La Belle Fleur escrita por Kunimitsu


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771322/chapter/1

“Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela.”— Paulo Coelho 

 

La Belle Fleur 

 

Prólogo 

 

Os raios do sol infiltravam-se no quarto pulcramente branco, a cortina de um tom rosado balançava ocasionalmente devido ao suave vento da manhã. O silêncio do quarto era interrompido pelo incessante zumbido da máquina na qual estava conectada a jovem garota que ressonava tranquilamente na cama. 

 

A porta do cômodo abrira-se de repente e por ela passara uma elegante mulher. Os cabelos escuros e bem cuidados movimentavam-se enquanto ela caminhava a passos decididos até sentar na cadeira metálica desconfortável que havia ao lado do leito. Olhos límpidos observavam atentamente, e quase friamente, a mais nova inconsciente. Os lábios pintados em vermelho franziram. Uma de suas mãos finas e de unhas bem cuidadas tocara com quase temor o braço pálido da outra. 

 

Subitamente a porta abrira-se novamente fazendo a mulher sobressaltar e recuar a mão, pousando-a no colo e adotando uma postura indiferente. A pessoa que entrara era apenas uma simples enfermeira que oferecera um educado sorriso enquanto realizava um breve check-up na sua pequena paciente. Logo que concluído a enfermeira retirou-se com uma leve onda. Ao mesmo tempo em que um homem, tão refinado quanto à mulher sentada, adentrava. O mesmo não proferiu nenhuma palavra, apenas poupando um olhar nas duas figuras já presentes, ao passo que se estabelecia escorado na janela. Sem delongas puxara um maço de cigarros e isqueiro do bolso da calça social. 

 

— É proibido fumar em um hospital. – disse a mulher pela primeira vez, sem ao menos virar-se para trás poderia com toda a certeza prever as ações do outro. Ao menos isso, pensou com uma pitada de frustação.  

 

Uma chama brilhou e o cigarro queimou. 

 

— Não se preocupe, estou perto da janela. E que vista... – pronunciou o loiro soprando a fumaça através da janela, um característico sorriso impertinente nos lábios. – E de todas as coisas proibidas que já pratiquei, fumar aqui é o menor delito. 

 

A mulher sentou-se mais ereta, rígida. 

 

— Estamos na ala pediátrica, mon Dieu! – ela bufou numa mistura de irritação e divertimento pelo sempre perigo presente nas ações do outro. Preferiu ignorar as últimas palavras do mais velho, para sua própria sanidade. 

 

Nenhum dos dois adultos se pronunciou mais, porém ambos estavam com os olhos focados na pequena figura alva na cama. A mesma que começava a apresentar melhoras significativas nas últimas semanas. E depois de todo o calvário que a garota passou, essas poderiam ser as melhores notícias que recebiam em dias tão nebulosos como aquele. A morena suspirou. Não era do feitio da mulher deixar que seus pensamentos divagassem, principalmente se tratando do passado;  no entanto parecia uma tarefa árdua naquele momento. Uma só olhada na garota e se via em memórias que deveria enterrar profundamente em sua mente. Memórias de suas ações – intencionais ou não  - que a levaram a estar sentada ali. 

 

— Quando acha que ela irá acordar? – a pergunta repentina assustou a mulher, a mesma que olhou bruscamente para o seu acompanhante que continuava a fumar; indiferente ao olhar incrédulo que lhe era direcionado.  Mas ele não era conhecido pela sua paciência, irritando-se ao não obter resposta: - Èvelyne! 

 

O esbravejo do mais velho pareceu despertar a morena de seu torpor em um sobressalto.  Suas órbitas esverdeadas analisaram a expressão limpa do homem, estremecendo ao constatar o olhar frio e que conhecia muito bem; ela se arrependeria por uma insolência como aquela.  

Engoliu em seco, quase sufocando antes de responder: 

 

— Os... Os médicos disseram que em dois ou três dias ela acordará. – a mulher se surpreendeu consigo mesma ao notar a voz rouca. Os punhos cerrados com força, não importando se suas unhas machucavam suas mãos. Ela o odiava. – Estão preocupados com a concussão na cabeça. Não podem dizer se haverá sequelas. Permanentes ou não.  

 

— Então descubram. Eu estou pagando os melhores médicos para cuidarem dessa garota. Quero ela nas melhores condições. – bufou, se empertigando todo ao desencostar da janela,  o resto do cigarro jogado para fora sem um segundo pensamento. – Faça o que for necessário. Mantenha-me informado. 

 

Com um último olhar escuro e sombrio, que Èvelyne desejava ser capaz de desviar, o loiro saiu do quarto a passos largos. A mulher soltou a respiração que nem dera-se conta que estava segurando. Odiava-o. Odiava o poder que ele detinha sobre si. Odiava ser manipulada como um brinquedinho de luxo do outro, usada sem remorso. Odiava—o. 

 

Mas, infelizmente, também amava—o com igual intensidade. Amava o jeito de soberania, uma altivez quase arrogância escabrosa que aquele homem exalava. Amava o poder que ele detinha sobre os outros; a forma como mandava ou desmandava ao seu redor. Amava sua língua ferina, seus olhos intensos; mas seus lábios e mãos eram o que a fazia suspirar, deleitar-se num limbo ilusório onde, momentaneamente, era ela a soberana que governava sua vida com rédeas curtas; sem medo, sem dor, sem culpa. 

 

Èvelyne caíra direto na teia da aranha mais venenosa. Ela amava-o. 

 

E era covarde demais para se soltar, mesmo que isso condenasse outro ser inocente.  

Je suis désolé ma chère soeur. Je ne peux pas tenir ma promesse. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá!
Bem, esse foi apenas um gostinho da história, logo, logo posto o próximo capítulo!
Espero que tenham gostado, vejo vocês nos comentários.
Até logo,
Kunimitsu.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "La Belle Fleur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.