Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 26
Às vezes eu realmente posso te surpreender!


Notas iniciais do capítulo

E aqui temos a surpresa de aniversário da Jenny para o Gibbs!!!
Boa leitura!!



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Nunca quatro dias demoraram tanto para passar. Tudo bem, eu tive que correr para cima e para baixo e ainda tentar manter as aparências de que eu não estava aprontando nada... foi difícil, mas eu consegui.

A parte mais complicada foi convencer certas pessoas de que isso era realmente seguro e estritamente necessário. Tudo bem, poderia ter sido em outra data, mas eu insisti que fosse nesta. Presentes assim só se dá uma vez na vida!

Então, aqui vamos nós. Se tudo der certo eu consigo ficar de boca fechada até a hora certa. Eu sei que consigo, ou pelo menos torço por isso.

Só espero que Jethro não surte quando descobrir a loucura que fiz...

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Eu sabia que a Jen era maluca e não tinha um medidor de senso muito bom, ainda mais que ela andou “pegando emprestado” uns telefones por aí, mas isso?!

Eu não pude acreditar que ela estava falando sério. Além do mais, eu nem sabia como ela tinha conseguido me ligar e ajeitar tudo tão em cima da hora, mas como tudo era um segredo, eu apenas... apenas confiei nela. E cá estou eu... pronta para cair de cabeça nessa ideia louca que ela inventou...

Mas, no fundo, no fundo, eu acho que vai dar certo!

Se alguém não surtar de raiva...

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Eu não estava conseguindo me conter de ansiedade... tive que pedir para Ducky me arranjar um calmante antes que eu pirasse de tão nervosa. E isso chamou a atenção de Jethro.

— Jen... você está bem? Notei que você não dormiu nessa noite. – Ele começou assim que entrou na cozinha no sábado de manhã – manhã bem cedo.

— Eu estou. Só sofrendo de insônia. – Respondi sem olhar para ele.

— Mesmo depois daquela noite? – Ele já estava me abraçando por trás e mirando o meu rosto, procurando as respostas que eu não daria em voz alta.

— Sim... você realmente conseguiu me deixar ainda mais acordada, se você me entende – virei na direção dele e dei um selinho em seus lábios.

Ele estava claramente confuso com tudo. Estava claro que ele desconfiava de algo, mas ele não fazia a menor ideia do que poderia ser.

 -Se você está dizendo... eu posso repetir a dose esta noite. – Ele me convidou, ronronando em meu ouvido.

Eu ri nervosa, mas meu corpo respondeu ao seu toque e à sua voz na mesma hora.

— Duvido muito que consiga – eu o desafiei. – Mas falando da noite, é o fim de semana antes do seu aniversário. Alguma programação especial?

— Do mesmo jeito que você não gosta de fazer aniversários, Jen. Eu também não gosto. – Ele me respondeu virando as costas.

— Entendo... nada de comemoração então? Eu estava pensando em te dar o seu presente com um pouquinho de antecipação....

— Nada de presentes, Jen. Nada. – Ele disse sério, me cortando.

Definitivamente ele vai tentar estragar a minha surpresa.

— Tudo bem, você venceu... – levantei as minhas mãos em sinal de rendição. – Mas eu preciso pegar uma encomenda hoje, será que você vem comigo? – Estava sentada na mesa e encarando os olhos dele.

— Encomenda? Tem a ver com a quantidade que você andou há uma semana?

— Tem... tudo a ver... chega hoje.

— Posso dirigir? – Ele perguntou. – Não quero morrer na véspera do meu aniversário.

— Fique à vontade... eu vou guiando você! – Sorri para ele.

— Sabe que quando você sorri desse jeito significa que aprontou algo, não sabe? – Ele perguntou ainda mais desconfiado.

Dei de ombros e deixei a cozinha. Falando pelo caminho.

— Entenda meu sorriso como quiser, Jethro!

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Pegamos o carro, e Jen foi guiando o caminho. Por um tempo achei que ela fosse me levar para alguma loja chique ou pior algum desses lugares onde só gente rica e refinada entra. Mas passamos por todas as entradas que para mim diziam perigo e seguimos em frente.

Quando uma placa era mais frequente que as demais, eu tive que perguntar:

— Por que estamos a caminho do Aeroporto de Heathrow?

— Eu te disse que tinha que pegar uma encomenda, onde mais você imaginou que eu a pegaria? – Foi a resposta dela, mas a cada metro mais perto, ela ficava mais nervosa, simplesmente não conseguia ficar quieta no assento do passageiro.

— Que tipo de encomenda é essa?

Ela me lançou um sorriso e apenas disse:

— Das mais importantes e preciosas.

Olhei atravessado para ela.

— Jen, você sabe que eu detesto segredos.

— Sim, eu sei... você simplesmente detesta não saber de tudo. – Ela sorriu para mim.

— E então?

— Chegamos!! – Foi a resposta que ela me deu.

— E para onde devo ir? Já que pareço o seu motorista particular.

— Pare o carro no estacionamento. – Ela disse sem me encarar, consultando o relógio.

Parei na primeira vaga que vi.

— E agora? – Perguntei assim que desci do carro.

Ela deu a volta e pegando a minha mão, apenas disse:

— Agora você vem comigo.

E ela me guiou pelo meio da multidão que tem em todo aeroporto internacional de grande porte. Quando dei por mim, estávamos na área de desembarque.

— Quem estamos esperando? Ou o que estamos esperando? – Estávamos logo nas portas de desembarque internacional, o painel dizia que vários voos tinham acabado de chegar. Dentre eles um vindo de Washington.

— Você vai saber antes de mim, tenho certeza! – Ela me garantiu sorrindo e me deu um beijo.

Fiquei curioso, o que ela queria dizer com isso?

Foi quando uma leva de pessoas passou pelo portão. Todas elas buscando alguém na multidão. E dentre elas...

— Kelly?!!

Jen, do meu lado, apenas deu um pulo e disse ao pé do meu ouvido:

— Feliz aniversário, Jethro!

Olhei para Jen descrente, como ela tinha conseguido trazer a minha filha para cá?

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Eu nunca tinha viajado completamente sozinha, ainda mais um voo de treze horas, mas para essa surpresa valia a pena.

Jenny tinha me garantido que estaria no portão de desembarque quando eu chegasse, então, minha primeira meta era procurar uma ruiva de saltos no meio da multidão.

Acontece que o aeroporto é imenso.... e tá lotado... Depois de ter meu passaporte checado na alfândega, consegui ter a sorte de pegar rapidamente a minha mala e lá foi eu...

Será que ela tinha conseguido convencer meu pai a vir junto também?

Mal tinha pisado no saguão do aeroporto quando escutei o meu nome sendo falado em tom de surpresa:

— Kelly?!

Levantei a minha cabeça só para ter a visão de meu pai completamente assombrado e totalmente surpreendido, e de uma ruiva pulando ao lado dele e dizendo algo.

Definitivamente esses dois tinham que ser endgame!

Na saudade que estava, esqueci que estava em outro país, no meio do aeroporto, com um monte de gente em volta e só consegui correr na direção do meu pai!

— PAI!!! – Gritei de volta. Corri em sua direção e o abracei apartado.

Notei que Jen deu um passo para trás e nos deu espaço e tempo devido, sempre com um sorriso no rosto.

— Kelly Gibbs, desde quando você sabe desse plano maluco? – Meu pai tentou ralhar comigo, mesmo sem ter soltado o abraço.

— Que o plano é maluco eu concordo totalmente. – Eu disse. – Mas eu tô muito feliz de poder te ver depois de quase onze meses!!

Ele soltou o abraço e me abraçou de lado, pelos ombros.

— Acho que vocês duas tem muito o que me explicar. – Ele falou olhando de Jenny para mim.

E a ruiva, que só estava observando tudo, depois de recolher a minha bolsa e mala, apenas deu de ombros, como se trazer a filha do parceiro por uma viagem internacional de treze horas fosse a coisa mais normal do mundo para se fazer.

Eu deixei o meu pai por uns minutinhos, tinha que conhecer pessoalmente a mulher que, pelo visto, conseguiu manter um segredo desses a salvo do meu Marine preferido.

— Oi, Jen!!! É muito bom finalmente te conhecer pessoalmente!! – Disse alegre e nem esperei permissão, fui logo a abraçando.

Ela deu uma risada, surpresa com o abraço.

— O mesmo aqui, Kelly. Acho que conseguimos surpreendê-lo, hein?

— Dessa vez o crédito é todo seu, afinal, era você quem tinha que conviver e conversar com ele nos últimos dias! – Eu ri olhando para o meu pai.

Ele até tentou fazer uma cara de mal-humorado, ou que não tinha gostado do nosso segredinho, mas não conseguiu enganar nenhuma de nós.

— E que eu mais temia aconteceu. Vocês duas estão reunidas, no mesmo país, eu não vou ter paz... – Ele nos guiou saguão afora com as mãos em nossas cinturas.

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Fiz questão de dar espaço para o reencontro de pai e filha. Afinal, onze meses, e um aniversário é muito tempo para ficarem separados.

E, no fundo, eu devia a Jethro. Ele tinha feito o possível e o impossível para salvar a minha vida, ficou ao meu lado no hospital e, sem contar o que fez por mim no meu aniversário. Eu não poderia dar a ele um presente qualquer.

Graças a Deus que eu conheço algumas pessoas que me arranjaram uma passagem de última hora. Kelly merecia vir de primeira classe.

E, assim que ele viu a filha, eu só pude ficar ainda mais feliz. Sim, eu tinha conseguido surpreendê-lo. E a carinha feliz que ele fez valeu por cada noite de nervosismo que eu tive.

Kelly, por sua vez, reagiu como qualquer outra adolescente. Saiu correndo no meio do aeroporto lotado e deixou as coisas para trás. Corri para resgatar a bolsa e a mala e pedir as devidas desculpas para quem se sentiu ofendido com a cena. Mas para estes eu queria é dar um belo soco na cara... será que ninguém ali nunca sentiu saudades de verdade?

E os dois continuavam abraçados e eu mais feliz do que nunca.

Até que dois pares de olhos idênticos olharam para mim. Por um breve segundo, eu congelei, mas foi quando Kelly correu na minha direção e me abraçou como se me conhecesse a vida inteira. E não foi um abraço qualquer, foi daqueles de urso, que te fazem parar de respirar, mas se sentir aquecida e querida ao mesmo tempo.

— Oi, Jen!!! É muito bom finalmente te conhecer pessoalmente!! – Ela disse alegre.

— O mesmo aqui, Kelly. Acho que conseguimos surpreendê-lo, hein? – Respondi. Eu não queria ser o centro das atenções. Ela tinha vindo para ficar com o pai dela, não para colocar o papo em dia comigo.

— Dessa vez o crédito é todo seu, afinal, era você quem tinha que conviver e conversar com ele nos últimos dias! – Ela disse rindo olhando na direção do pai, e eu notei o olhar de adoração que Jethro tem pela filha. Explicava um pouco o super protecionismo dele.

Mas, para evitar ser pego, ele logo mudou de expressão, claramente tentando fingir que estava ofendido pela nossa pequena conspiração. Ele tentou, e nenhuma de nós duas caiu nessa. Dessa vez o olhar mortal ficou nisso, só na tentativa.

Estava esperando que ele saísse abraçado com a filha, conversando sobre tudo o que tinham direito, então, arrumei a mala dela em meu ombro e equilibrei a bolsa. Sendo, dessa vez surpreendida pelo braço de Jethro em minha cintura, me guiando ao lado dele e de Kelly para a saída, e pela fala dele:

— E que eu mais temia aconteceu. Vocês duas estão reunidas, no mesmo país, eu não vou ter paz... – Ele disse, mas eu já conhecia todos os tons e nuances de sua voz e percebi a felicidade estampada em cada palavra.

Ele não notou, ou pelo menos não disse nada, mas meu rosto ficou mais vermelho do que naquela manhã em Marselha, pois, nós três caminhando aeroporto afora, nessa posição, dava uma clara imagem de família, e foram várias as pessoas que passaram por nós e nos olharam, umas admiradas, outras com clara inveja da “bela e feliz família” que cruzava o saguão.

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 - E então, aniversariante do final de semana, qual é a nossa programação? – Kelly me perguntou sentada do meu lado, Jen tinha feito a questão de que ela fosse no banco da frente.

— Você vem perguntar para mim? Achei que vocês duas já tinham todos os detalhes.

— Mas é claro que não. É o senhor quem escolhe! – Kelly estava sentada mais de lado do que virada para frente, assim, ela poderia me observar e conversar com Jen ao mesmo tempo.

Olhei de relance para Kelly, ela estava sendo sincera. Mas uma olhada pelo retrovisor me mostrou os olhos de Jenny brilhando travessos.

— Você tem algo em mente, não tem Jen? – Acusei.

Kelly na mesma hora encarou Jen, mas ficou sem entender como eu sabia daquilo.

— Eu não... – Ela saiu pela tangente.

— Mas aposto que tem uma ideia! – Kelly garantiu.

— Talvez sim, talvez não. – A ruiva deu de ombros.

Eu respirei fundo, vindo de Jen nunca é boa coisa.

— Solta a bomba! – Eu falei.

Kelly soltou uma sonora gargalhada.

— Eu só achei que poderíamos cumprir uma promessa que fizemos no aniversário de alguém. – Jen disse casualmente.

— Boliche?! – Eu perguntei, Jen só sorriu.

— Sim! – Os olhos de Kelly brilharam! – Mil vezes sim!! – Ela comemorou. – Vai ser boliche, né? – Ela perguntou curiosa olhando a minha conversa muda com Jen pelo retrovisor.

— Se vocês insistem tanto! – Respondi.

— Vai ser hoje? – Kelly se desesperou.

— Não! – Jen respondeu por mim. – Você pode não estar sentindo agora, mas daqui a pouco o jetlag vai derrubar você e a única coisa que você vai querer é um banho e uma cama quentinha.

Foi aí que eu percebi. O apartamento tinha três quartos. Eu e Jen só usamos um, nos outros dois nem entramos. Como eu iria arrumar tudo para Kelly? E outra coisa, como nós dois iriamos fazer nestes dias?

— Ainda falta muito? – Kelly quebrou o silêncio confortável.

— Depende... muito para onde? – Perguntei

— Bem... para a Londres que todo mundo vê... – ela soou envergonhada.

— O Big Ben já vai aparecer. Vamos passar bem perto. – Jen respondeu por mim.

— Eu vou ter tempo para dar uma de turista, né? – Kells continuou.

E lá ia eu ter que andar no meio de turistas...

— Mas é claro. Vamos fazer o seu pai dar uma volta na London Eye! – Jen estava gostando de me provocar. Quando Kelly fosse embora....

London Eye, Big Ben, Palácio de Buckingham, Abadia de Westminster, Baker Street, Catedral de São Paulo, Greenwich Park, Globe Theatre, Museu Britânico, London Tower, Tower Brigde, Abbey Road, Trafalgar Square...  – Kelly foi falando.

— Vejo que alguém andou fazendo um roteiro. Mas quatro dias é muito pouco para ver tudo. – Jen disse em direção a Kelly que deu um sorriso sem graça.

Então Kelly ficaria quatro dias?

— Pelo menos a Baker Street! E o Big Ben... – Kelly choramingou.

— Dá para ir em mais lugares do que estes... Mas você vai ter que madrugar... – Jenny garantiu.

— Na hora que vocês quiserem eu vou estar de pé! – Minha filha garantiu.

Eu só levantei uma sobrancelha para ela. Duvido...

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— “Na hora que vocês quiserem eu vou estar de pé!” – Jethro estava imitando a filha.

— Deixe Kelly dormir... ontem ela quase deu um treco quando paramos para ela ver o Big Ben... além de que tem o cansaço da viagem. É a primeira vez que ela vem para a Europa, não é? – Perguntei.

— Sim. – Jethro me garantiu.

— Então... jetlag e fuso horário, derrubam mesmo. – Garanti, sentando do lado dele. E ele aproveitou o momento “à sós” para passar o braço atrás de meus ombros.

— Nós dois ainda temos que conversar sobre essa visita da Kelly, e como você conseguiu arrumar esse apartamento para que ela pudesse ficar aqui sem que desconfiasse de nada. – Jethro falou baixo.

— Quando quiser. – Eu afirmei. – Mas vai me dizer que não gostou da surpresa?

Ele só deu um sorriso em minha direção e beijou o topo da minha cabeça.

— Vou considerar isso com um sim. – Sorri na direção dele.

— Eu só não gostei de uma coisa. – Ele disse momentos depois.

Levantei minha sobrancelha na direção dele.

— Você ter saído do quarto.

Eu quase engasguei com o café.

— O que você queria? Sei que nós dois não somos tão tradicionais assim e pouco nos importamos com o que os outros pensam. Mas é da sua filha que estamos falando, Jethro! Eu não iria dividir um quarto com você com ela por aqui! Eu ainda tenho um pouco de senso! – Eu sibilei de volta.

— E olha quem está ficando vermelha agora! – Ele começou a me importunar.

Tirei seu braço do meu ombro, e fiquei de pé, o que ele queria com isso?

— Por Deus, Jethro. Eu não faria isso com ela aqui e ponto final! – Senti minhas bochechas esquentando.

Ele deu uma gargalhada, não sei se o motivo eram as minhas palavras ou se era a minha cara vermelha de vergonha, e me pegou em um beijo de tirar o fôlego.

— Jethrooo, sua filha está no quarto do outro lado do corredor, por favor!

— Eu tenho certeza que ela não se importaria... – Foi o que ele disse para mim.

— Mas eu me importo! – Devolvi e saí de perto dele. No mesmo momento, ouvimos um barulho vindo do quarto onde Kelly estava dormindo.

Poucos minutos depois, e eu já com o rosto na cor normal, Kelly entrou na cozinha.

— Bom dia... eu acho... – Ela tinha a maior cara de sono e cansaço.

— Boa tarde! – Jethro garantiu.

— Deu para descansar um pouco? – Perguntei.

— Deu...  eu não sabia que uma viagem intercontinental cansava tanto. – Kelly respondeu. – O que tem para comer?

— Panquecas. – Jethro levantou e foi servir a filha.

— Vocês dois estão me esperando há um tempão, não é?

— Na verdade, não. – Eu garanti. – Era fácil saber que você não acordaria cedo.

— Bem... mas qual é a programação da tarde? Já que a manhã foi meu sono da beleza? – Kelly se animou.

— Isso é com o seu motorista particular. – Apontei para Jethro.

— Só não me leve para o meio da multidão. – Ele pediu.

— A troca de guarda no Palácio de Buckingham é multidão?

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O sábado veio e passou voando... tudo bem, metade dele eu passei dormindo, mas eu estava morta de cansada.

Aí eu inventei de ver a troca de guarda. Aquilo é lindo! Se eu pudesse veria todas as vezes que isso acontece. O único problema era a cara nada feliz do meu pai quando a multidão juntou para tirar foto.

Falando em fotos, Jen estava servindo como a minha fotógrafa pessoal. Era eu pedir uma foto e ela não se importava em tirar para mim. Ainda mais com a máquina que ela tinha! Aliás, que ela disse ser minha! O aniversário era do meu pai e quem ganhava presente era eu!

Depois do Palácio de Buckingham, outra armadilha para turista. Baker Street, ainda bem que nesse não tinha tanta gente assim. A não ser a galera vestida de Sherlock para cima e para baixo no museu. Saí de lá cheia de lembrancinhas. Ainda deu tempo de visitar o Greenwich Park... e tirar foto no meridiano central da terra.

— Kelly, mais uma armadilha para turista e eu vou te arrastar para o apartamento. – Meu pai grunhiu do meu lado, e para evitar a fúria dele, me escondi atrás de Jen, já que ela não tinha medo nenhum dele!

— Na verdade, se vocês dois ainda quiserem competir no boliche, acho melhor nós irmos. – Ela disse em tom diplomático.

— É pai... se prepara, eu vou levar essa hoje! – Garanti para ele.

— Vai? Tem certeza? – Ele me abraçou de lado e me guiou no meio de todos aqueles turistas que ainda queriam tirar a sua foto.

— Com certeza eu vou ganhar essa!! Aquele troféu prova o quanto eu melhorei.

— Você jogou contra um bando de gente velha ou nova demais e só ganhou porque a luz foi embora. Quero ver jogar contra um profissional! – Ele disse todo convencido.

— Jen, uma ajuda para aplacar esse ego aqui? – Pedi olhando para trás, ela tinha ficado por último dessa vez, dando espaço para mim e meu pai, e estava olhando concentrada para o visor da câmera.

— Dessa vez eu não posso te ajudar, boliche não é muito minha praia. – Ela se desculpou.

— Pelo menos já sabemos quem ficará por último. – Papai disse sorrindo na direção dela.

— Eu vou te deixar ganhar de mim desta vez, Jethro, por dois motivos: sua filha está aqui e seu aniversário está chegando, mas não se acostume. – Ela disse sarcástica.

— Falando nisso. – Eu interrompi a troca de farpas – Quanto tá o placar da guerra particular entre vocês.

Os dois pararam e pensaram, ao mesmo tempo e quase com a mesma cara!

— Quanto tá eu não sei, mas eu estou ganhando. – Jenny garantiu quando chegamos no carro.

 - Quem falou isso? – Papai perguntou injuriado.

— Eu! Quem mais, Jethro? – Ela disse se sentando do lado dele.

Eu escolhi ir atrás dessa vez, era divertido demais ver como os dois pareciam tão sincronizados.

— Não acredite nela, Kells. Jen tem a péssima mania de virar tudo a favor dela.

— Eu não viro tudo ao meu favor, pai babão. Eu simplesmente sou mais inteligente que você! – A ruiva garantiu.

Eu tentei segurar a risada.

— É Marine, a coisa tá feia para você!

— Kelly é para você ficar do meu lado! – Meu pai ordenou.

— Jethro, sua filha é inteligente demais, ela não vai ficar do lado que vai perder! – Jen disse com um tom presunçoso.

Papai só lançou “o olhar” na direção dela. E ela? Bem, ela tombou a cabeça para o lado e respondeu:

— O do meu pai dava mais medo.

Papai só grunhiu algo que não entendi.

— Que feio, Jethro, falando palavrão em russo só para a sua filha não entender? – Ela balançava negativamente a cabeça.

Gente, mas eu adorava esses dois se bicando!

Quando chegamos no apartamento, - nossa reserva na pista de boliche começava às 21:00, eu pude observar tudo com mais atenção. Desde os quartos, até o tamanho da sala de estar com aqueles sofás super confortáveis.

E vagando a esmo pelo enorme lugar, eu vi o dicionário que eu mandei para o pai apoiado em um monte de pastas, que deduzi eram o trabalho deles.

Eu ri, pensar que o pobre coitado estava servindo de calço para a porta...

Dei outra olhada e descobri o telefone. Na hora vi que o número estava anotado do lado... uhn... interessante, peguei um pedaço de papel e uma caneta e anotei o número.

— Não vai valer para mais nada daqui uma semana. – A voz de papai surgiu do nada e eu arremessei a caneta longe.

— Sério?! – Disse descrente.

— Vamos para Paris na próxima semana. – Ele garantiu e se sentou no sofá.

Imitei a sua ação e me escorei nele.

— Lá vai ter telefone? – Perguntei esperançosa.

— Sinceramente, não sei. Mas se tiver nós vamos te ligar.

“Nós” eu gostava mais disso a cada segundo.

— E se não tiver?

— Jen dá um jeito de pegar um emprestado! – Ele piscou para mim.

— Ah, ela dá mesmo! – Eu ri. – Falando nela, onde ela está?

— Não preocupe, ela leva a eternidade para ficar pronta... – papai descansou a cabeça no encosto do sofá e fechou os olhos.

— Acho que o senhor está exagerando. – Eu tentei alertá-lo.

— Por quê?

— Bem... se o senhor abrir os olhos.

E ele fez isso. E Jen estava parada atrás dele, com uma cara não muito feliz.

— A eternidade, Jethro? Interessante, não sabia que você era imortal! – Ela brincou.

— Vamos pular a parte em que você derrama um monte de palavras difíceis na minha direção e eu já te proclamo vencedora desse round. – Papai pediu, pelo jeito ele queria muito tirar um cochilo.

— Tem alguém realmente cansado aqui hoje. – A ruiva disse surpresa. – Melhor para você, Kelly. A vitória já é sua! – Ela se sentou no outro sofá e esticou as pernas na mesa de centro.

— Vai ficar sozinha aí? – Papai perguntou para ela.

— Vou deixar você descansando... senão ainda é capaz de me culpar pela sua derrota iminente.

Sou só eu, ou o rosto de Jenny mudou de cor? Ela ficou vermelha?

— Se você insiste... – papai deixou o convite no ar.

Jenny não se mexeu e ficou no outro sofá fazendo careta na direção dele.

E eu fiquei pensando... Jenny estava com vergonha de ficar do lado do meu pai enquanto eu estava aqui? Por que aquele tom de vermelho no rosto dela indicava isso. E juntando o que papai disse.

Ah, meu Deus!! Será que esses dois estão tendo um relacionamento enrolado?

Foi aí que notei, ela poderia não ter sentado do lado dele, mas meu pai fez questão de que pelo menos eles estivessem perto de alguma maneira, ele trocou a posição das pernas e seu pé ficou escorado nos de Jenny.

Sorri para o gesto. É papai, dessa vez não tem jeito...


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Notas finais do capítulo

SIM!!! Eu coloquei Kelly e Jenny juntas antes da hora porque não resisti!! Essa garota tinha que conhecer a ruiva!!
Espero que tenham gostado.
Muito obrigada por lerem!!
Até o próximo.
xoxo
P.S.: Eu nunca fui a Londres, mas o pai Google é um ótimo professor quando a gente precisa!!



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