Razões para viver escrita por J S Dumont


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sonhos são sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá estou reescrevendo duas fics minhas da saga crepusculo, uma repostei em outra categoria e essa decidi postar em JV já que tenho outras fics dessa categoria sendo postada atualmente no site. Estou na intenção de modificar algumas coisas da primeira versão, que ainda está em andamento só que bem avançada, já próximo do cap. vinte, e então, pensei, vou então repostar para quem lê minhas fics nessa categoria e gosta de JV e não lê crepusculo, ou os que lê as duas, possa conhecer as duas versão, essa nova, é mais voltada para uma leitura em formato de livro, então as coisas que baseei na história "a procura da felicidade" e ficou BEM parecido, eu vou estar retirando tudo dessa versão. Espero que gostem e que comentem ;)

Minhas outras fics JV em andamento:
https://fanfiction.com.br/historia/771334/Os_segredos_de_Katniss_Everdeen/ Comedia romantica

https://fanfiction.com.br/historia/766233/Implacavel_destino/
Romance e mistério

Até o próximo cap. ;)



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1. Sonhos são sonhos

“Depois de um tempo você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longa distancias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.”

Veronica Shoffstal

 

Peeta Mellark

...Os olhos dela são tão pequenos, redondos, da cor de chocolate. São tão lindos e brilham como duas pérolas negras, é uma combinação perfeita, naquele rosto branco como a neve, leve como seda, pequeno, dócil, perfeito, como eu nunca vira antes.

O que conseguia ainda ser mais bonito do que aquele pequeno rosto é o olhar, como ele é doce e ao mesmo tempo profundo, e quando aqueles pequenos olhos paravam em mim parecia que ela conseguia enxergar algo que ninguém mais via, era aquele tipo de olhar que te levantava para cima, que fazia você acreditar que tudo é possível, até mesmo renascer das cinzas.

O sorriso dela é doce, sereno, é aquele tipo de sorriso que te conforta e que você não consegue deixar de sorrir junto, parece tão perfeito, tão ideal, como uma obra esculpida, feito perfeitamente da medida certa, apenas para eu olhar, amar, querer e admirar.

Ela parece tão perfeita, que é como se nem pudesse ser real, e sim um pequeno anjo, que consigo ficar imaginando em momentos difíceis, quando necessito de força, de esperança, de fé. E ai então quando penso que ela está ali, olhando para mim daquela forma que ninguém mais olhou, percebo que aquilo já é suficiente, aqueles pequenos olhos cor de chocolate quer dizer: você vai vencer, você vai conseguir, você chegará lá.

E então eu acredito, e ai tudo parece que vai dar certo.

***

Harlem – Manhattan

Antes:

Quando se é pequeno, muitas coisas nós não sabemos e não entendemos muito bem, o que dizem que é normal, já que é a vida que vai nos ensinando todas as coisas do mundo, comigo fora a mesma coisa, mas tive a impressão de que ela começou a me ensinar tudo muito cedo. A primeira coisa da qual eu aprendi com a vida é de que meu pai e minha mãe nunca deveriam ter se conhecido e muito menos ter se relacionado e a segunda coisa da qual eu aprendi é de que definitivamente eles nunca deveriam ter tido um filho, ou seja, eu.

Minha mãe sempre foi como uma parasita, que vivia esparramada no sofá, bebendo e assistindo televisão e ainda se sustentando com o dinheiro do governo, já o meu pai aparecia ás vezes em quinze e quinze dias, ou uma vez por mês, mas sinceramente eu preferia quando ele ficava sem aparecer, pois já era difícil as coisas em casa sem ele, e quando ele estava tudo apenas tornava-se pior, além de desde os meus oito anos eu ter que fazer todos os serviços domésticos isso caso eu quisesse comer ou viver numa casa limpa, quando ele aparecia eu ainda precisava suportá-lo, ouvir seus resmungos, seus gritos e seus xingos. Pois para ele eu nunca era o filho perfeito, nem quando lhe fazia comida, ou pegava a cerveja na geladeira, ou comprava cigarros no bar da frente de casa.

Era sempre assim, ele e minha mãe sempre me olhava com aquele olhar que indicava claramente que para eles eu sou o ser mais insignificante do planeta, e o resultado, é de que quando eu estava com onze anos de idade eu acreditava realmente nisso, é fácil enganar uma criança, ou fazer você crescer sem acreditar em si próprio, tem uma receita ideal para isso, da qual os meus pais conheciam muito bem: falem palavras maldosas repetidas e repetidas vezes, uma hora ele vai acreditar perfeitamente nelas...

Fora mais ou menos assim comigo.

— Eu quero mais cerveja! – exclamava meu pai, coçando sua enorme barriga, enquanto trocava de canal, a minha mãe estava deitada no outro sofá, dormindo depois de ter bebido e consumido alguma coisa estranha, da qual quando se é muito novo, não entende direito o que é agora com onze anos eu já entendia o que era, mas ainda preferia fingir que eu não a conhecia.

Fui imediatamente até a cozinha, abri a geladeira velha, que já estava fazendo um barulho estranho e peguei a garrafa de cerveja, levei para ele e fiquei em pé, observando ele abri-la e dar os primeiros goles daquela bebida que ele já conhecia muito bem.

Meu pai chamava-se Anthony Mellark, já minha mãe chamava-se Elizabeth, ela é órfã e não tinha sobrenome, ela sempre me contou que fugiu de um abrigo quando era adolescente e conheceu o meu pai, casaram-se e ai enquanto viviam juntos as coisas foram desandando até chegar ao mais profundo dos poços, e ai foi então que eu nasci no meio dessa lama toda, minha mãe me disse que me teve em casa, e que até achou que eu estava morto, pois eu demorei a chorar e estava todo roxo.

Eu fora a única vez que ela conseguiu engravidar, e isso até que é um grande alivio, afinal, seria terrível se os meus pais tivessem colocado mais crianças no mundo para maltratar e escravizar, eu achava melhor mesmo carregar tudo isso sozinho.

— Precisamos de uma TV a cabo, sem ela nunca tem nada de bom para assistir, além de que o canal de esportes vive saindo do ar... – meu pai resmungou, enquanto trocava incansavelmente de canal. Enquanto eu o olhava eu fiquei pensando por algum tempo porque ele ia querer TV a cabo já que no máximo que ele ficava em casa era dois ou três dias e depois acabava sumindo novamente. – Quer saber, eu vou tirar um cochilo, enquanto isso vai fazer o almoço, você sabe muito bem o que cozinhar... - ele falou.

Era sempre assim, eu sempre precisava fazer tudo, mas quando o meu pai está em casa, sempre as coisas pioravam, ás vezes ele não deixava nem eu ir para a escola, pois queria que eu ficasse ao lado dele obedecendo as suas ordens, e claro, eu sempre obedecia, pois eu sabia o que acontecia quando eu não fazia, ou quando ele achava que eu não fazia certo.

Desde os nove anos eu sabia cozinhar quase tudo, pode parecer uma idade prematura para uma criança já saber fazer tantos afazeres domésticos, mas a vida fora me fazendo aprender, e ainda não fora pai ou minha mãe que me ensinou, na verdade acabou sendo a fome mesmo e também a obrigação, pois se eu não fazia ou ouvia reclamações, ou apanhava.

Eu sabia que o prato preferido do meu pai era arroz com bife acebolado, e então em mais uma das minhas tentativas fracassadas de agradá-lo, lá fui eu fazer o seu prato predileto, tentei cozinhar tudo o mais rápido possível, pois eu sabia que ele reclamava se eu demorasse na cozinha, como já havia feito o prato tantas vezes, fiz rapidamente e de forma automática e assim que eu finalmente terminei, fiz o que já era uma rotina quando ele está em casa, levei o prato até a mesa de centro, e comecei a cutucá-lo até ele acordar.

Meu pai deu um resmungo, piscou os olhos algumas vezes até conseguir ficar de vez com os olhos abertos.

— Cadê? – ele perguntou, apontei então para a mesa de centro.

— Ah moleque, dá aqui, não vai querer que eu tire a minha bunda da cadeira não é? – ele reclamou e lá então fui eu obedecê-lo, peguei o prato e levei até ele.

Ele apoiou o prato na sua barriga grande, e com o garfo começou a mexer na comida.

Meu pai nessa época tinha em torno de trinta e oito anos, tinha uma enorme barba, era careca e pesava uns cem quilos, tinha bastante pêlo no peito e na barriga, lembro que ele costumava soar muito, mesmo que quase não se mexesse e sempre estava fedendo a cerveja ou suor masculino.

Minha mãe não era muito diferente do meu pai, vivia fedendo bebidas, cigarros e suor, seus dentes não estavam em boas condições devido ao uso excessivo de drogas, ela vivia descabelada e estava toda inchada. Ela quase não tomava banho, ou melhor, quase não saia da sala de estar.

 - Esse bife está duro demais, você não soube fazer! – ele reclamou, e colocou a comida em cima da mesa de centro. – Come essa e vai fazer outra! – ele ordenou.

— Eu estou sem fome! – respondi num tom baixo, tentando evitar olhá-lo.

— Menino, eu mandei você comer, vai querer o que? Desperdiçar comida! – ele falou. – Anda, senta e come! – ele me obrigou.

Então senti na obrigação de sentar e comer, mesmo sem estar com fome, isso acontecia com frequência, muita das vezes eu acabava vomitando depois de comer, por ficar com a sensação de que meu estomago está cheio demais.

E nesse dia não fora diferente, assim que terminei de comer, coloquei o prato em cima da mesa e fui correndo até o banheiro, fechei a porta, abri a tampa do vaso sanitário, ajoelhei-me e vomitei, até não haver mais nada no estomago para eu soltar. Dei a descarga, escovei os dentes para o gosto ruim sair da boca e sai do banheiro, já escutando os gritos do meu pai reclamando, dizendo que está com fome.

Assim que cheguei ao fogão para preparar um novo bife, o ouvi gritar:

— Moleque, você já está enrolando, mas que droga, você é muito lerdo, não aprende mesmo! – e então, antes de eu poder olhá-lo ou ter qualquer tipo de reação, eu senti algo sendo acertado fortemente atrás de minha cabeça, não deu tempo nem de sentir dor, pois logo em seguida tudo escureceu.

O escuro durou alguns segundos... Até que sumiu para surgir um homem em cima de um palco, de terno e gravata, o homem era branco, de cabelos castanhos claros, ele tinha uma barba, é alto, esbelto. Ele falava algo no microfone e as pessoas batiam palmas... Eu não sabia por que, mas eu sentia que aquela pessoa era eu, eu mais velho... Logo, eu fiquei pensando, por que estão batendo palmas para mim? Por que eu estou em cima de um palco?

É só um sonho... Logo eu pensei, e logo fora o que comprovei também, quando de repente senti um liquido gelado cair em cima do meu rosto, dentro de minha boca, dentro de meu nariz e quase eu me afoguei. Eu acordei tossindo, e sentei rapidamente, passei a mão no rosto e subi os olhos para ver o que havia acontecido. Deparei então com minha mãe, ela segurava uma bacia na mão e agora eu estava todo molhado.

— Vai ficar ai no chão a vida inteira, moleque? – ela reclamou, e ainda tossindo eu levantei do chão, tentando me recuperar do susto. – Por sua culpa seu pai foi embora de novo! Eu deveria te dar um esculacho para ver se você aprende fazer as coisas direito... – ela acrescentou no seu tom grosseiro de sempre, eu a olhei por alguns segundos, levantei-me no chão e depois me virei, decidido ir tomar um banho, eu já estava começando a sentir frio. – Hei, hei, hei onde você pensa que vai?

— Tomar banho... – falei, voltando a olhar para ela.

— Não, primeiro você vai limpar essa louça, depois você toma banho! – ela disse, e então eu bufei, enquanto a avistava sair da cozinha, e então eu segui até a pia, limpei o meu rosto com a manga da minha blusa, e depois liguei a torneira, e comecei a lavar o prato o mais rápido possível.

***

Todos os dias são sempre iguais. É o que sempre penso quando deito em minha cama.

Quando finalmente chega a noite e eu posso descansar, sinto-me aliviado, pois todos os dias mais ou menos nesse horário eu sinto as minhas pernas já tremulas, o meu corpo está cansado demais e os meus olhos parecem tão pesados que se torna quase impossível mantê-los abertos.

Mas ainda assim, exceto a hora que vou á escola, esse momento é ainda o melhor do meu dia. Pois naquele momento, quando fecho os olhos, eu consigo ser o que eu quiser, posso ficar pensando em como seria se eu pudesse estar em outro lugar, e é quando eu viajo em vários mundos imaginários, criando e recriando o que eu poderia ser ou o que poderia fazer, ou qual mundo eu poderia estar.

Eu mesmo já quis ser um astronauta para poder ir até a lua, já também quis ser lutador de boxe para ganhar o cinturão, ou um bombeiro para poder enfrentar o fogo, até já quis ser cantor para aparecer na televisão, mas a minha mãe sempre disse que eu canto muito mal e que eu sou burro demais e fraco demais para qualquer um desses trabalhos, e ás vezes acho que eu tenho que concordar com ela.

Embora eu gostasse da escola, eu tinha uma imensa dificuldade com a leitura e a escrita, as letras ás vezes até parecia bagunçar diante dos meus olhos, e eu não conseguia nem ás vezes definir o que seria letra a ou a letra z, e é ai que é quando penso se a escola está sendo apenas perda de tempo, pois todos da sala já sabiam ler e escrever muito bem.

Mas, mesmo tendo uma dificuldade imensa em língua inglesa, eu era diferente com a matemática, os números para mim sempre pareceram ser mais fáceis. E quando penso neles, e no alivio de apenas poder ir á escola, é ai que penso: não, realmente não é perda de tempo.

Embora minha mãe vivesse me dizendo que os estudos não me levariam a lugar algum, ainda a escola era a melhor parte dos meus dias, pois é quando eu posso sentir o ar livre das ruas da região de Manhattan, o local não é a melhor visão de todas, mas ainda assim para mim bastava apenas sentir aquela sensação de liberdade. Ás vezes quando estou com sorte e consigo alguns trocados eu posso pegar o ônibus para ir á escola, e embora pareça algo simples é algo que gosto de fazer, sento na janela e fico olhando as ruas passarem pelos meus olhos, e quanto mais o ônibus anda para longe, melhor eu me sinto, pois eu sei que a rua da minha casa está ficando para trás, essa sensação boa dura poucas horas, mas ainda vale á pena senti-la, principalmente porque sei para onde estou indo, para a escola.

Como já mencionei, a escola é o melhor momento de todos os meus dias, mas não porque sou o melhor aluno da sala, ou o mais descolado. Estou longe disso. Mas o que eu mais gosto na escola é porque ali eu não sou ninguém, ninguém ali me chama ou olha para mim, é como se eu fosse invisível e às vezes é bom se sentir invisível, ás vezes eu queria poder ser assim em casa.

Todos os dias eu sento no fundo da sala e não falo nada, nem mesmo eu abro o livro, eu apenas fico escutando os professores falarem e eu fico ali pensando nas coisas que eu queria ser ou que eu queria fazer. Fico por horas imaginando-me em outros lugares, ás vezes eu vou tão longe que eu até sorrio, e é quando um ou outro nota a minha existência e olha para mim com um olhar estranho, como se fosse esquisito me ver sorrindo, eu simplesmente ignoro, dou de ombros e volto a sonhar, afinal, sonho é sonho e sonhar é de graça.       

Quando fico sonhando, eu começo a pensar: Eu queria criar algo importante, fazer algo que fizesse a diferença na vida das pessoas, queria fazer algo que pelo menos eu pudesse sair na capa de uma revista, ou pudesse dar uma entrevista naqueles programas que meu pai fala que é de gente enjoada e que fala difícil, tudo bem que realmente eu nunca entendo nada do que eles falam, mas ainda eu sei que eles são importantes apenas por estarem ali, e é então que nesse momento eu sempre penso: eu não quero ser como os meus pais, eu não quero ser apenas um parasita, eu não quero está no mundo apenas por estar.

 Eu quero saber e entender as coisas que nem os enjoados da TV, eles são alguém e eu queria ser alguém algum dia, e enquanto fico na aula, viajando, eu penso: algo de diferente um dia vai acontecer e um dia eu vou chegar lá, ou alguém vai me fazer chegar lá. Eu sei que vai.

Um dia vou parar de sonhar tanto, um dia eu vou prestar a atenção e até abrir o livro, um dia eu vou sentar ali na primeira carteira, e ler um texto sem gaguejar.

E é então que mais uma vez eu sorrio, e por um momento eu acredito fielmente nisso.

E fora em uma dessas minhas viagens que realmente algo de diferente aconteceu: senti algo bater de leve em minha nuca. Não precisei nem olhar para trás para saber que era uma bola feita de papel.

Naquele momento eu senti o meu estomago revirar, pois já imaginei que era algum dos idiotas da sala de aula, aqueles grandalhões, metidos a valentões, que sente prazer em rir e zombar dos outros que eles consideram “mais fracos”, eu sempre soube que isso era comum em todas as escolas, querendo ou não sempre todas elas terão uma espécie de hierarquia, e com certeza eu não estava no topo.

Mas sabendo que eu não podia dar mole, para também não ficar no ultimo posto, eu decidi enfrentar qualquer aluno que estivesse zombando da minha cara, então olhei a minha volta até encontrar o papel no chão, o peguei em minha mão e então olhei para trás, para saber qual fora o paspalho.

Foi quando eu tive uma surpresa.

Meus olhos pararam em uma aluna que estava sentada na ultima carteira, na fileira ao lado da que eu estava. Ela não estava tão longe de mim, já que eu também estava no fundo da sala. Assim que meus olhos pararam nela, ela sorriu para mim.

As pessoas não costumam sorrir para mim, e então eu estranhei, mas não conseguia tirar os meus olhos dela. Ela era aluna nova, eu sabia disso, pois era a terceira vez que eu a via na sala, mas era a primeira que eu reparava nela, de verdade. Senti um frio estranho no estomago, enquanto a olhava de uma forma mais profunda, primeiro eu observei aqueles olhos castanhos, cor de chocolate que estavam fixos em mim, eles eram pequenos, redondos e combinava perfeitamente naquele rosto dócil que ela tem, eu até poderia ficar horas olhando para aquele rosto sem me cansar, de tão bonito que ele era.

Ela é branca que nem a neve e os seus dentes são bem alinhados e bem brancos, tão bonitos, que sorri de volta para ela sem nem perceber.

O sorriso dela então se alargou, ela jogou para o lado os seus cabelos escuros e em seguida acenou para mim e começou a mexer os lábios bem devagar, parecendo querer dizer alguma coisa, franzi as sobrancelhas e comecei a prestar atenção nos movimentos dos lábios dela, na terceira vez que ela mexeu os lábios que eu fui entender qual era a palavra que ela estava tentando dizer: abra.

E então, o algo diferente finalmente aconteceu. Tinha algo escrito naquele papel, comecei a ler bem devagar, até entender tudo que estava escrito:

Oi meu nome é Katniss, qual é seu nome?

Olhei novamente para ela, ela ainda sorria. Sorrindo, voltei a olhar para o papel e então comecei a escrever, tentando caprichar nas letras e por isso fui escrevendo palavra por palavra, bem devagar:

Meu nome é Peeta Mellark.

***

Depois que eu joguei o papel de volta para aquela garota, não conseguimos trocar mais mensagens, pois o professor pareceu ter reparado em nós, tanto que os seus olhos ficaram um bom tempo grudado na gente de um jeito, que se eu olhasse para trás, era capaz dele dar um grito.

Então voltei a fingir que eu estava prestando atenção na aula, e voltei para o meu próprio mundo, somente quando a aula terminou, chegando o horário do almoço, que aquela garota veio correndo falar comigo, eu já estava saindo da sala, quando a ouvi me chamar:

— E ai Mellark... – ela falou, no mesmo momento meu coração disparou e olhei para trás, vi ela se aproximar com um leve sorriso no rosto.

— Me chama de Peeta! – falei, voltando a andar, e ela começou a caminhar ao meu lado, com uma pilha de livros na mão e uma mochila bem grande nas costas, logo fiquei pensando o por quê ela carregava tanta coisa.

— Certo, e então você pode me chamar de Katniss... – ela falou. – Você é sempre quieto desse jeito? – ela perguntou me olhando, eu apenas assenti com a cabeça. – Eu estava te olhando e achei engraçado o seu jeito, você ás vezes parece que está no mundo da lua! – ela falou, e no mesmo momento senti meu rosto esquentar. – Mas não estou falando por mal! – ela disse, pegando meu braço e apertando de leve. – Relaxa... É legal!

— Você está me chamando de esquisito e acha isso legal? – perguntei.

— Eu não disse que você é esquisito! Falei que você é pensativo... – ela se defendeu e depois me puxou pelo braço. – Vem vamos para o refeitório, eu estou morta de fome! –ela falou ainda me puxando, e juntos fomos para o refeitório.

E fora assim que acabamos nos tornando amigos, o que eu não imaginava era que essa nossa amizade iria mudar totalmente a minha vida.

Continua...


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