POV Damon

Fazia um dia quente no Chalé das Conchas, as gaivotas voavam e o mar cantava em seu ritmo melodioso. Os reflexos do sol que nascia entravam pelo quarto onde eu a contemplava dormir. Nenhuma paisagem se comparava a beleza que era o contraste de seus cabelos negros com sua pele alva. Nenhum som se comparava a sua suave respiração. Eu estava em paz. Por enquanto.

A Izy passou a noite inteira planejando o que iria fazer hoje. Gui e eu iremos com ela para protegê-la. Quando ela coloca algo na cabeça, podia ser mais teimosa que um duende. Eu velei seu sono enquanto ela resmungava. Ri comigo mesmo pensando em como tinha sido divertido. A parte que ela falou o nome do idiota-Cullen eu ignorei. Claro.

Eu queria deixá-la dormir mais, mas eu sabia que ela ficaria furiosa se eu não a acordasse. Suspirei. Hora de parar a brincadeira.

-Izy. Vamos acorde. – falei despertando-a.

Ela piscou duas vezes antes de se levantar de supetão. Comecei a gargalhar e ela me encarou.

-Posso saber o que é tão engraçado Damon Salvatore? - perguntou, com as mãos na cintura, parecendo a senhora Weasley, o que me fez rir mais.

-Que bom que você está de bom humor. – disse, jogando um travesseiro em mim.

Ela pegou uma bolsinha e foi ao banheiro. Passei um tempo ouvindo a água bater no seu corpo. Como era bom tê-la tão perto. Izy voltou já vestida com vestes bruxas azul-marinho e uma capa de viagem preta.

-Bem, tenho tudo aqui. Vamos comer e chamar o Gui. –ela falou, me puxando pela mão.

-A quem você quer enganar Izy? Você não vai comer nada. –falei revirando os olhos.

-É verdade, mais eu vou tentar.

Ela desceu os degraus de dois em dois e se dirigiu ao Harry que nos esperava no sofá. Ela sentou ao lado dele e ele a rodeou com os braços. Não fiquei muito feliz com essa proximidade, mas não demonstrei nada.

-Você vai fazer o tipo de idiotice que eu faço. Só volte inteira Izy. Eu preciso de você inteira, entendeu? Isso é uma ordem. – Harry disse, segurando o riso, mas com uma ruga de preocupação na testa.

-Eu sei Harry, não se preocupe, vai dar tudo certo. Depois eu tenho um vampiro e um lobisomem como seguranças. – ela disse, tentando acalmá-lo.

Gui veio logo depois. Ele também usava roupas bruxas. Quando me viu, acenou positivamente com a cabeça. Nós tínhamos conversado em particular sobre os quatro problemas chamados Harry, Izy, Rony e Mione. Eles estavam tramando algo e o Gui estava preocupado. Eu nunca consegui controlar a Isabella, mais eu podia tentar.

POV Edward

Mais um dia em Volterra. Eu tentei convencer Aro de que era importante caçar os Comensais antes que eles nos cacem, mas ele estava irredutível. Eu vi, nos pensamentos dele que ele está com medo. O mesmo medo que eu vi em trouxas e bruxos. Aro teme por sua vida, se Voldemort vier a Volterra se vingar de seus Comensais.

Mas, o que mais me entristece não é a minha incapacidade de convencer os Volturi e sim a falta dela, ou pior, a rejeição dela. Bem, é compreensível. Um vampiro pode atrapalhar. Apesar de ter matado alguns seqüestradores, eles não se comparam a bruxos seguidores de Voldemort.

Eu entrei em contato com minha família há alguns dias. Esme estava aflita e foi isso que, em parte, conseguiu adiar meu suicídio. Eu não queria que ela ficasse triste com minha morte, mais é impossível. Alice viu minha decisão e decidiu vir atrás de mim. Nós nos encontramos ontem em um lugar seguro, fora de Volterra.

-Edward, você já pensou que pode estar errado? - Alice falou, encarapitada em uma árvore, me encarando súplice.

-Eu conheço a Bella, Alice. Ela sempre disse que iria embora, que os amigos dela precisavam dela...

-Se é assim, por que ela simplesmente não disse que iria? Por que não se despediu?

-Por que eu não a deixaria ir...

-Então por que ela não está com seus amigos, se ela queria ajudá-los?

-Por que ela sabia que eu viria atrás dela e ela quer ficar sozinha, sem a proteção de ninguém. –falei, já desesperado.

-Edward, isso é... difícil de acreditar...

-Acredite Alice, é bem pior pra mim.

Alice não disse mais nada. Ela voltou para o Jarper no mesmo dia. São tempos perigosos e é bom que eles fiquem todos juntos. Minha família agora se encontra em Londres, trabalhando na Ordem. Juntos com bruxos, eles caçam seqüestradores e protegem trouxas. Meu peito se aperta só de pensar neles correndo perigo.

A entrada de Jane me trouxe ao presente. Ela tinha a imagem da Bella em sua mente e isso me intrigou. Ela estava com ódio no olhar e inveja no pensamento.

-A senhorita Swan pede permissão para entrar. –anunciou ela.

-Ora essa, já não era sem tempo! –Aro falou. Em sua mente, ele calculava as possibilidades.

Jane voltou para a entrada e voltou logo depois com a minha Bella atrás de si. Se eu fosse humano, meu coração estaria disparado. Ela vestia as mesmas roupas estranhas que eu tinha visto alguns bruxos vestirem e seu cabelo estava preso em uma trança embutida. Sua roupa dava a ela um ar de superioridade. Aliás, ela entrou com porte de uma rainha no salão dos Voltures. Sua expressão suave, despreocupada e altiva confirmava isso.

Ela vinha escoltada pelo Damon, que estava com sua cara de deboche de sempre, e de um lobisomem que eu não conhecia. Os dois estavam portando varinhas e estavam sérios. Os dois pararam e a Bella continuou em direção a Aro, que se levantou para recebê-la.

-Isabella Swan. –sibilou Aro, com deleite.

-Também é um prazer revê-lo Aro. Só desejava que fosse em tempos melhores.

-Soube que estava desaparecida. – Cutucou Aro. Ele queria ver fraqueza nela.

-Sim. Eu fui capturada pelo Tom Ridlle em pessoa, mas aqui estou eu, novinha em folha. Como pode ver, herdei muito mais do que dinheiro do meu padrinho.

-Sinto muito pela sua perda Isabella. Seu padrinho e eu tivemos nossas divergências, mas ele sempre foi um bom amigo. –Aro falou impassível, mais em seu íntimo, ele estava realmente surpreso com a força dela.

-É, foi uma perda não só minha, mas eu tenho um assunto mais urgente Aro. –ela falou com o olhar fixo nele.

Eu fechei os olhos com força. Como eu pude errar tanto em julgá-la? Ela foi capturada e eu pensando que ela estava fugindo de mim. Eu sou o ser mais doente e desprezível que existe.

“Imbecil-Cullem. Deixou-a sozinha para ser capturada, abandonou a busca por ela, e ainda arranja problemas pra ela resolver. O que ela viu em um fraco como você é um mistério curioso...” – Damon pensou, me encarando com cara de poucos amigos.

POV Bella.

Eu só precisava convencê-lo. Mas como? Eu só espero que a minha proposta seja boa o suficiente para que ele lute. Damon não demonstrava, mas eu podia sentir sua apreensão, seu medo de que eles se voltem contra mim.

-Então diga, minha amiga bruxa, o que realmente lhe trás aqui.

-Sei o que você quer Aro, o que sempre quis, e eu posso lhe dar, se me ajudar, é claro. –disse e Aro riu.

-Eu por acaso também sei o que quer Isabella. Quer que morramos pela guerra dos outros.

-E você quer um departamento do Ministério da Magia. Um Ministério só de vampiros, sobre sua tutela. Você lutaria por isso, meu caro Aro? -Ele parou, me avaliando.

-Você é mesmo uma aprendiz de Dumbledore. –Aro começou a andar em círculos. –Mas diga, que garantias você pode me dar?

-Se o Ministério sair das mãos de Ridlle com a sua ajuda, não será difícil criar algo para beneficiá-lo. Pense bem Aro, é uma chance única.

-Mas e se vocês não saírem vitoriosos?

-Você tem que apostar Aro. Se você não fizer nada, mais cedo ou mais tarde, ele virá. Pense nisso como uma precaução. É melhor lutar contra ele e ganhar algo do que esperar ele chegar.

Aro parou e olhou pro alto, depois olhou pra sua guarda que aguardava em silêncio. Ele virou as costas para mim e caminhou em direção aos dois vampiros que estavam sentados em tronos. Os dois se levantaram e vieram em direção a ele e, de mãos dadas, fizeram um círculo. Dumbledore me contou sobre o “dom” do Aro.

Passei os olhos pela sala até vê-lo. Ele estava, assim como eu, todo de preto, mas a diferença é que a cor lhe cabia muito melhor. Sua calça jeans e sua blusa lhe definiam seu abdômen maravilhoso. Seus olhos estavam negros e haviam olheiras em seu rosto. Ele me olhava de um modo estranho. Eu esperava ver um Edward mais feliz em me ver.

-Você vai embora comigo. –Sussurrei. Ele negou com a cabeça e eu gelei. Merlin! Ele não me quer mais. Ao ver meu olhar em pânico, ele se aproximou de mim.

-Tudo bem Bella, eu verei você depois. –ele disse a uma distância segura de mim.

-Se você pensa que vai se livrar assim de mim, está muito enganado! –sussurrei de volta.

Aro se voltou para nos olhar e, pela sua expressão, eles tinham chegado a um veredicto. Todos se voltaram para ele.

-Você venceu Isabella. Nós lutaremos ao lado dos bruxos.