—Eu realmente odeio a minha vida. –Murmurou, caindo na cama enquanto Marlene gargalhava.

—Não pode ser tão ruim assim. –Disse Dorcas, em uma tentativa de animar a amiga.

—Não pode ser tão ruim? –McKinnon arqueou as sobrancelhas, limpando as lágrimas no canto de seus olhos. –Não ouviu a parte em que ela disse que aparentemente está sozinha no Clube do Slugh com ninguém menos que o casal perfeitinho Malfoy e o esquisito do Snape?

—Ei, ele não é esquisito. –Lily disse, mas a amiga apenas a ignorou.

—Lupin não está no Clube? Ele é um dos melhores alunos da casa. Quero dizer, é bastante irresponsável, mas por influência dos amigos, e se foi considerado bom o bastante para ser monitor...

—Também não entendi por que ele está fora, Dorcas. –A ruiva disse se sentando e soltando o ar. –De repente o professor Slughorn é mais rigoroso. –Deu de ombros.

—Prepare-se porque agora você vai ser obrigada a ouvir todos os detalhes do casamento da princesinha Black com o príncipe de armadura reluzente Malfoy. – Marlene falou. –Talvez até receba um convite.

—Sabe bem que ela não me suporta por ser sua amiga e ainda por cima sou uma nascida-trouxa.

—Não sei o motivo, não fiz nada. –Disse dando de ombros e as duas arquearam as sobrancelhas. –Não tenho culpa se o Malfoy brigou com ela e veio me procurar. Ela devia odiá-lo, não a mim.

—Eles estão noivos, Lene. –Dorcas lembrou.

—O que o torna ainda mais errado e não é nem como se eu tivesse correspondido. Hey Lily, já perguntou ao Lupin sobre aquele assunto?

—Não, vou pergunta-lo durante a ronda mais tarde.

...

A ruiva esperava o companheiro de casa em frente ao retrato da mulher gorda pensando em qual seria a melhor forma de perguntá-lo se James e Leslie estavam mesmo juntos. Precisava ter certeza se que Sirius inventara aquilo apenas para que ela dissesse sim ao encontro. Quando Lupin saiu, ele lhe deu um sorriso e parou diante dela parecendo esperar alguma coisa.

—Vamos? –Chamou quando ela não se mexeu, despertando-a de seus devaneios.

—Vamos. –Evans sorriu, acompanhando-o lado a lado.

Os dois seguiram em silêncio por um bom tempo. Quando chegaram ao terceiro andar, ela não conseguiu mais se conter, soltou um suspiro e se virou para o Grifinório.

—Remus, eu posso te fazer uma pergunta?

—Claro. –Ele deu um sorriso doce, olhando-a nos olhos.

—Sei que vamos sair no final de semana, por isso não quero que pense mal de mim. É que eu ouvi algumas coisas e fiquei curiosa, pensei que talvez você...

—Tudo bem Lily, eu jamais pensaria mal de você.

—O que está acontecendo entre o Potter e a Mitchell?

—Ah, isso. –Murmurou, como se aliviado. –No início pensei que estavam apenas se divertindo juntos, mas ultimamente parece que as coisas estão mesmo sérias.

—Então os boatos sobre eles terem...

—Presumo que sejam verdadeiros desta vez. –Ela soltou um riso pelo nariz, mas sem diversão alguma enquanto balançava a cabeça.

—Idiota.

Suas bochechas ficavam cada vez mais vermelhas enquanto ela pensava que talvez estivesse errada sobre o motivo de todos os outros Marotos a convidarem para sair, talvez só a achassem bonita ou, como ela pensava ser o caso de Sirius, só estivesse interessado em provocar Marlene por estar de namorado novo. Foi quando uma risada baixa fez com que ela parasse e trocasse um olhar com Lupin. Devagar os dois seguiram o som que vinha da sala de armaduras, mas ao entrar encontraram apenas Pirraça, que abriu um enorme sorriso ao vê-los.

—Louco, lobo, Lupin! Louco, lobo, Lupin! –Cantarolou o fantasma, passando por eles tão rápido que tudo o que sentiram foi o rastro frio deixado por ele.

—Ele nunca se cansa? –Lily perguntou, esfregando os braços para se aquecer.

—Infelizmente não. –Remus respondeu balançando a cabeça. –Soube que foi convidada para o clube do Slug. Parabéns.

—É. Pensei que você também seria, já que é o melhor aluno da nossa casa. –Ele riu, balançando a cabeça em negação.

—Estou bem atrás de você. –Disse fazendo-a sorrir. –Não, o professor Slughorn procura os alunos mais "preciosos" para sua coleção, aqueles que vão ter um futuro e...

—Não acha que vai ter um futuro? Você é brilhante! –Interrompeu.

—Ah Lily... –Murmurou baixinho, o sorriso ainda estava em seus lábios. – Olhe pra mim, estou sempre no meio de problemas.

—Talvez não devesse se deixar levar pelas ideias do Potter e do Black, não acha? –Ela cruzou os braços, arqueando as sobrancelhas. –Não entendo como consegue aturar tanta imaturidade, principalmente da parte dos senhores "eu sou incrível" e do "todos deveriam se ajoelhar diante de mim".

—James e Sirius só querem se divertir, talvez de uma forma exagerada, mas estão apenas aproveitando. – Ele deu de ombros. –A verdade é que ambos são talentosos quando querem. Você se surpreenderia se visse metade do que são capazes de fazer.

E depois daquilo os dois não conversaram mais, apenas terminaram a ronda em silêncio, focados apenas em seus pensamentos já que não encontraram ninguém.

Sabia que as notas de ambos eram muito boas, embora a última vez que os viu realmente lendo livros foi no terceiro ano. Potter passou o praticamente o ano inteiro na biblioteca enquanto Black levava alguns consigo para o dormitório. Não eram livros sobre o conteúdo que estavam estudando, sabia disso porque se lembrava de todas as capas dos livros que abordavam a matéria, mas ainda sim aquele ano foi o único.

...

Quando Remus finalmente chegou ao quarto seus colegas o esperavam acordados. Sirius e Peter jogavam uma partida de xadrez de bruxo enquanto James olhava atento o pomo de ouro que havia roubado no quinto ano voar da mesma forma como seus pensamentos. A diferença era que enquanto o pomo se contentava em ficar naquele dormitório, a mente dele ia cada vez mais longe.

—Como foi? Ela falou alguma coisa? –Black perguntou sorrindo com os olhos fixos no tabuleiro, despertando a atenção de Potter. O grifinório pegou o pomo de ouro rapidamente e o guardou no bolso, se sentando de lado na cama, onde conseguia ver o jogo.

—Ela perguntou se o que disse sobre James e Leslie é verdade. –Lupin respondeu sentando-se próximo aos amigos que jogavam.

—E o que disse? –Peter perguntou olhando para o monitor por um breve momento.

—Eu confirmei.

—E? –James incentivou.

—Ela ficou vermelha e eu pensei que fosse surtar, então Pirraça apareceu. –Ele soltou o ar. –Se os alunos dessa escola não descobrirem pelo Ranhoso tenho certeza de que ele é quem vai me entregar.

—"Louco, lobo, Lupin" outra vez? –Sirius repetiu o refrão que o poltergeist cantarolava sempre que o encontrava, fazendo um último movimento e acabando com o jogo. –Xeque-mate, Wormtail. -Peter encarou o tabuleiro tentando entender o que aconteceu, fazendo-o rir.

—Eu sei que por algum motivo ele decidiu infernizar a vida de todos nesta escola e está tudo bem pra mim, mas fazer isso com a Evans perto? Justo a pessoa que pode facilmente ligar os pontos e descobrir tudo em um piscar de olhos?

—Não se preocupe, Moony. –Prongs começou, despenteando os cabelos distraidamente. –Dumbledore está do seu lado. Quero dizer, ele ficou do seu lado quando Snape quis espalhar tudo, então não acho que ele vá deixar as coisas chegarem tão longe. E aposto que a Lily estava concentrada demais em me matar para prestar atenção no que ele disse.

—Torço para que esteja certo.

—Hey, a lua cheia está cada vez mais próxima. –Pettigrew lembrou com um sorriso. –Alguma ideia do que vamos fazer desta vez?

—Hogsmeade? –Black sugeriu com as sobrancelhas arqueadas.

—Uma ótima forma de começar, Padfoot. –Lupin concordou.

—Hey Moony, ainda tem uma queda pela minha prima?

—O quê? –Remus se virou para encarar Sirius, não entendendo o motivo da pergunta repentina.

—Qual é, todos sabemos que no quarto ano tinha uma queda enorme pela Narcisa. –James riu.

—Confesso que prefiro você na minha família do que aquele esquisito do Malfoy.

—Okay, ainda estou tentando entender como passamos de um assunto agradável para um constrangedor. –Lupin disse, desviando o olhar para uma das peças de xadrez, ficando com as bochechas coradas.

—Constrangedor porque ainda gosta dela? –Peter perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

—Não gosto dela, apenas a acho bonita. –Ele deu de ombros. –Hey, por que não vamos zoar o Prongs? É ele quem ainda não se cansou de levar fora da Evans.

—É bom variar um pouco, Moony. –James disse se levantando e bagunçando os cabelos do amigo. –Por que não tenta falar com ela?

—Porque ela está noiva. –Respondeu como se fosse óbvio. Potter revirou os olhos, rindo.

—Qual é, não é como se ela tivesse escolhido com quem vai casar. Não acho que conta como traição.

—Eu concordo com ele.

—Você sempre concorda, Wormtail. –Lupin soltou o ar, cansado. –Ela gosta dele, sabem que eu não tenho chance nenhuma.

—Calma cara, não estamos falando pra fazê-la desistir do casamento, só quero que saiba que isso não deveria impedí-lo de se aproximar dela. O compromisso não impede o Malfoy de se aproximar das outras garotas às escondidas. –Black disse colocando o mapa do maroto diante do amigo e apontado para o armário de vassouras. O nome de Lucius Malfoy aparecia bem ao lado do de Vanessa Cab. -E essa não é a primeira e nem a única com quem ele anda saindo.

—E não vai fazer nada? Ela é sua prima! –Questionou.

—Eu não. Narcisa me odeia, além disso, mesmo se eu disser ela não vai acreditar em mim. O problema é dela.

—Sua família é maluca, Sirius. –Peter murmurou.

—Vocês não viram nada. –Resmungou.

—Acham que vão arranjar casamento pra você? –James questionou, desta vez sem nenhum pingo de diversão em sua voz. Não conhecia a família de Sirius pessoalmente, mas sabia que não eram as melhores pessoas pelas histórias que ouvira. Estava mesmo preocupado.

—Eu não sei, mas eles podem tentar. –E sorriu divertido, aliviando um pouco o amigo.

James conhecia Sirius melhor que ninguém, e sabia que nunca foi da vontade dele se casar. Era exatamente por esse motivo que ele não namorava. "Pra quê? Iludir a garota deixando-a acreditar que vamos ter um futuro? Tem que admitir que mesmo que elas pensem que eu jogo sujo, nas verdade só estou protegendo elas." Disse da última vez que questionado.

—Ainda acho que deve tentar uma aproximação, Moony.

—Concordo com o Padfoot.

—E eu...

—Já sei Wormtail, já sei, você concorda com o Prongs. –Remus revirou os olhos e todos riram. –Potter, eu vou perguntar apenas uma vez: Você deu alguma poção do amor para o Peter?

—Acho que nunca saberemos, meu caro. –James deu de ombros, um sorriso maroto em seus lábios.

—Cala a boca, Lupin. –O menor bufou, jogando a almofada de volta, mas Remus a pegou facilmente.

—Agora vamos dormir, amanhã vamos descobrir qual maroto faz o tipo da Evans e eu não quero estar cansado demais para dar atenção a ela quando me escolher. –Sirius disse andando em direção a sua cama, caindo de frente no colchão quando o feitiço de Potter o acertou em cheio.

—Petrificus Totalus! –Os três gargalharam, vendo o amigo duro como pedra no colchão. –Boa noite, marotos. –E Potter apagou a luz, tirando seus óculos e se deitando em sua cama.

Bem que queria deixar Sirius naquela posição durante toda a noite pelas brincadeirinhas, mas estava cansado e ansioso então nem se importou quando, depois de poucos minutos, Remus desfez o feitiço. Black se levantou, resmungando e foi até o Potter, batendo nele com seu uniforme sem se importar de como estaria no outro dia. O garoto gargalhou em resposta.

—Pode rir, Potter. A propósito, sua cama é bastante confortável. Lene achou também.

E lá se foram os planos de descansar. O menino dos cabelos rebeldes praguejava alto enquanto Peter e Remus continuavam rindo da situação e Sirius se deitava em sua cama.