Numa última olhada insistente no espelho, pensando na bagunça do andar de baixo, tais pensamentos me vieram à cabeça: O resto do ano e o começo do novo, passou mais depressa do que eu poderia imaginar.E nesses tantos meses, minha vida mudou bastante, pois agora não vivo nointernato e sim em um... lar.

Como Alex tinha dito , fui morar com seu tio ,Noah não era nada do que eu havia pensado ele era um senhor gentil e familiar me perguntou todas as minhas opiniões e me deixou acostumar a ideia dando me liberdade para qualquer decisão. E como premeditado, após minha transformação, tive muitas mudanças no meu dia a dia. E sim, agora estou descendo as escadas, da minha nova/velha casa, tomando o maior cuidado para não tropeçar e rasgar meu mais novo vestido verde clarinho que encontrei aos pés da minha cama, com um cartão de "Feliz Aniversario", e transformar isso em mais uma ida ao médico como sendo um convite para usá-lo.

Parei no portal da cozinha, fazendo uma ondulação elegante. Deparo-me com a Família que tenho agora, Noah, meu pai assim por dizer, e toda a família de Alexsander, além de Mary Madison e Alicia; um bolo na mesa decorado com rosinhas amarelas escrito meu nome, em cima saia faíscas coloridas da vela que indicava meu décimo sexto aniversário. Uma fileira de sorrisos deslumbrantes de tão brancos, esperava por mim. Maria foi a primeira a me agarrar pelas pernas e dar o tão esperado feliz aniversário, e uma caixa com embrulho cor de rosa.

Depois de abraços, presentes e elogios a minha roupa, que fiquei sabendo que foi Valentina, com seu bom gosto que escolheu o meu vestido.. Apesar de todos estarem vestidos como se essa fosse uma festa de gala.

- Pronta pra fazer seu pedido? Era a voz aveludada um pouco mais grave que um ano atrás, se dirigia a mim pela primeira vez.

Alexsander num terno branco com cortes perfeitos, centímetros mais alto, um pouco mais pálido as feições mais talhadas, mas com os mesmos radiantes olhos azuis e com um sorriso que me fazia flutuar. Sem dúvidas, meu pedido secreto seria manter sempre todos aqueles que eu amava bem e ao meu lado.

E entre risadas, trechos de músicas e uma grande destruição do bolo enfeitado me fizeram ter mais certeza ainda ao apagar a vela. Depois de algumas horas, Alicia tinha que voltar para o internato, Madison tinha almoço de família e Mary precisava voltar pra suas ocupações, também no internato. A família de Alex se acomodava na varanda, num bate-papo longo e descontraído, apesar de Valentina ter escapado com Tristan, seu namorado. E foi a vez dele me puxar pela mão e me levar para uma volta no jardim.

- Gostou da festa que eu organizei pra você?

- Claro! Obrigada por terem... por você ter preparado tudo. -Me corrigi ao ver o olhar sarcástico de espanto gravado no rosto de Alex.

- Imagina, você merece!- Mais uma vez olhando-me de um jeito que aquecia meu rosto todo. Paramos e sentamos em um banco no jardim que ficava atrás da casa, observei a paisagem, eu gostava dali, a harmonia das flores, das arvores, os regadores, dava vontade de mexer na terra e cuidar pra que aquelas borboletas coloridas continuassem a passear por ali.

- Só faz um ano, mas sinto que essa casa foi minha desde que nasci, é incrível como eu e Noah nos damos bem. - Noah é um velho índio moderno, também é vampiro e tem a idade para ser meu avô, mas tem um estado de espírito e cuida tão bem do corpo que parece ser muito jovem - tenho sorte de ele ter aceitado essa ideia maluca, apesar dele ser seu tio.

-Ele não é meu tio, já te expliquei isso, só é considerado da família. - A visão perfeita que de Alexsander ao sol, era incrível o que fazia seu jeito tão descontraído apreciando o calor não se encaixar na sua beleza e elegância de um príncipe. - Você parece sempre querer me lembrar que sou parente seu. Não somos. E mesmo se ele fosse ainda não seríamos primos.

- Desculpe. Não foi minha intenção.

- Pare de se desculpar! Não é momento pra isso. Aliás, você está linda - Ele se virou de lado pra mim com aquela cara de gato esperto e ajeitou à gravata, aquele terno realmente sabia mostrar suas qualidades. Antes mesmo de qualquer tentação que ele me pudesse oferecer eu me levantei pra tentar sair dali o quanto antes, ou estava mesmo é tentando fugir daqueles olhos azuis hipnotizantes?

A verdade é que eu gostava muito do Alex, não saberia dizer se a palavra certa seria amar, porque aprendi a conviver com ele, apesar de me pegar pensando nele de noite e observando-o enquanto ele comia o café da manhã. Mais não podia negar que tinha medo dele, do que poderia acontecer se seria como agora que posso olhá-lo sem receio, de algo acontecer. Eu já estava com 16 anos (bem, tinha acabado de fazer mas...) o fato é que tanto meus hormônios quanto os dele andavam se multiplicando.

- É melhor eu i.... Assim que eu levantei, me vi no chão esparramada. Apesar de ter virado vampira há um ano a minha falta de equilíbrio e o meu talento de ser destrambelhada superaram meus reflexos e minha velocidade extrema com mais eficiência. E quase que instantaneamente as mãos frias de Alex me colocaram de pé de novo.

- Quando quiser fugir de um elogio, certifique-se de que seu pé não esta enroscado nas raízes das plantas, se não será mais fácil cavar um buraco, mesmo que você fique mais linda vermelha desse jeito.

Nos encaramos. Um de frente ao outro num gesto sutil, ele se aproximou, meu coração disparou e eu podia ter certeza que ele sentia isso, tanta quanto a minha que já sentia seu hálito doce. Se não tivesse ficado doida, podia ouvir músicas quando fechei os olhos.

Um zumbido.

Uma pontada de dor.

- Alérgica a abelhas? -Eu já estava no andar de cima, na minha cama com um baita termômetro na boca que tinha gosto amargo de remédio.

- Sim, é a única razão pra você ficar com febre apos uma picada. - Disse Noah.

- Pensei que a dor já era o suficiente.

- A dor não é nada- disse ele rindo- Vou te deixar entorpecida agora e vai dormir rapidinho, vou ter que lhe dar remédio para que você não comece a inchar. Me imaginei parecendo um balão reluzente e vermelho, e aceitei qualquer remédio que ele me depusesse.

- Vou trazer Ana pra dormir com você, ela sempre me ajuda quando fico doente. Disse Mariah com os olhos cheios de preocupação saindo da sala.

- Eu vou tratar de tirar aquela colméia do jardim, não podemos nos arriscar mais.

- Se eu puder ajudar?

- Claro! E assim saiam do quarto Noah e Jhonattan.

-Esta com fome querida?

- Não, obrigada!

- De qualquer forma, vou preparar o almoço. Descanse. Depois de Sarah sair porta afora, pensei finalmente estar sozinha, mais achei Alexsander saindo do cantinho.

- Nem no dia do meu aniversario, tenho sossego!

- É o que dá ser tão doce. Num suspiro de aceitação, apenas comentei enquanto ele se sentava ao meu lado: - Pensei que nunca mais ficaria doente.

- Você não é só feita de vírus vampírico, também tem glóbulos vermelhos correndo nas veias.

-Ééé.. o remédio está começando a fazer efeito, dá pra explicar melhor

. - Jass, você sabia que sua mãe era humana?

- É, não...- A imagem de sua mãe pálida na cama á tantos anos encheu sua mente - Meu pai não a transformou?

- Pelo que dizia Mary, ele nunca teve coragem pra tanto, o sofrimento da transformação pra alguém normal é tão forte e intenso que acredito que o amor por sua mãe não o tenha deixado.

- Como posso ter nascido com asas, se misturado ao sangue real tenho sangue humano? Me lembro que certa vez, me disseram que só tenho asas porque venho de uma linhagem antiga de vampiros de sangue nobre que tem privilégios maiores em relações aos outros. Então meu pai era o tal vampiro?

- Sim.

- Minha mãe sabia?

- Sabia mais não deixaram de ficarem juntos por isso, quando seus avôs souberam o obrigaram a largar sua mãe, eles fugiram e chegaram aqui onde podiam viver sem guerras, por um tempo conseguiram mas...

 As palavras se perderam tanto em mim quanto em Alex. O remédio não me deixava continuar acordada e uma revelação não deixava Alex continuar.

-Mas o que Alex?

-Nada, durma Jass, o final dessa história fica para outro dia.

Fechoi os olhos e dormi.