. Ele enfrentou os próprios demônios, os medos que o assombravam antes mesmo de poder entender o que significava a palavra “ trauma”. Ele perdeu seus pais adotivos e encarou a tarefa de se adaptar a uma nova vida sobre os cuidados de um estranho. Seja lá o real motivo que fez Peter fugir da segurança de uma casa, deveria ser realmente intensa, porque ele preferiu o frio do inverno, a fome e os desafios de uma vida sozinho em vez do conforto que um teto lhe proporcionava.

 Tony sabia que não conhecia o garoto, mas ele realmente espera que um dia pudesse entende-lo.

 — Ei Tony — A voz de Rhodey o tirou de seus pensamentos, fazendo Tony pular em um leve susto. Ele quase riu de si mesmo, mas se forçou a responder ao amigo.

 — Ei Rhodey. Está ocupado agora? — Seus olhos vagaram novamente para a neve lá fora, caindo lentamente, apenas uma distração enquanto ele falava.

 — Um pouco, considerando que uma reunião está prestes a começar — Ele disse e Tony revirou os olhos para o tom de voz do amigo. — Mas não se preocupe o orador está atrasado. Então seja lá qual for o motivo de você ter me ligado pode falar

 — É bom saber que sou bem-vindo — Tony brincou, podendo até mesmo ver quando Rhodey resmungou. — Relaxa a noticia é boa. Tão boa que até agora parece meio surreal

 — O que foi dessa vez. Alienígenas amigáveis entraram em contato?

 — Por que todo mundo diz isso? —Tony perguntou um pouco incrédulo, imaginado se é assim que o resto da equipe o vê. — Não, não é isso. É sobre... Jean

 Tony se sentiu nervoso quando a linha ficou muda por mais tempo do que o esperado. Ele queria saber o que Rhodey pensava sobre isso, mas seu amigo ficou em silêncio por quase um minuto inteiro.

 Tony sabia o quanto Jean era importante para Rhodey, ele era basicamente o “Tio Legal” do garoto. Ambos passaram tanto tempo juntos quando Tony estava fora em alguma viagem de negócios.

 Ele se lembrou então do quanto Jean amava Rhodey, sempre perguntando o que o homem estava fazendo e quando viria visitar novamente.

 — Rhodey? Você tá ai — Tony perguntou depois de um tempo, hesitando.

 — J-Jean? Você tem notícias dele? — Rhodey parecia um pouco exasperado, falando um pouco mais baixo do que antes.

 É claro que ele estava perplexo e confuso, Tony nunca cita Jean em suas conversas; é como tocar em uma ferida infeccionada — mas agora as coisas são diferentes.

 Rhodey era a segunda pessoa favorita da criança — é óbvia que Tony sempre se considerou o primeiro — e ele certamente sentia tanta falta de Jean quanto Tony. Isso era uma coisa que os dois amigos podiam entender.

— Sim eu tenho, achei que você quisesse saber — Tony parou por um momento, pensando em como dar a notícia ao amigo. — Ele apareceu há quatro dias, mas foi um pouco difícil encontra-lo — Tony explicou, engolindo em seco quando começou a se sentir um pouco ansioso demais.

 — Quatro dias? Por que não me contou antes? — Rhodey levantou a voz, irritado, mas Tony conhecia seu amigo muito bem.

 Ele estava frustrado.

 — Eu queria ter certeza que era ele, o que não aconteceu até ontem — Tony pode ouvir um suspiro através da linha, um pouco confuso sobre o que isso realmente significava.

 —  Tony. Você está falando sério? Não é nenhum tipo de brincadeira?

 — Não Rhodey. Ele está aqui na Torre — Tony ouviu um pequeno baque do outro lado da linha, algo como uma caneta batendo numa mesa. A linha ficou muda novamente.

 — Eu estou do outro lado do estado e você me dá essa notícia... — Tony riu, aliviado agora que a tensão parecia ter sido desfeita.

 — Desculpa por isso — Ele disse, não soando realmente apológico.

 — Como ele está? — Rhodey perguntou, um pouco mais alto agora. — Onde ele estava? Foram onze anos

 — A história é longa, bem longa... você deve estar ocupado demais agora pra ouvir — Tony riu, ouvindo um resmungou baixo de Rhodey, deixando claro que seu amigo não estava muito contente com isso, mas que também não tinha um argumento contra. — Ele está bem, ótimo na verdade. Você vai adora-lo, Rhodey

 — Eu queria estar aí — Rhodey resmungou, provavelmente passando a mão pelo rosto um pouco frustrado. — Você pode cuidar dele até semana que vem?

 — Você ainda acha que eu não sou capaz? — Tony disse, fingindo todo o drama em sua voz.

 — Sinceramente, minha opinião não mudou muito — Rhodey, mas Tony pode sentir o sorriso em sua voz. De repente, Rhodey amaldiçoou em voz baixa. — Eu tenho que desligar. Pode me mandar uma foto dele depois?

 — Claro. Depois eu te ligo então

 — E eu quero ouvir tudo

 — Sim, sim, tchau

 — Tchau

 Tony desligou o celular e suspirou, sentindo um sorriso se formar lentamente em seus lábios.

 Ele estava se sentindo leve, como se não tivesse nada para se preocupar agora, como se tudo estivesse no exato lugar. Tony se permitiu relaxar e observar a neve do lado de fora. Havia uma movimentação na cozinha, o único som em todo o andar.

 — Sexta-Feira, como está Peter? — Ele perguntou, desejando que o garoto já estivesse acordado.

 — Ele ainda está dormindo chefe — A I.A disse, fazendo Tony suspirar.

 Ele realmente queria estar com seu filho agora.


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Notas finais do capítulo

Tenham paciência comigo...

~~ See Ya Later



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