GirlFriend escrita por belith


Capítulo 2
2ª sentença: Esse brilho é seu e ninguém vai tirar.


Notas iniciais do capítulo

Eu não me lembro qual o título desse capítulo quando foi publicado pela primeira vez, no entanto, relendo para fazer a correção, lembrei dessa música "Esse é brilho é meu" da IZA e achei condizente com o capítulo. Fica a minha dica de música :)

Boa leitura o/



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#LH,

Segunda-feira –6h02min.

Uma manhã agradável, a leve brisa fresca com cheiro de primavera invade o pequeno quarto de paredes cor-de-rosa, deixando a visão parecida com a de um sonho bom. Para ser sincera, não tenho a mínima vontade de ir à escola hoje. Sua respiração está calma e convidativa, os cabelos loiros um pouco bagunçados lhe dão um ar jovial e, ao mesmo tempo, muito infantil, acho que isso é o que mais me agrada na visão matinal. Faça chuva ou faça Sol, frio ou calor, contanto que seu coração esteja batendo calmamente todas as manhãs, é motivo o  suficiente para me fazer viver. É o suficiente para não desistir de mim, de nós, de um futuro. Mesmo que tudo pareça perdido, mesmo que minhas forças pareçam estar sendo drenadas de forma mais e mais intensa a cada nascer do Sol, enquanto você estiver aqui, enquanto puder ver seu sorriso, tudo isso não será nada, pois você é meu tudo.

 

#ND,

Fairy Tail – 7h20min – Sala do 3° ano.

Ela está em um nível completamente diferente de nós.  Mesmo estando aqui todas as manhãs com o mesmo rosto jovem, concentrada nos estudos, mesmo comendo conosco... é como se nunca estivesse realmente aqui. Lucy, no que você tanto pensa? Um sorriso que mais parece uma máscara, no entanto, não é como se fosse falsidade ou coisa parecida. Como explicar? É como se tentasse aproveitar o agora, como se estar entre nós fosse algo que realmente quisesse, no entanto, não pode desfrutar da maneira que deseja. O que te faz se comportar assim, Lucy? Não pensei que estivesse tão interessado em descobrir.

— Natsu! —Ouvi Lisanna me chamar.

— Hum, o que foi? —Perguntei sem desviar meu olhar da loira que anotava tudo o que estava escrito no quadro; acredito que se perdeu em seus próprios pensamentos durante a explicação, pois, estamos na aula de estudos livre.

— Não venha com “o que foi? ” para o meu lado. Você não estava nem ouvido o que falei, não é mesmo? —Bufou me encarando irritada. Parando para pensar, nós começamos a namorar pouco tempo antes de Lucy aparecer, certo? Lisanna já a conhecia, mas nunca me disse nada. Além disso, Lucy falou que trabalha no café da Mirajane à tarde, no entanto, só comecei a vê-la no horário da tarde depois que a mesma chegou à Fairy Tail.

— Sim, eu não ouvi nada do que você disse, Lisanna. —Concluí. E antes que a mesma pudesse dizer algo, levantei. —Mas não tenho interesse em ouvir, pelo menos, não agora. Suas notas em história estão horríveis, por que não aproveita essa aula livre para estudar um pouco? —Peguei meu caderno.

— Aonde você vai, Natsu? —Segurou minha mão. Pode parecer imaginação, mas... Lisanna tem andado um tanto apreensiva ultimamente. Esse comportamento inseguro me incomoda.

— Estudar com Lucy e os outros. Concentre-se em história, está com dificuldades, sim? Quando as aulas terminarem vamos juntos para casa, certo? —Segurei sua mão.

— Hai! —Concordou animada.

Uma mulher apaixonada exibe sempre o que tem de melhor. Lisanna não é diferente. Está sempre cheirosa e com o uniforme bem arrumado, usa pouca maquiagem, nada exagerado, seu cabelo está sempre macio e cheiroso, é agradável, realmente, além disso, é linda e seu corpo parece ter sido desenhado por um artista. Não há nada de errado, definitivamente, nada de errado. Então, o que é esse aperto no peito toda vez que vejo esse sorriso em seu rosto?

Esse sorriso, sei que sou a causa dele. É lindo. Definitivamente, o sorriso mais lindo que já vi. Então, por quê? Por que me sinto... tão... culpado? Tão insatisfeito? É como se não fosse o que procuro, como se faltasse algo, como se o que eu estivesse procurando estivesse perto, mas, ao mesmo tempo, longe; ainda assim, sei que posso encontrar. Então, onde está?

— N-Natsu? Algum problema? —A voz de Lucy me tirou do estado de transe em que estava. Na verdade, quando foi que cheguei aqui? Acredito que meu corpo se moveu sozinho. Seus olhos castanhos sempre me sugam, é como se não conseguisse desviar e ali houvesse alguma coisa, sim, eu sei que o que procuro está aqui ou, pelo menos, próximo daqui. Então, Lucy, você poderia me ajudar a encontrar o que procuro?

— Desculpe, Lucy, mas você poderia me ajudar em literatura? Tenho algumas dúvidas e parece que Juvia está ajudando Gray. —Com o caderno, apontei para o casal que estudava. Olhando assim, ele até parece um cara respeitável. Não que não seja, muito pelo contrário, somos melhores amigos, mas Gray nunca parece ser o tipo de cara confiável, pelo menos não à primeira vista, mas sabemos que é. Fico feliz por ter encontrado Juvia, ela é, sem dúvidas, a mulher da vida dele. Depois que começaram a namorar ele mudou da água para o vinho, o Gray que conheci, talvez, tenha morrido, se isso não aconteceu, deve estar sendo mantido preso em um calabouço dentro dele e, sinceramente, espero que nunca retorne. — Parece que, enfim, encontrou algo que queira proteger, Gray. —Sussurrei baixo sem deixar de sorrir, sei que é por isso que procuro. Alguém que precise de proteção, alguém que possa estar em meus braços, alguém com quem me identifique e não consiga me manter afastado. Sempre pensei que essa pessoa fosse Lisanna, no entanto, agora já não vejo assim. Ela está cercada de pessoas que a amam e isso é, sem dúvidas, ótimo! No entanto, sinto como se estivesse sendo apenas mais um.

— Perdão, o que disse? —Lucy me encarou um pouco perdida.

— Nada, apenas que quero sua ajuda. Posso me sentar? —Sorri.

— Claro, por favor. —Sorriu. — Então, me diga quais são suas dúvidas, espero conseguir ajudar. —Colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha, seu rosto adquiriu um leve e adorável rubor, acredito que esteja um pouco nervosa. Pela janela da sala entra uma claridade fascinante causada pelo Sol que brilha com certa intensidade, talvez, pareça loucura, mas Lucy parece brilhar, um pouco mais, devido à essa, o que faz meus olhos teimarem em lhe observar com mais atenção. Ainda não compreendo o porquê desse leve cheiro de leite que ela tem, mas, de certa forma, também acho agradável. Lucy disse querer cursar letras e escrever romances, me pergunto que tipo de romance ela gostaria de escrever, para qual público gostaria de escrever. De alguma forma, há muito sobre ela que quero saber, mas não sei como perguntar. — Natsu, Natsu? Está ouvido?

— Desculpe, você está brilhando muito hoje, Lucy. —Sorri. — Certo, vamos continuar!

 

#LH,

“Desculpe, Lucy-sama, mas a senhorita está brilhando muito hoje, na verdade, é semelhante a sua mãe, Layla-sama.”

Por quê? Você não sabe de nada. Não sabe o que vive, não sabe, nem mesmo, quem sou, então como pode dizer algo assim? Alguém como eu... brilhar? Isso é impossível. É diferente de quando estava na mansão, diferente daquela época, meu corpo, minha voz, cheiro, personalidade. Então como você pode dizer algo assim? Antes que pudesse perceber, meus olhos se encheram de água e uma pontada forte fez meu coração doer. Não me diga que....

— Lucy? Algo errado? —Natsu perguntou quando me levantei rapidamente.

— Eu, me desculpe, mas preciso ir... preciso... ir ao banheiro. Pode esperar? Eu não demoro. Por favor, me desculpe por isso. —Corri. Sim, corri, pois, não quero que me veja com uma expressão tão horrenda, não depois de dizer que hoje pareço brilhar, me perdoe Natsu, mas isso é impossível para alguém como eu. Você, assim como todos os outros, iria me desprezar se soubesse de tudo que aconteceu, por isso... — N..Nã...— Tropecei e quando estava prestes a cair.

— Cuidado, Lucy! —E antes que pudesse cair, os braços de alguém me envolveram. Impossível, você não deveria estar aqui.

— Natsu...

— Lucy, você está bem? —Perguntou enquanto me segurava. De todas as pessoas que conheci, você, sem dúvidas é a mais gentil. Deve ser por isso que é tão difícil estar próxima de alguém tão brilhante como você, Natsu.

— Sim, obrigada.

— Lucy, você não está bem, não é? —Segurou meu rosto com ambas as mãos.

Uma vez minha mãe me disse que é feio para uma jovem dama mentir, de fato, eu concordo com ela e sinto que suas palavras estão, cada vez, mais certas quando estou perto desse rapaz. Esse sorriso ou olhar preocupado, a voz suave e gentil, o cheiro amadeirado, o abraço apertado e quente, principalmente esse calor aconchegante, Natsu Dragneel. Você, assim como eu fui um dia, é herdeiro de uma fortuna inigualável, no entanto, sempre tenta conquistar as coisas por seu próprio mérito, comigo aconteceu o mesmo, mas por motivos diferentes.

 Trabalhar para comprar minha comida, roupa, maquiagem, para pagar tudo. Conquistar tudo o que quero com minhas próprias mãos, tornar meus sonhos possíveis através do meu próprio esforço, não é como se estivesse reclamando, é gratificante saber que tudo o que tenho foi comprado pelo meu esforço e força de vontade, mas o que me trouxe a essa situação, o que passei para chegar ao que sou hoje, você, assim como qualquer pessoa, sentiria nojo. Até mesmo eu senti, certamente, com você não seria diferente. Desculpe, mas não posso continuar perto de uma pessoa como você. Você deveria simplesmente me ignorar e enxergar a linda jovem que o deseja, Lisanna pode ser um pouco mimada e problemática, mas te ama mais que qualquer pessoa, por isso, me desculpe, Natsu, mas nós não podemos ficar próximos. Tenho certeza de que quanto mais tempo passar ao seu lado, mais difícil será se tudo der errado, por favor, me perdoe.

 — Desculpe, Natsu. —Senti meus olhos arderem por conta das lágrimas que começavam a se manifestar, pela primeira vez, pensei que tivesse encontrado alguém com quem pudesse me abrir, mas não posso, não é mesmo? Você é sincero, divertido, alegre, puro. Definitivamente, vivemos realidades diferentes, sei disso, na verdade, não só você, mas todos, Juvia, Levy, Gray, Erza, Gajeel, Jellal, todos vocês são pessoas gentis que vivem suas vidas da maneira como querem, almejando alcançar um objetivo, batalhando por seus sonhos sem ter qualquer fardo para carregar, sem ter qualquer memória dolorosa, podendo dormir tranquilamente toda noite, deve ser bom, não é mesmo? Eu... não me lembro como é essa sensação, por isso, me perdoe. Ao mesmo tempo que admiro, tenho inveja. Eu sei, sou uma pessoa horrível.

— Lucy, você...

A melodia de Rihanna denunciou uma chamada em meu celular, o que acabou interrompendo nossa conversa.

— Você pode atender, Lucy.

— D-Desculpe e obrigada. —Sorri sem jeito pegando o aparelho e sentindo um arrepio, seguido de uma forte dor no peito quando vi o nome da pessoa que ligava.

 

[Eu]: A-Alô, Yukino.

[Yukino]: Lucy-san, tudo bem?

[Eu]: Sim, mas, ainda estou no colégio, não posso falar ao telefone. Aconteceu alguma coisa?

[Yukino]: Sim, Layla-chan está com febre. Sei que esse não é momento para te ligar, mas são 36°C. irei fazer tudo que estiver ao meu alcance, mas preciso de sua permissão para isso.

[Eu]: 36°C? Yukino-san, por favor, eu imploro, cuide disso por mim, pelo menos, por enquanto.

[Yukino]: Sim! Não precisa se preocupar, vou lhe manter informada a todo momento. Obrigada, Lucy-san e não se preocupe tanto, cuidarei de tudo. Até mais.

 

— Lucy, está tudo bem?

— Desculpe, mas isso não tem nada a ver com você. —Mesmo não querendo, não há como evitar, preciso lhe dar esse tipo de tratamento para entender que entre nós existe esse abismo. – O-Obrigada por me ajudar, mas não posso continuar aqui. Me desculpe, Natsu! – Levantei para sair, mas fui impedida pela mão do mesmo. – Natsu, por favor.

— Lucy, não. Você, você disse que ia me ajudar com literatura, não disse? — Mesmo dizendo isso, está escrito em seus olhos que não é o que você quer dizer. Sou eu quem está lhe forçando a dizer algo como isso, sim? Talvez eu não tenha créditos de desculpas suficientes para pedir, mas não posso deixar que continue tão próximo. Desculpe, Natsu.

— Você pode me soltar, por favor? Não se preocupe quanto à atividade, até o final das aulas, fique tranquilo, irei lhe entregar um resumo que vai ser mais detalhado que qualquer explicação já dada em sala.

— Mas, Lucy...

— Natsu, realmente sou grata por sua preocupação, na verdade, você é uma pessoa muito gentil e admiro isso, também não posso deixar de agradecer pelo elogio de mais cedo, mas a verdade é que você deve se lembrar que tem uma namorada. — O aperto em meu braço diminuiu perdeu força — Pode parecer um assunto importuno no momento, mas todos têm reparado isso, desde que cheguei à Fairy Tail você parece distante de Lisanna. Definitivamente, não tenho nada com isso, mas acho que seria errado deixar isso continuar sem lhe dizer o que penso. Eu só não quero atrapalhar, não quero que se preocupe, tão pouco perca seu tempo comigo, então, se não for pedir muito, poderia me soltar e voltar para sala? — Aos poucos, sua mão já não me segurava mais. Não pude deixar de fitar seus olhos que demonstravam tristeza perante minha fala, mesmo sentindo o peito apertado, não posso ceder, desculpe, desculpe, Natsu! Sou eu a culpada por essa confusão, desculpe.

— Sinto muito, Lucy. Eu não sabia que estavam circulando boatos como esses. Desculpe, eu sinto muito, não foi minha intenção, desculpe. — Disse saindo.

Não é como se estivessem circulando, mas minha conversa com Lisanna não foi muito amigável. Ser chamada de “vadia” não me agrada. Além disso, não quero ter que me preocupar com ser uma pedra no meio de um relacionado.

 

#ND,

Um amigo? Namorado? Família? Não sei. Não entendo, mas quero compreender. É estranho, agorinha, aquilo foi claramente uma rejeição, não foi? No entanto, o que é esse sentimento? — Cerrei os punhos ao sentir meu peito palpitar pelas batidas desenfreadas e absurdas vindas do meu coração — Essa mulher, definitivamente, quero conhece-la, quero observar de perto, não entendo bem o que é isso, mas é uma sensação maravilhosa e, ao mesmo tempo, assustadora. Lucy, eu não vou desistir de você. Não enquanto não descobrir o que esconde.

— Estou pegando fogo.

De qualquer forma, agora não tem nada que possa fazer, Lucy pediu que ficasse longe, mesmo que eu não vá fazer isso, os testes estão se aproximando e preciso mesmo estudar Literatura.

— Gray, Juvia, posso me juntar a vocês? — Perguntei me aproximando dos dois que pareciam concentrados, aliás, é estranho ver Gray tão obcecado com alguma matéria, ele é do tipo que aprende tudo só em assistir a aula, mas com Literatura é coisa fica diferente, então deve estar se esforçando mesmo. Francamente.

— Nat-san, algum problema? Lisanna nos disse que você ia estudar com Lucy-san, por isso preferiu ir à biblioteca. Não seria melhor estudar com ela? — Juvia, sempre educada e preocupada com os outros. Eu meio que gosto disso nela, diferente de Lisanna que sempre se coloca em primeiro lugar, Juvia nunca causa problemas aos outros e sempre tenta ajudar. Não conheço Lucy o suficiente, mas acho que ela se parece um pouco com a Juvia. Quando estão preocupadas com algo o olhar é bem parecido, esse olhar...

— Lisanna também não sabe Literatura, então juntar duas pessoas que não sabem só vai gerar mais dúvida, além disso, ela é do tipo que estuda melhor se estiver sozinha, sim? De qualquer forma, se for incômodo posso procurar outra pessoa.

— Não se faça de retardado, seu idiota! — Gray chutou meu pé — Você sabe que a Juvia vai ficar preocupada se você não ficar aqui. Anda logo, pega uma cadeira e agarra seu rabo nela, vamos estudar.

— Juvia, tudo bem pra você? — Perguntei preocupado.

— Claro, na verdade, Gray-sama também está com muitas dificuldades. Imagino que repetir tudo do começo vá ser de grande ajuda para um melhor aprendizado.

— Tudo do começo? Sem chance, Juvia! — Questionou incrédulo.

— Cala boca, pirralho. Abre seu livro na página 34, tudo do começo. — Disse séria o encarando como se oferecesse sua pena de morte.

— Hai. — Concordou baixo.

— O mesmo para você, Nat-san. — Olhou-me de esguelha.

— Sim senhora!

 

No mundo existem todos os tipos de pessoas. Todos os tipos de personalidades. Aprendemos que é errado julgar o livro pela capa e, de fato, não devemos. Às vezes a melhor maçã, nem sempre, é a mais bonita.

 

Fim das aulas – horário da saída.

— Chottomatte, Natsu! — Ouvi Levy me chamar.

— Yo, Levy. — Acenei ao ver a pequena correr, sendo seguida por Gajeel que carregava seus livros.

— Isso é para você, há alguns minutos Lu-chan deixou comigo na biblioteca e pediu para te entregar. Acredito que seja um resumo da matéria de literatura e tudo que vai cair no teste. Está muito bem feito!

— Lucy? Espera! Aonde ela foi, Levy?

— Eh? Eu não sei, mas ela saiu correndo como louca. Parecia muito preocupada e não me contou nada, achei melhor deixa-la ir do que interromper com perguntas que poderiam ser respondidas depois. Fiz mal? — Encarou-me, um tanto quanto, preocupada.

— N-Não, na verdade está tudo bem. Pelo menos, eu acho.  De qualquer forma, gostaria de conversar com ela.

— Salamandra, está acontecendo algo? — Gajeel me encarou sério.

— Sinceramente, não sei. Mas aquela garota... eu não entendo. Só sinto que se não fizer isso, vai ser como um grande tesouro escapando por entre meus dedos. — Sorri, é a primeira vez que me sinto tão excitado a fazer algo que não esteja relacionada a algum esporte. Pergunto-me que sentimento é esse? Essa mulher, definitivamente, quero conhece-la. Quero saber tudo sobre ela. Quando estava prestes a sair da sala.

— Natsu! — Ouvi Lisanna me chamando e logo estando perto — Natsu, você já está indo?

— S-Sim.

— Graças a Deus! Você está de carro, não está? Poderia me levar ao supermercado? É que Mira-nee me pediu para comprar umas coisas para ela e levar rápido. Poderia me ajudar?

— Mirajane pediu ajuda? — Gray apareceu ao lado da albina — Isso sim é o que eu chamo de milagre, sim? Ela é do tipo bem preparada. Aconteceu alguma coisa?

— Hoje o café está fazendo o dia “cosplay” com o tema empregadas gatas (Maid-Neko), então parece que o número de clientes passou do planejado e estão precisando de alguns ingredientes na cozinha.

— Mas agora é a pausa para o almoço, não é mesmo?

— Sim, mas como está todo mundo na correria, ninguém pode sair para comprar, na verdade, ela pediu ajuda para Juvia e Erza, parece que as duas foram com Jellal na frente.

— Sim, eu acabei de receber uma mensagem da Juvia. Então, acho que quero dar uma passadinha por lá, posso ir com vocês?

— Claro. Acho que vou passar lá também, de qualquer forma.  — Sorri.

— Obrigada, Natsu! — Lisanna se jogou em meus braços.

— Não seja boba, Lisanna, não tem nada que agradecer. Então, vamos indo. Obrigado, Levy. Te vejo no treino às 17h00min, Gajeel.

— Certo! – Os dois acenaram.

 

#LH,

Quando era pequena sempre pensei que minha mãe havia morrido cedo porque eu não era a filha que desejava. É ridículo, não é? Um pensamento como esse. Criada em uma mansão, tendo tudo do bom e do melhor, desfrutando de uma riqueza que não tinha nada a ver comigo, vivendo a vida de uma princesa, presa em seu castelo, presa em seu mundinho de conto de fadas perfeito, uma história sem dor, momentos difíceis, tudo tão perfeito que chegava a ser estranho. Hoje, me sinto um pouco melhor, quero dizer, minha vida não se compara com a que tinha antes, não tenho um quarto cheio de sapatos caros, outro com vestidos e joias, não tenho um motorista particular, muito menos uma biblioteca em meu quarto, mas, é tão gratificante trabalhar e conquistar o que quero, correr atrás de tornar meus desejos reais. Sempre tento economizar, quero poder comprar as melhores roupas, os melhores acessórios, os melhores sapados, sim, claro que quero, mas, dessa vez, não são para mim, toda e qualquer vaidade o desejo caro, tudo isso é direcionado para uma única pessoa.

Hoje entendo as lágrimas de minha mãe toda vez que eu estava mal, quando caía e me machucava, aquele olhar preocupado. Assim como, o olhar de satisfação ao me ver com um lindo vestido desenhado pela mesma, todos esses sentimentos que me eram estranhos, hoje, são tão óbvios... mãe, era assim que você se sentia, não é mesmo?

— Layla! — Gritei ao ver a pequena menininha de cabelos loiros brincar com Yukino.

Naquele breve instante, um único e simples sorriso, os olhos cor de mel brilhando ao me ver, sim, essa sensação, mãe, essa é a sensação. Meu coração se encheu de uma alegria esmagadora que expulsou todo e qualquer sofrimento.  Maravilhoso. Puro. Belo. Quente e único, incomparável amor.

— Mamãe! — A pequena correu ao meu encontro, pequenos passos, acho até um pouco desajeitados, mas de sua forma chegam a ser graciosos. As pequenas mãos que tentavam me alcançar, o sorriso inocente que parecia iluminar todo o universo, sim, minha, minha e somente minha amada e linda...filha.

— L-Lucy... — Ouvi uma voz familiar chamar meu nome, assim que minha filha se jogou em meus braços.

— N-Natsu. — Fim de jogo, tudo estava, mais uma vez, perdido.

— O que... significa isso?

 

**

“Você já se perguntou o que ele está fazendo?

Como tudo virou mentiras?

Às vezes acho que é melhor

Nunca perguntar por quê

Onde há desejo, haverá uma chama

Onde há uma chama alguém está sujeito a se queimar

Mas só porque queima não significa que você vai morrer17

Você tem que se levantar e tentar, e tentar, e tentar...”

**

— Mamãe, quem é ele? — Layla pergunta encarando Natsu com olhos curiosos. Eu não sei o que fazer. É como se tudo estivesse... queimando. Meu peito dói, mesmo sabendo que cedo ou tarde isso iria acontecer, mesmo sabendo que não poderia manter essa farsa por tanto tempo, mesmo sabendo que teria que contar toda a verdade, mesmo sabendo que ele era a única pessoa para quem não queria mentir, a única pessoa que me faria sentir mal caso descobrisse toda a verdade antes da hora, mesmo sabendo, mesmo sabendo... eu não consigo suportar essa dor aqui. Peguei Layla pela mão.

— Desculpe, Natsu, mas isso não tem nada a ver com você. — Disse saindo. Peguei a pequena no colo e entrei no primeiro táxi que vi passar. Isso só pode ser... um pesadelo.

 

#ND,

Mãe. Uma jovem de 19anos que está terminando o terceiro ano do médio, prestes a ingressar numa faculdade para cursar letras e se tornar, em breve, uma grande romancista, Lucy. Mãe. Aos 19anos, mãe. Ainda jovem, mãe. Minha colega de classe, mãe. Mãe. Mãe. Mãe.

— Lisanna. — Disse entrando no carro onde Lisanna me esperava, junto de Gray que estava dormindo.

— Hai! — Respondeu sorrindo.

— Você escolheu esse supermercado de propósito, não foi? — Encarei-a pelo espelho do carro.

— Hã? Não se do que está falando, Natsu. — Fez-se de desentendida.

— Não fode comigo, Lisanna! — Aumentei a voz.

— S-Sim, eu pedi que viesse nesse, pois, sabia que Lucy estaria aqui.

— O que foi aquilo?

— Hã? Como assim? Você não entendeu? — Riu em deboche. — Foi exatamente o que viu, Natsu. Aquela mocinha de cabelos loiros é, nada mais, nada menos que, a filha de Lucy. Mas não se engane, sua tão adorada colega de classe não tem marido, namorado ou ficante, é mãe solteira aos 19anos de idade. Exatamente isso. — Concluiu pegando o celular.

— ....

— Natsu, estamos atrasados.

— Lisanna.

— S-Sim?

— Desde do carro.

— Quê?

— Desde do carro.

— Está louco? Anda, estamos atrasados.

— Eu disse pra DESDER da MERDA do CARRO! AGORA! —Estava no limite. Lisanna, assim como Gray, estavam assustados. Sei que é um comportamento atípico, mas eu não suporto mentira, muito menos armação.

— Você vai se arrepender disso, Natsu!

— É você quem vai se arrepender se contar algo sobre o que aconteceu hoje para alguém....

— Está me ameaçando?

— Isso é uma advertência, Lisanna. Se alguém souber do que aconteceu hoje, eu acabo com você.

“Socorro! Socorro!

Leve-me alto e eu vou cantar

Oh você deixa tudo ok (ok, ok)

Nós somos um só

Oh você leva toda a dor embora (embora, embora)

Salve-me se eu me tornar

Meus demônios.”

—H-Hai, Natsu.

— É melhor você correr ou vai chegar atrasada! —Gray gritou assim que dei partida.

— ...

— Relaxa, toca pra’ onde quiser ir, estou com você, irmão.

— Obrigado.

 

continua no próximo capítulo>>>


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Notas finais do capítulo

Capítulo meio grande, mas está aí.



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