Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 8
Necessidade


Notas iniciais do capítulo

Bem... esse aqui chegou rapidinho...
Não tenho muito a dizer... a não ser uma palavrinha:
JIBBS
Aproveitem!



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Eu não sei quem deu o primeiro passo. Não sei se fui eu ou ele, mas, assim que nossos olhos se encontraram quando ele fechou a porta atrás de si, tudo o que senti foram seus lábios nos meus.

E o beijo de mais cedo voltou. Dessa vez não era encenação, mas o outro também não era, contudo esse não tinha uma plateia que precisava ficar com ciúmes. Éramos só nós dois dentro desse minúsculo sótão, que parecia ser menor e mais quente enquanto lutávamos pelo controle do beijo.

Às vezes ele tinha a vantagem, como no momento em que me levantou pela cintura e me prendeu na parede. Outras era em quem dominava, principalmente quando tocava seu cabelo cortado no estilo Marine, em sua nuca com minhas unhas. E, nesse momento ele não conteve o gemido.

E eu amei a sensação de tê-lo em minhas mãos. Mas ele logo se recompôs, e, sem desgrudar nossos lábios sorriu quando me carregou até o minúsculo quarto.

Não pensávamos em nada, nossos cérebros estavam trabalhando somente em um foco. Um no outro.

Precisamos de ar, mas não nos soltamos. Ele ainda me tinha agarrada em sua cintura e uma de suas mãos descansava preguiçosamente em minha lombar. Nossas testas coladas, nossos olhares conectados. Nossas respirações descompassadas.

Céus, com aqueles olhos ele poderia me pedir qualquer coisa que eu faria. E faria com prazer.

— Respira, Jen. - Sua mão escorregou pela lateral de minha perna.

— Como se você estivesse fazendo isso... – não fiquei para trás, desfiz o nó de sua gravata e abri alguns botões de sua camisa.

Ele me deu um sorriso de volta que, seu eu estivesse de pé, minhas pernas cederiam. E então me levou até a cama. No caminho, tropeçou no pé, perdeu o equilíbrio e caímos de uma vez nela.

Eu só pude gargalhar.

— Tá rindo do que? – Seu tom de voz demonstrava claramente que ele não gostou de que eu risse dele.

— De você! – Eu disse. – Tem mais alguém aqui de quem eu possa rir?

— Você vai se arrepender disso. – Seus olhos fitaram a minha boca e sua mão subiu para o fecho lateral do vestido.

— Vou? – Eu consegui um pouco de espaço e, com um movimento rápido, me coloquei em cima dele. – Acho que não. – Sorri em sua direção e terminei de desabotoar a sua camisa.

Ele retomou o controle, e me fez deitar na cama. Aproveitei o momento e tirei seu paletó e sua camisa... e quem diria... eu me perdi em seu físico por um momento enquanto minhas mãos trêmulas passavam pelo seu peitoral.

— Gosta do que vê? – Ele sussurrou perto de meu ouvido e começou a fazer uma trilha de beijos em minha mandíbula.

— Você não faz ideia.... – Eu engoli em seco quando senti o seu peso sobre mim.

— Mas acho que estou em desvantagem aqui. – Ele ronronou em meu ouvido e eu me arrepiei toda, em antecipação ao seu próximo movimento.

Suas mãos deslizaram pela minha cintura e, puxaram o vestido que usava para baixo. Ele parou ali me fitando. Eu quis tampá-los.

— Nem pense nisso. Você já teve a sua parte... – Ele prendeu meus braços acima da minha cabeça.

Não gostei de ficar para trás e tomei sua boca na minha, com ferocidade.

Ele gemeu e eu aprofundei o beijo. Mas logo ele tomou a liderança, suas mãos passeando pelo meu corpo. Aproveitei a oportunidade e fiz o mesmo.

Eu nunca tinha me sentido assim. Com meu ex-noivo, isso, não era e nunca foi assim. Jethro era cuidadoso e sabia exatamente o que eu queria, como se ele tivesse o meu manual de instruções. Como isso era possível?

Por fim, eu não aguentava mais. Eu precisava dele. Imediatamente.

— Me faça esquecer. – Eu supliquei antes de tomar a sua boca.

Ele parou o beijo e me encarou.

— De quem?

— Dele. Eu só quero lembrar de você. – Sussurrei contra a sua boca.

— Seu desejo é uma ordem.

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 Não sei que horas eram... mas quem se importava? Fazia tempos que eu não dormia assim. Mas, melhor do que a sensação de uma noite bem dormida sem a ajuda de uma bebida era senti-la ali.

Seu corpo quente pressionado contra o meu. Seu rosto apoiado em meu peito. Seus cabelos ruivos espalhados. Minha mão apoiada em sua cintura nua.

— Ah, Jen...  – Eu disse quando beijei o topo de sua cabeça.

Ela reagiu ao toque e murmurou qualquer coisa, para logo em seguida, dormir novamente.

— Você não é uma pessoa matutina, não é? – Eu ri. Evidentemente ela não gostava de acordar cedo. Então a deixe ali. E aproveitei o momento. Pois eu não saberia dizer qual seria a reação dela quando acordasse.

Eu ponderei. O que foi aquilo tudo? O que aquela noite significava? Para mim tinha sido completamente diferente. Há anos que eu não... amava... alguém assim.

Será que era possível amar a duas pessoas?

Mais uma vez baixei meu olhar para quem dormia em meus braços. Suas feições tranquilas agora, bem diferentes das de quando chegou nesse apartamento, assombrada pelo que teve que fazer. Mas, mesmo assim, nem tão belas como quando chamou meu nome...

Céus! Ela realmente foi mandada para me deixar louco. Como era possível ela me conhecer tão bem, a ponto de fazer o que fez? Como ela sabia onde e quando? Ou ela só sabia?

Jen, finalmente pareceu que iria acordar. A senti contrair os músculos das costas como se estivesse na defensiva. Ela fez menção de tirar a sua mão direita de meu ombro. Eu a mantive ali. E ela relaxou.

Sua respiração quente em minha pele se acelerou. Eu sabia no que ela estava pensando.

— Eu poderia dizer que te daria uma moeda, mas acho que sei no que está pensando.

Não precisei olhar para seu rosto para saber que ela corou. Senti o calor de sua bochecha em meu peito. Mas vê-la nessa cor era tão irresistível. Então eu levantei sua cabeça. E ela me fez o favor de enrubescer ainda mais.

— Acordei pensando o mesmo que você... e para quem tem sempre uma resposta para tudo, você está muito quieta. – Capturei os seus lábios e finalmente escutei a sua voz.

— Jethro! – Há como eu gostava de como o meu nome soava em sua voz.

Me fiz de surdo só para escutar novamente.

— Jethro! – Ela disse ainda mais furiosa, mas não fez questão de me soltar.

— Bom dia, Jen! – Eu sorri em sua direção.

— Bom dia... – Ela respondeu enquanto puxava o lençol para se cobrir. – É assim que você costuma fazer? Não deixa nem respirar primeiro?

— Você pediu por isso!

— Eu não tinha dito nada! – Ela protestou.

— Suas bochechas disseram por você! – Eu a tinha presa em um abraço.

— Malditas! – Ela escondeu o rosto debaixo do lençol.

— Nada disso. – Eu tentei ver o seu rosto, mas ela me impediu.

— Sim. E não venha achando que vai ter reprise agora de manhã. – Ela conseguiu escapar enrolada no lençol em direção ao banheiro. Antes de fechar a porta, apoiou no batente e levantou uma sobrancelha. – É, eu realmente gosto do que estou vendo. – Disse com os olhos brilhando.

Fiz menção de me levantar e correr atrás dela. Mas ela, novamente, foi mais rápida e se trancou no banheiro.

— Isso vai ter troco! – Eu chiei.

Escutei sua risada. E ela passou de problema a tentação.

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   Não reconheci a mulher que me fitava de volta através do velho espelho. Cabelos desgrenhados, pupilas extremamente dilatadas. Olhos brilhando. Um imenso sorriso no rosto.

— Quem é você? – Eu me perguntei. - Não era possível que ele causava todo esse efeito em mim!

Todavia, ele era a única explicação. E ao pensar nele e na noite, meu rosto ficou ainda mais vermelho.

— Meu Deus! – Apoiei meu rosto em minhas mãos. – Eu estou muito encrencada. Nada disso era para ter acontecido. Como deixei chegar a esse ponto?

Mas a resposta não era somente “ontem à noite”. Eram os últimos  cinco meses. Era a cumplicidade que foi nascendo, era a convivência. Era a calma que ele me transmitia. Era o fato de que eu me sentia bem perto dele. Era o fato de que...

— Mas o que você tem em mente?! Seus planos... Seu plano...

Contudo tinha ele. Ele e sua presença sufocante. Ele e sua voz me chamando de Jen. Ele e seus incríveis olhos azuis. Simplesmente ele.

Eu seria capaz de deixa-lo entrar em minha vida?

Idiota! Você já deixou. Deixou quando dormiu naquela cadeira por duas noites em Postitano. Deixou quando leu aquelas cartas para ele. Quando as respondeu para ele. Quando começou a conversar com a filha dele. Você o deixou entrar na sua vida, Jennifer, quando confiou o suficiente para acordar nos braços dele, algumas noites atrás.

— E eu mal conheço você, Leroy Jethro Gibbs.

Tomei meu banho, tentava direcionar meus pensamentos para outras coisas, mas foi difícil, principalmente quando notei a marca roxa em minha barriga. Quantas mais será que eu teria?

Quando acabei de tomar banho, tentei conferir se havia outra marca. Eu rezava para que não. Mas tinha, não só uma, mas duas, em ambos os lados do meu pescoço.

— JETHRO!! – Eu gritei quando sai do banheiro. – Eu te pedi para não deixar marca.

Ele veio em minha direção com o sorriso mais safado do mundo.

— Considere isso um pagamento. – Ele sussurrou contra a minha orelha e meu corpo respondeu a sua voz.

— Pagamento pelo que? – Eu não me lembrava de ter deixado nenhuma marca roxa...

 - Você acha que isso aqui não tá ardendo? – Ele virou as costas para mim e eu notei, quatro arranhões de cima embaixo em suas costas. Mas minha visão ficou perdida em outro lugar.

— Me descul...

Não terminei a frase. Ele me calou com um beijo e depois de terminá-lo, mais rápido do que o necessário – Continuou.

— Nunca se desculpe.

— Você e suas malditas regras... Falando em regras, ontem? – Perguntei curiosa.

— Número 16. – Ele me respondeu. – Vai anotar? – Ele tinha um meio sorriso brincalhão.

— Vou... vai que cai em alguma prova... – brinquei com seu rosto e sai do quarto, o que foi impossível de fazê-lo sem que esbarrasse nele.

— Não quer me acompanhar? – Sua voz era tentadora. Quase cedi.

— Anda, banho. Vou fazer o café! – O empurrei para o banheiro – Daqui a pouco Decker vai estar aqui.

Sai do quarto antes que ele me dissesse algo que me deixaria ainda mais vermelha.

Mas, no fundo, no fundo, eu não me arrependia. Eu estava, por incrível que pareça, feliz.

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— É isso o que eles ensinam em Lejeune? – Escutei a voz dela antes mesmo de vê-la.

Parei no meio da sala e a encarei. O que ela estava dizendo?

Ela me olhou e gargalhou!

— Sabia que essa sua carinha de confuso é até fofa? – Jen parou próxima à mesa com as mãos na cintura e um sorriso no rosto.

— Você sabe que eu não tenho a mínima ideia do que você está dizendo!

— Eu imaginei...

— E então? O que era?

— Banho de dois minutos?! Como alguém pode tomar banho em dois minutos?

Então era isso...

— Eu não preciso ficar quase uma hora debaixo do chuveiro! – Respondi seco.

— Se você está dizendo – ela deu de ombros – Não sabe o que está o que está perdendo!

O que ela queria, me tentar ainda mais? Já não bastava estar ali, com os cabelos molhados, sentada na minha frente?

— Se tivesse companhia, teria demorado mais.

Jen me olhou de cima embaixo e disse com em um tom sarcástico:

— Acho que não.

— Vai ser assim....

— O que você acha? – Ela tinha uma sobrancelha levantada e me fitava com ar divertido. – E nem adianta pensar que seu olhar de caçador aí vai me fazer ficar com medo de você, porque não vai. E, se você demorar muito, o café vai esfriar.

Ela acabara de dizer a palavra mágica.

— Nunca falha! – Ouvi a sua risada.

— Você não é tão expert assim em homens. – Eu joguei verde.

— Não sei... Talvez sim, talvez não... mas eu sei de uma coisa! – Ela sussurrou a última parte como se tivesse prestes a contar um segredo.

Eu fiquei curioso era com a primeira parte, mas fingi me interessar pela segunda. E meneei a cabeça para que ela continuasse.

— Vocês militares só acordam depois de duas xícaras de café preto, sem açúcar! Antes disso não são ninguém! – Seu tom era vitorioso e ela voltou a ler o jornal.

E não é que ela estava certa. Só para irritá-la eu fiquei olhando em sua direção, mesmo que ela estivesse ocupada com outra coisa.

— Quer parar! – Com menos de dois minutos ela xingava!

 -Fácil!

Ela abaixou o jornal furiosa!

— Não comece cedo assim, Jethro!

— E você está vermelha de novo! – sorri em sua direção. – E não tem para onde correr, afinal, eu estou fechando a única saída dessa cozinha.

— Seu bastardo! – Ela chiou alto, escondendo o rosto atrás do jornal! – E malditas bochechas.

— Dizem que o segundo B do meu nome tem esse significado.

— Muito apropriado! – Ela cuspiu de volta.

Mas minha pequena implicância com ela teve que ser interrompida, Decker acabara de chegar.

— Salva pelo gongo. - Eu disse em direção a ela.

— Eu te disse quando chegamos aqui. Um de nós dois vai voltar dentro de um caixão de pinho para a América, Gibbs. E vai ser você.  – Ela deu um tapa em meu ombro quando passou por mim.

— Só uma pequena pergunta... como vai explicar esses dois hematomas no seu pescoço para William? – Eu queria vê-la ficar sem graça.

— Que hematomas? – Ela disse inocentemente com os olhos arregalados.

Eu olhei seu pescoço. E não tinha nada ali.

— Mas que...

— Ó! Cuidado com a boca! Ainda é muito cedo para sair xingando por aí. – Ela ralhou. – Mas a pergunta que fica é? Como você vai se sentar normalmente se tem quatro arranhões em suas costas?

E ela tinha a última palavra, de novo.

Ouvi a sua risada e ela disse:

— Shepard 3 x 1 Gibbs!

E foi se sentar no sofá, era hora de preparar a fase três.

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— Bom dia, Decker! – Falei quando ele finalmente entrou no sótão.

Antes mesmo de responder, ele jogou duas cartas na minha direção.

— Bom dia, Ruiva. – Ele disse. – Chegou isso aí para vocês. As notícias da América!

A última carta de Kelly. Essas foram rápidas. Peguei a minha e entreguei a de Jethro.

— Bem, e então, o que Washington quer agora? – Jethro perguntou.

— Eles estão monitorando o carregamento. Ao que tudo indica, Zukhov não está à bordo do iate. Mas a direção que ele está tomando é realmente para o leste. – William disse.

— Estranho ele não estar a bordo... para quem queria tanto as armas... – Ponderei. – De que vai adiantar interceptar o barco se ele não vai estar lá para ser preso...

— Nenhuma... por isso nos mandaram ficar por aqui, até segunda ordem. Boatos dizem que ele ainda está na Riviera e pode voltar para Marselha.

— Por Deus... Já estamos nesse sótão há quase três meses... – Disse revoltada.

— O Diretor pediu que esperemos, talvez ele queira fazer uma outra compra.

— Isso seria interessante. – Jethro contemplou.

Eu congelei. Só a ideia de estar dentro do Estrela de novo me dava arrepios.

— Vamos esperar por mais quanto tempo? – Questionei.

— Entre três e cinco semanas. – Decker nos disse.

Mais um mês aqui dentro.

— E nesse meio tempo, vamos fazer o que? Fora planejar o próximo passo, que creio, será a Sérvia...

— Exatamente isso... planejar a continuação de nossa missão, e esperar que ele volte!

Olhei em direção à Jethro, mais um mês aqui, significava encarar uma viagem para a Sérvia em meados de Agosto... e depois passar não sei quantos meses lá.

— Temos outra escolha? – Foi o que ele disse para Decker.

— E um último aviso. Morrow pediu para que vocês dois sejam discretos nas próximas semanas, pode ser que alguém os veja por aqui. E, segundo seu histórico, Jethro, era para vocês dois estarem voltando para Mônaco..

— Entendido. – Ele respondeu.

— E quanto a você, Will? Vai fazer o que?

— Os homens de Zukhov não viram a minha cara. Eu posso curtir a noite de vez em quando.

— Não te invejo. Mas cuidado... nem todo mundo é o que parece no porto. – Eu brinquei com ele.

Antes que pudesse sair, Will se virou na minha direção e, com um ar de preocupação, me perguntou:

— Foi tudo bem lá dentro, Jenny? Quero dizer... Zukhov tinha segundas intenções.

— Foi sim... pode ficar tranquilo. – Eu disse com um sorriso sem graça. Ainda podia sentir aquela mão em braço e seu maldito perfume em minhas narinas.

— Ainda bem... E você foi ótima. Escutei a gravação hoje. Você o fez cantar como um passarinho;

— Obrigada. Estava fazendo apenas o meu trabalho!

Ele se despediu e foi embora.

Notei que Jethro tentava relaxar no sofá, mas seu olhar era sombrio.

— Quer conversar sobre o que aconteceu enquanto eu estava longe do iate? – Ele começou com um tom de voz neutro que escondia algo que eu não reconheci.

— Não tem nada o que comentar, Jethro. Como eu disse, estava fazendo o meu trabalho.

— Zukhov tentou alguma coisa? – Ele brigou com as palavras.

Minha mente voltou à tentativa fracassada de me beijar e sua mão toda hora tocando ou a minha perna ou minha bochecha.

— Nada demais. – Respondi baixo.

— Jen, você sabe que...

Eu suspirei, é claro que ele sempre estaria ali.

— Eu sei... é só que.... eu tenho que me acostumar. Não foi nada que eu não possa lidar, até porque o que ele tentou fazer, não aconteceu. Mas eu ainda não consigo processar o fato de ter que me passar por um objeto. Isso me irrita mais ainda.... como tem mulheres que fazem isso?

Quando dei por mim, ele estava sentado do meu lado. E segurava ambos os meus punhos.

— Você não é um objeto.

— É fácil para você dizer... não era você quem estava na vitrine... – Baixei meu olhar.

— Hei, olhe para mim. – Ele levantou o meu rosto. – Não pense, nem por um minuto, que eu estava feliz em te mostrar daquele jeito. Não estava. E cada vez que qualquer um daqueles homens te olhou daquele jeito, eu quis matá-los. E eu não vou te deixar sair daquele jeito de novo. Você não está à venda, Jen.

Não queria admitir, mas gostei das palavras dele. Mas não resolviam muita coisa... se precisasse, eu teria que agir de novo.

— Só uma pergunta. Como você fez para mantê-lo quieto? Achei que ele...

— Fácil. Tinha um plano B. GHB.

E ele riu.

— Então foi isso que você foi comprar?

— Eu já te disse, posso me virar sozinha... agora me dê licença que tenho uma carta para ler e responder! – Me levantei o deixando ali, sentado.

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Ela realmente não vai me falar com detalhes o que aconteceu dentro daquele iate. Mas tomei suas palavras de que “nada que eu não pudesse lidar”, como verdade. Ela fora sincera em cada uma delas.

Mas eu ainda me arrependia de tê-la deixado ali. Qualquer coisa poderia ter acontecido. Contudo, ela realmente sabia se cuidar. Tinha a sua saída. E, diga-se de passagem, que ideia!

Dei uma olhada para a mesa da cozinha, ela estava concentrada na carta que Kelly mandara. Às vezes, eu queria saber o que tanto as duas falam, outras eu acho melhor deixar pra lá. Mas minha mente, de vez em quando me pregava uma peça e tentava imaginar minha filha e ela em um mesmo cômodo.

— Não sei no que está pensando, Jethro, mas você poderia disfarçar a cara de bobo... – escutei sua voz.

Fingi não escutar. Ela sabe ser irritante quando quer.

— E não adiante fingir que não está me escutando. Você não é surdo!

 -Mais alguma coisa que queira dizer? – Eu a provoquei.

— Sim. Sente-se direito, vai ficar com dor nas costas! – Ela riu com gosto.

— Ainda vou descobrir o que você fez com esses dois hematomas.

— Boa sorte! – E Jen voltou sua atenção à carta que tinha em mãos.

Resolvi fazer o mesmo. Era hora de saber o que Kelly tinha a dizer.


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Notas finais do capítulo

Eu ouvi um aleluia?
Finalmente Jibbs!!
Mas é claro que nunca é só amores com esses dois... até porque não teria graça!
Voltou no próximo!
Muito obrigada por lerem!



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