“Kogami Shinya é ex-inspetor do Departamento de Segurança e antigo colega de profissão de Ginoza?! Não é possível!”, Akane pensou perplexa. 

Paralisada momentaneamente com a recém-descoberta, a inspetora não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. O coator vinha sendo uma verdadeira incógnita para ela desde o dia em que se conheceram. Akane tentava diariamente compreender a sua forma de pensar e agir, e cada vez mais sentia-se intrigada por ele, a ponto inclusive de levar as suas angústias para a conversa com o falso Talisman, que a instruiu a tentar compreendê-lo melhor. Enquanto isso, Ginoza acreditava que, por ser um criminoso latente, Kogami não era digno de ser tratado como um ser humano normal. Por vezes ela se incomodava com a forma do inspetor tentar afastá-lós, mas agora, sabendo da verdade, aquele comportamento passava a fazer sentido. Ginoza não queria que ela seguisse o mesmo caminho de seu antigo companheiro. Ele não queria que Kogami a influenciasse. 

Aquilo lhe ferveu o sangue, fazendo o seu estômago se revirar em náuseas. Akane sentiu-se mal pela situação do executor e, ao mesmo tempo, raiva pela insistência de Ginoza em trata-lo daquela maneira. Como podia ser tão frio com aquele que um dia foi seu colega? Ficou com vontade de correr até ele para tirar satisfações, mas não o fez. Também resistiu ao ímpeto de conversar com Kogami sobre o assunto. Aquela abordagem não seria correta. Se quisesse detalhes sobre o caso, precisaria investigá-lo mais a fundo por conta própria.

“Trace um limite entre você e os executores.” 

As palavras de Ginoza rebatiam em sua mente num vai e vem frenético. Traçar um limite? Era tarde demais, ela já se sentia completamente envolvida. Além disso, por mais que a sociedade insistisse em demonizar os criminosos latentes, ela tinha certeza de que Kogami estava longe de ser uma má pessoa. Muito pelo contrário, ele havia ajudado a amenizar a sua culpa pela morte de Shoko Suwagara, sua ex-colega de turma. Muito mais do que o próprio Ginoza, cujo Psycho-Pass se mantinha sob padrões aceitáveis pela Sibyl.

 “Talvez Kogami seja bem mais humano do que todos nós”, Akane concluiu então.

Se ao lhe revelar aquele segredo as intenções de Ginoza eram fazer com que a inspetora se afastasse de seu subordinado, ele havia cometido um grave erro. Aquela descoberta somente havia deixado a certeza de Akane precisava se aproximar ainda mais de Kogami Shinya.

Se aquilo sujaria o seu Psycho-Pass? Talvez, porém Akane já não dava a mínima.