Razões e Mistérios escrita por Day_siqueira


Capítulo 1
Admirável Mundo Novo




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Olho pela janela do avião, as nuvens que passam tão livres...

Deve ser bom ser uma nuvem, não pensar, só se deixar levar pelos ventos...

 

Tento em vão fazer com que minha mente fique tão leve quanto elas, mas como, se eu tenho tanto o que pensar? Dentro desse transporte trouxa tento me sentir como eles com suas vidas tão fáceis, com problemas tão bobos. Me lembro de como foi minha vida ate aqui, de como passei seis anos em Hogwarts, em como fui tão feliz com meus amigos, em como ele voltou e com ele, o medo. Ver o medo no rosto dos seus amigos não é fácil, vê-lo no rosto da sua família então, é agonizante. Meus pais são aurores e nesses tempos difíceis ele tem que lutar dia e noite para caçar Comensais da Morte, e é claro, eu sou um estorvo. Não que eles tenham dito isso. É que simplesmente eles não podem cuidar de mim o tempo todo e o mundo bruxo não é mais seguro desde que o Ministério foi tomado. Antes eu ficava segura na escola, mas agora ate a escola é perigosa pra mim. Sou o que eles chamam de “traidora do sangue” por ser amiga de trouxas ( minha melhor amiga Hermione Granger, que se encontra desaparecida, mas eu sei que está ajudando o Harry-aquele que eu acredito que matará Você-sabe-quem). Por todos esses motivos, meus pais decidiram que ia ser melhor eu ir para Forks ( uma cidadezinha escondida habitada por trouxas nos EUA). Meus pais ficarão trabalhando para a Ordem da Fênix e não entrarão em contato comigo e eu ficarei junto do meu tio trouxa, irmão da minha mãe, Charlie.

 

Ao longe posso ver o verde que circunda Forks como uma fortaleza. Apesar dos meus protestos por estar aqui, e não lutando ao lado dos meus pais, eu me sinto feliz por estar tão longe de tudo, pois no fundo era tudo que eu queria: um tempo, principalmente depois de ver que várias pessoas que eu conhecia estão mortas.

 

No aeroporto meu tio me espera, e não é difícil encontra-lo pela sua roupa esquisita (serio, as roupas trouxas são esquisitas, mas a dele se superava), então lembrei que ele era uma espécie de auror dos trouxas, o que eles chamam de polícia.

- Bom te ver, Bells. Você não mudou muito. Como vão seus pais?

- Estão bem.- assim espero- É bom te ver também, tio.

Ele me ajudou com a minha mala, que apesar de pequena, tinha todas as minhas coisas, magicamente arrumadas.

 

Depois de uma silenciosa viajem de carro pra casa, meu tio Charles me mostrou meu quarto. O chão era de madeira, as paredes azul claro, o teto curvado, as cortinas de renda já amareladas, uma escrivaninha com uma máquina trouxa  em cima que eu não sabia pra que servia. Adorei o jeito do tio Charlie, tão discreto, calado, vai me ajudar a meditar sozinha.

 

Arrumei minhas coisas tentando não usar magia, pra ir me acostumando, mas desisti. Agora que o Ministério foi tomado meus pais tem medo que eles consigam rastrear bruxos, mas é só preocupação de aurores. O ministério americano não tem interesse em mim, e a guerra não chegou aqui, ainda.

 

Na parte da noite, fiquei lendo alguns livros que peguei emprestado dos meus pais, sem eles saberem. Quero estar preparada pra quando voltar pra Londres, puder lutar ao lado dos meus pais e dar-lhes orgulho. Estava esperando minha coruja, Brida, chegar. Ela não veio comigo de avião e sim voando de Londres, pois não consegui persuadi-la a entrar na gaiola. Ela sempre faz o que quer. Ela demorou e eu acabei adormecendo sobre os livros e acordei assustada.

 

Eu pude ver seus olhos, assim como quando eu estava no Ministério ano passado lutando com meus amigos contra Comensais, olhos ofídicos, pele quase translúcida, pude ver também meu padrinho Alvo lutando contra ele. Vi o seu rosto quando os aurores chegaram e souberam a verdade, vi o cansaço, a coragem, o poder...

 

Uma lágrima teimosa desce pela minha face, quando eu me lembro que não mais o verei, quando não mais terei seus conselhos, suas aulas particulares em que ele me ensinava a ser mais forte. Ninguém o conhecia mais do que eu, se é que alguém o conhecia. Eu ri da idéia, ele era tão misterioso. Só uma coisa me faz parar de chorar e tomar coragem: a certeza que eu vou caçar o cão que o matou. Severo Snape.

 

O dia amanhece em Forks e eu me preparo pra começar a ter aulas de direção. Tomo café com meu tio e ele me ensina algumas coisas sobre a vida escolar dos trouxas (droga devia ter ido assistir com a Mione aulas de Estudo dos Trouxas).  Ele mesmo me ensina, ou tenta, a dirigir. Ate que não é difícil, pra quem já montou de vassouras ate hipogrifos... À tarde ele me deu dicas de sobrevivência na escola e a usar um celular que eu podia usar pra ligar pra ele sempre que estivesse em apuros e não souber o que fazer.

 

Eu trouxe algumas plantas, dentro da minha mala, que poderão ser úteis pras minhas poções. Arrumei-as num canto, tendo especial trabalho com os Arapucosos que tentou me estrangular, no momento que eu a toquei.

 

Na parte da noite, voltei para os meus estudos de Defesa Contra as Artes das Trevas, ate finalmente dormir, dessa vez, sem sonhos.

 

Chegou o grande dia, o dia em que eu iria me arriscar em meio a adolescentes hostis. Afy, não tenho medo de enfrentar Severo Snape, mas enfrentar um dia de aula...

 

Snape. Tenho que tirar esses pensamentos homicidas por enquanto e me concentrar na aula. Ate que não foi difícil dirigir ate a única escola da cidade (oh cidade pequena, que saudade de Londres...). Segundo meu tio, eu deveria ir à secretaria pegar meus horários, e depois tentar achar a sala da minha primeira aula. Não foi difícil achar a secretaria, ate porque tinha o nome “Secretaria” na frente, lá dentro estava bem iluminado e bem mais quente do que imaginava. A secretaria era pequena, com uma pequena sala de espera com cadeiras dobráveis, carpete laranja, avisos e prêmios abarrotados pelas paredes e um grande e ruidoso relógio. A sala era partida ao meio por um grande balcão, cheia de cestas de arame repletas de papéis e anúncios coloridos colados na parte da frente. Havia três mesas atrás do balcão, uma delas ocupada por uma mulher ruiva e grande, usando óculos,que me olhou com curiosidade.

 

— Sou Isabella Swan — informei-lhe, e vi seus olhos demonstrarem reconhecimento imediato. Eu era esperada, tópico de fofocas, com certeza.

— Claro ,a filha do chefe Swan.—

 

Deporei um pouco pra entender, aí lembrei que ele me registrou como filha porque eu não posso ser identificada como filha dos meus pais. Que ódio do Valdemort.

 

-Sim, sou eu.

 

-Ele pediu pra eu explicar tudo direitinho porque você é inglesa e estudava em um colégio diferente.

Bota diferente nisso

 

-Obrigada. Agora eu já vou, eu tenho que achar minha sala.

-Boa sorte querida.

 

-Valeu.

 

Ate que ela foi simpática, mas eu não senti sinceridade nela. Deixa pra lá, já tenho problemas suficientes. Eu achei minha sala, eu sentei em uma cadeira vazia e me encolhi pro professor não me chamar pro que o tio Charlie chamou de “se apresentar pra turma na frente da sala”. Em Hogwarts eu não veria problema nisso, eu era tão popular e carismática, mas aqui eu seria o mais discreta possível. Claro que eu não tenho sorte, então quando o professor chegou, ele me chamou, assinou uma cartilha que a trouxa do balcão tinha me dado e me apresentou à sala. Roxa de vergonha, como se já não tivesse gente demais reparando em mim, eu voltei pro meu lugar e prestei o máximo de atenção possível na aula (que, aliás, era chatíssima) de matemática.

Ainda bem que eu troquei a capa do meu livro de matemática por um de DCAT. Deu pra enrolar legal. Ótimo, vou me ferrar nas provas.

 

Depois da aula, ao entrar nos corredores sinto olhos me olhando e isso me incomoda.

Um garoto de pele branca, cabelos pretos, parecendo um nerd veio falar comigo.

 

— Você é Isabella Swan, não é? — ele parecia do tipo muito prestativo, parte do clube de xadrez.

 

— Bella — corrigi, em Hogwards me chamavam de Isabella, mas é bom mudar um pouco, só por precausão.

 

— Onde é sua próxima aula — ele perguntou. Precisei olhar na mochila. — Hum, Governo, com o professor Jefferson, no prédio seis.-eu não faço idéia do que seja essa matéria.

 

— Estou indo para o prédio quatro, posso te mostrar o caminho... — definitivamente muito prestativo.

 

— Sou Eric. — Ele adicionou.

 

 — Obrigada.

 

— Então, aqui é bem diferente de Londres, hein? — ele perguntou enquanto andavamos.

 

— Muito.

 

— Não chove muito lá, não é?

 

— Três ou quatro vezes por ano.

 

— Uau, como será que é isso? — ele ficou imaginando.

 

— Ensolarado, mas é só no verão. O outono e o Inverno são parecidos com aqui. — eu lhe disse.

 

— Você não parece bronzeada.

 

— Minha mãe é parte albina.- ele ficou me analizando pra ver se era verdade, ele sabia o que era ironia? Não.

 

— Bem, boa sorte. — Ele disse enquanto eu alcançava a maçaneta. — Talvez tenhamos outras aulas juntos. — Ele soava

esperançoso.

 

Sorri vagamente para ele e entrei. Eu o achei prestativo demais, com segundas intenções. Não que eu não quisesse namorar, é que, desde que o menino que eu gostava morreu, eu meio que me fechei pra essas coisas. Seu nome era Cedrico Diggory. Ainda me lembro dele, e como foi difícil superá-lo depois que Voldemort o matou.

 

A outra aula também foi chata, mas acabou rápido. Fui seguindo o fluxo de alunos ate chegar ao refeitório. Cheguei perto da cantina e fiz careta pra comida. Definitivamente vou sentir falta do Dobby e de seus doces. É o jeito me contentar. Peguei uma comida que tinha a cara melhorzinha e fui procurar uma mesa. O menino do corredor me chamou e eu fui sentar à mesa com ele e seus amigos. Tinha também uma menina que eu não decorei o nome, e outra chamada Jéssica, que logo veio pro meu lado e falou quem eram todos os alunos da escola. Conforme ela ia dizendo o nome, ela ia dizendo as fofocas sobre cada um. Eu estava rindo do jeito dela quando eu os vi, e, imediatamente, meu sorriso acabou, pois eu percebi o que eles eram: vampiros.

 

Eram cinco. Todos incrivelmente lindos e pálidos. Eles não estavam me olhando como o resto do refeitório. Tinha três garotos, um moreno, forte, outro louro, musculoso, apesar de mais magro, e outro que parecia ser o mais jovem, magro, porém definido, com cabelos cor de bronze assanhados. Junto a eles tinha duas garotas, uma loura linda, outra morena, baixinha com cabelos pretos curtos e cheios de pontas.

 

Na mesa vários vampiros que estavam cada um olhando pra um lado qualquer até que se viraram pra mim. Automaticamente me virei, e a Jéssica viu.

 

— Aqueles são Edward e Emmett Cullen e Rosalie e Jasper Hale. A baixinha é Alice Cullen. Todos vivem juntos com o Dr. Cullen e a esposa dele. — Ela falou isso meio entre os dentes.

 

-Uhum. - Tentei não demonstrar curiosidade, mas ela continuou falando algo como o estranho de eles morarem na mesma casa.

 

— Quais são os Cullens? — perguntei — Eles não se parecem...

 

— Ah, mas não são. O Dr. Cullen é bem jovem, tem uns 20 ou 30 e poucos. São todos adotados. Já os Halle são irmão e irmã, gêmeos - são os loiros - e vivem com eles.

 

— Eles não são um pouco velhos pra isso? -falei, mas o que me espantou foi o fato de eles andarem em grupo. Vampiros, normalmente são nômades e andam só ou em pares.

 

— Agora sim, Jasper e Rosalie já têm dezoito anos, mas vivem com a Sra. Cullen desde que tinham oito. Ela é tia deles ou algo assim.

 

— Isso é bem legal - deles cuidarem de todas essas crianças assim, sendo tão jovens.

 

— Acho que sim, Mas acho que a Sra. Cullen não pode ter filhos.

 

— Eles sempre moraram em Forks?

 

— Não. Eles vieram para cá dois anos atrás, vindos de algum lugar no Alasca. -Uau, tanto tempo em um mesmo lugar?

 

Enquanto eu os analisava, o mais novo, um dos Cullens, olhou para mim e nossos olhos se encontraram, dessa vez com uma expressão evidente de curiosidade. Enquanto eu esquivava meu olhar, me pareceu que no dele havia alguma expectativa não alcançada.

 

— Qual deles é o garoto de cabelos castanhos avermelhados? — perguntei.

 

— Aquele é Edward. Ele é maravilhoso, lógico, mas não perca tempo. Ele não namora. Nenhuma das garotas daqui são bonitas o suficiente para ele, aparentemente. — ela desdenhou, um caso claro de rejeição. Fiquei me perguntando quando ele tinha rejeitado ela.

 

Arrisquei mais uma olhada neles. Nenhum me olhava, só mexiam suas comidas, sem realmente comerem, e fingiam ser normais. O de cabelo dourado me encarou e eu segurei olhar. Ele me olhava, primeiro com curiosidade, depois como se estivesse se esforçando em algo, depois com decepção. Qual era a dele, pois eu conhecia outros vampiros, mas eles não eram estranhos assim.

 

Ouvi a Jéssica falar algo sobre ele ta olhando pra você e desviei o olhar. Se ela soubesse como eles são perigosos pra ela... Espera um pouco, como eles conseguem ficar entre humanos? Então eu lembrei que os olhos deles eram da cor dos do Estefan. Eles devem ser “vegetarianos”.

O sinal tocou e fomos para as nossas salas. Sentado na única mesa que tinha um lugar livre estava o vampiro que tinha me encarado. Do nada ele se endureceu e pareceu que ia pular no meu pescoço. Legal, e meus pais pensando que não tinha nada perigoso em Forks... Sentei na cadeira com a mão segurando minha varinha por baixo da manga da blusa, e fiquei imóvel. Um movimento brusco dele e eu iria estuporá-lo, mesmo tendo trouxas em volta. A aula toda se passou assim: duas estátuas tensas tentando ouvir o que o professor falava.

 

O sinal tocou, e ele quase sumiu de tão rápido que correu.

 

— Você não é Isabella Swan? — perguntou uma voz masculina.

Olhei para ver um garoto bonitinho, com cara de bebê, o cabelo loiro claro cuidadosamente moldado com gel, sorrindo para mim de um jeito amigável.

 

— Bella. — corrigi.

 

— Sou Mike.

 

— Oi, Mike.

 

— Precisa de ajuda pra encontrar sua próxima aula?

 

— Na verdade, estou indo para o ginásio. Acho que consegui achá-lo.

 

— Essa é minha próxima aula também.

 

O garoto que falou comigo, Mike, também percebeu como o “Cullen” tava estranho.

 

Ele me mostrou onde ficava o ginásio e me explicou o que eu tinha que fazer. Gostei dessa tal de Educação Física ia me deixar forte fisicamente caso eu me veja em apuros e precise correr. No fim da aula, eu fui à secretaria entregar meus papeis e lá estava ele, acho que estava tentando cantar a senhora do balcão pra ela mudar seu horário. Certo, ele me odiava, mas será que ele tinha algum motivo, ele saberia que eu sou, será que já me viu? Gelei, bem na hora que ele se virou dizendo que ela não podia ajudá-lo. Acho que ele viu o medo em meus olhos e interpretou errado e saiu parecendo que eu tinha o xingado. Definitivamente estranho.

 

Fui pro meu carro, segui pra casa, comi qualquer coisa e fui estudar. Amanhã seria um dia daqueles.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado!
Manti os diálogos por que eu adoro eles.
Mandem suas opiniões.
Valeu!