Eu odeio esse lugar e tudo que nele existe. Suas paredes úmidas, seu vento frio, a falta dela... Iza. O quarto em que me colocaram era medieval, tinha uma enorme e inútil cama de dorcel no centro, uns quadros desconhecidos de Monet, uma escrivaninha e alguns pergaminhos. Não tinha o jeito dela, suas cores alegres, sua harmonia. Deus, estou enlouquecendo! A verdade é que eu me acostumei com ela. Era ela quem decorava minhas casas, colocava rosas nos jarros, arrumava tudo com sua magia.

Eu nunca estava sozinho, sempre tinha mulheres pra me alimentar. Ela nunca me criticou verbalmente, apagava a memória delas. Aquilo me envergonhava tanto que eu comecei a beber sangue doado à hospitais. Quanto às garotas, pra quê garotas se eu tinha a ela? Não, eu não a quero como mulher. Eu a quero como amiga. Apenas sinto sua falta. Isso é tudo.

Saí desse quarto deprimente e fui andar. Nem todos são amigos de bruxos pra terem anéis que te permitem andar no sol. Isso significa que eu sou o único andando de dia. Só a elite Volture tem anéis e eles não andam por aí sozinhos nos dias de hoje. Acho que foram eles que deram anéis aos Cullens, sem mencionar a parte dos bruxos, é claro.

É irracional o medo que os Voltures tem dos bruxos. Eu lutei contra Comensais e não foi tão difícil. É claro que no começo eu sempre tomei cuidado pra Izy ganhar de mim, até ela realmente começar a me dar trabalho. Izy. Eu prometi protegê-la. Droga, voltei a pensar nela de novo!

O sol estava escondido por uma névoa agourenta em Volterra, os pássaros não cantavam, as árvores não balançavam, mas as pessoas continuavam suas vidas. Tudo normal. Elas não entendiam que essa névoa eram por causa dos Dementadores e que todas as mortes eram por causa de um cara maluco, com uma ideologia doentia.

Ontem à noite eu conversei de novo com Aro, tentando dissuadi-lo a lutar. Foi inútil. Covarde. Ele vive em sua redoma de ouro, não entende que se todos os trouxas morrerem nós morremos. A não ser que queiram se alimentar de bruxos... ou seja, morreremos de todo jeito.

Talvez Carlisle, com sua diplomacia, conseguisse algo. O pior é que eu estou perdendo tempo aqui. Nunca me preocupei com tempo antes, até que ela surgiu com seu tempo humanamente curto. Todo tempo com ela é precioso. Que inferno!

Acho que vou pra Londres amanhã. A Ordem precisa de ajuda e esses infelizes não vão ajudar em nada de qualquer forma. Não quero voltar pra Mystic Falls, não depois do que aconteceu naquela maldita tumba. Katherine está viva e nem sequer se deu ao trabalho de dizer olá. Em pensar que eu morri tentando salvá-la, e para quê, pra ela rir de mim como se eu fosse um idiota? Talvez eu tenha sido um idiota com ela. Stefan conseguiu esquecê-la depois que encontrou a Elena, que na minha opinião se parece mais com a Ketherine do que quer transparecer. O Stefan que fique com a Xerox. Eu me interesso mais por bruxas...   

Meu telefone toca. É o Lupin. Olho intrigado o visor do meu telefone e pressinto algo ruim.

-Lupin, é o Damon. –diz a voz rouca de meu amigo lobisomen.

-Damon, a Izy sumiu. –senti meu mundo dar voltas e podia jurar que eu tremia.

-Como assim sumiu? -apertei o celular, quase o transformmando em pó.

-Edward estava com ela, ele saiu pra caçar e a deixou só. Não passou nem meia hora eu cheguei e ela não estava mais lá. Tem rastro de magia e sinais de luta. Damon ache-a.

-Cadê o animal? Vou matá-lo Lupin. Se ela... Se eu a perder eu o mato. Ele já é um defunto entendeu? Mande o Cullen ficar longe.

-Consentre-se na Izy, Damon. Vamos procurar por aqui. Eu avisarei todos da Ordem e os pais dela.­ –senti meus joelhos cederem. Os pais dela. Ela era minha responsabilidade.

-Vou achá-la Lupin. Vá pra Londres. Ela deve estar com algum Comensal. É inútil proucurar em Forks.

Quebrei o telefone. Eu a vi na minha frente. Sua pele branca e suave como a seda, seus cabelos castanhos, sua boca avermelhada, seus olhos de chocolate...

Eu verei seus olhos novamente ou eu não me chamo Damon Salvatore.