Sorriso Insano escrita por LoneGhost


Capítulo 7
Mate-me


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo :)
Esse capítulo ficou louco... ashuashu
Boa leitura.



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Eu o segui e fomos para frente da casa, no mesmo lugar em que vi Slenderman pela primeira vez. Observei as árvores e tudo me parecia uma cena de crime. Já era tarde, talvez perto das 16:00 horas. Comecei a me perturbar sobre onde passaria a noite, sabia que Thomas não voltaria com sua palavra.

—O que vamos fazer?- perguntei.

Ele se virou para mim e não me respondeu. Desviou seu olhar e encarou as árvores em nossa frente, parecendo procurar alguma coisa.

—Vamos para lá.- disse ele apontando para a floresta.

Diabos... pensei. Havíamos acabado de sair daquele lugar e já precisávamos voltar novamente. Mas não retruquei em voz alta, apenas o segui. Andamos dez segundos e entramos novamente em meio aos galhos. Ele andava olhando para cima e eu tentava ver o que ele procurava, olhando também. De repente, ele virou-se rapidamente para mim.

—Shhhh...- disse com o dedo indicador sob o nariz.

Virou-se novamente e apontou para um dos galhos de uma árvore longe de nós. Vi um pequeno esquilo marrom com algo nas patas, parecendo se alimentar. Lembrei-me de que me disseram que o máximo de bichos que poderia ter aquela floresta, eram insetos grandes. Imaginei o quão errado estavam e quantos outros animais poderiam haver ali. Thomas pegou o machado e apontou para o animal e já imaginei o que ele faria. Antes que eu pudesse protestar, Thomas jogou, incrivelmente, o machado na diagonal, como se fosse um bumerangue, nos fazendo discordar do real peso do machado (e das leias da física), que girou no ar até atingir o pequeno esquilo que deu um berro de dor e caiu no chão com a arma.

—Não!- eu gritei e saí em direção ao esquilo.

Quando cheguei perto, me agachei e percebi que era o cabo do machado havia atingido o esquilo, e não a lâmina, fazendo o esquilo apenas cair com um impacto muito forte no chão. O animal estava caído de lado na grama fria e curta, respirando rapidamente e parecendo fazer força para mexer as patas da frente, mas sem sucesso. Ele ainda estava lutando para viver.

—Não! Não!- falei em agonia e senti as lágrimas rolarem. 

Coloquei as mãos na boca. Não percebi que Thomas estava atrás de mim.

—Sacrifique ele.- falou baixo.

Me levantei e virei-me para Thomas. O ódio me consumiu naquele momento e percebi que ainda estava com o cutelo na mão. Tentei atacá-lo, mas ele foi mais rápido, e com uma força incrível, segurou minha mão no ar. Ele pareceu ter um ar de aprovação.

—É dessa agressividade que você precisa.- ele disse.

—Você é pior que Jeff.- falei.

Me soltou e saí bruscamente de perto dele, indo analisar novamente o esquilo. Me agachei e o pequeno animal ainda estava em angústias. Meu coração estava partido olhando aquilo e sabendo que não podia fazer nada.

—Você precisa matá-lo.- Thomas disse.- Não seja um poço de sentimentos.

Me esforcei para aceitar que aquilo era preciso. Eu precisava não ser tão emocional como estava sendo se quisesse vencer aquela luta. Passei a mão na cabeça do esquilo e pensei estar ajudando-o a sair daquela dor, mesmo que doesse muito em mim. Senti as lágrimas rolarem à minha boca. Ergui o cutelo, fechei os olhos e o bati de uma vez na direção do esquilo, com força. Senti o cutelo entrar em alguma coisa e quando abri os olhos, percebi que havia batido exatamente no pescoço do animal, que morreu na hora. Nesse momento, comecei a chorar mais, mas sem fazer barulhos. Aquilo foi tão forte para mim que bati a faca várias vezes no pescoço do esquilo, como se estivesse descontando tudo que estava sentindo nele. Ao final, minhas mãos estavam, cheias de sangue e a cabeça já estava quase se desgrudando do corpo.

—Ótimo.- disse Thomas.

Ele se aproximou e tirou o cutelo do pescoço do animal. Me levantei e o olhei com ódio. As palavras simplesmente começaram a sair de minha boca.

—Seu psicopata! O que tem aí dentro? Uma pedra?!- apontei para seu peito.

Ele simplesmente olhava para mim, quieto. Abriu a boca para responder mas foi interrompido por uma voz atrás de mim.

—Ele só está sendo ele. Ridículo.- ouvi.

Na hora, fiquei com medo de me virar (sempre que fazia isso, via algo ruim). Olhei para Thomas antes de fazer isso.

—Saia daqui.- Thomas falou para o que estava atrás de mim.

Nesse momento, me virei e pude ver um menino de cabelo loiro e olhos verdes, aparentando ter minha idade. Era um garoto completamente normal, o que me assustou. Ele vestia jeans preto e um casaco da mesma cor aberto, e por baixo deste, uma camiseta branca com um desenho de um corvo magnífico. Thomas o olhava com desagrado da mesma maneira que o garoto olhava para Thomas.

—Ah, Thomas... você está muito ferrado pelo que fez com meu mestre.- e olhou para mim.- Você é a nova escolhida de Jeff? Aliás, belo corte.- sorriu passando a mão na bochecha.

—Sim, ela é.- Thomas respondeu em meu lugar.- Agora suma, não queremos sua presença.

Os olhos do menino pareceram ficar cheios de raiva e em um instante, pensava estar alucinada, mas estava vendo mesmo: tentáculos saindo das costas do garoto. Tentáculos negros e medonhos, como os de Slenderman, se levantaram na mesma hora e ficaram na mesma posição que os do Homem Esguio quando o vi pela primeira vez, imobilizados no ar, como se passasse a mensagem de que se tentássemos alguma coisa, ele poderia nos atacar.

—Wendy, não se aproxime dele.- disse Thomas me puxando para trás.- Ele é protegido por Slenderman, é um proxy.

Mais um serial killer para completar minha situação. O menino riu.

—Como descobriu isso, Capitão Óbvio?- perguntou sarcástico.- Uma pena eu não poder encostar em você.

O menino olhou para mim e sorriu, inclinando a cabeça um pouco para o lado.

—Não se torne como ele... Wendy.- disse acertando meu nome.- Por que não se junta a nós? Proxies são poderosos.

—Apenas saia daqui, Jasper.- disse Thomas ao garoto.

Jasper tirou os olhos de mim e olhou para Thomas, fazendo seu sorriso desaparecer.

—Thomas... acha que só um esquilo a fará ter um estômago melhor?- perguntou.

—Não preciso da sua opinião sobre isso.- Thomas respondeu, sem esconder sua irritação.

—Você precisa ser mais duro com ela em relação a treinamento.- Jasper falou.

—E você precisa ser menos intrometido em relação a assuntos.- rebateu Thomas com raiva.

A expressão de Jasper transtornou-se em ódio. Ouvi um barulho vindo de cima e olhei para a copa das árvores. Em um raio de segundos, vi algo caindo agachado em minha frente. Soltei um grito. Não... ele de novo não. Jeff havia pulado de cima das árvores e caiu entre Jasper, eu e Thomas. Minha expressão devia estar horrível, pois quando Thomas olhou para mim, sussurrou bem rápido em meu ouvido enquanto Jeff se levantava:

—Não se apavore. Fique neutra.

Quando Jeff levantou-se, olhou diretamente para mim e sua expressão ficou confusa. Senti meu rosto ficar branco de medo. Aquelas cicatrizes no rosto, o corte da boca, as lembranças... tudo me dava calafrios ali. Jeff olhou para Jasper, que reagiu com um susto, mas continuou o encarando por alguns segundos, querendo manter a coragem.

—Por que ainda está aqui?!- gritou Jeff monstruoso.- Suma!

Jasper parecia temer Jeff, pois apesar da raiva não oculta em seu rosto, se virou e se desfez em corvos como Slenderman fez.

 

 Quando Jasper sumiu, Jeff virou-se para mim e Thomas. É agora pensei. Ele estava com as mãos no bolso do moletom que estava, assim como seu rosto e mãos, cobertos de sangue fresco, como se tivesse acabado de matar alguém, o que me fez estremecer.

—Já chegou, minha cara?-perguntou olhando para mim.

Ele realmente não parecia estar com raiva, mas só de escutar novamente a voz de Jeff, sentia meus pelos se arrepiarem. Lembrei-me do massacre que fizera em minha casa e sabia que podia fazer o mesmo ali. Pensei em responder, mas nada parecia querer sair de minha boca. Thomas me livrou.

—Eu a trouxe por conta de Slenderman que já estava influenciando a mente dela. Quando ela entrou na floresta, ele apareceu e se eu não tivesse interferido, ele a teria possuído.- falou sem medo, parecendo já estar acostumado com Jeff.

Jeff olhou para o esquilo e pareceu compreender a situação anterior. Andou até ele e o pegou do chão pelo rabo. O animal estava com a cabeça pendurada por um fio pelo pescoço. Jeff olhou para mim.

—Você fez isso?- perguntou.

Balancei rapidamente a cabeça em confirmação, com medo. Ele olhou novamente o esquilo, parecendo o analisar. Parou os olhos em mim.

—Termine sua arte.- sorriu diabolicamente.

Colocou o esquilo em minhas mãos e eu entendi o que devia fazer. Estava trêmula e com borboletas, ou melhor, morcegos no estômago, mas eu precisava realizar aquela atrocidade. Olhei para Thomas, tentando encontrar uma saída, mas ele apenas entregou meu cutelo, que ainda estava segurando. Como o esperado, percebi que ele não me ajudaria. Peguei o facão e o guardei no bolso do moletom, percebendo que não o usaria no momento. Segurei a cabeça do esquilo com uma mão e o corpo com outra e puxei com força, até sentir se arrebentar. Eu havia acabado de degolar uma criatura com as minhas próprias mãos. Senti tudo o que eu havia comido antes vindo para minha garganta, mas consegui me segurar. Não podia vomitar naquela hora. Olhei para Thomas, que parecia compreender tudo aquilo normalmente e olhei para Jeff, que parecia assistir tudo aquilo com prazer, como se estivesse vendo a um show de horrores. Joguei a cabeça no chão e estiquei a mão que segurava o corpo do esquilo para Jeff.

—É só isso?!- ele perguntou e olhou para Thomas.- O que foi que ensinou para ela, garoto?!

—Wendy...- disse Thomas calmo, olhando para mim.- Faça.

Suas palavras soaram como se ele estivesse me alertando de alguma coisa, parecendo estar querendo dizer que era melhor eu fazer mais, ou seria ruim para mim. Eu não entendi exatamente o que ele queria que eu fizesse, mas olhei com medo para o corpo do esquilo e me lembrei do que Jeff fizera com Aurora. Provavelmente uma imitação era o que ele queria. Com força, virei cada uma das patas do esquilo, quebrando-as, e em seguida, usei uma das grandes pedras no chão como apoio para cortar as duas patas da frente. Olhei para Jeff de novo, com medo e chorando.

—A-Assim está b-bom?- esperava que ele não se importasse com meu choro.

Ele pareceu reconhecer o próprio feito e sorriu mais do que já estava naturalmente.

—Aprendeu algo com o mestre.- Jeff disse como um louco.- Agora, se é que está lembrada, só falta uma coisa...- disse e virou os olhos para a cabeça, no chão.

Não. Eu não podia fazer aquilo. Ele praticou um canibalismo cru com Aurora e queria que eu devorasse o esquilo agora. Aquilo era demais para mim. Olhei para ele, desesperada.

—N-Não...- falei com a voz trêmula.

Ele se aproximou de mim e colocou as duas mãos em meu rosto, eram ásperas e pude sentir os cortes nelas. Aqueles olhos penetravam minha alma e o tom azul das íris, se realçavam absurdamente com as queimaduras em volta dos olhos. Jeff estava na minha frente, tocando meu rosto e podia me matar quando quisesse. Aquele estava sendo o pior dia de minha vida. Passou o dedo no corte que havia feito em mim na noite passada.

—Estou apaixonado por essa sua expressão de medo. Você parece uma louca. Gosto de ver as pessoas assim.- ele aproximou um pouco mais o rosto horrível do meu.- Mas eu quero que você faça isso.

Ele tinha um hálito horrível e aquele tom de voz me fez saber que, se eu não fizesse aquilo, estaria morta. Ele tirou as mãos da minha face e pegou a cabeça do esquilo do chão.

—E nada de vomitar.- disse olhando para mim.

Olhei para aquela pequena cabeça cheia de sangue. Os olhos ainda estavam abertos e eu só enxergava terror neles. Pensei não apenas no quão nojento e desumano seria fazer aquilo, mas também o quanto de doenças pegaria naquele instante. Fechei os olhos e pedi a Deus para que fizesse aquilo passar o mais rápido possível. Mordi a parte já aberta do pescoço, já que não precisaria fazer tanto esforço para tirar a carne como Jeff queria. Mastiguei boa parte daquilo tudo. O gosto do sangue... foi intenso. Definitivamente senti tudo que havia em meu estômago borbulhar. Cuspi a carne do esquilo, soltei a cabeça e coloquei a mão na boca.

—É melhor não vomitar.- disse Jeff.

Não olhei sua expressão porque estava de costas para ele, mas sua voz parecia estar achando graça naquilo tudo. Eu não ia aguentar. Tudo que eu queria vomitar estava na minha boca. Segurei até minha barriga e garganta doerem, engoli o líquido na boca e enviei tudo de volta para o estômago. Minha boca estava ensanguentada, como minhas mãos. Me virei para Jeff e Thomas, mas não olhando para eles, olhando para o chão, pensando em tudo que havia feito.

—Ah! Olha pra você!- disse Jeff.

Por um momento achei que estava com ódio de mim, mas quando olhei para ele, estava vindo em minha direção e surpreendentemente, me abraçou. Meu corpo se estremeceu. "Que merda está acontecendo?!" Pensei na hora. É quase indescritível expressar o que senti naquele abraço, mas não foi nada bom. Fiquei com os braços imobilizados, sem me mexer, apenas sentindo o cheiro horrível daquele louco, o que fez minha vontade de vomitar voltar. Olhei para Thomas por cima do ombro de Jeff e vi uma expressão em sua face, ele parecia estar achando aquilo estranho e logo olhou para o chão e balançou a cabeça.

—Vai ser ótima!- Jeff disse ainda abraçado, parecendo um pai com orgulho do filho. Sua voz era lunática. Se afastou e olhou para mim.- Olha só! Está parecida comigo!

"Não" pensei. A última coisa que queria era me parecer com ele. Jeff desviou o olhar para Thomas.

—Você!- disse apontando para ele.- Você vai ser assim também!

Não havia entendido aquela frase. Thomas era tão, tão pior que eu... Mas Jeff era doido, eu não considerava muito o que dizia, por mais sentido que tivesse. Thomas apenas assentiu, parecendo concordar com ele.

—Vamos matar hoje a noite!- Jeff disse para nós dois, empolgado.- Vocês são ótimos assassinos!- depois abaixou o tom da voz- Slenderman vai ver quem tem os melhores servos...
Ele parecia estar muito orgulhoso e horrivelmente feliz. Ele falava tudo aquilo com os olhos arregalados e sorriso maior do que já tinha (se é que era possível). Seu olhar mostrava o quão louco era e ele ria monstruosamente o tempo todo.  

—Quando vamos?- perguntou Thomas com os braços cruzados.

Jeff se aproximou dele.

—Eu passo lá para pegar vocês.- disse.

E depois disso, saiu correndo. Quando desapareceu de vista olhei para Thomas e ele para mim.

—Pode vomitar agora se quiser.- Thomas disse.

Quando ele me lembrou daquilo, olhei para o esquilo e aquela memória me fez recordar da carne e sangue em meus dentes. Vomitei tudo que queria. Quando acabei, olhei para Thomas.

—Você está bem?- ele perguntou.

Me sentia fraca, muito fraca e a vontade de morrer havia voltado. Minhas visão começou a ficar turva e então, tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

Ela não morreu, só gosta de desmaiar.
Nos vemos no próximo capítulo.



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