Certo! Se tem uma pessoa à quem o Lucas contaria alguma coisa, seria para a Sarah. Então fui a luta. Tentei ligar pra ela mas isso não adiantaria já que ela poderia mentir, então é melhor olho no olho.  Agi normalmente até a hora de ir. Brinquei com as crianças, enchi o Lucas, fiz o almoço e o levei para  Matt.

_Matt seu almoço. - disse entrando no quarto com a bandeja.

_Vai sair roxinha? - ele disse me olhando de cima embaixo.

_Sim.

_Está linda. - ele abriu um sorrisão.

_Obrigada. - coloquei a bandeja em cima dele.

_Posso saber onde você vai? - ele perguntou ajeitando a bandeja.

_Na – falei baixinho para o Lucas não ouvir. _Na casa da Sarah.

_A tá... - ele disse de forma estranha e olhando para o prato.

_Por que? - brinquei _Não quer ficar sozinho?

_Não é, que... sei lá, deixa.

_Garoto estranho.

_Deve ser a febre. - ele disse vagamente.

_Você está com febre? - perguntei preocupada.

_Não sei.

_Vou pegar o termômetro. - peguei o termômetro na mesinha ao lado da cama. _ Pronto deixa eu colocar.

_Não. - ele se afastou.

_Como não?

_Você não vai enfiar isso na minha boca.

_E como eu vou medir sua temperatura criatura?

_Põe no meu pé. - ele riu.

_Não dá pra medir desse jeito.

Tentei novamente enfiar o termômetro na boca dele mas em vão. Mesmo doente ele é rápido.

_Nem, pensar.

_Matheus!

Ele se remexia como uma minhoca com cãibra. Nunca o vi agindo de forma tão infantil e irresponsável. Se ele estava com febre mesmo eu tinha que ver pra cuidar dele.

_Para de se mexer ou eu vou enfiar esse termômetro -

_Eita! Que história é essa? - Lucas entrou no quarto sorrindo. Parece que ele estava bem mais calmo do que antes.

_Eu ia dizer ''na sua goela a baixo''.

_A tá. - ele riu e se sentou ao lado de Matt.

_Você não está com febre. - falei _Seu mané. Eu vou indo. Mede a temperatura dele você Lucas.

Sai do quarto furiosa.

_O que aconteceu? - Lucas perguntou com o termômetro na mão.

_Se ela visse que estou com febre não saíra de casa. Ela já faz muito por mim.

_Quando vai parar de mentir pra ela?

_Quando esse inferno acabar.

Na sala, peguei minha bolsa, dei um beijo nas crianças e sai. Chegando na casa da Sarah ela me atendeu sorrindo como sempre. Eu entrei e fomos direto para o quarto dela. Seu quarto parecia uma mistura de paty com roqueira doida. Sarah sempre foi assim: metade pink, metade black. Nunca um só. Era engraçado como ela misturava as coisas mas nela dava sempre certo.

_Então o que te trouxe a minha humilde residência? - ela falou brincando.

_Seu namorado bocó. - falei no mesmo tom que ela.

_O que ele fez dessa vez? - perguntou preocupada.

_Ele te contou alguma coisa sobre nossos pais? Tipo, uma briga ou desentendimento?

_Ele me ligou ontem dizendo que o tio de vocês voltou.

Como sempre! Eu não disse? Lucas sempre contava tudo a Sarah. Eles pareciam casados. O que era muito fofo... Mas voltando a história.

_Mesmo? O que mais?

_Ele disse que não quer ele lá por que o que ele fez é imperdoável.

_O que é imperdoável?

_Parece que seu tio tento tirar alguma coisa muito importante do seu pai. Por isso os dois brigaram e ele foi embora.

_Será que meu tio é mesmo um vilão?

_Não sei, mas, seu irmão não está nada feliz com ele por perto.

A unica coisa que daria certo seria um confronto entre meu tio e o Lucas, alguém teria que falar. Mas pensando bem acho que eles se matariam...

_Anne?! - Sarah me gritou _Anne?!

_O que?

_Você tá pensando em que?

_Em como descobrir o que aconteceu entre meu tio e meu pai.

_Sua mãe nunca disse nada?

_Não. Minha mãe - pensei um pouco e continuei _ Ela parecia entender o olhar do meu pai. Eles eram tipo, perfeitos um para o outro. Uma vez me lembro, eu era bem pequena e vi umas fotos dos meu pai quando ele tinha uns dezesseis anos. Estava ele meu tio e minha mãe. Só que na época não sabia que era meu tio. Perguntei quem era o cara ao lado deles e minha mãe olhou pro meu pai, depois pra mim, e disse que não lembrava, mais senti que ela sabia.

_Então a única pessoa que poderia te falar seria sua mãe.

_É. Espera! - gritei _Tem um jeito dela falar. - falei me levantando em um pulo _Sarah muito obrigada, mas eu tenho que voltar. Não diz ao Lucas que eu estive aqui.

_Eu não vou mentir pra ele.

_Não mente... modifica a verdade.

_É a mesma coisa Anne.

_Então não diz nada. Se ele pergunta: ''Sarah a Anne veio aqui perguntar sobre o meu tio?'' ai você fala. Mas se não, não comenta.

_É, não vou estar mentindo... Certo vou fazer isso.

A Sarah é legal, mau sabe ela que já enganei muitos professores de matemática com essa desculpa...

Cheguei em casa e corri para o quarto dos meus pais. Eu avia dado muitas coisas dos meus pais, menos coisas que eu julgava muito especial como perfumes, pra continuar sentindo o cheiro deles e coisas pessoais como os quartões de baseball do papai e, os diários da mamãe.

Os diários da mamãe são como a bíblia; os dois são sagrados pra mim. Então eu nunca li. Curiosidade eu tinha, e muita, mas respeitava essa privacidade dela. Só que agora, o futuro da minha família estava em jogo então eu precisava fazer isso. Tranquei a porta do quarto e me sentei na cama, li algumas páginas, nada de mais até que eu cheguei a uma parte interessante...

Férias na casa da bisa.

''Hoje Rafael, Ricardo e eu fomos até a praia. Foi bem legal até o Ricardo me beijar. Rafael ficou furioso e partiu pra cima dele. Eu não sei o que vou fazer, esses dois vão acabar se matando.''

_Eles já não se davam bem. Acho que tô começando a entender.

''Fizemos uma trilha hoje e foi bem divertido. Eu e o Rafael ficamos e foi muito especial. Eu amo muito o Ricardo mais sinto algo muito mais especial pelo Rafael. É amor. O que eu vou fazer meu Deus?''

_É mãe, você não é a unica.

O ue eu tô pensando? Vasculhei os diários e achei um mais recente.

''Querido diário, nossa que brega escrever “querido diário” enfim, hoje eu e o Rafael saímos e foi muuuito legal. Eu amo mesmo aquele chato. Já me imagino casada e com quatro filhos. Nossa tô exagerando, isso NUNCA vai acontecer.''

_É não se sabe nada sobre o futuro.

Olhei mais algumas páginas e achei o que estava procurando.

''Hoje Rafael me pediu em namoro, teria tudo sido perfeito se o Ricardo não tivesse se declarado pra mim também. Foi a pior coisa que já me aconteceu, eles me encostaram na parede, me pediram para decidir entre eles o que eu vou fazer? Quem eu vou escolher? Minha vida acabo.''

_Foi esse o motivo da briga. Eles brigaram pela minha mãe.

''O Ricardo foi embora. Parece que foi fazer intercâmbio no Japão. Meu coração está doendo um pouco, mais meu coração sempre foi do Rafael. Só sinto muito por ter separado dois irmãos que se amam. Mais uma coisa eu prometo, daqui até minha morte vou fazer de tudo para juntá-los de novo.''

_Tudo faz sentindo agora. - olhei para o teto pensando na minha mãe. _Mãe, prometo que vou fazer de tudo para juntar nossa família.

Arrumei os diários na caixa e escondi no armário. Sai do quarto e dei de cara com o Lucas.

_Ai! - gritei ao vê-lo.

_O que foi garota? - ele perguntou mais assustado do que eu.

_Nada. - disse nervosa.

_O que tava fazendo? - ele perguntou desconfiado.

_Eu?

_Não, eu. Acorda Anne.

_Eu estava... estava... vendo algumas fotos do papai e da mamãe.

_Hum. - ele me olhou serio mas depois sorriu. _ Saudades?

_Sim.

_Eu também. Agora que esse cara volto...

_Lucas, por favor para.

_Anne, ele é um mostro.

_Lucas! Você não sabe o que aconteceu, então não julgue as pessoas. - não queria gritar mas minha voz saiu alta.

_Por que você o defende?

_Por que diferente de você eu acredito que as pessoas merecem segunda chance.

Dei as costas e sai andando. O Lucas conseguia tirar o pouco de paciência que me restava. Eu precisava gritar, eu tinha que gritar! Entrei no quarto do Matt e bati a porta com força... só não vi que ele estava dormindo. O coitado acordo num pulo muito assustado.

_Desculpa!

Ele fico me olhando ainda assustado com a batida.

_Por que? - ele pergunto calmo depois de ter acordado do choque.

_Eu queria gritar com alguém e com você é mais fácil, mas eu não sabia que você estava dormindo.

_Experimenta bater na porta da próxima vez.

_Desculpa eu vou embora.

_Não! Eu não disse pra ir.

Me sentei ao lado da cama. E ele me abraçou fazendo cafuné na minha cabeça. Aquilo era estranho mas estava tão bom que eu não queria que acabasse. Mas, eu precisava dizer alguma coisa. 

_Eu sou uma idiota.

_Não se culpa roxinha. Todos nós temos defeitos. - ele riu.

_Hei! - me levantei para encara-lo.

_Calma tava brincando. O que foi que aconteceu? - ele perguntou acariciando meu rosto.

_Eu descobri por que meu tio e meu pai brigaram.

_Por que?

_Pela minha mãe. Eles eram apaixonados por ela, e minha mãe escolheu o meu pai. Tio Rick deve ter ficado desolado e fugiu pro Japão.

_O que vai fazer?

_Tentar tirar da cabeça dura do meu irmão que o tio Rick não é mal. Ele sofreu também poxa.

_Veja bem os dois lados Anne. Sua tia parecia gente boa e olha no que deu.

_Mas... É você tem razão.

_Como sempre.

Ele sorriu e eu o beijei na testa.

_Eu vou fazer o almoço.

Me levantei e fui até a porta mas ele me chamou.

_Anne!

_Que foi?

_Se tivesse que escolher entre mim e o Nicolas, quem você escolheria?

_Eu... - mais que pergunta! Eu não iria responder. Eu não podia responder. _ Eu escolheria fugir  pro Japão.

Sai e senti um frio na barriga. Mais por que? Não estou com o Matt então não tenho que escolher. Suspirei fechando os olhos e quando os abri vi Anita olhando pra mim com seus enormes olhos pretos.

_Oi amor o que foi?

_Você tá triste?

_Não querida. Só um pouco preocupada mais triste não.

Ele se sentou do meu lado na porta e ficamos em silêncio até ela me abraçar.

_A mamãe dizia que um abraço sempre melhora o humor.

_E ela tinha razão. - abri um sorriso e levantei. _Quer me ajudar com o almoço?

_Sim.

Fomos para a cozinha, cozinhar a cantar. Depois de algumas horas me lembrei que o tio Rick disse que ia voltar. Mais que horas? Assim que acabei de falar a campainha tocou e adivinha? Não, não era ele era o Nicolas.

_Oi amor.

_Oi.

Ele me deu um selinho e entrou.

_Tô preparando o almoço.

_Tô sentindo o cheiro.

_Quer me ajudar?

_Sim.

A campainha tocou de novo, agora sim era o Tio Rick.

_Oi.

_Oi Anne.

_Entra.

_Seu irmão...

_Nós precisamos conversar. LUUUCAAAS!!! - dei meu super grito e depois olhei pra ele _Pode ir se acostumando eu grito muito.

Tio Rick entrou e se sentou, Lucas desceu e mudou totalmente a expressão. Ele correu e foi pra cima do Tio Rick.

_Se controla. - eu gritei mais ele não ouviu, ele correu pra dar mais um soco mais  só que eu entrei na frente e ele socou... A MIM!!!