Uma Seleção com Rosie Ambers escrita por ANA


Capítulo 56
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!! E um bom fim de feriado pra todo mundo!



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A falta de resposta do autor dos bilhetes me deixava um tanto ansiosa.

Aliado a isso, Eduard disse que era preciso mais algumas autorizações para verificarem as câmeras de saída do aeroporto francês. Em outras palavras: a procura por Megan no território da França seria mais difícil e burocrática que em Illea, mas ele me diria assim que houvesse resultados. 

"Estou otimista que em uma semana." Falou quando nos encontramos próximo à porta de entrada do palácio.

Assenti observando-o arrumar o terno apressado e espiei pela fresta aberta. Eu pude ver uma jovem morena com um vestido longo olhando para cima, assim como um carro com um motorista estacionado em frente da escadaria.

Já era esperado que eles continuassem a sair, desde que Sue, uma das outras muitas funcionárias interessadas em Eduard, tomou a iniciativa de chamá-lo.

"Sabe, desculpe por isso."

"Hã? Pelo quê?”

“Você sabe.” Arrumou o nó da gravata com rapidez, e me olhou com hesitação.” Sempre disse que esperaria por Lee, mas…”

"Bom, eu estou surpresa. Não vou negar. Já é o seu segundo encontro com Sue em menos de uma semana… Mas, quem sou eu pra te julgar?" 

O resumo da história era esse: Eduard desistiu de Lee. 

Ou melhor: Amy, Audrey e eu compreendemos de cara que aquela era uma atitude desesperada do guarda de se enfiar de ponta a cabeça numa relação para esquecer Lee.

No entanto, visto que nunca tive proximidade com Eduard, não estava apta para identificar exatamente a época em que ele passou a se interessar por Sue.

O primeiro encontro de Eduard foi uma fofoca bem quente entre os funcionários. Quando isso chegou aos nossos ouvidos, Amy e eu tivemos que fazer o possível e impossível para tentar apaziguar a briga que começou entre Audrey e Lee.

Enquanto Amy tratou de tirar Audy do quarto, fiquei em silêncio com Lee, sem saber se era melhor inventar outro assunto, ou perguntar a ela como se sentia. 

“Eu deixei muito claro que nunca não teríamos nada. Acho que ele finalmente entendeu.” 

“Vocês conversaram? Quando?”

“No dia da festa dos funcionários.”respondeu dando de ombros, com uma ‘concentração’ no guarda roupas que arrumava.”Ele e eu discutimos  depois que ele veio fazer uma brincadeira sobre o concurso de casais. Eu estava uma pilha de nervos ainda, porque não tinha esclarecido as coisas com Willow. Mas eu fui muito honesta. Não quero me relacionar. E dali para frente as coisas ficaram um pouco estranhas entre nós, mas ele nunca mais deu em cima de mim.”

Na hora, decidi não questionar, nem comentar mais nada. Apenas refleti sobre o fato de que aquele dia da festa foi o estopim para que Eduard desistisse de tentar conquistar Lee. 

Apoiei a mão no ombro de Eduard para enfatizar o que diria.

"Você não tem que justificar seus sentimentos para mim, nem para ninguém. E se vai ficar com Sue, garanta que dê tudo certo e não deixe que nenhum de vocês saia machucado no final da história."

“Sim, claro.”Assentiu visivelmente desconfortável.”Então, por favor, repasse o que eu vou dizer para Audrey e Amy, porque eu sei que estão com raiva de mim: Eu resolvi deixar a Lee em paz de uma vez. Não estou fazendo nenhum jogo de ciúmes pra ver se ela sofre e vem correndo para mim. Não pretendo voltar atrás com isso, até se as coisas derem errado com Sue.”

As palavras dele eram sérias.

“Ok. Eu digo.”

“Muito obrigado, Rosie. Boa noite!” 

“Boa!”

Respirei fundo e mantive o olhar sobre o casal que saia de mãos dadas antes que fechassem a porta.

Em parte, precisava admirar a atitude de Eduard.

Aliás, ele sempre deixou muito claro o que sentia. Pode ter exagerado em algumas brincadeiras, mas nunca ouvi Lee reclamar dele ter invadido seu espaço pessoal, e, no final, ele respeitou a decisão dela.

Lee, por sua vez, manteve a postura de quem não estava sofrendo com esse fato. Embora Willow tivesse lhe dito que as coisas entre ela e o guarda eram passado, e que tudo bem se sua amiga quisesse ficar com ele, a loira não escolheu isso.

“Amy, dá para parar quieta por um momento?”

“Desculpa.”

“Heh, se vai ser rabugenta, escolhe qualquer pessoa, menos ela.” Audrey roubou o pincel da mão da irmã e retomou o sombreado no rosto de Amy.

“Como quiser, então termine enquanto eu checo o vestido.”Lee passou a fazer sua última inspeção na roupa que preparou para o encontro da amiga. 

“Oi, Rosie!” Kerttu me cumprimentou com um beijinho no rosto quando a atendi na porta.”Como estão indo, ela já tá pronta?”

“Quase.”

”Passei por Sullivan,e parece que vai morrer de ansiedade daqui a pouco. Precisam de ajuda?”

“Na verdade, se você quiser, pode me ajudar a escolher alguma joia.”

Os olhos da princesa brilharam com a minha sugestão. 

“Onde é que fica a caixinha?” ela tomou a frente abrindo todas as gavetas do criado mudo.

“É a segunda.”Anunciou Audy.

“Hum… ok. Precisa ser algo que combine com a roupa!” Kerttu sentou ao meu lado na cama espiando o vestido. A peça era azul escura e a estampa floral com predomínio de branco, vermelho e rosa claro.  

“Que tal esse?”

“Esse é meio pequeno demais.” Ela descartou o colar com um pingente de folha.”Esse aqui é muuito lindo. Será que teria um brinco para me acompanhar?"

“Esse… Ah… então esse não tem brinco, é só ele mesmo, mas...” Na minha mente só rondava a pergunta de como o colar de flor que Lorenzo me dera havia ido parar ali se eu tinha colocado-o no fundo de uma gaveta. Vai ver Audrey, Amy ou Lee tivessem achado em meio a alguma faxina.

“Nem precisa de brinco com esse” Lee opinou.

"Nossa, esse é maravilhoso.”Audrey se animou abrindo o cordão.” Vai combinar direitinho.”

Todas concordamos. Tentei espantar o sentimento de culpa ao olhar para aquela joia. Um dia, eu ainda iria devolvê-lo a Lorenzo, era só uma questão de tempo para ele não achasse uma falta de consideração.

"Ótimo trabalho, alteza." falei.

“Sim, muito obrigada.” Amy sorriu olhando-se no espelho, sendo puxada por uma Audy apressada.

“Vocês podem ir, vou arrumar as coisas por aqui.”

“Não, Lee! Não arruma! Eu quero fazer aquele coque desfiado em você.”

“Mas agora?”

“Sim, só para treinar, por favor! E estão todos os materiais aqui!”

Lee acabou cedendo ao olhar de súplica lançado por Kerttu. O resto de nós saiu.

“Eu gosto do que a princesa está fazendo por ela.” comentou Amy.

“Sim, minha irmã precisava de uma distração. Eu sei que ela meio que plantou tudo isso com o Eduard, mas, ainda assim, não gosto de ver ela sofrer.”

Era um fato. No momento que Lee se fechou totalmente para Audrey, Amy e eu, Kerttu estava ali para tentar animá-la. A princesa perseguia Lee sempre que podia para aprender sobre costura e ultimamente vinha ajudando-a a confeccionar as roupas de Amy.

Para prevenir futuros problemas, conversei com a Kerttu e pedi para que ela não interferisse na relação de Eduard e Sue, nem comentasse sobre o assunto com Lee. 

“A-Amy… você está…”

“Obrigada.” sorriu para Sullivan.

“Muito linda.” Ele conseguiu dizer, e estendeu a mão para ela,que as entrelaçou.

Audrey soltou um ruído contido de empolgação ao meu lado. 

Sullivan e Amy saíram de forma similar ao primeiro casal naquela noite, e eu esperava que tudo desse certo para eles.

“Você e Jade já terminaram o trabalho?” Perguntei a Suki enquanto a esperava juntar os livros, no final da aula de gramática.

“Claro. Já faz tempo.”

“Como fizeram para apresentação? Eu e Ophelia estamos um pouco em dúvida se apresentamos tudo na fala ou levamos um papel, ou fazemos um cartaz.”

“Fizemos um pequeno banner.” Suki franziu a testa e tentou idealizar o formato.

“Ah, certo…e…está tudo bem?”

“Quê? Está, porque?” falou um tanto rápido demais.

"É que você sempre é mais participativa nas aulas, e nem ligou para a Katie tentando corrigir uma de suas falas hoje."

“Ah… sim.”assentiu”Hoje estou passando um pouco mal.”

“Oh, mal de…”

“Só enxaqueca.”

“Quer que eu te vá até a ala hospitalar para conseguir um remédio?”

“Não, não precisa. As criadas já conseguiram remédio para mim, vou passar o resto da tarde dormindo.”

“Ok, bom descanso e espero que melhore!”

“Obrigada.” Ela acenou. 

Não sabia explicar, mas sentia que não era bem o seu estado de saúde. Porque não só na aula: nos últimos dias ela parecia estar bem mais calada do que o comum. Como se estivesse evitando conversar com qualquer uma de nós e sempre procurando o máximo possível de suas suas tarefas- ler, costurar e estudar- sozinha.

“Vamos?!”

Ophelia se assustou com o meu mini susto ao me tocar no ombro.

“Sim, vamos.” sorri.

Passaríamos a tarde na biblioteca para revisar o trabalho para aula da Sra. Brice sobre alguns pontos turísticos franceses.

O nosso tema era um castelo construído na época medieval e que durante a era moderna passou pela administração de várias mulheres nobres.

Trabalhar com Ophelia era mais confortável do que com Jade, já que essa me repreendia de vinte em vinte segundos com algo. Jade tinha um grande senso de competição e precisava sempre pontuar que era melhor que eu em alguma coisa. Isso era bem tóxico.

“Château de Chenonceau. Acha que além da arquitetura, localização e pessoas importantes que estiveram nele, é interessante detalharmos sobre a briga pelo controle? Aqui diz que ele era amante de um rei e que, depois da morte dele, a esposa expulsou ela do castelo”

Ophelia respirou fundo pensativa.

“Acho que podemos comentar sobre essas disputas. E também  podemos ressaltar curiosidades, como o fato dele ter sido usado como um hospital durante a Primeira Guerra Mundial.”

“Isso.”assenti.” Vai ficar ótimo! Esqueci de comentar: conversei com a Suki. E ela e Jade fizeram um tipo de cartaz para apresentar na hora, mas, na prática, talvez esteja muito em cima para fazer.”

“Dependendo, dá sim.”

“É triste termos que traduzir isso.” Choraminguei olhando para as anotações que fizemos a partir de livros históricos, ainda todas em nossa língua.”Mas a sorte é que você está aqui para confirmar palavra por palavra do texto. Com esse prazo pequeno seria impossível fazer uma tradução tão boa assim sozinha.”

Ela meneou a cabeça com um sorriso leve.

Descobri que Ophelia falava vários idiomas como Suki. Pelo pouco que contou sobre si, sua criação foi parecida com a da asiática: família rica, professores particulares e exigência ao extremo nível.

"E ainda temos que FALAR isso em francês." continuei com meu drama.

“Olha, a Sra. Brice disse que não necessariamente precisamos falar demais, e se você não se sentir confortável, posso pegar a maioria das falas.”

“Já disse que te amo!?” Ela riu quando a abracei.”Mas falando sério, eu vou tentar falar metade. Por mais que a ideia seja tentadora, acho que é justo fazermos o trabalho igualmente.”

“Tudo bem. Vai ser até bom para você. E não se preocupe com a Brice, ela parece ser mais tranquila para avaliar do que a Grace.”

“SEM comparação.” ela riu, porém de forma breve. ”Eu queria te perguntar… o que vai dizer de testemunho, exatamente, contra a Bridget?”

Ela estava se referindo ao julgamento de Denise, que foi convocada junto a Bridget para que se resolvesse o assunto das joias roubadas. Eu eu tinha prometido a Denise há muito tempo que a defenderia.

“Eu vou dizer apenas o que sei. A Bridget armou isso, mas infelizmente  conseguiu apagar as provas.”

“Ainda tenho esperança de que ela vai pagar pelo que fez.” suspirou.”Eu era próxima da Scarlet e ela também não mereceu ser acusada daquele jeito. Osten mesmo disse que não conseguiu fazer muita coisa. Mas espero que se Denise conseguir se livrar, talvez isso abra caminho para Scarlet.”

"É possível que sim. Espero"sorri.

Continuamos o trabalho em silêncio quando o assunto morreu. Acabei por passar algumas sentenças para ela falar e, em troca, fiz a maior parte da tradução do texto para a parte escrita. O cartaz faríamos juntas.

“Bom dia! Vocês querem ir comigo e Darlan para um piquenique?”

Kerttu estava parada na porta da biblioteca equilibrando uma cesta e o filho de três anos da senhora Brice no colo.

“Gostaríamos, só que estamos terminando um trabalho.” apontei para as folhas.

“Mas a gente consegue terminar mais tarde, e o trabalho é para amanhã à tarde ainda.”Ophelia me encarou com um sorriso.“Uma pausinha?”

“Ok...”só balancei a cabeça.

“Queria trazer minha irmã também.”Kerttu disse tomando a dianteira do caminho.” Mas não me deixam trazer mais que uma peça, não é Dar?”

O garotinho escondeu o rosto no ombro da princesa quando ela apertou sua bochecha sem permissão.

“Posso pegar ele no colo? Ou ele quer ir andando?"

Darlan acabou aceitando de primeira a oferta de Ophelia. Ela colocou-o sobre os ombros e foi andando com alguns solavancos e pulinhos, o que tirou muitas risadas dele.

“Você tem um ótimo jeito com crianças!”Comentei.

“Eu tenho 2 irmãos e uma irmã mais nova. Alfred tem 13, Benjamin 10 e a Nora 9. Eles sempre deram um grande trabalho, então estou acostumada. Meu pai e minha mãe não tinham muito tempo, porque ele era diplomata, e ela era a assistente”

“Ah…”

“Nós já moramos na Espanha, Guatemala, Argélia e Noruécia, por isso, nos horários livres, eu ajudava os babás a tomarem conta deles e sempre escapava com eles para algum passeio.”

“E vocês não tinham medo de se perder?”

“Hum… Não!” Ela respondeu com animação à pergunta da princesa. ”Sempre levava um mapa da cidade, e nunca íamos muito longe.”

Assim que chegamos à estufa, percebemos que a toalha já estava estendida no chão.

Ajudamos a princesa a colocar a mesa enquanto Ophelia ia nos tirando dúvidas sobre aspectos da cultura e como era seu dia a dia nos outros países.

Foi engraçado ver Kerttu quase ter um treco quando Darlan passou a querer roubar as flores. 

De início, eu tinha pensado que era um garoto quieto, mas pelo visto era do tipo que, quando se sentia confortável, passava a fazer várias travessuras.

“Ele é bem esfomeado, também…” comentei quando ele parou a agitação para comer os biscoitos que Kerttu tinha colocado num pote.

 “Ainda bem que ele não escolheu as mudas de rosa do deserto, nem os girassóis e as petúnias que estão quase florescendo. Lembra quando nós plantamos, Rosie?”

“Ah, sim…”

“O namorado da Audrey, como é o nome dele que eu sempre me esqueço?”franziu a testa.”Ah, é! Charles. É o novo ‘jardineiro-chefe’ daqui que entrou depois que o tio Juan se aposentou.” explicou para Ophelia.”Ele disse que as petúnias podem demorar mais de três meses para florescer, até mais que os girassóis. Eu acho que pesquisei errado.”

“É possível.”assenti.

“E o Knapweed vai ficar no vaso plantado lá no meu quarto, se você não se importar, Rosie.”

“Tudo bem.”

“Knapweed? Que planta é essa?” Ophelia nos encarou perdida.

“É uma flor.” A princesa adotou um tom humorado ”O tio Osten trouxe a semente para Rosie quando foi da outra vez para Federação Alemã, mas ele não fazia ideia de que o presente, na verdade, era de um tipo de Knapweed que se multiplica e não deixa outras plantas crescerem. Aí a gente separou num vaso!“

Fiquei sem palavras.

Kerttu cortava o bolo sem preocupação com o que tinha dito, mas eu tinha ficado sem graça por causa da presença de Ophelia.

“Ah, certo.” Ophelia me olhou com um sorriso enigmático.”Você sempre gostou muito desse tema de botânica, né? Não sou muito chegada, mas acho bonito.”

Ophelia passou a fazer aviãozinho para que Darlan comesse.

“O meu tio está quase voltando, o que vocês vão dar de aniversário para ele?”

Durante esse tempo em que Osten estava fora, cada uma das integrantes da Elite tinha sido liberada para encomendar um presente e entregá-lo quando retornasse da viagem.

“Uma caneca do time de futebol dele. A loja que me indicaram permitia que eu desse uma personalizada.”

“Nossa, essa é uma ótima ideia! Ele vai amar! E você, Rosie?” Kerttu me encarou ansiosa.

“É… então…Ainda não decidi, mas quando eu tiver certeza, te falo.” 

Sorri escondendo o meu desespero básico por não saber o que dar. Tudo que eu pensava parecia simples demais, e eu não sabia se ia conseguir criatividade o suficiente para agradá-lo.

“Você é ótima com cartões.”

“É que já dei um pra ele…” dei de ombros.

“Bom, se te consola, eu também passei por essa dúvida.” disse Ophelia.” Então decidi ir como a maioria das meninas. Escolhemos algo coisas triviais. Ouvi que Katie encomendou um conjunto de bloco de anotações e uma caneta com o nome dele. Jade conseguiu uma camisa de basquete autografada por um jogador. Paige escolheu um relógio novo. Suki, não faço ideia, mas acho que está fazendo algo artesanal.”

“É, eu vi ela costurando algo por esses dias.”

“Então não se preocupe com o que vai dar. Só precisa ter o seu toque pessoal. Só lembrar, Osten é alguém que gosta demais de roupas e acessórios formais, mas ele tem uma ‘alma’ de garoto. Não exagere comprando algo sério demais!”

“Ok, obrigada pela dica.” sorri.

“Por nada!”

Ophelia e eu insistimos e convencemos Kerttu de que levaríamos a cesta de volta para a cozinha, ao passo que ela apenas precisava levar Darlan de volta para a mãe.

Encontramos uma pia ocupada por funcionários que se recusaram a nos deixar lavar e guardar os pratos.

“Eles vão acabar nos deixando mal acostumadas." Ophelia comentou revirando os olhos. A minha risada ficou presa na garganta.

De pé, nos fundos da cozinha, ouvindo atentamente ao que Dellilah e outro cozinheiro falavam, estava Tyler. Ophelia seguiu o meu olhar e também se surpreendeu.

“Aquele não é o seu amigo de infância?”

“Oh, é a Rosie!” Dellilah disse um tanto alto demais.”Está surpresa, querida? Porque eu estou! Não imaginei que fossem contratá-lo.” 

Só aí reparei que Tyler, apesar de estar ainda com uma roupa normal, segurava o que parecia uma muda de roupas de cozinheiro.

Ele sorriu em contraposição ao meu choque. 

“Pode ir se explicando, mocinho!” Joguei-me em seus braços abertos.”O que está fazendo aqui?”

“Foi tudo por necessidade.” Tyler disse após se afastar.”Não estou aqui atoa, nem pretendo ficar muito tempo. A propósito, boa tarde, lembro que já nos vimos no aeroporto.” apertou a mão de Ophelia.

“Isso. Boa tarde.”ela sorriu.

“Mas como você pode estar aqui?”

Tyler tornou a olhar para mim.

“As órbitas dos seus olhos vão saltar para fora daqui a pouco.”

“Ei, para! Tô tentando processar a informação!”

“Eu vou te explicar tudo depois. Primeiro preciso me adaptar, porque é meu primeiro dia. Estou morando de aluguel num apartamento aqui perto e preciso ajeitar as coisas.”

“Ok, mas…”

“Sempre que você quiser falar comigo, com exceção de hoje, pode me procurar no final do meu expediente. Por favor, não tente me interromper no serviço.”disse essa parte mais baixo.

Entendi na hora. Ele queria passar uma boa impressão e não que os outros pensassem que estava ali só para passar o tempo comigo.

“Pode deixar. Eu vou indo, então…Qualquer horário de folga, pode me chamar.” 

“Ok, até!” Ele acenou, voltando rapidamente para seus novos superiores.

Era para ter ligado para ele há dias para perguntar como estava, por causa de seu término de namoro recente, e eu só fui adiando e adiando… Porém, quando desejei uma chance de poder ter uma conversar com ele sobre o assunto, sem ser a distância, não pensei que o destino fosse dar um jeito de tornar isso real.

“Osten, no julgamento, amanhã…Se eu quisesse falar algo com a Bridget, será que deixariam, ou vamos ficar separadas?”

“Bom, entre vocês não existe nenhuma ordem de restrição por violência, então pode ser que consiga. Mas é tão importante assim falar com ela? A mídia vai estar em cima de vocês para distorcer qualquer coisa, lembre disso.”

“Eu sei. Eu queria dizer para ela que não é nada de vingança pessoal, mas ela realmente pisou na bola, e isso não dá para ignorar.” suspirei.”Também não sei se vou fazer as coisas direito, ou acabar me embolando toda e deixando as coisas ambíguas.”

“Só siga o nosso combinado. Eu confio em você. Assim que eu chegar em Illea, vou participar de uma sessão dessas também e digo o restante.”

O tribunal era no centro de Angeles. 

Por sorte, o julgamento não seria aberto para a população, mas de uma maneira ou de outra a imprensa ia ficar sabendo se eu estava a favor de Bridget ou de Denise.

Encontrei com Wendy, uma ex selecionada, já na entrada. 

“E a Suki? Ela não vem?” 

“Bom, ela falou que não tinha muito o que dizer, e por isso disse que não ia vir.”

“Que mancada, hein. Nem eu sei de muita coisa, mas estou aqui, porque prometemos a Denise.”

Fiquei sem saber o que dizer.

Disseram para seguirmos em frente, rumo ao salão interno, perto da sala da audiência. Olhares nos seguiam. Agradeci internamente por nenhum ser da imprensa.

O advogado de Denise nos recebeu para passar orientações sobre onde deveríamos sentar e como e quando deveríamos falar com o juiz. 

“Vamos confirmar.”nos encarou” As duas que mais sabem do planejamento de Bridget são Rosie e Phoebe. E Phoebe só estará aqui na próxima sessão para completar o que Rosie irá dizer.”

“Isso” assenti.

Apesar de me preparar psicologicamente, o desespero interno soou seu alarme assim que entrei naquela sala. Vi a quantidade de pessoas reunidas. 

Os olhares. Céus. Eu não duraria um segundo se fosse uma acusada que precisasse esconder um crime.

Encontrei o olhar de Bridget quando me sentei. Nenhuma surpresa ou raiva evidentes por parte da ruiva, só uma cara de tédio. Ela já devia esperar qual seria a minha posição. 

Daria de tudo para saber o que se passava em sua mente. Da última vez que nos falamos ela tinha vindo me agradecer outra vez pela ajuda no dia do casamento de May.

Denise, que estava por perto, me lançou um meio sorriso.

Eu fui chamada logo nos primeiros minutos da sessão. 

“Srta. Rosie Ambers. Confirma que está aqui para testemunhar contra Bridget Collins?”

“Sim, Excelência.” 

Se a situação não fosse séria, e eu não estivesse morrendo de nervoso, acho que teria rido daquela formalidade, a qual não estava acostumada.

Depois do juramento que fiz de dizer a verdade, o representante de Bridget começou com as perguntas.

“Senhorita Ambers, você afirma que minha cliente planejou incriminar Denise Winsley com joias de outras selecionadas em seu quarto?”

“Sim.”

“A senhorita viu isso acontecer?”

“Não.Eu e Phoebe, digo… eu e Phoebe Lautner “Eu deveria falar sempre o sobrenome? Ninguém tinha me avisado.”Nós desconfiamos que Bridget pudesse ter feito isso. Ela guardava as joias nos armários das criadas na hora em que os guardas ia checar os quartos e foi assim que colocou no quarto de Denise.E também ouvi uma das criadas dizer que Bridget oferecia dinheiro em troca para que elas ajudassem a esconder isso.”

Um pequeno murmúrio de choque coletivo. Eu não ousaria olhar nos olhos da ruiva.

“Tem provas disso?”

“Eu… não tenho.” Infelizmente ou felizmente Osten me convenceu de não expor a investigação que eu e Phoebe fizemos com a câmera abaixo da cama de Bridget. Isso poderia gerar questionamentos de invasão de privacidade, algo que eu nem havia pensado. “Mas tenho a palavra de Romenie, a criada que ajudava a Bridget e também foi forçada por ela a colocar as joias no quarto de Denise.”

“Você e Phoebe Lautner, o quão próximas eram de Romenie para que essa compartilhasse essa informação?”

Sem querer, meu olhar parou no rosto de Bridget. Seu rosto expressava satisfação. Responder isso seria responder que fomos atrás de informações por conta própria, e o advogado faria questão dos detalhes.

Suspirei nervosa, dando-me conta de que quanto mais tempo levasse para responder, mais desconfiança as pessoas teriam do que eu dissesse. Reorganizei minhas ideias o mais rápido que pude.

“Não somos próximas de Romenie para que elas nos contasse. Nós desconfiamos de Bridget, então perguntamos a Romenie diretamente.” Senti como se tivesse mordido a isca, mas continuei.” As joias já tinham aparecido no quarto de outra selecionada, a Scarlet. Deveria ser algo planejado. Logo depois que falamos com Romenie sobre isso, as joias também apareceram no quarto de Denise.”

“E o que isso leva a desconfiança de Bridget?”Ele me interrompeu.

“Achamos ser uma sabotagem para continuar com vantagem na competição.Ela era uma das únicas selecionadas que mais tinha encontros com o príncipe, assim como Scarlet e assim como Denise. Por isso, suspeitamos.”

Bridget me olhou séria, já o rosto do interrogador se distorceu numa careta contida. Ele lançou um olhar sugestivo para o juiz antes de prosseguir.

“A senhorita confirma que ouvir falar, mas não possui provas reais de que Bridget transferiu as joias para o quarto de Denise?”

“...Confirmo.”

Isso só significava uma coisa: eu não poderia ajudar Denise. 

Fui abordada pelo juiz.

“Rosie Ambers, sabe o nome de outros funcionários envolvidos?”

“Só o da Romenie, Excelência.”

Precisei esperar pelo final da sessão para ir embora. Nada tinha ficado resolvido, mas, pelo que eu estava deduzindo, o desfecho estava se inclinando a favor de Bridget.

O advogado de Denise se aproximou com visível insatisfação, assim que me despedi de Wendy.

“Sua amiga Phoebe tem as mesmas informações que você?” assenti. "Suponho, então, que não vamos conseguir nada com ela, Denise.”

Essa assentiu resignada.

“Desculpe...”falei quando me encarou.

“Você tentou, pelo menos. Eu ainda posso sonhar com uma pena leve, do tipo serviço comunitário, se até lá Bridget não inventar nenhuma prova falsa ou pagar alguém para isso.”

“Mas acho que ainda tem esperança. Procure saber com o príncipe Osten, ele mesmo conversou com a Romenie e ela falou de uma rede de subornos da Bridget para encobrir o caso das joias. Acho que é por aí.”

“Sim, já estava atento a isso” O advogado se pronunciou e saiu. Denise permaneceu.

“Eu tenho que te agradecer, de verdade. Apesar de ter te achado uma idiota na hora que te vi na TV cantando com a Bridget e depois aparecendo naquela entrevista, bancando a melhor amiga dela, no final você fez a escolha certa. "

“Não tem de quê e eu espero que você faça a escolha certa também” Ela franziu o cenho. Abaixei meu tom.” Antes de cair na armadilha da Bridget, você ajudou ela a incriminar a Scarlet, lembra que admitiu isso pra gente? Acho que você devia confessar, e livrar a Scarlet que é completamente inocente quando for ao julgamento dela.”

Denise fechou a cara e não disse mais nada, mas se afastou parecendo estar reflexiva. 

Respirei fundo e segui para a saída, vendo o que lamentavelmente me esperava ali.

“Qual a verdade? Você odeia ou não odeia Bridget Collins?”

“Por que depôs contra ela? Há influência de alguma rivalidade?

“Rosie, nos diga. Quando você e Bridget fizeram a entrevista dizendo que não possuíam desavenças e nunca se agrediram, estavam falando a verdade?”

“Quem é Bridget Collins para você?”

Ainda bem que consegui ser escoltada, não estava com psicológico para responder a nenhuma daquelas perguntas tendenciosas.

Lembrei da mãe de Bridget. 

Rebeca Collins tinha sido gentil em confirmar que eu e Bridget não nos agredimos no hotel e cumpriu a promessa de ajudar a equipe de Tyler a ter uma nova chance no concurso ao conseguir filmagens de funcionários alterando seus pratos. 

Ela me disse que eu poderia agradecer não ficando contra sua filha em hipótese nenhuma no futuro.  Mas não era isso, nem os traumas fortes de Bridget, que iriam justificar o fato de eu defendê-la.

Independente da ameaça implícita em suas palavras, não tinha como Rebeca fazer muita coisa contra mim (esperava). 

Minha maior preocupação, na realidade, foram os comentários da população sobre a quebra da imagem pacífica que eu e Bridget criamos ao longo da Seleção.

Falsa era pouco para o que eu deveria estar sendo chamada.

“Eu vou ficar louca.” Rolei mais uma vez pela cama. Senti a cabeça ferver por mais um bom tempo até o sono dominar.

“O jornal anunciou outro julgamento, você viu?”disse Katie. “Adelaide vai processar a Bridget, porque disse que foi empurrada da escada. Ela disse que você e Clairy podem ser testemunhas.”

“Uh, isso não é muito bom para a Rosie.” 

Consegui ouvir Jade comentar baixo com Paige, a alguns metros dali. Revirei os olhos internamente, pois provavelmente era para que eu ouvisse. 

Uma sensação amarga me atingiu.

Jade não estava de tudo errada, se as pessoas já estavam um tanto energizadas por eu estar contra Bridget, imagina depois de testemunhar a favor de Adelaide. 

Coisa que de fato iria acontecer, eu jamais iria mudar de ideia sobre isso.

“Eu avisei pra você não ir.” Suki disse baixo revirando as folhas de outra revista.

“As pessoas querem saber por que você está se voltando contra Bridget sendo que se disseram ser tão amigas.” Katie voltou a dizer e colocou a revista em meu colo.

Olhei para a página da reportagem. Ela contava com trechos de alguns comentaristas e entrevistas com a população. 

Se não fosse por America chegando para a aula de violino, talvez eu tivesse cometido o erro de ler aquilo. Concentrei-me na música que ela vinha nos ensinando.

A melodia era de Chopin - Nocturne in C Sharp Minor, um clássico que fiquei treinando por alguns bons dias, desde a primeira vez que aprendi violino.

Sempre me empolguei em situações nas quais conseguia atingir o som exato que deveria ser soado por alguma música por um mais de dois minutos seguidos. E odiava ser clichê, mas o que mais me encantava nas sinfonias era o tom triste. 

“Acho que, dessa vez, preciso tentar uma música feliz.” Suspirei risonha para por estar falando sozinha no meu quarto, após tanto tentar reproduzir a sinfonia. ”Primeiro vamos lavar esse rosto, Rosie.”

“Desculpe a demora para conversar, eu tive vários problemas para resolver, um atrás do outro, e seus horários também não ajudam!”

“Não, tudo bem, a culpa é minha também…”

Tyler me lançou um sorriso culpado, pois eu havia procurado por ele duas vezes no final do expediente e o bonito já tinha ido embora.

Sentei ao seu lado no balcão da cozinha. Apenas alguns funcionários conversavam a uns metros, mas o serviço do dia havia sido finalizado. 

“Então… Está se adaptando à rotina daqui?”

“Dellilah já é uma como uma mãe, para mim.Não conte a minha mãe.”Piscou com um sorriso.”Eu conheci a princesa e o amigo dela, que é um moleque bem elétrico. Prometi ensinar algumas receitas para eles. E os funcionários daqui são ótimos. Bem atenciosos e trabalham bem.”

“Fico feliz que esteja gostando. Ainda parece um sonho ter você aqui… Confesso.”

“Ownn…”

“VOCÊ NÃO PERDE UMA!”

Ele riu ao me ver esfregando as bochechas recém pinçadas.

“Eu não queria ter vindo para cá, honestamente. Desse jeito parece que estou te perseguindo, ou algo assim."Meneou a cabeça.”Mas pensando mesmo na minha situação:  Agora, eu preciso de dinheiro e um lugar para ter experiência. O palácio me dá duas coisas.”

“Por que... você precisa de dinheiro?” 

Tyler fechou os olhos por um instante.

“Minha família está com uma dívida enorme no restaurante, longa história. Tudo culpa de John.”

“John… seu pai?”

“Ele.”respondeu seco. Eu senti que algo não estava legal desde quando Tyler chamou seu pai apenas pelo nome no dia em que nos encontramos no aeroporto. Mas não consegui perguntar na ocasião e muito menos naquele momento. ”Você sabe que meus pais não dividiram o restaurante quando se separaram,. Eles continuaram a administrar juntos. Cada um com sua vida. Na última vez que estive em casa, descobri que John usou o dinheiro da minha madrasta e do restaurante para jogos de apostas. Ele se perdeu, Ro. Virou um vício…”

“Nossa! Eu sinto muito, Tyler… mas ele…”

“Ele reconhece o que fez. A sorte do infeliz é que a Zara tem dinheiro, e pagou por uma parte do prejuízo. O restante vai ser pago com o que entrar de fatura do restaurante.”

“Eu tinha esquecido que sua madrasta era rica. Pelo menos isso, né?” 

“Sim. Ela é boa demais para ele. Disse para mim que não vai querer o dinheiro de volta, mas eu e minha mãe fazemos questão de pagar. O John tá trabalhando com o meu padrasto e minha mãe no restaurante, mas as coisas não andam lá muito bem para arrecadar fundos. É por isso que desisti de fazer faculdade por enquanto. A ideia é trabalhar por um ano, fazer o último ano de novo e só então conseguir uma bolsa de estudos na faculdade. Vou atrasar um pouco, mas consigo ir administrando o emprego e os estudos.” Deu de ombros.”Assim eu vou pagando a Zara e quitando o resto da dívida, de pouco em pouco.”

“Entendi… eu achava que você ia conseguir algum emprego depois do concurso.”

“Também achei. Mas as coisas não são tão fáceis assim… Olha, não se preocupe comigo. O restaurante da minha família vai sobreviver e o tempo aqui no palácio vai ser bom para o meu currículo. Posso ser contratado facilmente por algum grupo grande se juntar o fato de que estive num concurso de culinária nacional e trabalhei para a realeza. Vai dar tudo certo, sério! Eu tenho tudo planejado.”

"E sobre…o seu próprio negócio? Você ainda planeja isso?”

O rosto dele mostrou certa hesitação.

“Talvez leve anos. Uma coisa eu tenho CERTEZA: o John é que não vai me obrigar a assumir o restaurante da família. Acho que o local tem que ficar com minha mãe. E meu irmão, mais tarde, pode administrar.. Já eu vou ter que juntar muita grana pra começar algo do zero, sabe?" Assenti."Talvez eu pegue um empréstimo com a minha madrasta." deu de ombros. "Sabe que eu não ia muito com a cara dela, no início. Mas acho que ela demonstrou ser uma boa pessoa. No fim ajudou John com o restaurante, e ainda está participando de cada detalhe da produção do livro de Douglas.”

“Que bom que as coisas entre vocês estão melhores… "

Me lembrava do quão era difícil para Tyler simpatizar com a madrasta, ao contrário do que foi com o padrasto. Talvez pela decisão do pai em deixar a família para ficar com ela…

“O Tyler está por aqui?” perguntei ofegante.Eu deduzia que o horário de serviço dele já deveria ter terminado e tinha medo dele ter ido embora. O cozinheiro apenas apontou para a direção da estante de suprimentos. “Tyler, olha!”

Ergui a encomenda.

“Chegou?”

“Sim!”

“Nossa, que sortuda.”

“Eu achei que não fosse dar tempo!” 

Era o dia do retorno de Osten. Como ele não era fã de grandes festas para o aniversário, decidiram, ao menos, fazer uma recepção com um pequeno jantar.

Eu passei o dia em aflição, porque, como tinha demorado demais decidir o presente, todos menos eu esperavam por Osten com algo em mãos. 

Eu já tinha me contentado de que, se um milagre acontecesse, a encomenda chegaria apenas na manhã do dia seguinte. Por isso, assim que um guarda me avisou, deixei o local da surpresa e praticamente voei até a central de correios.

Sullivan tomou um pouco do meu desespero procurando pela outra parte do pedido, que tinha chegado em uma caixa diferente. 

“Quer ajuda para embrulhar?” Tyler perguntou assim que coloquei os objetos sobre o balcão.

“Sim, eu trouxe só para colocar os chocolates. Você guardou pra mim,né?”

“É claaro que sim.” ele abriu a porta da geladeira.

“Obrigada! Você é TU-DO pra MIM!” mandei-lhe um beijo no ar.

Passei a adequar tudo na caixa de presente, tentando definir a melhor posição.

“Vai fazer um laço?”

”Aham. Será que está bom o suficiente? Sua opinião: seja honesto!”

“É o melhor presente do… Epa!” 

Me assustei quando Tyler tirou a caixa de minha mão e colocou no armário.

“Epa, o quê,Ty…”Entendi ao olhar para o lado” Osten! Quando você chegou?”

“Agora a pouco.”cruzou os braços.” Achei estranho, porque você era a única que não estava na recepção… Me disseram que você estava no centro de carta, mas no caminho te vi e te segui até aqui.”

“Desculpa, eu já estava indo para a festa, eu só…” alternei o rosto entre Tyler e ele. ”Você tá sabendo que o Tyler está trabalhando aqui agora?”

“É, eu agora eu tô sabendo...”assentiu.”E, aliás,seja bem vindo."

A risada do moreno ao meu lado não foi contida.

Olhar para ambos rindo me impediu de continuar com a minha teoria de que Osten estava respondendo seco por ter entendido mal a nossa proximidade.

“O-o-bri-gado, é um honra, vossa Alteza.” Tyler segurava a barriga enquanto se inclinava.” Rosie v-você é uma figura.”

“Como é?”

“Ela sempre teve esse talento para fugir do assunto principal?”

“Sempre.”Tyler respondeu, recuperando-se. 

Bufei com o olhar de ambos e puxei o presente do seu esconderijo.

“Não deu tempo nem de embrulhar.” fechei a caixa como pude e estendi para Osten.”Feliz aniversário…” sorri, mas com vontade de sumir.

Depois de muito pensar, decidi lhe dar algo relacionado a basebol. Tyler acabou me ajudando um pouco no processo de escolha dos itens. A caixa continha um boné, uma bola com a estampa de seu time e vários chocolates que coloquei mais para ‘salvar a pátria’.

“Tá muito sem graça, me desculpe, acho que de tudo o chocolate é o que mais você vai…”

“Eu gostei muito. Obrigado!”

Osten segurou minha mão, deixando um beijo sobre ela. 

“Droga, você tá mentindo.”

“Acredita mesmo nisso?” sorriu de lado.

“Devo sair para vocês se beijarem de verdade?”

Tyler ergueu as mãos me olhando irônico quando o encarei mortalmente.

“Não é preciso. Quem está atrapalhando, aqui, sou eu. Vou levar o presente para o quarto e vocês podem ir colocando o papo de BFFs em dia. Só não se esqueçam de vir para festa.”

Osten saiu na frente, mas Tyler disse que não iria me acompanhar, pedindo que eu explicasse a Osten que ele estava cansado do serviço. 

De uma coisa agradeci: consegui ficar livre de piadinhas  e olhares maliciosos.

O jantar passou um tanto arrastado. 

Me encontrei um pouco isolada, pois Suki estava se sentou próxima a Jade e Paige. Eu e Katie, ao meu lado, não tínhamos muito o que conversar. Ophelia, do outro lado, e a Sra. Brice falavam sobre Darlan e os irmãos de Ophelia. Eu não iria interromper o assunto.

Pelo resto da noite, todos cercaram Osten para saber sobre os pontos turísticos que ele visitou durante a viagem.

O que salvou foi o fato de que, depois das fotos, Kerttu e Stefan, passaram a assistir alguns programas infantis com Amberly e Darlan. Estava bem entediante, mas era a melhor forma de não sair cedo da festa, nem continuar ali olhando para o teto por não conseguir falar com ninguém.

...

'Turvas Memórias'- volume 3.

Isso estava na capa do livro que Osten expunha quando abri a porta do quarto.

“Lançou bem na época da viagem. Eu, inclusive, achei na mesma loja que visitei da outra vez."

Instantaneamente o abracei, agradecendo devidamente com um beijo.

“Você não tem jeito, né? Não me deixa nem te presentear, tem que trazer alguma coisa para ganhar no quesito agrado.” 

“E teria… algum problema se eu ganhasse mais alguns pontos de vantagem?”

“Como assim?”

Ele revelou uma outra caixa, de aproximadamente um palmo de comprimento.

“Eu passei por várias lojas no período de folga. Espero que goste.”

Enxerguei primeiro o R na corrente, com uma pedrinha em sua ponta inferior direita em formato de coração que poderia muito bem similar “o”. 

Céus.

“Ok. Tá IMPOSSÍVEL competir com você em questão de presentes.” 

“Sinto muito.” ele riu me envolvendo outra vez.” A intenção é sempre ganhar nesse quesito.”


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Notas finais do capítulo

Eu to rindo de nervoso com a cena do tribunal.
Se algum de vcs faz direito(ou tem noções de) e tiver visto erros grotescos, me avise porque quero alterar a cena (ou cortá-la se der o surto).

P.s: Minha área é da saúde e eu boio COMPLETAMENTE nesse assunto! Rs



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