Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 92
Jogo Perigoso


Notas iniciais do capítulo

E vamos do céu ao inferno nesse capítulo.
E Jimmy Palmer passa a frequentar a sala de chat também!!

Boa Leitura!!



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Eu não sabia definir o que Jen estava pensando. Acho que nunca a achei tão complicada quanto nas últimas semanas.

Ela variava o humor dependendo de quem estava perto dela, de onde ela estava ou sobre o que conversava. Era fácil saber que ela escondia algo, o que era eu não sei, mas sei que chegou a envolver o DiNozzo, que agora estava de volta ao normal, porém Jenny não. Ainda passava horas dentro do MTAC e sempre que eu tentava entrar, chegava lá e a tela estava apagada.

O que ela estava aprontando, era o que eu queria saber.

Porém, ela nunca me falaria. Eu teria que descobrir, mas para descobrir um segredo tão grande assim, que ela confiou a Tony, mas nunca falou comigo, eu teria que ser esperto. Teria que jogar o jogo dela.

Uma espécie de pique-esconde de adultos, onde o prêmio não era ser aquele que se salvava, não, era ter a ruiva de volta ao meu lado.

E esse era o outro problema. Nossa relação tinha melhorado muito desde que Sophie me deu aquele sermão de que eu estava magoando Jenny e deixou muito claro que entre a mãe e eu, ela escolheria a mãe e passou para a cordialidade depois das Festas e do Incidente Fornell, como a aparição de Diane ficou conhecida. Acontece que ainda tinha dias que eu não sabia o que ela estava sentindo. Jenny andava guardada, tanto suas emoções quanto suas reações estavam robóticas. Ela não demonstrava como estava se sentindo na presença de ninguém.

Nem quando Hollis aparecia.

Se no início do meu relacionamento com Hollis, ainda era possível ver o brilho do ciúme nos olhos verdes de Jen quando ela olhava do quarto andar na minha direção, hoje não havia nada. Jen simplesmente se movia como se fosse a Rainha de Gelo do NCIS.

E eu precisava quebrar essa fachada. Eu precisava ver se ainda havia algo mais do que uma amizade saudável entre nós, que poderíamos compartilhar algo mais do que a guarda da nossa filha.

Era um plano arriscado. Até perigoso.

Mas era o que eu tinha no momento. E torci para dar certo.

Assim, depois de um mês sem conversar com Hollis, tentei arriscar. Ela, imediatamente aceitou meu convite para o almoço e apareceu no NCIS no horário, assustando os três agentes que compõem o meu time.

Ziva imediatamente pediu licença e foi para o elevador dos fundos, como ela não saiu no quarto andar, creio que foi até Abby. Tony ficou observando por um tempo, depois o telefone de sua mesa tocou e ele se desculpou dizendo que tinha que ir ver Ducky. Só sobrou McGee, que como sempre estava mais entretido no seu computador do que no que acontecia ao seu redor, digitando algo furiosamente.

Pedi que Hollis esperasse um pouco, estava quase na hora de Jen sair do MTAC, e eu precisava que ela visse quem estava aqui. Cinco minutos foi o tempo que precisei enrolar até que a pesada porta de aço se abriu. Jenny saiu de lá, como sempre elegante e se equilibrando nos saltos. Ela, não sei se por hábito ou porque pressentiu a presença de alguém, olhou na minha direção e imediatamente viu Hollis.

E lá estava o que eu precisava ver. Aquela centelha de que alguma emoção ainda ardia dentro dela. Os olhos brilharam e ela endureceu a expressão. E, quase que automaticamente pegou o pingente do segundo cordão que agora adornava seu pescoço e brincou com ele. Depois levantou a cabeça, e foi para o seu escritório.

Era a reação que eu precisava.

Peguei meu casaco e guiei Hollis para fora, deixando McGee sozinho na Sala do Esquadrão.

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LabQueen: Eu juro que eu vou esganar o Gibbs, e olha que eu odeio violência.

AMETony: Diz aí, McFofoqueiro, o que tá rolando?

LabQueen: Com todos os detalhes ou eu vou te esfolar vivo!

ElfLord: Que isso, Abbs?

LabQueen: É a Ziva.

AMETony: Tá explicado!!

LabQueen: E você também Tony!

LabQueen: TIM!! Diga alguma coisa.

ElfLord: Até agora nada. O Chefe só pediu que a Coronel esperasse.

Chefinha: O QUE EU PERDI!! POR QUE TODO ESSE ALVOROÇO?

AMETony: Coronel Mann na área.

Chefinha: Que bom!! Como se a minha semana não estivesse ruim o suficiente. O que tá acontecendo?

ElfLord: A Coronel está tentando puxar conversa.

LabQueen: Que tipo de conversa?

AMETony: Gente, posso entrar nesse chat também? É o Jim.

AMETony: Só se o seu apelido for AutopsyGremlin!!

LabQueen: Já te adicionei, Jimmy!

AutopsyGremlin: Obrigado!!

AMETony: podemos voltar à vaca fria, por favor!! McAoVivo, o que só você está vendo?

Chefinha: Como eu queria que alguém arremessasse um sapato na cabeça da Coronel.

LabQueen: Rindo até 2020!!

ElfLord: Uhum... a porta do MTAC acabou de abrir! Eu estou mandando o feed das câmeras de segurança para o grupo.

Chefinha: ELA VIU!!!!

LabQueen: E NÃO GOSTOU!!!!

AMETony: E o Chefe!! O que tá fazendo!! Só temos a visão de um lado!!

ElfLord: Tá olhando na direção do quarto andar.

Chefinha: E a Coronel?

ElfLord: Olhando para ele!

AMETony: O que tá acontecendo que eu não tô entendendo mais nada!

LabQueen: Como se um dia você tivesse usado seu cérebro, não é Tony?

AMETony: Cala a boca, Ziva!!

LabQueen: Tadinha da Jenny!!!

ElfLord: Bem... isso foi interessante.

Chefinha: O que foi interessante?!!

ElfLord: O sorriso que o Gibbs deu...

LabQueen: O sapato deveria ter voado na cara dele!!

Chefinha: Concordo com você, Ziva!

LabQueen: Como você sabia que era a Ziva?

Chefinha: Abbs, você jamais diria algo assim!!

AMETony: alguém entendeu?!!

AutopsyGremlin: Será que o Agente Gibbs não está tentando fazer ciúmes na Diretora?

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AutopsyGremlin: Tem alguém ainda por aqui?

LabQueen: Será?

Chefinha: Mas para que?

AMETony: Aconteceu algo que nós não ficamos sabendo?

Chefinha: Só a Sophie poderia nos dizer.

AMETony: E onde está a Peste Ruiva que não aparece há duas semanas aqui?

LabQueen: Tá com saudades dela, Tony?

AMETony: Vocês não?

ElfLord: Consegui as imagens da reação do Chefe para vocês tirarem as suas conclusões. Segue o link:

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Chefinha: Eu tô igual ao Tony, não tô entendendo mais nada...

LabQueen: Nem nós.

ElfLord: É... gente....

AutopsyGremlim: Não é muito inteligente da parte de vocês seis ficarem julgando as vidas de Jethro e Jennifer.

Chefinha: DUCKY?!!

LabQueen: DUCKY²?!!!!

AMETony: Gremlim, o que foi que eu te falei, ninguém pode saber desse chat!!!

ElfLord: Interessante que a equipe finge trabalhar para ficar batendo papo em uma sala de chat que era para ser bloqueada nos computadores da agência. Eu preciso dizer as consequências disso? E você, Kelly, volte para o seu trabalho na Academia Naval, ou o seu superior vai ficar sabendo o que você está fazendo durante os seus plantões.

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AMETony: Era a Diretora ou eu fui nocauteado e nem notei?

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LabQueen: Como você não a viu, McGee?

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Chefinha: Ah, merda!!! O que ela leu?

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ElfLord: Eu ainda estou em choque.... ela é pior que o

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AutopsyGremlim: McGee você está aí?

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LabQueen: Alguém resgata o Tim que ele morreu!!!

Chefinha: Whiskey Tango Foxtrote!!! Dessa vez foi meu pai!!!

AMETony: Podemos voltar na parte que estávamos preocupados com o Ducky?

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AMETony: É... eu tô indo trabalhar.

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Quando eu entrei na sala do esquadrão, McFofoqueiro estava ajoelhado no chão, murmurando qualquer coisa sobre nunca ser bom desligar um computador direto na tomada.

Ziva estava com os olhos arregalados, olhando para todos os lados, menos na direção do Chefe, que tomava seu copo de café tranquilamente.

Entrei para me sentar na minha mesa, quando vi que a Diretora estava sentada ali.

— Obrigada por se juntar a nós, DiNozzo. Ou seria melhor dizer, AMETony?

Cara... como eu quis sair correndo.

— Precisa de algo, Senhora? – Perguntei.

Ziva reclamou em um idioma que eu não reconheci e como eu quis que a Peste Ruiva estivesse aqui para traduzir para mim.

— Claro, Agente DiNozzo. Obrigada por oferecer. – Ela tinha um estranho sorriso no rosto, daquele mesmo tipo que eu via na Peste Ruiva quando nós dois vamos aprontar.

Aprontar... eu tava ferrado.

— Já que você parece gostar tanto de informática, pode ajudar o Agente McGee a resetar e reconfigurar todos os computadores do Estaleiro neste final de semana. A Oficial David e Abby irão ajudar vocês.

 - Mas... Senhora. Nós estamos de plantão nesse final de semana. – Tentei convencê-la com o meu sorriso. Mas a Diretora era imune.

— Façam isso enquanto não tiverem nenhum caso. Quero todos os quatro aqui às seis da manhã no sábado. E tudo tem que estar pronto na segunda-feira pela manhã. – Ela terminou e, elegantemente, se levantou da minha cadeira.

— E se tivermos algum caso? – A pergunta escapou da minha boca antes que notasse.

— Sempre terá outro final de semana, não é mesmo, Agente DiNozzo? – A Diretora me respondeu e se voltou para as escadas, indo em direção ao seu escritório.

Ela saiu e logo depois foi o Chefe. Ele não precisava falar nada. Cada um de nós recebeu um sonoro tapa na cabeça. E dessa vez eu nem podia perguntar o motivo. Quando ele não estava mais por perto, eu conferi para ter certeza, tive que perguntar:

— Qual dos dois fez isso, McTristonho?

McGee levantou o rosto, observou as redondezas e me respondeu.

— O Chefe. A Diretora ainda tem um senso para informática. E ele destruiu todos os meus cabos, porque além de arrancar o plug da tomada, ainda puxou o mouse e o teclado. – Ele olhava desolado, para os periféricos.

Ziva fez uma careta, eu só soube me sentir solidário. E antes que eu respondesse algo, um bip ecoou na sala silenciosa. Era o chat novamente.

McGee se encolheu, Ziva fingiu que não ouviu. Eu não tinha esse sangue frio. Abri a mensagem, mesmo sabendo que poderia morrer.

Chefinha: Vocês estão todos vivos?

AMETony: Teoricamente, sim. Danos só no computador do McGee.

Chefinha: Como assim, teoricamente?

MossadNinja: Fomos designados para a unidade de informática por um final de semana... ou até que terminarmos o trabalho.

Chefinha: Ele ou ela?

AMETony: Vai saber. Eles têm a mesma forma de pensar, às vezes.

Chefinha: Meus pêsames. Mas não se iludam... eu não faço ideia do que me aguarda quando eu chegar em Alexandria....

MossadNinja: Boa sorte. Se precisar de um teto...

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Como se o meu dia já não tivesse sido turbulento o suficiente, eu estava a uma viagem de elevador para entrar no meu carro e seguir para a minha casa, quando Jethro entra naquele cubículo e resolve ignorar as normas de convivência pacífica para invadir o meu espaço pessoal.

— Algum problema, Agente Gibbs?

— Pode cortar o papo de Diretora, Jen. Só estamos nós dois aqui e o expediente já acabou.

Fiquei calada e tentei dar um passo atrás, ele me acompanhou. Se a minha filha não gostasse tanto do pai, eu poderia matá-lo bem agora. E estava fazendo isso mentalmente, quando ele interrompeu o meu pensamento:

— Se importa se, no Domingo eu pegar Sophie para almoçar com ela, caso não haja nenhum caso?

— Claro que não. Ela vai ficar feliz quando você aparecer.

— Não vou falar nada com ela, por enquanto. Talvez não possa ir, e ela ficaria decepcionada, de novo.

— Não vou falar nada. Mas é só você me avisar que eu a deixo pronta. – Disse com um sorriso.

— Obrigado.

Chegamos ao lobby e estava saindo do elevador, quando notei que ele me seguia. O que ele queria agora?

— Mais alguma coisa, Jethro?

Ele parou e me encarou. Daquela mesma forma que ele vinha fazendo, sempre buscando respostas para uma pergunta que eu não sabia qual era.

— Não. Só notando que passe quanto tempo passar, você não muda, Jen.

Tentei manter a minha expressão composta. Eu entendia Jethro cada vez menos.

— Posso te pedir um favor?

— Claro... – Disse, mas não estava muito certa se queria fazê-lo.

— Preciso que você converse com Kelly. Ainda mais depois de hoje. Não sei o porquê de ela estar sendo tão infantil.

— Isso eu posso fazer, Jethro. – Disse e eu nem sabia como traria esse assunto à tona com Kelly.

— Obrigado. Vocês duas sempre foram grandes amigas. Ainda me lembro da carta que ela te enviou quando estávamos na Sérvia.

— Claro... é fácil conviver com a Kells, Jethro. – Eu não tinha mais nada para fazer ou dizer.... assim, optei por encerrar o assunto e entrar no meu carro. Minha filha me esperava em casa, com uma pilha de matérias para serem revisadas. – Boa noite. – Me despedi.

Se a minha cabeça já estava cheia de problemas, agora eu tinha mais um. Fazer Kelly aceitar a madrasta. Se eu não conseguia fazer a Sophie parar de ser territorialista e ciumenta, e olha que ela é minha filha e me deve respeito, como eu faria isso com Kelly?

Eu não tinha respostas.

Como se fosse um milagre, consegui chegar em casa para jantar com Sophie, que me contou detalhes por detalhes do dia dela. e depois, a levei para meu estúdio, onde a ajudei com as tarefas. Não eram muitas, mas à medida que ela fica mais velha, as matérias ficam mais difíceis de serem explicadas, ou seja, eu antes de saber o que Sophie estava estudando, eu tinha que me reciclar. Principalmente em matemática, assim, não era raro, nós duas passávamos horas estudando juntas, ela revisando e eu reciclando e a ajudando.

E eu achando que tinha ficado livre da matemática quando escolhi a área de humanas! Como estava enganada!

Quando notei que a minha Miniatura não estava aguentando manter os olhos abertos de tão cansada, disse:

— Por hoje é só, filha! – Passei a mão em sua cabeça.

— Mas mamãe, não terminamos. Ainda tem umas três folhas do livro! E a prova é na quarta-feira!

— Ainda temos o sábado e o domingo para revisar isso. Com você cansada do jeito que está, não vai guardar nada, ou pior, pode até começar a confundir as coisas. Amanhã, quando você estiver descansada e sem sono. – Cutuquei-a nas costelas e ela deu um gritinho. – Nós continuamos. Agora vamos tomar um banho!

Sophie juntou os materiais e os deixou em cima da mesa de centro, depois subiu correndo.

— É para lavar o cabelo?

— Não precisa mais da minha ajuda?

Ela parou no alto da escada e me encarou.

— Não sei... preciso?

Às vezes eu acho que essa garota é a ariana mais libriana que eu conheço.

— Vamos lá, pequena. Vamos tirar essa sujeira aí! – Saí correndo atrás dela.

Como sempre, Sophie demorou no banho e só foi se achar pronta para deitar quando colocou todos os seus bichinhos favoritos na cama. Lá estavam o Mushu, o Timmy, o Mike Wazowski e a Annia.

— E você, se deita aonde? – Eu quis saber quando ela me entregou o quinto volume do Harry Potter para que eu lesse para ela.

— Bem aqui no meio! – Ela falou e pulou no meio dos bichinhos.

— Não pule na cama! – Chiei, mas internamente eu queria que ela continuasse com essa idade para sempre, eu ia sentir falta dessa menina dependendo de mim para tudo.

Sophie ignorou o meu conselho e se ajeitou na cama, seus olhos brilhando de expectativa para saber o que iria se passar na história.

Abri o livro e continuei de onde tínhamos parado na noite passada. Meia hora depois, minha filha ressonava, já completamente adormecida. Ainda fiquei um pouquinho ali com ela, aproveitando que ainda podia fazer isso, porém, eu tinha trabalho para terminar. Dei um beijo na testa dela e repeti a mesma frase de sempre, Sophie me respondeu com um “Eu te amo, mamãe!” mais sussurrado do que falado e eu deixei o quarto, depois de apagar a luz.

Desci para meu estúdio, dessa vez para focar no meu trabalho. Tinha muitos relatórios atrasados devido ao tempo que estava gastando com a operação do La Grenouille e eles precisavam ser revistos e assinados até segunda de manhã.

Estava distraída, já passava das onze e meia da noite quando a campainha tocou. E campainha à noite nunca é um bom sinal. Nunca mesmo. Olhei no relógio, novamente só para confirmar o horário. Estranhei o fato de meu detalhamento de segurança não ter bloqueado a pessoa. Deve ser alguém conhecido e está realmente querendo falar comigo. Pensei em ignorar, era uma sexta-feira à noite. Quem quer que fosse poderia voltar amanhã, ou quem sabe, na segunda-feira.

Mas a insistência da pessoa do outro lado da porta acabou por vencer meu cansaço e resolvi por atendê-la. Para a minha surpresa, era Kelly, com os olhos vermelhos, sem fôlego e, sem me pedir, correu para me abraçar.

— Eu não acredito que ele vai fazer essa burrada. Eu não acredito. – Ela disse sem cerimônia.

Eu a abracei de volta, fazendo pequenos círculos em suas costas, na intenção de acalmá-la. Ela está realmente chateada com algo.

— Entre, Kelly. Vem. - A coloquei para dentro, e mesmo assim ela não me soltou.

A garota, ainda no seu uniforme da Marinha, recomeçou a chorar com mais força, comecei a pensar que seu noivado com o filho do Senador Sanders acabou.

Com muito custo, levei a minha filha adotiva para dentro do meu escritório e me sentei com ela no sofá. E seu choro dolorido não terminava ou dava sinais de que iria diminuir.

— Quando você estiver pronta eu vou estar aqui para te ouvir, tudo bem? – Fiz menção de me levantar para preparar uma xícara de chá para ela, mas fui impedida de me mover.

— Fica aqui. Por favor, Jen. – E ela me abraçou com mais força.

— O que foi que aconteceu? Henry fez algo com você, porque se fez eu vou atrás dele é agora!!

— Não foi o Henry. Nós estamos bem. É verdade. – Kelly fungou e me olhou tristemente. – É o meu pai.

Eu congelei. O que Jethro aprontou dessa vez? Nem em uma sexta à noite ele me deixa em paz. E depois quer que eu coloque um pouco de juízo na cabeça da filha. Quem está precisando de juízo na cabeça é ele. Ou talvez de uma cacetada mais forte do que um mero tapa.

— O que tem Jethro?

— Ele... olha Jen, eu tenho que te falar que não era para que eu viesse neste final de semana, mas eu estou com muitas saudades de todos, e logo, logo vão me mandar embarcar por quase oito meses. Eu preciso ficar com vocês o máximo que puder. Então eu vim de surpresa, ou quase, já que eu tinha combinado de sair com a equipe amanhã... – Ela deu de ombros e recuperou o fôlego.

Eu esperei que ela continuasse.

— Você sabe que eu só tenho dois lugares para ficar por aqui, né? Ou em Alexandria com Jethro ou aqui, com você e Soph. Resolvi dar mais uma chance para meu pai, achando que depois do que aconteceu no final do ano, as coisas finalmente tinham entrado nos eixos. e ele é meu pai... então fui pra lá. Ele nunca ligou que eu aparecesse de surpresa. Pelo contrário, sempre gostou, ainda mais em uma sexta à noite.

— Eu sei disso, ele sempre tem um humor melhor na segunda, quando você aparece assim.

— Não hoje. – Kelly abaixou a voz em um sussurro.

— Como não? – Jethro nunca colocaria a filha para fora, não importa o que acontecesse. – Ele te colocou para fora?

— Não, eu saí. – Ela tinha um brilho sombrio nos olhos.

— Sobre o que vocês brigaram dessa vez? – Não seria a primeira discussão entre pai e filha que eu remediava. Às vezes eu achava mais difícil colocar esses dois nos eixos do que resolver brigas por jurisdição por um caso.

— Sobre qual motivo você acha, Jen? Adivinha por causa de quem? Só tem um.

Hollis Mann.

— A Coronel. – Eu digo.

— Pode chamá-la de futura senhora Gibbs. – Kelly cuspiu as palavras com nojo.

Tive que manter as aparências, mas isso me pegou de guarda baixa. Jethro realmente iria se casar com Mann? Será que a ida dela hoje ao Estaleiro significou algo mais?

— Pode reagir como você tem que reagir, Jen. Eu sei que vocês estavam noivos antes da explosão. – Kelly recomeçou a chorar.

Queria perguntar se ela tinha certeza, se era confirmado. Mas ela não me deu chances.

— Os dois estavam lá, sentados na sala. Parecia que tinha até um jantar para ela. UM JANTAR! LEROY NÃO COZINHA!!! – Ela começou a gritar. – A casa estava toda acessa, a mesa arrumada. Tudo arrumado para ELA. PARA AQUELA INSUPORTÁVEL E NOJENTA CORONEL. E ela estava lá. Cheia de segundas intenções, praticamente em cima do meu pai. E ele parecia nervoso. Eu mal tinha entrado em casa e vi essa cena. Eu não acreditei no que eu via. Olhei incrédula para meu pai e ele, como de praxe, não disse nada. Ela quem se levantou e, na maior cara de pau, me disse QUE AGORA NÓS DUAS NOS VERÍAMOS MAIS DENTRO DAQUELA CASA. Eu a mandei pro inferno e pedi explicações para meu pai. Ele simplesmente disse que era para que eu parasse de agir como uma criança e que esperasse que ele iria conversar comigo. Eu não precisava de confirmação nenhuma. Só sei que sem pensar joguei na cara dela que eu torcia para que os dois fossem bem infelizes sob aquele teto e gritei que eu nunca mais pisaria ali, e que faria de tudo para que a Sophie não aparecesse por lá também. E saí batendo a porta. Nada maduro eu sei, mas Jen... ele não pode fazer isso!! Ele não pode!! – E Kelly recomeçou a chorar.

Fiquei com medo de que os gritos de Kelly acordassem Sophie, mas, à essa altura, ela iria acabar ficando sabendo sobre isso mais cedo ou mais tarde.

Abracei Kelly com força. Ela estava arrasada.

— Como ele pode ser tão cego, Jen? Até oito meses atrás era só você. Eu via no rosto dele a alegria que ele estava. Que vocês estavam. Como ele pode ter esquecido de tudo? Como ele pode achar que Paris e depois como vocês tinham reatado aos poucos pode ser mentira? Eu sei que ele sente algo por você, ele sabe que tem algo que liga vocês dois, muito mais poderoso do que dividir uma filha. Mas como ele não faz nada para saber o que é? – Ela desabafou em meu ombro.

— Kelly, nós não podemos mandar nos sentimentos do seu pai. – Eu disse por fim.

— Ele nunca esqueceu a minha mãe. Ela sempre foi figura presente na vida dele. Quando ele voltou de Paris, era você que ele evitava, porque era doloroso demais lembrar de você. Até que ele conheceu aquela sonsa da Stephanie. Mas ele nunca te esqueceu. Nunca. E depois você voltou. Jen, eu vi como ele ficou. Como ele reagia à sua presença, mesmo que você não estivesse do lado dele. Era outra coisa. No dia em que Sophie foi sequestrada, eu soube na hora em que vocês dois desceram aquelas escadas que vocês tinham reatado, eu consegui ver nos olhos dele, na postura dele que, finalmente, ele te tinha novamente do lado dele. E agora isso! Eu não sei se quero bater nele, se quero colocá-lo em coma de novo ou se, simplesmente deixo pra lá e esqueço de me preocupar com a felicidade dele.    

— Kells...

— Jen, não dá. Eu tinha a família que eu pedi. Eu o tinha, você, Sophie e os agregados malucos da equipe. E eu estava feliz, e eu posso dizer por vocês dois, vocês estavam felizes, e nem vou comentar sobre a Sophie. Era o mesmo sentimento de quando vocês me ligavam o mesmo sentimento que vi no rosto de vocês em Londres, quando fui visitar o papai no aniversário dele. Aquela cumplicidade, o carinho, as risadas, você brincando com ele, ele se preocupando com você. E tudo acabou! Acabou porque aquela loira apareceu. Porque ele cismou que ela é melhor do que você.

— Kelly, é a vida dele. Nem eu, nem você... nós não temos controle sobre as coisas que ele escolhe. Você, como filha, ainda pode opinar algo, mas eu... eu não sou nada mais do que a ex-parceira que engravidou dele durante uma missão. Só isso. Não tenho nenhum direito de entrar na vida dele e dizer com quem ele deve ou não se casar.

— Mas Jen... ninguém conhece meu pai como você! Você o conhece por inteiro. Eu sei disso. Você é capaz de lê-lo e de surpreendê-lo de todas as formas. Ninguém faz isso. Ninguém! Por favor, faça alguma coisa! Eu tô te pedindo. Não o deixe fazer essa besteira.

Eu iria dizer algo, mas o celular dela tocou na hora. Era Jethro.

— Eu não vou conversar com ele. Não mesmo. – Ela arremessou o telefone no outro sofá.

— Não faça isso. Assim como você me disse que só tem dois lugares para ficar quando está de licença, ele também sabe quais são. Se você não está em Alexandria, ele vai saber que você está aqui.

— Que se dane. Eu quero ver ele aparecer na sua porta, com aquele papagaio de pirata loiro do lado dele, para brigar comigo. – Ela desafiou.

— Não é assim que vocês vão resolver as coisas. Não mesmo.

E o telefone continuou a tocar.

— Agora ele está preocupado comigo? Depois de já ter jantado, né? – Kelly disse com segundas intenções.

— Atenda e diga que você está bem. Só isso. Assim ele se acalma, nem que seja por essa noite.

— Não. – Ela era teimosa igual ao pai. – Jen, eu só vou voltar a conversar com ele quando ele souber exatamente o que ele está fazendo. Quando ele se casar com você!— Ela levantou e me encarou. – Ou você não o ama mais? Você não desistiu dele não, né?

— Eu ainda amo o seu pai, Kelly. Deixar de amá-lo é praticamente impossível para mim. Mas, você já parou para pensar que talvez, só talvez, nós dois não somos feitos para ficarmos juntos? Já pensou na possibilidade de que somos apenas duas pessoas que se apaixonaram no lugar e hora errados e que nunca dariam certo juntos?

Eu tinha pegado Kelly de guarda baixa. Em todos esses anos torcendo para que Jethro e eu ficássemos juntos, ela nunca pensou na possibilidade de que isso poderia nunca acontecer.

— Mas... você acabou de dizer que o ama. – Ela balbuciou as palavras.

— Sim. Eu disse. – Confirmei.

— E eu sei que ele te ama também. Tenho certeza disso. – Kelly, como sempre, não queria acreditar em notícias ruins.

— Mas você consegue ver que talvez, o fato de eu tê-lo deixado, deixou marcas tão profundas que ele não consegue me perdoar, ou pior, esse amor, não seja forte o bastante para que possamos superar nossos problemas e nossas diferenças?

— Não diga isso. – Ela recomeçou a chorar. – Eu acredito demais no amor para ter isso jogado na minha cara.

— O amor é simplesmente complicado, Kelly. E promessas podem ser promessas vazias ou simplesmente morrerem antes mesmo que sejam ditas.

Ela se sentou pesadamente em meu sofá e começou a passar as mãos em seus cabelos, desesperada.

— Quer saber a verdade? Você pode até ter razão. E sabe o maior problema disso tudo?

— Não Kells, não sei.

— Eu condicionei a minha felicidade, a minha ideia de família, em um casal que pode nunca dar certo. Eu acreditei em um romance de verão. E isso me dói.

— Só porque eu e Jethro não vamos ficar juntos, não significa que você tem que se afastar também, Kelly. Eu já te disse isso, não sou sua mãe, e não pretendo me colocar no lugar dela, mas saiba que te considero como minha filha e você será sempre bem-vinda em minha casa, seja para o que você quiser ou precisar. Família é muito mais que DNA.

— Eu sei disso. Você estava lá quando ele não estava. Sempre esteve, mesmo longe. – Ela tinha se acalmado o suficiente para parar de chorar. – E eu te agradeço por isso. Mesmo. Você me deu até uma irmã caçula. – Ela sorriu. – E sempre me emprestou seus ouvidos. Como hoje. Me desculpe jogar tudo na sua cara, mas é que, você foi a primeira pessoa em quem pensei que poderia desabafar. Que me entenderia.

— Fico feliz em saber que você me tem em alta conta, Kelly. Agora, vem aqui, vamos tomar um chá, você não tem a mínima condição nem de ficar de pé.

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 Jen me escutou até que eu parei de chorar. Ela sempre teve esse dom comigo. Mesmo depois que nosso chá terminou, eu ainda fiquei enrolando para ir embora.

— Você tem um quarto lá em cima. – Ela me lembrou.

— Tenho certeza de que tem alguém me procurando nesse momento. – Eu ri sem humor. – Acho que preciso dar, ao menos uma satisfação de que não cometi nenhuma loucura.

Foi eu fechar a boca e a campainha tocou. Corri para a janela da sala, só para dar de cara com meu pai esperando no batente da porta.

— É ele, não é? – Jen me perguntou.

— Sim. Eu vou lá falar com ele. – Garanti.

— Nada disso, mocinha. Eu falo. Você fica e esquece que estamos conversando.

E Jenny saiu para me defender, como fez várias vezes.

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— Boa noite, Jethro. Em que posso ajudá-lo?

— Kelly está aqui? – Ele cortou a minha saudação, sua feição preocupada com a falta de notícias da filha mais velha.

— Na sala de visitas. Estamos conversando.

Ele me encarou de cima embaixo, como se estudando qual era a minha reação sobre toda essa bagunça.

— Entre. - Eu disse. – Vá lá e se acertem. Você sabe o caminho.

Mas Kelly não estava para conversar, não mais. E, aparecendo do nada na porta, apenas disse:

— Você não vai fazer um escândalo na porta ou na casa da Jen. Sua outra filha mora aqui e ela não precisa ver isso. Conversamos amanhã quando eu tiver esfriado a minha cabeça, pode ser?

Jethro encarou a filha e depois me olhou, seus olhos semicerrados na direção da primogênita.

— Se você acha melhor assim. – Ele deu de ombros. – Te espero lá em casa, às 0800.

— Vou estar lá. – Ela garantiu e passou por ele, indo em direção ao próprio carro.

— Tem certeza de que não quer ficar, Kelly? – Eu a chamei de volta.

— Não. Preciso ficar sozinha, obrigada por me escutar em meu desabafo.

Não tive tempo para responder, pois ela já tinha ligado o carro e dava a partida, me deixando com meu visitante inesperado.

— Quer entrar? – Ofereci.

— Não. Estou bem, já que Kelly já foi, e parece bem... eu agradeço a você por ela. De novo.

— Não há de que, é sempre um prazer ajudar.

— Boa noite, Jen.

— Boa noite, Jethro. Tenha um ótimo final de semana, e, se me permite, parabéns pelo noivado, que vocês dois sejam muito felizes juntos.

Ele ficou sem graça, como se ele tivesse sido pego de surpresa pelas minhas palavras ou esperasse que eu ficaria com ciúmes ou mesmo tivesse a mesma reação de Kelly. Mas não respondeu mais nada, apenas meneou a cabeça e se foi.

Fechei a porta quando foi educado de fazê-lo e, assim que ela estava devidamente trancada e eu escutei o carro de Jethro partir, eu pude, finalmente, extravasar o que estava preso em minha garganta.

Jethro vai se casar. De novo. Com a Coronel.

Esse era o testamento de que ele realmente nunca me perdoara de verdade.

Minha cabeça doía. Meu corpo começou a tremer, e quando dei por mim, estava chorando. Muito.

Depois de quase oito anos, o que eu fiz com ele veio cobrar o seu preço. Alguém o estava levando para bem longe de mim, e dessa vez não haveria reencontros, ou uma outra chance para nós dois.

Nossa despedida nem foi uma despedida. Foi ele ficando na porta da minha casa enquanto eu ia para a Casa Branca para um jantar. A única lembrança doce daquela noite era o beijo que ele tinha em dado e a imagem dele com Sophie no colo, enquanto minha filha reclamava do meu corte de cabelo.

Pensar que naquela mesma tarde, antes de nós dois encerrarmos o expediente, ele resolveu se “esquecer” da regrinha que eu impusera de que não iriamos deixar o nosso relacionamento pessoal entrar dentro do NCIS, e me deu aquele beijo apaixonado, roubado, dentro do meu escritório, o nosso último. Quando nos separamos eu vi que ele estava preocupado com o caso, assim como eu estava com ele. Ali, naquela tarde, longe dos olhos de todos, foi nosso fim. Onde nós recomeçamos, terminamos. Seria poético se não fosse tão triste.

Não notei que tinha companhia até que vi dois pezinhos em pantufas da Minnie pararem na minha frente. Levantei a minha cabeça e encarei a minha filha. Eu não gostava de chorar na frente dela, mas hoje eu não conseguiria fingir que estava tudo bem. Mas, eu nem precisava, pelo visto ela tinha escutado tudo, e, antes de falar, me abraçou forte.

— Mamãe, não chore.

—  Ah, minha Miniatura. É meio difícil para a mamãe não chorar agora.

— Ele vai se casar com a Coronel Mala Sem Alça, né? – Ela disse, comprovando a minha teoria de que ela escutara tudo.

— Sim, ele vai.

— E a senhora ainda ama o papai, né? Por isso guarda esses anéis no seu pescoço, né? – Ela pegou o cordão de ouro onde coloquei o anel de noivado, ou melhor, as alianças falsas que nós usamos em Paris.

— Sim, Sophie. É por isso que eu as carrego comigo.

— Não tem nada que a senhora possa fazer para que ele se lembre de você? – Ela olhava para as duas alianças agora em suas mãos.

— Já é tarde. E eu fiz uma promessa há muito tempo. – Disse sem pensar.

— Que promessa? – Ela me olhou curiosa, e graças aos céus, seus olhos estavam tão verdes quanto o meus.

— Que se ele estivesse feliz, eu ficaria feliz por ele.

— E como a senhora sabe que ele está feliz?

Dei de ombros. Jethro tinha que estar feliz, ou não teria pedido a mão da Coronel.

— Eu só sei que ele está, Sophie. – Disse por fim, já que ela esperava por uma resposta.

— Eu não acredito nisso! Não mesmo! Ele não olha para a Coronel do jeito que ele te olha, mamãe. É diferente. – Minha miniatura demonstrou certeza no que falava.

— Sophie, só porque você quer muito que algo aconteça, não quer dizer que vai acontecer. A vida é assim.

— Mas você diz que o papai está feliz. E a senhora? – Ela se sentou no meu colo e me encarava, como se me lesse. Igualzinha ao pai.

— Lembra do que eu te falei há um tempo?

Ela tombou a cabeça, o claro sinal de que estava pensando.

— Que nós sempre teríamos uma a outra?

— Sim. Isso. E isso, nós duas, - eu apontei dela para mim - é a minha felicidade, Mini me. Nós duas! Sempre. Éramos assim antes de virmos para cá e continuaremos a ser! – A abracei forte, dando um beijo no alto de sua cabeça.

— Mas e o resto da equipe? Eles vão gostar mais da Coronel do que da senhora, agora? – Sua testa se enrugou de preocupação.

— Isso não seu dizer, Ruiva. Só o tempo dirá.

— Mamãe...

— Lá vem você... – Eu beijei o nariz dela só para poder fazê-la rir. O som da risada de Sophie tinha um poder calmante em mim.

— E se a gente fugisse? E se a gente voltasse para Londres?

— Você?! Quer deixar o seu pai? Mas ele te ama, Sophie.

— E eu o amo também. Muito. E a Kelly e todo mundo da equipe. Mas eu amo a senhora mais. E não quero te ver triste e a senhora, toda vez que vê o papai e a loira chata, a senhora fica ainda mais triste.

— Fugir não é a solução, Sophie. Guarde estas palavras. Nunca é. E quanto a mim, sim, me dói ver seu pai com a Coronel, mas eu o amo a esse ponto. Sou capaz de deixá-lo ir mesmo sabendo que eu vou sofrer, mas ficarei bem, sabendo que ele está feliz.

— Eu não quero fazer isso... ficar triste para ver alguém feliz...

— Espero que você não tenha que passar por isso, mas se um dia você amar alguém da forma como eu amo o seu pai, você vai fazer exatamente a mesma coisa. Às vezes, não tem como explicar o amor.

Sophie me olhou assustada. Ela, aos seus seis anos, ainda não compreendia tudo isso. Eu mesma só fui entender o que era amar de verdade quando já estava com quase trinta anos...

Beijei o topo da cabeça dela.

— Agora, por mais que eu ame a sua companhia, está tarde. Então já para a cama. – Dei um tapa no bumbum dela para fazê-la se apressar.

— O mesmo para a senhora. – Seus olhos verdes me encararam. – Hora de dormir. Já que a senhora tem uma agência federal para dirigir. – Ela puxou a minha mão e me guiou escada acima.

Quando chegamos no segundo andar, fui abrindo a porta do quarto dela para colocá-la, de novo, para dormir.

— Não. Eu não vou te deixar dormir sozinha. – Ela disse séria, superprotetora, exatamente como o pai.

— Tudo bem. Vamos lá.

Quando sai do banho, ela já dormia um sono solto, também, quase três da manhã, já era mais do que hora dela estar na cama. Deitei-me do lado da minha pequena e, como fiz muitas vezes quando ela era apenas um bebê, a abracei forte e, desse abraço, tirei as forças que eu precisava.

Se eu não conseguisse encarar toda essa situação por mim, pelo menos, por ela, eu seria forte. Eu tinha quer ser.


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Notas finais do capítulo

Ah!! Esses fofoqueiros!! Ah, esse povo que não pára para escutar!!
E aí, Gibbs merece ou não a sapatada que a Ziva queria dar nele? Ou dá uma sapatada logo na cara dos dois?
Bem... o que a Coronel foi fazer na casa do Gibbs? Alguém descobre? Kelly exagerou ou não?
Até o próximo capítulo!
E se você está lendo esse capítulo no seu local de trabalho, cuidado para a sua (o seu) chefe não chegar atrás de você!!
xoxo



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