Orgulho, Preconceito e.. Georgiana? escrita por Chibi Lele


Capítulo 5
Cicatrizes profundas.


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas crianças, mais um capítulo, o primeiro do ano!! Espero que gostem ♥
Tentarei postar de 15 em 15 dias, talvez até antes, mas nunca depois desse intervalo.
E provavelmente trocarei a capa. ;)



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Por mais raiva que Darcy tivesse, após passar pelo batente da porta se encontrando no cômodo da cozinha, seu corpo quase desfaleceu, sua cabeça zumbia e seus olhos ameaçavam chorar, se sentia o mais fraco dos homem. 

Quando ergueu sua face pode observar o Coronel Fitzwillian com uma péssima expressão enquanto discutia a plenos pulmões com a Sra Younge que não se deixava abalar.

— Richard - Darcy pronunciou depois de alguns minutos, sua boca estando completamente seca.

O Coronel virou-se rapidamente, treinado para reagir a chamados qualquer lugar para o homem era um campo de batalha, mas seu coração falhou uma batida ao ver a feição do homem que não o chamava pelo primeiro nome desde que havia ido servir.

— Poderia me deixar a sós com a Sra Younge? E eu agradeceria se levasse minha irmã para um cômodo mais confortável.

— Tem certeza meu amigo? - o Coronel não parecia nem um pouco disposto a abandonar o cômodo, mas também queria ver a menina após ter ideia do que acontecia pela senhora a sua frente.

— Por favor Richard. - Darcy parecia implorar sem se dar conta que chamava o homem por seu primeiro nome, só queria acabar com tudo o mais rápido possível.

Após a saída do primo Darcy pareceu entrar em piloto automático, era curto e grosso com a senhora a sua frente.

Pela conversa que a mulher tivera com o Coronel antes de seu senhor chegar, nem mesmo se atreveu a mentir, Darcy estava decidido a dar-lhe uma hora para que arrumasse suas coisas e oferecer-lhe uma quantia para que esquecesse todos os membros presentes naquela história, até que a conversa chegou em um ponto delicado.

— E por que eu não deveria? – ela perguntou quando o homem a repreendeu - Depois de ele ter sido tratado tão mal por você. Por que ele não deveria ter o que não lhe foi pago e um pouco de diversão além disso? 

Darcy sempre foi um homem orgulhoso, e ver algo ser-lhe cobrado sendo que não devia nada talvez tivesse sido o estopim final para aquela discussão.

— Você deixará essa casa imediatamente. – ele dizia com o corpo ardendo de raiva - Eu te enviarei suas coisas.

A mulher começava a recusar, quando olhou para a expressão do homem e viu que não seria inteligente. Ela resmungou maldições, mas colocou sua capa e gorro, e então pegando sua cesta deixou a casa. 

Darcy não sabia como tudo se organizara, mas milagrosamente todos os funcionários haviam ido para suas acomodações, ou talvez Richard tenha o salvado mais uma vez, devia muito ao primo..

Jogado relaxadamente em uma cadeira, como um cavalheiro nunca deveria se portar, olhava para o teto, sentindo seu corpo arder e se perguntando o que havia feito de errado, ele merecia aquilo que estava acontecendo, onde errou fazendo que a situação chegasse a esse ponto, ele sabia que era algum erro dele, e o machucava saber que por sua culpa, sua doce irmã agora sofria, e sofria duplamente. 

Darcy se curvou apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto tampava seu rosto, sentia raiva, angústia, vergonha, medo e tinha uma vontade horrível de vomitar, ele queria muito beber agora. 

~

Quando o Coronel cruzou a porta seu coração se partira mais uma vez. Ele não sabia o que fazer com aqueles dois irmãos. 

Passando as mãos nos cabelos, como em um tique nervoso, se aproximou da garota que agora olhava para a paisagem pela grande janela da sala. 

Georgiana de repente parecia mais velha, com aquele olhar melancólico. 

— Georgie - o Coronel decidiu por ser direto - Me acompanha até o segundo andar?

Por mais que o tom fosse interrogativo, ela sabia que não tinha escolha. 

Nunca tinha.

Por alguns segundos, tudo foi normal novamente, era como se estivessem em Pemberley, com o Coronel lhe acompanhando até seus aposentos, mas não estavam..

E aquele era o tipo de assunto que se comparava a esparadrapo, quando mais rápido retirado, mais rápido a dor passa. 

Já nos aposentos da garota, com a mesma sentada em sua cama olhando para o lado, o Coronel começou, andando de um lado para o outro: 

— Eu não quero te julgar Georgie, de verdade - ele fez uma pausa passando as mãos novamente pelos cabelos - Mas eu realmente não entendo, o que aconteceu nessa casa? 

Georgiana já parecia mais calma, enquanto o Coronel parecia cada vez mais aflito, a ponto de perguntar novamente a menina finalmente se pronunciou: 

— Eu não tenho escolha, tenho?! - a pergunta parecia bizarra, Fitzwillian não fazia ideia do que a menina poderia estar falando, mas o pior era sua feição, as lágrimas secas em seu rosto pálido e um sorriso parecendo debochar de sua própria derrota, triste, irritada e decepcionada.. só havia visto outra pessoa da mesma forma em sua vida, Darcy, a quase dois anos, e não tinha conseguido nenhuma resposta do rapaz, tinha medo de que tudo se repetisse, mas havia algo a mais nos olhos de Georgiana, era como se ela implorasse por algo.

— Do que está falando Georgie? Eu não entendo.. - o Coronel tentou, pausadamente, esperando respostas da garota, mas não esperava o ataque que se seguiu:

— De tudo Richard! - a menina se mantinha sentada, mas olhava com intensidade para o mais velho - Quando você me convidou a vir para o segunda andar, eu tinha escolha?! Eu poderia ter dito não?!

— Era o melhor a se fazer.. - o homem começou mas logo foi interrompido.

— E quem disse que era realmente o melhor? Para você, ou para meu irmão, talvez parecesse ser, mas eu queria ter opinado, talvez eu quisesse ter tido essa discussão no primeiro andar, para logo em seguida conversar com o meu irmão, é sempre assim entende, nunca é no meu tempo, é sempre no tempo dos outros. 

O Coronel, por fim, decidiu apenas ouvir o grave discurso da garota para enfim entender o que a corroía.

— Desde a escola de etiqueta é assim, parece que minha função se resume a sorrir e concordar, minha vida é ociosa e mesmo assim, não sendo nada, eu só trago problemas. O que eu quero dizer é que já compreendi minha situação, sei que minha vida se resume ao casamento, então, quando reencontrei Wickham aqui, pensei que fosse o destino me dando uma chance, ele e Will cresceram juntos.. Eu teria uma função, enfim, e o Will seria livre.

— Georgie - Fitzwillian começou com cautela - você não precisa se resumir a tão insignificante papel.

— É o que a sociedade espera Fitz.

Mas com um barulho abrupto do que parecia ser algo muito pesado caindo, ambos se olharam encerrando momentaneamente sua conversa e descendo apressados, o barulho, ou melhor, os barulhos, pareciam vir de onde Darcy estava.

~

Wickham era conhecido por muitas coisas, nunca por chegar no momento ideal, fosse para ele ou para demais pessoas. 

Darcy continuava na cozinha, olhando para o nada, pensando em como conversar com a irmã, ele sabia que tudo havia chegado onde estava por não ter conversado com ela antes. Seus receios e preocupações a haviam levado a considerar o casamento ainda tão jovem.

Foi quando começou a ouvir uma voz, antigamente conhecida, chamando pela Sra Younge. 

— Sra Younge, Sra Younge, achei que iríamos nos encontrar na.. - o homem que já ia entrando na casa pela porta dos funcionários, com tamanha pompa, como se a mesma fosse sua, parou, assustado, como se não entendesse a imagem do cavalheiro à sua frente, mas logo se recuperou, colocando um sorriso no rosto e cruzando os braços como se nada pudesse abalá-lo.

— Ora, ora, não achei que fôssemos nos encontrar tão cedo cunhadinho. 

Tais palavras foram o suficiente para que Darcy se levantasse e pegasse o homem pelo colarinho, rangendo os dentes. 

— O que vai fazer? Vai me bater? - começou Wickham - Deixaria sua irmã muito triste, poderia até mesmo desgraça-lá. - terminou com um sorriso irônico de ameaça.

Darcy já havia passado de seu ápice a muito tempo, e sem poder se controlar socou, com todo rancor que possuía, o rosto do homem que segurava, este cambaleou assustado com o nariz sangrando, mas logo se recuperou partindo para cima de seu agressor, com o mais puro ódio. 

Wickham empurrou Darcy para cima da mesa de madeira, infringindo socos e pontapés sobre seu corpo enquanto gritava: 

— O que foi Darcy? Não consegue se defender sem seus funcionários? 

Darcy se jogou contra o corpo do ex amigo e gritando perguntou:

— Qual o seu problema? O que pretende com tudo isso? Eu nunca imaginei que mesmo depois de tudo, pudesse ser tão sujo, tão baixo..

— Sujo? Baixo? - Wickham gritava enquanto ambos continuavam a rolar um por cima do outro, tentando causar algum dano a todo custo, a honra estava em jogo naquela briga, até que Wickham após levar um forte soco de Darcy no estômago empurrasse o homem para longe, tentando se levantar com a ajuda das prateleiras. - Eu só estava pegando o que era meu por direito, que me foi negado por você.

— Negado?! - Darcy com mais raiva do que pensou poder sentir alguma vez, partiu novamente para cima do homem com sucesso, lhe acertando outro soco na barriga. - Eu lhe dei tudo que lhe era de direito, mais até do que deveria, olho para você e as vezes penso que afundou tanto por eu não ter lhe cortado suas mordomias antes.

— Mordomias? Mordomias?! - Wickham gritava jogando uma cadeira para cima de Darcy - Eu não tinha nada comparado a você, você tinha inveja de mim! Porque seu pai me amava mais!

— Inveja? Eu te amava, como um irmão, esse foi meu erro. Quando meu pai te via, era o único momento em que ele não comparava a existência de alguém a falta que minha mãe poderia fazer, eu e Georgiana sempre seríamos a saudade dela, você não, e por isso eu era feliz quando meu pai dava atenções a você, ele não sofria, e por isso eu escondi por tanto tempo o tipo de homem baixo que você se tornava. E mesmo depois da morte de meu pai eu te honrei, por ele, e apenas por ele, com muito mais do que você deveria receber.

— Ele me deixou uma propriedade, em suas terras, que nunca me foi dada, e a culpa é sua.

— Uma propriedade que você não exitou em trocar por dinheiro. A ideia ainda partiu de você.

— Era para minha faculdade.

— Que eu me ofereci a pagar, para que você não perdesse o único local que poderia lhe trazer estabilidade financeira, mas mesmo assim você disse que queria administrar suas finanças, esse foi meu erro, acreditar que um homem como você poderia mudar, continuar a te dar votos de confiança, inspirados pelo garoto que conheci na infância.

— A culpa é sua.

— E depois de tudo, eu ainda paguei suas dívidas, deixei seu nome limpo, a única mísera coisa que lhe pedi era que esquecesse Pemberley e todos aqueles que tivessem qualquer relação comigo, e você seduz minha irmã?! 

Wickham cuspindo sangue jogou sobre Darcy a grande prateleira móvel que estava atrás de si.

Nesse exato momento Georgiana e Fitzwillian chegaram assustados ao batente da porta, a menina, instintivamente agarrando o braço do primo. 

O cenário era de completo caos, a cozinha destruída, os homens completamente imundos e com mais raiva do que até mesmo o Coronel pudesse estar acostumado.

— Vá embora agora! - Darcy rangeu - Somos completos estranhos, suma, se aparecer alguma vez mais em minha frente farei questão de arruiná-lo, para sempre.

Darcy era um cavalheiro de alta estirpe, aquela ameaça poderia ser facilmente cumprida. 

Aceitando sua derrota e saindo pela mesma porta de serviço pela qual entrou Wickham começou a se retirar, mas antes se virou para os três parentes que estavam presentes no recinto, em especial para Georgiana. 

— Mas por fim, saibam que sinto que não perdi nada, de pessoas como vocês é difícil esperar até mesmo uma boa esposa. - e se retirou medindo Georgiana com um olhar de repreensão, de cima a baixo, terminando de menosprezar a menina por completo.

Georgiana não sabia que nem para ser esposa serviria.

Ela não amava Wickham, mas a única certeza que tinha na vida era que ser uma boa esposa era um papel que ela poderia desempenhar, e de repente, ali sendo menosprezada por um homem tão vil, se sentiu minúscula, e saiu correndo e chorando para seu quarto, com os gritos preocupados de seu irmão tentando alcançá-la. 


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Notas finais do capítulo

Bye Bye!!



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