Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 11
Capítulo 11 - "Casa"


Notas iniciais do capítulo

~~Boa Leitura



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 Foi um pouco difícil para Tony voltar a dirigir e ao mesmo tempo lidar com a exorada de sentimentos que ainda estavam abalando seu corpo e sua mente. A única coisa que ele queria agora era envolver aquele garoto em seus braços e deixa-lo ali para sempre.

 No começo, quando lhe mandaram aquela mensagem, Tony realmente teve as suas dúvidas — pensamentos pessimistas que não queriam aceitar o fato de seu filho estar vivo depois de tanto tempo —, mas todas elas sumiram quando ele viu a marca na mão direita de Peter.

 Foi apenas o suficiente para ele quebrar ali mesmo e ser obrigado a estacionar o carro, evitando assim um possível acidente.

 Eles realmente tinham muitas coisas para falar. Tony se viu mais do que curioso ao olhar para aquele garoto sentado ao seu lado; Peter era um completo mistério. Claro, ele tinha stalkeado a vida do garoto, mas apenas aquilo que foi registrado em um papel, ele quer saber o que realmente aconteceu nesses 11 anos.

 Qual era personalidade de Peter? O que ele gostava de fazer? Seus filmes favoritos? Ele ainda gosta de LEGO? O que ele quer ser quando crescer? Será que ele ainda gosta de ursos de pelúcia em seu quarto? Qual sua comida favorita?

 Perguntas como essa rondaram a mente do bilionário, deixando-o ansioso.

 Mas não importa o quão ansioso ele estava, nada o deixava mais feliz do que olhar no rosto daquele garoto.

 Ele era adorável. Essa era a palavra para descreve-lo, mesmo com o cabelo desgrenhado e o cabelo sujo, Peter era adorável.

 Tony nunca imaginou que o garoto fosse tão espontâneo, cheio de energia e um sorriso brilhante no rosto. Ele realmente não tinha pensado em qual seria a reação de Peter ao acordar e vê-lo ali, logo ao seu lado, mas certamente nada teria lhe preparado pelo o que aconteceu.

 — Como você me achou? — Peter perguntou depois que Tony voltou a dirigir, em direção a Torre dos Vingadores dessa vez. Ele não estava dirigindo muito rápido, em parte por causa da neve.

 A última coisa que ele queria agora era causar um acidente e perder seu filho para sempre, justo agora que ele está ao seu lado.

 Seu coração estava inchado, tão cheio de alegria e chegava a transbordar. Ele estava realmente ao lado de seu filho e foi como se a vida tivesse voltado a ter sentido.

 — Uma pergunta complicada — Tony disse, ligando a seta para virar à direita. — Você quer que eu conte dos últimos dias ou dos últimos anos?

 Tony viu de soslaio que o garoto estava inquieto, batendo o pé impaciente no carpete. Ele pareceu pensar por três segundos antes de responder timidamente, soando tão pequeno quanto Tony se lembrava.

 — Últimos dias — Ele disse e Tony respirou fundo, engolindo o nó em sua garganta, disposto a conversar com o seu filho.

 Ele queria conhece-lo, queria traze-lo de volta para a sua vida e dessa vez para sempre.

 — Bem... depois que você resolveu fugir do departamento de polícia, eu comecei a procurar por lugares aonde você poderia estar — Tony soltou uma mão do volante, desacelerando o carro apenas para pegar o a lista amassada que ainda estava guardada no bolso do seu casaco.

 Ele a entregou para Peter.

 O garoto apenas bateu os olhos no papel antes de fazer a próxima pergunta, borbulhando de curiosidade e uma energia jovem que Tony se perguntou se algum dia poderia acompanhar.

 — Você falou com o tio Ben? — Peter deu um olhar perplexo e curioso para Tony, que não conseguiu lutar contra um pequeno sorriso.

 Céus! Esse garoto era tão diferente do que ele teria imaginado. Tony sentiu seu coração inchar e o desejo de puxa-lo novamente para um abraço invadiu sua mente.

 Ele realmente queria ter Peter em seus braços agora, e força-lo a ficar ali para sempre.

 — Falei. Eles estavam preocupados quando eu contei que você fugiu do seu tutor — As palavras sairam automaticamente da sua boca, mas ele sentiu como se tivesse dito algo errado, já que Peter congelou no seu assento. — Tive que prometer ligar quanto de encontrasse. Vou fazer isso depois

 O silêncio pairou e Tony sentiu a necessidade de continuar contando o seu dia para o garoto, talvez essa fosse uma ótima forma de mostrar o quanto Tony se preocupa com ele.

 — Eu perguntei de você naquela rua, mas ninguém prestou a atenção ou simplesmente me ignorou — Tony revirou os olhos quando ouviu a pequena risada ao seu lado. — Até que esse cara... qual o nome dele mesmo...? Phlipe me disse que te conhecia

 — Você falou com o Phlipe? — Peter perguntou, interessado. Ouvir a voz dele foi calmante para Tony. O garoto tinha uma certa energia cativante. — O que ele disse?

 — Disse que quando eu te encontrar era pra avisar que ele mandou um beliscão — Tony riu junto com o seu filho, se sentindo quente por dentro e por fora.

 Como ele pode ter vivido todos esses anos sem isso? Sem esse clima? Sem esse garoto? Se se esqueceu desse sentimento, de estar realmente completo.

 — Ele não falou nada sobre os dez dólares?

 — Falou. Mas eu paguei ele, então acho que você está livre — Tony olhou para Peter quando o carro parou em um semáforo, amando o jeito como o garoto lhe olhava.

 Os olhos castanhos arregalados, cheios de admiração e curiosidade, a mesma curiosidade que ele tinha quando era pequeno. Ele parecia mais à vontade agora, se permitindo relaxar no banco.

 — Ele me contou alguma coisa sobre você fazer “atiradores” para o tal do Homem-Aranha — O sinal abriu, e foi nesse exato momento que Peter ficou pálido. Tony levantou uma sobrancelha para isso.

 Ele fez uma nota mental sobre procurar mais informações sobre o vigilante assim que puder.

 — Ele também disse que você é um gênio — Ele resolveu acrescentar depois de um tempo, já que Peter não responder.

 Tony percebeu que eles iriam demorar bastante para chegar a Torre nessa velocidade, mas pelo menos isso significava que ele poderia passar mais tempo na presença do garoto.

 Peter riu, quase que zombando disso.

 — Ele acha que todo mundo é um gênio — Peter disse, gesticulando para todos os lados. — Eu só concerto algumas coisas

 Tony sentiu o sorriso em seu rosto de alargar. A modéstia não era uma coisa que a família Stark tinha, todos — tanto Howard quanto Tony — sempre quiseram se mostrar pelos seus feitos, mas Peter era diferente, cauteloso e tímido demais para isso.

 — Às vezes eu também — Ele ouviu Peter arfar ao seu lado, surpreso com isso, mas antes que o garoto pudesse enche-lo com mais e mais perguntas, Tony voltou a falar. — De qualquer forma ele não sabia onde você tava então isso me levou até o último lugar, o abrigo. Finalmente eu tive alguma resposta de uma garota que ameaçou me estrangular com os olhos

 — A MJ te contou aonde eu estava? — Peter perguntou, surpreso, quase como se isso fosse algo inimaginável.

 Tony sentiu como se essa “MJ” fosse realmente alguém importante.

 — MJ? Esse é nome dela? — O bilionário deu de ombros e apenas concordou com um aceno. — Foi aí que eu te encontrei. Feliz com o resumo do meu dia?

 — Sim — Peter acenou e Tony pode ver se soslaio o sorriso que o garoto lhe deu.

 Ele tinha um lindo sorriso, cheio de dentes e capaz de iluminar a escuridão. Era impossível não sorrir em troca.

 O silêncio caiu sobre eles e Tony se permitiu pensar um pouco mais sobre o que iria acontecer agora. Bem, a lista era enorme, ele teria que pedir para Sexta-Feira criar uma lista de tarefas. Mas isso realmente não é o maior problema, o maior problema é a equipe.

 Tony realmente está cansado. Ele passou o dia todo andando pelo Queens, indo de um lado para o outro como um maluco. Suas pernas estavam doendo e ele duvidava seriamente se poderia assistir um filme sem roncar nos primeiros 20 minutos.

 Ele queria apenas chegar na Torre e comer alguma coisa com o seu filho antes de ambos irem para a cama, amanhã ele pode lidar com a equipe e esclarecer tudo — Isto é, se Clint não tiver espalhado rumores por todo o prédio a essa altura.

 — Sr. Stark? — Peter o chamou, sua voz soando tímida e... com medo? — O que vai acontecer agora?

 Tony engoliu em seco, sentindo um nó se formar na sua garganta apenas na forma como Peter perguntou isso, quase como se estivesse aterrorizado com tudo a sua volta e com os possíveis desfechos.

 — Primeiramente, se não vai me chamar de “pai” então me chama de “Tony” — Tony disse, sério mais ainda com uma pitada de humor em sua voz. Era apena o necessário para fazer Peter entender que ele estava falando sério. — Sobre isso... bem... temos muitas coisas para fazer. Eu tenho que resolveu alguns problemas com a assistente social, o que provavelmente vai ter que incluir um teste de DNA. Depois disso eu tenho que procurar uma boa escola, ajeitar o seu quarto e impedir que um bando de super-heróis desocupados te sufoque.

 Tony parou por um momento, ainda pensando que havia mais coisas a adicionar nessa lista.

 — Tem mais coisas, mas é melhor deixar isso pra depois

 — Isso significa que eu vou morar na Torre com você? — Peter perguntou, parecendo pequeno em seu acento. Tony concordou com a cabeça.

 — Espero que não tenha nada contra. Se preferir eu encontro outro lugar — Tony sugeriu, olhando para Peter. Logo ao longe a Torre dos Vingadores começava a aparecer.

 — Não. Não precisa... é só que. Isso é meio... estranho... — Peter confessou, soltando um suspiro pesado. — Eu- a literalmente uma hora atrás eu estava dormindo embaixo de três cobertores sujos e agora eu estou aqui com você, indo pra Torre dos Vingadores. É um pouco difícil de acreditar...

 Tony olhou para seu filho, pequeno demais para a sua idade, mas ainda assim muito mais experiente que qualquer outro adolescente normal. Ele acenou em compreensão e ofereceu um sorriso carinhoso para o garoto, esperando que isso fosse reconfortante o suficiente.

 Ele ainda não entendia completamente o que se passava na cabeça de Peter — talvez ele nunca chegue a entender —, mas por agora ele vai fazer o que seu própria pai nunca fez: Ele vai ser compreensivo, e vai ajudar Peter a lidar com os possíveis problemas que virão.

 — Vai ter grandes mudanças agora garoto, pra nós dois. Mas não vou deixar você sozinho, vamos enfrentar isso juntos —Tony se amaldiçoou internamente quando as lágrimas picaram em seus olhos novamente, mas dessa vez ele lutou com todas as suas forças para não quebrar.

 Ele não estava olhando para Peter, por isso perdeu quando o garoto sorriu carinhosamente, afeição e esperança brilhando em seus olhos.

 — Obrigado, Tony

 ...

 Tony entrou no estacionamento da Torre, tentando esconder o sorriso em seu rosto com a forma que Peter estava olhando ao redor, parecendo uma criança pequena em um parque de diversão, completamente encantado com tudo a sua volta. Ele estacionou o Audi ao lado dos seus outros carros e soltou um suspiro cansado.

 O peso desse dia estava em cima de seus ombros, junto com três noites de sono acumulado. Tony estava realmente se sentindo um lixo.

 — Todos eles são seus? — Peter perguntou, sem desviar os olhos do Cadilac Coupe estacionado ao lado.

 — Des da última vez que eu chequei, sim

 Tony foi o primeiro a fazer um movimento para sair do carro, sendo seguido por Peter que ainda estava um pouco hesitante. O bilionário não perdeu tempo em alcançar o garoto e guia-lo até o elevador, já que ele sozinho não faria isso.

 Peter parecia estar imerso em seu próprio mundinho, impressionado com os carros e também o designer do elevador. Tony teria rido da sua cara se fosse qualquer outra pessoa, mas como era seu filho, ele sentiu apenas carinho.

 — Bem-vindo de volta chefe — Sexta-Feira disse assim que Tony entrou no elevador, puxando Peter para dentro junto dele. — Quem é esse?

 — Sexta-Feira esse é o Peter. Dê a ele acesso livre a todos os andares da Torre — As portas do elevador se fecharam e logo a dupla começou a subir. Tony pode ouvir com clareza o suspiro surpreso que Peter deu quando a I.A voltou a falar.

 — Claro chefe — Ele se virou para poder ver o rosto do Peter, o encontrando com os olhos arregalados e surpresos enquanto encara o teto do elevador, como se estivesse tentando resolver um mistério.

 Tony abriu um sorriso.

 — Essa é Sexta-Feira, ela comanda Torre. Se precisar ir a algum lugar é só pedir pra ela te guiar — Tony explicou, vendo de camarote quanto o rosto de Peter se animou com um enorme sorriso. Ele podia ver as engrenagens na cabeça do garoto rodando.

 — Ela é uma inteligência artificial? Tipo, de verdade? — Peter estava encantado com essa ideia, olhos brilhando de empolgação que Tony não pode entender completamente, em vez disso, ele apenas acenou. — Wow! Isso é tão incrível!

 — Obrigada, Peter — O garoto arfou, rindo.

 As portas do elevador se abriram depois de um tempo e ambos estavam no andar privado de Tony. O bilionário, novamente, foi o primeiro a sair, sendo seguido por Peter lentamente.

 — O que você quer? — Tony perguntou, agarrando o Starkphone. — Pizza? Comida chinesa? Tailandês? Você escolhe

 Peter demorou um pouco para registrar que Tony estava falando com ele, já que o garoto parecia absorvido com o lugar. O bilionário levantou uma sobrancelha e segui o olhar do filho.

 Ele já tinha se acostumado com esse ambiente, era apenas o seu espacinho próprio. Somente Pepper, Rhodey e Happy podem chegar nesse andar, e por isso não tem tantas coisas. Há apenas uma sala interligada com uma pequena cozinha, a área de lazer mesmo fica no andar de baixo, onde o resto da equipe fica.

 Tony não entendeu o que tinha de tão magnifico ali, mas pensando bem era a primeira vez que Peter entrava em um lugar realmente decorado e talvez até mesmo um pouco extravagante.

 Ele sorriu para o garoto quando ele se aproximou das janelas de vidro, olhando para a cidade a baixo. Essa sem dúvidas era uma grande visão.

 — Eu acho que pizza está bom... — Peter murmurou, encantado com a visão.

 Tony deixou o celular de lado e se aproximou do garoto, estendendo um braço para rodear os ombros do menor. Peter soltou um gemido de surpresa, mas não se afastou.

 — Certo então — Tony se permitiu olhar para a cidade um pouco, observando a neve cair e manchar os prédios e as ruas ao lado, a noite estava começando a cair levemente, mas não era possível ver o sol ou as estrelas. Essa era uma vantagem em morar em uma Torre de 100 andares.

 Um pouco relutante em puxar Peter para longe do seu estupor, Tony se viu obrigado a fazê-lo.

 — Venha garoto, vou te mostrar o seu quarto — Tony o puxou pelo ombro, guiando Peter para um corredor que levava ao seu quarto e a um quarto de hospedes, frequentemente usado por Rhodey quando ele está na cidade.

 Bem, agora era de Peter.

  — O meu fica naquela porta no final do corredor — Tony apontou, ganhando um aceno apresado de Peter. — Se precisar de mim é só bater

 Tony parou em frente a uma porta, estendendo a mão para girar a maçaneta. A porta se abriu e ele precisou pedir a Sexta-Feira para acender as luzes.

 Peter o seguiu logo atrás, encolhido como se estivesse entrando em um território proibido.

 — Tem um banheiro logo ali, se quiser pode tomar um banho, eu vou procurar por algumas roupas que talvez te serviam — Tony praticamente puxou Peter para dentro do quarto, observando a reação do garoto.

  Ele encarou a cama por bastante tempo, antes de olhar para as janelas que também tinham uma vista parecida com a da sala. Peter então se virou para Tony, parecendo uma pequena criança que acabou de ganhar o melhor presente do mundo no natal.

 — Obrigado sr- Tony — O garoto se corrigiu em cima da hora, corando de forma adorável. O bilionário sentiu seu coração inchar com amor e felicidade, se sentindo finalmente completo. Ele deu alguns passos e ficou de frente para Peter.

 — Estarei na sala garoto. Não demore muito — Tony afagou os cabelos de Peter, deixando eles mais bagunçados ainda. O garoto acenou, sorrindo alegremente para o bilionário.

 Tony hesitou um pouco antes de se virar e sair do quarto, deixando Peter sozinho. Essa era a última coisa que ele queria fazer agora, mas sentiu também que era necessário.

 Ele caminhou até seu quarto e foi direto ao closet, vasculhando em meio as suas roupas por algo que poderia servir em Peter, mas isso foi difícil já que o garoto era tão pequeno e magro.

 — Sexta-Feira, ligue para aquela pizzaria de sempre, peça dez pizzas e mande entregar na Torre — Ele disse, quase como se a coisa toda fosse algo habitual, e, de certo ponto, era.

 Tony ainda não sabia exatamente o quanto o Cap podia comer, mas já tinha visto o suficiente para se precaver. Quanto ao resto da equipe? Bem, eles também podiam ser um buraco negro de comida.

 — Feito, chefe — Sexta-Feira disse depois de um tempo, tirando esse peso dos ombros do bilionário.

 Tony ergueu um suéter de lã azul turquesa — parecendo bem grosso e quente em suas mãos —, analisando a peça com cuidado, imaginando se serviria ou não em Peter. Por fim, ele decidiu que era o suficiente para aquece-lo durante a noite. Tony ainda separou uma calça de moletom, um par de meias e uma box para o garoto antes de sair do closet.

 — Chefe, o senhor tem oito mensagens d- — Tony não pode se conter e bufou para os possíveis problemas que Sexta-Feira estava prestes a lhe dizer.

 Ele realmente não queria lidar com nada que não envolvesse seu filho agora. Essa era sua principal preocupação.

 — Deixe pra depois Sexta, não estou com ânimo para lidar com isso agora. Amanhã eu resolvo qualquer problema — Tony disse meio mal-humorado, saindo do seu quarto com as roupas em mãos.

 — Mas chefe é-

 — Eu disse depois — Tony bufou, entrando novamente no quarto de Peter apenas para deixar a muda de roupa limpa em cima da cama e saiu logo em seguida, sorrindo brevemente ao som da torneira ligada.

 Ele encostou a porta, soltando um suspiro cansado, mas ao mesmo tempo aliviado.

 Tony se sentia leve e completo apenas em saber que o seu filho estava de volta, a salvo, e logo no quarto ao lado. Parecia um sonho; algo tão surreal que era difícil ainda para a mente do bilionário processar.

 Com um pequeno sorriso no rosto, ele caminhou de volta para a sala, pedindo para Sexta-Feira ligar a televisão no noticiário, mas ele nem ao menos chegou a prestar atenção nas manchetes. Ele se preocupou em ajeitar dois pratos, copos e talheres na bancada em vez disso.

 Seu coração pulou com a percepção de que ele iria jantar com seu filho. Jean estava de volta, ele realmente estava ali, vivo e agora iria comer pizza junto com ele, algo que pais e filhos fazem a todo momento.

 Tony sentiu como se tivesse um novo objetivo na vida, como se agora pudesse realmente fazer algo de bom. Ele precisava estar ali para Peter, ser o pai que o garoto merece. Tony já podia imaginar o que estava por vir, os problemas e desafio que ambos poderiam enfrentar juntos, como uma família de verdade.

 Seu coração inchou com esse pensamento.

 — Senhor, a Srta. Potts está subindo — Tony parou de se mover com isso.

 Ele gemeu, sentindo que tinha esquecido alguma coisa durante toda essa correria dos últimos dias, mas não sabendo exatamente o quê.

 Talvez tivesse algo a ver com uma reserva em um restaurante.

 — De quem eram as mensagens Sexta-Feira? — Ele perguntou, se abaixando para pegar mais um prato para Pepper, se movendo completamente no automático.

 — Srta. Potts chefe

 Tony resmungou, colocando o prato na bancada enquanto se preparava para a fúria da sua namorada.

 Ele realmente tinha esquecido do encontro deles. Mas pelo menos dessa vez ele tinha uma boa desculpa.

 A porta do elevador se abriu e logo os sons dos saltos de Pepper encheram a sala, se aproximando cada vez mais da onde Tony estava.

 — Oi Pep! — Ele a cumprimentou, se virando para recebe-la com um enorme sorriso cheio de dentes, tendo certeza de que ele parecia um pouco debochado. Tony estendeu os braços como se estivesse convidando Pepper para um abraço, mas eles caíram assim que o bilionário encontrou com os olhos da mulher.

 Eles estavam borbulhando de raiva.

 — Onde você estava? — Pepper perguntou, olhos turvos enquanto ela apontava ofensivamente para ele. Tony notou que ela estava usando um lindo vestido azul, toda maquiada e com os cabelos loiros ondulados, apenas destacando sua beleza. — Eu te esperei por uma hora naquele restaurante e você não apareceu

 Tony respirou fundo, sabendo que tinha uma longa história para explicar, mas ele se sentia tão cansado dos últimos dias, tão cansado do estresse e do ataque de sentimentos que ele teve. Era muito para lidar. Mas por Pepper ele resolveu encarar... novamente.

 — Eu posso explicar — Tony disse rapidamente, oferecendo um pequeno sorriso para Pepper na intenção de apaziguá-la. É claro que não funcionou.

 — É claro que você pode explicar! — Pepper se aproximou, apenas para encara-lo cara a cara. — Eu te liguei umas 10 vezes, mas você não estava em casa. Deixei mensagem e você não me respondeu. Tony, o que diabos você estava fazendo durante o dia todo?!

 — Aconteceu uma coisa — Tony disse, encarando Pepper de volta com a mesma intensidade, só que diferente dela, ele não estava explodindo com raiva. Na verdade, Tony fez um esforço para transmitir os sentimentos com apenas um olhar, não tendo certeza se iria funcionar. — Eu devia ter te contado, mas em minha defesa eu não contei pra ninguém na Torre. Nem pro Rhodey

  — Tony, aonde você quer chegar? — Ela perguntou ameaçadoramente, o que causou um pequeno arrepio em Tony, mas ele jamais iria admitir isso.

 Tony mordeu o lábio inferior, pensando num jeito de contar a Pepper o que aconteceu. Não é como se ela não soubesse o que tinha acontecido. Tony a contratou com secretária apenas dois meses antes de Jean desaparecer, então ela teve pouco contato com a criança, mas isso não quer dizer que Pepper não saiba da importância que esse garoto tem para Tony.

 Afinal, ela acompanhou todo o drama de perto, todo o sofrimento, todas as noites em que Tony caiu completamente bêbado na cama, uma forma que ele encontrou de entorpecer a dor que sentia.

 Pepper estava lá, e ela certamente vai entender.

 — Eu encontrei ele — Tony disse, ganhando uma sobrancelha erguida de Pepper. — Jean. Eu encontrei ele

 Pepper arfou alto, seu queixo caiu e ela olhou com surpresa em seus olhos para Tony — a raiva se dissipou quase que instantaneamente —, não demorou muito e um sorriso começou a se formar, radiante como o sol. Ela nem parecia que estava gritando com ele há apenas alguns segundos.

 — Quando?


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Notas finais do capítulo

~~ See Ya Later



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