Depois do jantar Lily Evans, Marlene McKinnon e Alice Fortescue voltaram para o quarto. A segunda falava sobre seus planos para sua grande festa de aniversário e as outras duas anotavam tudo, já que haviam sido recrutadas para ajudar na organização, embora a ruiva tenha sido contra a saída do castelo.

—Então, eu estava pensando em fazer naquela casa noturna nova em Hogsmeade. Não é tão longe e todos estão falando muito bem do lugar.

—Nós vamos ser pegos. –Evans avisou.

—Também acho.

—O dono é o filho de um amigo da minha mãe e ele com certeza não vai falar nada se eu pedir. –Continuou. –E para os convidados eu quero apenas os alunos do sexto e sétimo ano, não importa a casa okay? Vocês estão anotando tudo?

A porta do quarto se abriu e Dorcas entrou, com as bochechas mais rosadas do que nunca e um sorriso enorme nos lábios. Ela passou pelas amigas e logo se jogou em sua cama.

—Fico feliz que tenha chegado, Dorcas. Agora pegue um pergaminho e comece a anotar, você está recrutada a ajudar na organização da minha festa de aniversário. –Marlene mandou, mas a garota ignorou completamente. –Meadowes?

—Ei, o que deu nela? –Alice disse olhando-a bem.

—Doe, está tudo bem? –Lily perguntou, preocupada.

—Você se encontrou com alguém? –McKinnon disse se sentando na cama da amiga, com um sorriso animado. Ela se sentou, assustada.

—O quê? E-eu... Não.

—Como pode saber disso? –Evans disse.

—Ela está com a mesma expressão de tonta de quando a Alice voltou do primeiro encontro com o Frank.

—Ei! –Fortescue empurrou a amiga, se sentando ao lado da outra.

—Pode ir contando tudo, Meadowes. –McKinnon mandou.

—Também estou curiosa, Doe. –Lily sorriu, se juntando a elas na cama.

—Fala logo! –Alice pediu, sacudindo-a e a fazendo rir.

—James Potter me chamou para sair. –Contou, animada, embora receosa. Alice e Marlene logo olharam para Lily, mas ela não estava surpresa, apenas decepcionada.

Deu o sorriso mais verdadeiro que conseguiu e tentou ficar feliz pela amiga. Ela sempre havia gostado dele e ela sempre havia sido o obstáculo que impedia a amiga de se aproximar. Estava feliz em saber que isso havia acabado, pelo menos.

—Eu estou muito feliz por você! –Evans disse.

—Sério? Quero dizer, eu vi como vocês estavam antes e... Bem, eu disse que não podia e ele me disse para responder depois.

—Está brincando? –A ruiva riu. –Aquilo foi um momento de loucura. Amanhã a primeira coisa que você dirá é que aceita, okay? Eu estou feliz por você.

—Você é a melhor! –Dorcas sorriu, pulando nos braços da amiga e a abraçando apertado. –Obrigada, Lily, significa muito pra mim.

—Mas, por favor, me prometa que terá cuidado, okay? James Potter é um idiota e eu juro que se ele fizer qualquer coisa com você eu vou trancá-lo dentro da Casa dos Gritos.

—Eu prometo.

Ela se levantou e foi em direção ao banheiro. Se virou mais uma vez e disse o detalhe que, até então a estava fazendo se sentir culpada. Mas agora que Evans a apoiava não viu porque esconder de suas amigas.

—Ele me beijou. –Murmurou e então entrou rapidamente, fechando a porta.

O sorriso nos lábios de Lily se quebrou rapidamente. Como havia dito a ele, já havia conhecido inúmeros lados de James desde que havia entrado naquela escola, mas aquele era totalmente novo. Como se ela estivesse fazendo de tudo para destruí-la. Mas ela não deixaria.

—Sinto muito, Lily.

—O quê? –Evans se levantou e cruzou os braços. –Não precisa sentir muito, Lene. É tudo o que eu sempre quis, agora aquele idiota vai finalmente ficar longe de mim. Além disso, vocês podem, por favor, ficar felizes pela Dorcas? Sabem que ela gosta do Potter.

—E sabemos que você gosta também.

—Está errada, Alice. Eu gostava de quem ele estava fingindo ser, não faço ideia de quem seja esse babaca com quem estamos convivendo agora. –Nenhuma das duas disse nada, apenas observaram a amiga pegando um livro e uma manta no meio de suas coisas. –Vou ler um pouco. Quando Dorcas sair vocês duas vão ficar felizes por ela, okay?

...

—Sirius, você não entende que não podemos mostrar aos alunos como sair daqui? Eles não vão usar a passagem apenas no dia da festa, vão se lembrar dela e sair sempre que tiverem vontade. –Remus disse, tentando trazer o amigo a razão. –Além disso, eles podem ser pegos.

—E daí se eles forem pegos? Nós conhecemos várias outras. –Sirius deu de ombros. –Não é da nossa conta o que os outros alunos fazem.

—E se eles disserem que nós mostramos o lugar?

—Não serão idiotas a esse ponto. Qual é, Moony? Uma festa vai ser legal.

—Por acaso está ouvindo o que eu estou dizendo?

—Na verdade não. –Black respondeu e o outro bufou.

—E vocês? Podem, por favor, dizer a ele que não podemos fazer isso? –Pediu, olhando para os outros amigos em busca de apoio.

—Estou com o Padfoot, uma festa seria bom. –James disse, levantando os olhos do mapa, onde acompanhava o nome de Lily Evans deixando a torre da Grifinória após o horário.

—E eu concordo com o Prongs.

—É claro que concorda, Wormtail. –Remus resmungou.

—Escuta, eu não sei o que diabos há de errado com você, mas não pode estar falando sério.

—Parece que somos três contra um. –Sirius riu.

—Relaxa, Moony. –James se levantou, com um sorriso e colocou uma das mãos sobre o ombro do amigo mal-humorado. –É só uma festa.

—Qual passagem usaremos, então? –Disse, se dando por vencido. –Lembrando que a Casa dos Gritos está fora de cogitação.

—Vocês decidam isso. Eu vou dar uma volta. –Potter sorriu, guardando o mapa no bolso e pegando sua capa.

...

Lily tomou cuidado para despistar os monitores, mas enfim conseguiu ir até onde queria. A lua estava tão linda e brilhante que ela conseguia ver perfeitamente os arredores do lago negro. A noite estava tão linda quanto no dia que encontrou James ali e se beijaram, porém, a beleza do lugar foi afetada pela bagunça dentro dela.  A ruiva se sentou sobre a manta, mas não conseguiu se concentrar na leitura, então apenas repassou os acontecimentos recentes com o garoto dos cabelos rebeldes.

—O que você está fazendo comigo, James Potter? –Perguntou, baixinho e então ouviu um barulho.

Se levantou rápido com a varinha em mãos. Por um momento pensou que fosse o garoto e, se fosse, talvez o ameaçasse até ele deixá-la em paz. Ele não tinha o direito de estar ali, não naquele lugar, em uma situação tão semelhante ao dia em que ela ofertou a ele seu coração. Ela, porém, encontrou algo totalmente diferente: um cervo enorme e majestoso que, ela podia jurar, a observava atentamente.

O animal deu alguns passos em sua direção e ela manteve a varinha preparada. Não conhecia nenhum feitiço para cervos, mas sabia que eles poderiam ser bastante perigosos, e olhando para sua galhada imponente ela decidiu não arriscar. Entretanto ele parou diante dela, tão tranquilo que parecia inofensivo.

Estava ficando louca, tinha certeza. Quais eram as chances de acontecer algo como aquilo? Sua afirmação se provou ainda mais verdadeira quando, devagar, ela guardou sua varinha e estendeu uma das mãos para ele. O bicho não se mexeu, apenas se manteve ali enquanto ela o acariciava na cabeça.

—Então é isso? Passei de “a garota com quem ele sempre quis sair” para a “garota que passa a noite conversando com animais porque ele simplesmente mudou de ideia”? –Ela disse, soltando uma risada um tanto melancólica. –Você é patética, Lily Evans.

Ele, no entanto, pareceu discordar, meio que bufando. A grifinória voltou a se sentar na manta, mas o cervo não foi embora, se aproximou dela e ficou ali, até a garota decidir sair, se despedindo acariciando-o mais uma vez.

Quando teve certeza de que ela estava longe, James Potter voltou a sua forma e soltou o ar. Não queria que aquele momento acabasse porque, mesmo que estivesse disfarçado em sua forma animaga, aquele tempo com a garota havia sido a melhor parte de sua semana.