Natal das Swan escrita por Lola Royal, Chloe Less, Nyna Mota


Capítulo 2
Alice


Notas iniciais do capítulo

Anny Charmant: Olá pessoas! Primeiro Feliz Natal, ótimas festas. Espero que apreciem um pouquinho o que foi o dia, nada calmo, da nossa baixinha preferida.

Festejem com juízo!

Beijinhos.



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Alice

O natal sempre foi um grande evento na minha família. Todos, exceto por Rosalie amavam a data. Grandes festas, grandes jantares. Os presentes, e a decoração. Tantos adornos vermelhos, dourados, tanto brilho. Aquilo totalmente me encantava.

O mais extasiante do Natal pra mim era o amor que parecia emanar de todos os lugares, de todas as pessoas. Os sorrisos, a bondade, e a esperança. A pequena grinch Rosalie, costumava dizer que era hipocrisia, eu já achava que era quando a melhor parte das pessoas vinham a tona.

Sai da garagem direto pro trabalho. Era um 24 de dezembro onde eu teria que trabalhar sim. Ser dona de sua própria empresa tinha suas vantagens, e algumas desvantagens. Estar iniciando o próprio negócio significava trabalho em dobro, mas eu não reclamaria. Muito. Eu amava o que fazia afinal.

Aquele fim de ano representava muita coisa, o sucesso inicial da minha empresa, a expectativa de ganhar meu anel de noivado. Não que fosse obcecada em casamento, mas após três anos com Riley, eu realmente esperava que pudéssemos dar o próximo passo.

Conheci Riley em um festa de Halloween que fui com minhas irmãs. Conversamos aquela noite, e depois de alguns encontros mais, estávamos namorando. Nosso namoro era tranquilo de seguir, sem muita pressão, era comum, sossegado, fácil.

Eu dirigia apressada querendo acabar tudo rápido pra chegar cedo em Forks. Queria aproveitar cada instante daquela festa que mamãe estava planejando com grande esmero.

O celular tocando interrompeu meus pensamentos, vi que era Irina me ligando. Ela havia se tornado minha assistente recentemente, quando vi que sozinha não conseguiria lidar com a demanda que Graças à Deus estava aumentando, todavia às vezes tinha algumas dúvidas acerca dessa contratação.

— Atender ou não atender? — murmurei comigo mesma.

O fim da ligação me acalmou um pouco, voltando a tocar em seguida. A apreensão me tomou. Resolvi atender.

— Alô.

— Alice, aconteceu uma coisa. — A voz dela era chorosa.

— Estou ouvindo — anunciei enquanto passava a marcha do carro.

— O tapete persa da Senhora Thomson foi parar em Indiana.

Meu pobre coração gelou. O valor de 25 mil dólares ia me quebrar, mas o pior era pensar na Senhora endinheirada que era uma das minhas melhores clientes, mas exigente ao extremo.

— Como aconteceu isso, Irina?

Acelerei o carro ainda mais, querendo chegar logo na empresa e tentar descobrir como falar para a velha maldita que o tapete que ela tanto queria foi extraviado.

— Algo a ver com uma nevasca em Nova York, o que ocasionou uma confusão com a equipe de entrega e agora está em Indiana.

— Maldição! — praguejei alto. — Irina, estou a caminho. Entre em contato com a empresa de entregas, em dez minutos eu chego.

Joguei o celular no banco do carona, desviando o olhar da pista por meros segundos. O enorme buraco no asfalto poderia ter sido visto, se eu tivesse me atentado como uma boa motorista deveria estar fazendo.

A roda dianteira entrou com tudo no maldito buraco, minha cabeça mal posicionada acertou o vidro do carro. E porra, aquilo doeu.  O galo começou a se formar instantaneamente junto com a dor, e a roda amassada.

Eu tinha um enorme galo, uma dor de cabeça e um tapete persa perdido em Indiana, mas tinha uma festa pra ir e era Natal, então estava tudo certo.

Cheguei na empresa apressada.

— Conseguiu falar com os entregadores?

— Bom dia, Alice! Não. Ainda não.

Boa parte da manhã foi gasta entre ligações com a empresa de entregas, e outras mil pra falar com os entregadores que portavam o bendito tapete. A hora mais difícil havia chegado, informar a cliente do extravio.

O telefone tocava e eu mentalizava que ela não atendesse. Que estivesse viajando pras Bahamas bem longe de Seattle.

— Alô.

A voz anasalada encheu meus ouvidos quando a senhora atendeu.

— Olá, Senhora Thomson, é a Alice Swan.

— Alice, querida, já ia te ligar. Estou aguardando a entrega do tapete para a noite de hoje. Já falei para todas as minhas amigas sobre ele, vou fazer uma recepção e estão todas aguardando ansiosamente. Vai ser o artefato mais comentado na comunidade de Seattle.

A cada palavra dela eu queria chorar.

— Senhora Thomson, tivemos um problema. Não conseguiremos entregar o tapete hoje. Houve uma nevasca em Nova York ontem, e com isso um atraso. Já entrei em contato com a transportadora. Eles irão entregar dia 26.

O telefone estava mudo. Sabia que ela não havia desligado pelo som ruidoso de sua respiração. Deus, aquela tortura era angustiante.

— Senhora Thomson, eu sinto muito. A transportadora não terá como entregar ainda hoje ou amanhã.

— Bom, Alice, essas realmente não são boas notícias. Oh céus o que direi para todos que convidei para a recepção esta noite! Lastimável, realmente lastimável!

Estava desesperada. Apertei a ponte do nariz tentando pensar numa solução. Irina apareceu na minha frente, vermelha por se esforçar. Em seus braços três tapetes, persas, mas não tão bem trabalhados como o que estava perdido.

— Temos outros tapetes aqui, também persas, que podem ser usados na recepção de hoje e faremos um grande desconto, levando em consideração o transtorno havido com o que a senhora havia encomendado.

— Não será o mesmo, você sabe muito bem disso.

— Eu sei sim, mas pense assim, a senhora usa um desses na recepção de Natal, e aquele maravilhoso que chega em breve na festa de ano novo. Ouvi dizer que suas festas de réveillon são uma das melhores da cidade — bajulei docemente, tentando convencê-la, torcendo para minorar os danos.

— Mas seria um grande desconto? — Ela perguntou interessada.

— Oh sim! Um grande desconto! Vou deixar Irina cuidando dos detalhes com a senhora. Acredito que suas amigas ficarão ainda mais ansiosas com a nova expectativa do tapete para a virada do ano!

— Oh sim, acredito que elas vão. Obrigada, querida. Até mais.

Passei pra Irina sussurrando um obrigado baixinho. Ela tinha realmente tido uma ideia de gênio com os tapetes que já tínhamos no estoque. Eu acreditava que dali para frente o dia poderia melhorar e todo aquele caos ser esquecido. Bom, eu ainda teria um galo, mas isso era o de menos.

***

Mais tarde naquele dia, antes de eu sair para comprar meu almoço, mandei uma mensagem para Bella, minha irmã caçula.

Alice: Meu dia não começou muito bem, posso ganhar biscoitos para me alegrar?

Ela não me respondeu, deveria estar ocupada com seu namorado. Provavelmente já até a caminho de Forks.

Meus planos eram sair de Seattle 16 horas e conseguir chegar a Forks por volta das 20, antes de todos os convidados, podendo aproveitar minha família e os biscoitos da Bellinha.

Estava chovendo quando sai até o restaurante, o céu totalmente escuro, apreciei aquela imensidão azul da janela do carro enquanto pensava no que iríamos comer, Irina e eu. Queria algo leve, ainda tinha algumas encomendas pra organizar e detalhes de uma casa a ser decorado que eu queria ver com Irina, antes de sair pra Forks.

Estacionei o carro num restaurante que fazia uma excelente salada e omeletes. Pedi duas porções para levar e aguardei.

Aproveitando o tempo de espera peguei o celular pra passar o tempo. Papai havia mandado mensagens.

Papai: Sua mãe está me enlouquecendo com essa festa.

Papai: Eu decididamente me recuso a usar um terno vermelho!

Papai: Vocês precisam chegar logo para eu não ser o único alvo dela.

Ri do desespero dele. Todo ano era assim. Na verdade toda comemoração era assim. Mamãe era uma louca por festas, e papai o ser mais quieto que já existiu. Eles se completavam. Euforia e calmaria. Toda festa ela o enlouquecia, ele reclamava, mas no final cedia as vontades dela, e ambos eram felizes assim.

Alice: Pretendo sair assim que resolver umas coisas papai. Tenha paciência com a mamãe. Te amo!

Naquele instante fui bombardeada por mensagens de Edward, namorado da Bella.

Edward: Qual o endereço dos seus pais em Forks?

Edward: Alice, pelo amor de Deus me manda esse endereço, estou indo atrás da sua irmã e não sei como chegar lá.

Alice: O que você aprontou, cunhadinho?

Ri e mandei o endereço. Edward e Bella eram totalmente o casal mais fofo do universo. Mesmo com algumas brigas, como em todo relacionamento, eles se completavam de um jeito lindo, e ele era totalmente maravilhoso pra minha irmã, que era o que importava realmente.

Deixei a conversa com Edward e abri a única mensagem de Riley. Havíamos marcado de nos encontrar para passarmos o Natal com a minha família. A dele tinha ido para Aspen, ele não tinha ido devido a um cliente se endividando.

Amor: Alice preciso falar com você.

Um alarme soou em minha mente com a mensagem, todavia Riley nunca foi cheio de floreios, então ignorei. Respondi rapidamente me dirigindo ao balcão onde meu pedido estava sendo entregue.

Alice: Dia de loucura na empresa. Nos encontramos às 16 para irmos pra festa? Beijinhos. *-*

Guardei o celular, peguei a comida que cheirava maravilhosamente bem, agradeci e segui em direção a rua onde chovia bastante. Abri o guarda chuva para ir até o carro que estava do outro lado quando meu celular tocou. Continuei andando, querendo estar aquecida antes de atender. O celular continuava a tocar sem parar.

Como uma malabarista equilibrei guarda chuva comida e bolsa em uma mão, com a outra procurava na bolsa a maldita coisa que sumiu. Parou de tocar, mas logo voltou a tocar de forma estridente. A insistência me alarmou.

E se fosse novamente Irina com algum novo problema?

Na terceira vez que começou a tocar consegui achar o aparelho. No visor mostrava uma foto de Riley de terno e gravata e um sorriso contido no rosto. Meu namorado era um economista, Riley amava números e todas aquelas coisas. Cuidar das finanças dos outros, era totalmente competente e focado no trabalho.

— Olá, querido. — Atendi com alegria na voz.

— Oi, Alice. — Uma pausa. — Você pode falar agora?

Um frio gelou meu estômago. Riley era sempre sério, mas naquele instante ele estava uma pedra de gelo.

— Hum, claro, pode falar.

— Alice, não dá mais, estou com outra pessoa. Eu quero terminar.

Tudo parou naquele instante. Um eco das palavras começaram a ecoar em meus ouvidos.

Estou com outra pessoa. Estou com outra pessoa. Estou com outra pessoa.

No fundo do telefone ele continuava falando sem parar, ainda com toda aquela frieza, porque sim o filho da puta era um homem de gelo. Sua voz não vacilava, no mesmo tom gelado e distante que havia começado.

Acho que ainda estava em choque.

— Espera, o que?! — balbuciei.

— Você não ouviu nada do que eu disse?! — Sua voz era cheia de irritação.

— Não, não ouvi. Acho que me perdi no “estou com outra pessoa” — respondi com ironia.

— Alice, não está dando certo, somos muito diferentes, queremos coisas diferentes, o problema não é você, sou eu...

— Cala a boca! — gritei com o telefone. — Seu filho de uma cadela arrogante. Não estou acreditando que está terminando comigo por telefone depois de me trair e ainda mais com essa desculpinha de o problema não é você, sou eu!

— Alice, não é assim…

— Não é assim o caralho, Riley! Estamos junto há malditos três anos e você termina comigo por telefone? Ainda mais por telefone, um dia antes do Natal. Um frouxo traidor!

Seu silêncio foi a única resposta que obtive. Eu queria socar a cara dele. Arrastar aquele rostinho bonito no asfalto e ensinar pra ele a ter colhões.

— Seu calhorda filho da puta!

Um carro passando perto fez com que a água de uma poça me atingisse, uma água gelada, muito gelada e suja. Aquilo calou os xingamentos que tinha em mente. Sim, eu ainda tinha muitos palavrões com os quais xingar meu fodido ex namorado, que havia me traído e tinha terminado comigo por telefone. PELO MALDITO TELEFONE!

Algumas pessoas saindo do restaurante me olharam com pena. Eu estava ensopada dos pés a cabeça. O celular ainda na mão, com a chamada finalizada. O dia não melhoraria, isso era um fato.

***

A água atingiu minha comida, fazendo com que mesmo molhada eu tivesse de voltar ao restaurante e comprar por mais. As pessoas olhavam para mim como se eu fosse um ET, um molhado e triste.

Mandei mensagens para minhas irmãs, querendo um pouco de conforto.

Alice: Riley me traiu e depois me chutou. Podemos mandar ele pra cadeia?

Rosalie: EU VOU MATAR O RILEY!

Rosalie: Vou pegar a arma do papai em Forks e o matar, juro.

Rosalie: Como ele ousa te trair?

Rosalie: Prometo te mimar quando chegarmos a Forks.

Sim, eu definitivamente precisava ser mimada.

Alice: Dobre a quantidade de biscoitos, Bells. Riley me traiu e terminou comigo. Vou comer muito e ficar muito bêbada hoje.

Ela ainda não me respondia.

A comida ficou pronta. Peguei e saí do restaurante. Abri o guarda chuva, entrei no carro e dirigi no modo automático.

Assim que cheguei, vi Irina sobre a mesa com alguns tecidos e projetos.

— Oh meus Deus! O que aconteceu, Alice? Você está ensopada, vai resfriar assim.

Ela correu pra pegar uma toalha no pequeno banheiro que mantínhamos no fundo do pequeno escritório.

Comecei a me secar e senti o frio me atingir.

— Riley me traiu, e terminou comigo.

As palavras doeram pra ser ditas. Algumas lágrimas começaram a escorrer enquanto ela me encarava sem nada dizer.

Com um suspiro ela pegou a toalha das minhas mãos, e começou a secar meus cabelos.

— Não sei se tenho intimidade pra dizer isso Alice, mas somos companheiras de trabalho, e gosto muito de você além de gostar muito de trabalhar aqui, então se você se ofender pelo que eu falar, finja que não escutou e a gente continua como estava.

Ri um pouco em meio às lágrimas.

— Você era demais pra ele. Brilhante demais, alegre demais. E Ele era cinza demais, sóbrio demais.

Olhei pra ela ainda sem entender.

— Olha pra você! Ama cores, festas, sorrisos, ama ser feliz e a vida. Independente de qualquer coisa sempre tenta ver o lado positivo das coisas, mas Riley, sempre que o via era resmungando por algo, reclamando de algo, sem nunca dar um sorriso. Enquanto você se doa por inteira, ele não se permite ser nem metade.

— E o sexo não era lá essas coisas.

Ela riu alto junto comigo.

— Enxugue as lágrimas, vamos terminar de encomendar a mesa da Senhora Smith e você vai pra festa da sua família!

Meu estômago roncou alto, fazendo com que as duas ríssemos.

— Mas antes, vamos comer. Quer dizer, tenho que trocar de roupas. — Por sorte eu tinha uma muda extra no carro, Irina foi buscar para mim e me senti melhor com roupas secas.

Limpamos a mesa das coisas, comemos falando da decoração da Senhora Smith.

A traição doía, o término sem consideração por parte dele também. Mas nada que me fizesse perder a vontade de sorrir ou de ir pra casa ficar com minha família.

Quase uma hora depois, me despedi de Irina, entregando o presente de Natal pra ela e o marido curtirem um fim de semana em um hotel maravilhoso de Seattle. Com as felicitações dela, segui novamente em casa, pra tomar um banho e pegar a estrada.

Um banho quente era tudo que eu precisava. Vinte minutos depois meus músculos cansados agradeciam. Sequei meus cabelos curtos, passei uma maquiagem que evidenciava meus olhos castanhos como o do papai. Calcei uma meia calça grossa e um vestido vermelho de tricô. Botas pretas sem salto e estava pronta.

Alice: Papai já vou pegar a estrada.

Eu tinha me atrasado em meu cronograma para o dia, acabaria saindo as 17.

Avisei Charlie, enquanto me preparava para sair. Mandei mais uma mensagem para Bella.

Alice: Espero que meus biscoitos estejam prontos, estou a caminho.

Ela me respondeu por fim.

Bella: MEU DEUS!

Bella: Riley terminou com você e te traiu? Que idiota, mas ao menos se livrou desse canalha.

Bella: Eu ainda estou a caminho de Forks também, mas farei todos os biscoitos do mundo para você.

Alice: Obrigada, irmã. Te amo!

Rosalie tinha acabado de me enviar uma mensagem, então abri nossa conversa.

Rosalie: Meu chefe me encheu de trabalho, não vou poder ir para Forks. Juro que ainda vou matar o Riley por você, aí meu chefe idiota cuida de me tirar da cadeia.

Alice: Como seu chefe não tão mais gostoso ousa fazer isso? Acho que serão dois mortos hoje.

Não ter Rosalie em casa para a festa seria muito, muito ruim, mesmo que ela fosse o Grinch.

Alice: Prometo te visitar e levar chocolates.

Antes de sair, mandei uma última mensagem.

Alice: Babaca.

Bloqueei Riley e exclui seu número. Fim de ano seria um novo começo. Sem mais namorados, agora iria me dedicar a minha empresa.

***

Ainda em Seattle abasteci o carro, coloquei em uma playlist no Spotify que eu não conhecia. A música era totalmente sensual, tive que olhar pra saber qual era pra ouvir depois. Se chamava Endorfina*.

Sexo com aquela música deveria ser totalmente quente.

Realmente minha vida sexual com Riley era um fracasso.

Já havia dirigido por três horas quando senti vontade de ir ao banheiro. Parei num restaurante antigo chinês na beira da estrada rapidamente.

Do restaurante à Forks faltava uma hora e meia. Estava quase lá.

Sorri em antecipação.

Quando voltei a dirigir senti que algo estava diferente no carro. Mas não dei atenção. Papai dava uma olhada depois, antes que eu tivesse que voltar para Seattle.

O incômodo no carro aumentou. Começando a dar solavancos. Faltava só meia hora. Só meia horinha.

— Vamos lá carrinho, só mais um pouco! Aguenta vai.

Encostei o carro, liguei o pisca alerta, liguei a lanterna do celular e sai.

Não chovia, mas estava frio, deveria nevar ainda aquela noite.

— Hoje não!

Choraminguei. O pneu estava furado. Malditamente furado. O pior, eu não sabia trocar pneu.

Papai sempre tentou me ensinar, mas aquela coisa não rodava e o maldito macaco nunca encaixava direito.

Depois que fui pra Seattle quem me ajudava era Riley, minhas irmãs, ou mesmo Edward, eu malditamente não sabia trocar um pneu. E me encontrava no meio do nada.

Eu não aguentava mais aquele dia. Entrei no carro, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Papai!

Chorei quando ele atendeu.

— Alice? O que aconteceu? Você está bem? Querida, fale comigo!

— Alice? O que aconteceu com minha filha, Charlie? — mamãe gritou ao fundo.

— Papai, vem me buscar!

— Alice, querida, me fale onde você está! — exigiu.

— Na estrada, o carro furou o pneu. Não aguento mais papai!

Eu realmente estava cansada. O dia todo estava sendo uma provação eu estava fisicamente e emocionalmente exausta!

— Alice, respira! Onde exatamente você está?

— Na estrada. Depois daquele restaurante chinês velho. Eu estava tão perto!

— Calma, querida! Você está pertinho. Siga minhas instruções agora, ok?

— Ok! — respondi obediente.

— Fique dentro do carro. Trave as portas e deixe o pisca alerta ligado. Vou pedir para alguém te buscar, não tenho como sair de casa agora com os convidados prestes a chegar. Não se preocupe, querida, tudo vai ficar bem. Vai me ligar a cada dez minutos?

— Vou, papai. — Eu ainda chorava um pouco, mas papai tinha o dom de me acalmar.

— Eu te amo, querida. Não se preocupe, vou cuidar de você,

— Também te amo.

Eu sempre fui uma garota do papai. Tudo que acontecia eu corria pra ele, com machucados, cólicas, e namorados. Sempre foi ele a me socorrer. Amava mamãe, mas a calma do papai me acalmava, então nessa situação ele seria meu socorro.

Após desligar, olhei quanto de bateria ainda tinha no celular, segui as instruções de papai, e fui jogar Candy Crush. Era um maldito vício.

A cada dez minutos mandava mensagem pro papai avisando que estava bem.

Joguei fase após fase. Até não aguentar mais o silêncio do carro, coloquei novas músicas para tocar, mudei de posições mil vezes, e tinha se passado meia hora.

Abri um livro no celular, após duas páginas desisti e voltei pro jogo.

Cinquenta minutos após a ligação eu não aguentava mais ficar esperando, estava inquieta.

Liguei para ter noticias do meu socorro, mas nem meu pai ou minha mãe atenderam.

Já estava a ponto de ligar para casa quando avistei uma viatura parando no acostamento.

— Graças a Deus!

Desci do carro louca pra chegar a Forks, parando abruptamente ao notar que quem estava na viatura era um tipo de Deus Grego, um jovem loiro de olhos azuis que usava uma farda. E como ele ficava bem de farda. Meus olhos percorreram todo seu corpo, retornando aos olhos claros como o céu de um dia ensolarado.

— Hey, Ali! — Walter, um policial que trabalhava com papai há eras me cumprimentou do banco do carona da viatura, só então me fazendo desviar os olhos do adônis loiro.

— Oi, Walter. — Acenei de longe ainda congelada.

Walter desceu e se aproximou junto com o loiro que também me encarava.

— Seu pai nos pediu para vir, estava muito ocupado com a festa, então nos mandou em seu lugar para salvarmos a princesinha dele.

Ri sem graça, naquele momento tudo que eu menos queria era ser a filha do chefe de polícia. Diabos, eu realmente queria ser algemada pelo policial que agora estava bem próximo, e que era muito alto. Alto e magro.

— Sou, Alice, filha do Charlie. — Estendi minha mão.

— Jasper, prazer. — ele tinha sotaque. Sotaque do Sul de algum lugar que era extremamente sexy. — Desculpe a demora.

O aperto de sua mão era firme. Internamente me perguntava se sua pegada era tão firme com o aperto de sua mão.

— Tudo bem.

Soltei sua mão contra minha vontade.

— Podemos ver o pneu? — Walter perguntou quebrando o clima. Ele tinha um sorriso cínico no rosto.

— Claro. Hum. Vocês sabem onde fica tudo.

Sai de perto deixando eles fazerem sua mágica. Fiquei por perto segurando a lanterna do celular. Mentira. Admirando a bunda do loiro que estava abaixado mexendo com aquelas coisas, as mãos sujas. Era tão quente!

Estava começando a fazer calor ali.

— O que você aprontou com a roda do carro? — Jasper perguntou por trás dos cachos que caiam em seus olhos, me tirando de meus devaneios.

— Como? — questionei atordoada.

— A roda. Está amassada, foi o que fez furar o pneu.

— Acho que hoje de manhã cai em um buraco. Mas só senti algo agora há pouco — expliquei lembrando do acidente.

— Dá pra trocar pelo estepe e você chegar na cidade, mas amanhã você precisa arrumar isso antes de voltar. — Enquanto ele fazia força pra trocar o pneu eu admirava os braços fortes. — Se quiser posso dar uma olhada e tentar fazer algo.

Oh eu queria que ele fizesse muita coisa, mas comigo.

— Claro. Eu adoraria.

Eles terminaram a troca do pneu rápido.

— Jasper, acho que talvez seja melhor você ir dirigindo o carro da Ali. Pode ser mais seguro. — Walter falou sério.

— Hum. Claro. Se ela não se importar. — Jasper respondeu e se virou pra mim.

— Claro. Por mim está ótimo.

Entreguei as chaves pra ele. Me despedi de Walter que sorriu e piscou pra mim com um grande sorriso. Sorri de volta.

Jasper entrou no carro, ajustou retrovisor e tudo mais, começou a dirigir manejando a máquina com maestria. Cada vez que ele passava a marcha eu me sentia mais quente. Não conseguia parar de encarar ele.

— Então, você não é daqui, certo? — comecei o assunto não aguentando mais o silêncio.

— Não. Sou do Texas.

Isso explicava o sotaque sulista.

— O que te trouxe tão longe Jasper? — Indaguei agora curiosa.

Ele me olhou sério antes de desviar o olhar.

— Minha filha. A mãe se mudou com ela e vim pra cá pra viver perto dela.

A resposta séria me pegou desprevenida. Ele era casado.

— Ah sim. Elas devem estar loucas te esperando em casa. — Comentei sem graça desviando olhar pra fora do carro.

— Na verdade, vou passar o Natal na sua casa.

Virei novamente pra ele, vendo o canto de um sorriso em seus lábios rosados e bonitos.

— Oh você vai adorar o Natal dos Swan.

Ele riu um pouco. O  som ressoando como sinos.

— O chefe não para de falar dessa festa. Na verdade o terno vermelho é o assunto mais comentado da delegacia.

Ri com ele.

— Renée adora coisas extravagantes.

—  Sua mãe é maravilhosa, foi até a delegacia convidar todos para a festa dias atrás. Bom, ela até disse que mal via a hora de eu conhecer a filha dela. — Sorriu para mim.

Ah, mamãe vivia querendo arranjar um namorado para Rosalie, ela certamente tinha chamado Jasper para os unir. Afinal, Bella tinha Edward e até mais cedo eu tinha Riley.

— Do que você gosta Alice? — perguntou quando fiquei quieta.

Ele me encarava. Ainda tinha um sorriso no rosto.

— Eu gosto de tudo. — Ri sem saber como responder.

— Seu pai disse que seu namorado poderia estar te acompanhando. — Ele mudou de assunto.

Fechei a cara com a menção de Riley.

— Ex-namorado. — Retruquei seca.

— Sinto muito.

— Não sinta. Ele era um babaca.

— Então, que sorte a sua. — Ri do gracejo.

Jasper era um cara legal. Jovem, responsável e muito centrado. Mas divertido.

Descobri que sempre quis ser policial, mas que seu sonho era ser do FBI, todavia, uma gravidez na adolescência de forma inesperada mudou seus planos. Sete anos depois ele tinha mudado pro outro lado do País para viver perto da filha, Sophie, que naquela noite estava em uma festa de Natal com a mãe em Port Angeles, mas ficaria com Jasper no dia seguinte.

O percurso até a casa dos Swan foi mais rápido do que eu esperava, ou eu que queria ficar mais tempo conversando com Jasper. Assim que chegamos, desci olhando a decoração que mamãe tinha planejado esse ano. Tinha luzes por todo o lado de fora, um boneco em forma de rena em cima do telhado. Estava lindo.

Enquanto eu apreciava a decoração do lado de fora, Jasper pegou minha mala e se aproximou. Já era possível ouvir a movimentação da festa que havia começado.

— Vamos?

— Claro. — Sorri em resposta.

Eu estava me sentindo meio idiota perto dele, dando todos aqueles sorrisos, também sentia borboletas no estômago.

Paramos de frente a porta, e toquei a campainha. Enquanto esperava alguém abrir fiquei encarando a porta, mas sentindo os olhos azuis afixados em mim.

— Você já vai ficar pra festa? — Perguntei sem ainda o olhar.

Olhei pra ele, que olhava minha boca. Seu olhar fixo me fez passar a língua sobre os lábios. Senti suas respiração mudar.

—  Sim —  murmurou.

E mamãe o empurraria para Rosalie… Mas, conhecendo minha irmã ela não iria querer nada com ele. Até porque ela estava tendo fantasias com seu chefe, eu bem sabia disso.

— Estamos embaixo do visco. Você conhece a regra certo? — ele perguntou ainda olhando minha boca.

Acenei com a cabeça sem conseguir encontrar minha voz pra falar. Ele iria me beijar? Sim, por favor, sim. Que Papai Noel me desse aquele presente, eu queria muito que Jasper me beijasse, ele era tão lindo, como não querer aquilo? Me sentia uma adolescente de novo, querendo que o capitão do time de basquete me beijasse, só que Jasper era infinitamente mais bonito que Lucas.

Jasper encostou seus lábios nos meus enquanto eu ainda viajava, mas logo acordei para a realidade. Seus lábios estavam frios, o contraste fez o desejo subir por meu corpo. Passei a língua de leve por seus lábios. Suas mãos foram parar na minha cintura.

Antes que o beijo se aprofundasse a porta se abriu.

— Olha só, você é rápida hein Alice! —  A zombaria de Bella me fez ficar vermelha. Uma maldição com a qual a Bella havia sofrido durante toda a vida.

—  Estraga prazeres! —  Ri dando de ombro e indo abraçar a mesma.

Jasper estava totalmente vermelho, ainda sim se apresentou pra minha irmã. Ele praticamente correu para dentro da casa, envergonhado, deixando minha mala comigo.

—  Alice vamos pegar biscoitos — Bella disse enquanto me puxava pela mão, alcançando minha mala e a jogando no armário de entrada de casa. — Os pais querem contar algo e só vão falar quando a Rose chegar, mamãe ameaçou o chefe dela e ela virá agora.

Aquilo era algo muito bom de se ouvir, estaríamos todos juntos. Fui falar com meus pais rapidamente, contei para eles sobre o fim do meu namoro, mas não tivemos muito tempo, já que eles estavam ocupados com seus convidados.

Então, Bella e eu fomos beber champanhe e comer biscoitos na cozinha, sentei e comecei a contar sobre meu dia de merda.

Bella riu da minha cara em alguns momentos da narração, mas prometeu me ajudar a caçar e matar Riley, mas no momento estava mesmo preocupada em caçar Jasper e aprofundar aquele beijo que mal tinha começado.

Para minha sorte ele apareceu, com tio Rogers. Bella agilmente tirou nosso tio de perto, levando sua flatulência para longe e fiquei só com Jasper.

— Champanhe? —  Ele aceitou e o servi.

Ele iria dizer algo, mas não resisti e o beijei mais.

— Vamos falar sobre isso em algum momento? —  indagou divertido, se referindo aos beijos.

—  Não hoje, foi um dia muito longo. —  Ele concordou em compreensão.

—  Outro dia. —  Me beijou de novo, fazendo com que eu sorrisse, mamãe chegou ali naquele momento.

— Alice! —  Afastei Jasper e sorri para mamãe.

— Oi, mãe!

— Você estava beijando o Jasper?

— Sim?

Ela suspirou, mas sorriu por fim.

—  Ok, arranjo outro cara para Rose. —  Jasper e eu rimos. — Você tem um irmão, Jasper?

—  Só no Texas, mas ele é casado.

—  Ah, que coisa! —  mamãe reclamou, mas a campainha tocou e ela se animou. —  Deve ser a Rosalie, espero chegar a porta sem o tio Rogers me parar para contar alguma história chata. — Ela saiu da cozinha, eu voltei a beijar Jasper, não demorou muito, logo Bella e mamãe apareceram e me arrastaram para o quarto dos meus pais, onde Charlie estava, em breve o segredo deles seria revelado.

 


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Notas finais do capítulo

Anny Charmant: *Endorfina é uma referência a fic Hollywood da Lola Royal.

Beijos!

24.12.18



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