Três da tarde, Cassy entrou na sala de reuniões onde quatro outras pessoas já estavam à sua espera. Mesmo que disfarçado na típica carranca que Hank Voight comumente carrega, a morena percebeu a surpresa do sargento ao vê-la ali. Na sala também estavam Scott Hills um agente do FBI, Thomas Iron  o chefe dela, um homem careca e já de certa idade e Bernard Wells mais um burocrata que quer da opinião em questões que não são da conta dele.

— Senhores — ela os compriementou;

— Por favor sente-se senhorita — Iron  apontou para uma das cadeiras. Assim que todos se sentaram ele continuou — Como sabe Stefan Anderwood está em Chicago.

— Como ele conseguiu fugir? — Cassy questionou lendo as informações presentes na pasta que Iron empurrou para ela assim que se sentou.

Stefan Anderwood é um tipo de ameaça maior do que o que ela enfrentou no último ano, ao contrário dos terroristas que caçava, e da Venture, Anderwood tinha um prazer extremo em torturar crianças, sendo responsabilizado pelo sequestro e morte de cerca de dez crianças entre seis e quatorze anos de ambos os sexos, nos últimos cinco anos. Caçado por toda a Europa a fuga dele para o Estados Unidos não pode ter sido feita sem ajuda, e a presença dele na cidade no mesmo dia em que uma explosão mata o que agora já são cinco crianças, um adolescente e dois adultos não pode ser tratado levianamente como coincidência, ao mesmo tempo que qualquer outro caminho de uma investigação dessas não pode ser ignorada.

— Não tem como ele ter chegado tão longe sem ajuda — ela afirmou olhando a foto — não sem ajuda.

— O que está insinuando ? — Hills perguntou cruzando os braços.

Mesmo com o paletó os músculos dele podiam ser  notado, o cabelo escuro cheio de gel e olhos castanhos revelam a juventude do agente,  ele era mais novo que ela.

— Você não chegou ao FBI sendo burro — ela respondeu.

Rapidamente Iron interveio falando mais sobre o maluco sádico que era Anderwood aos outro presentes na sala. Voight por sua vez permaneceu calado apenas ouvindo, tinha muito o que pensar, investigar e fazer, com o ataque que ocorreu naquela manhã ao mesmo tempo que não poderia ignorar um serial killer de crianças em sua cidade.

— Cassy você e o senhor Hills vão trabalhar juntos e em conjunto com a Unidade de Inteligência do sargento Voight na busca por esse criminoso — Iron finalizou.

Cassy permaneceu inexpressiva ao ouvir aquilo, já havia trabalhado centenas de vezes com policiais que não conhecia de cidades e países diferentes como agente da Interpol. Mas sempre pode haver algum desentendimento entre ela e os policiais locais, e quem dirá com um parceiro a mais, tudo o que a morena pode querer é conseguir finalizar tudo o mais rápido e eficiente possível.

— Sargento Voight — ela se virou para ele enquanto  Wells fazia perguntas a Iron, perguntas que Cassy já sabia a resposta — não quero e não pretendo passar por cima de você em nenhum momento, devo minha vida a você e a sua equipe.

— Vamos deixar o passado de lado agora — ele afirmou com sua voz rouca — agora vamos nos concentrar em pegar esse cara e o que causou aquela explosão — o sargento estendeu a mão para ela.

—Bem vamos começar o mais rápido possível — o agente Hills falou.

— Tenho que passar no hospital — ela respondeu se levantando.

—Vou reunir a equipe, em meia hora na vigésima primeira — Voight concorda.

Com uma despedida rápida a morena sai da sala e vai até o carro. Em dez minutos ela está estacionamento do hospital,

— Você não é um médico — Pat nem tentava falar baixo, prova disso é que Cassy conseguia  ouvir sua voz no corredor que leva ao quarto onde Jay estava.

Caminhando calmamente ela entrou no quarto encontrando Mouse parado ao lado da cama, Jay ainda inconsciente parecia uma criança dormindo, apesar do avental hospitalar e dos monitores ao redor dele.

— Senhor Halstead — Cassy se fez notar antes que mais alguma coisa pudesse ser dita.

Pat Halstead é um homem velho com o cabelo branco e ralo, e um humor terrível vinte e quatro horas por dia, ele também é o maior crítico de seus filhos e das escolhas que ambos fizeram, ele nunca concordou em Will fazer faculdade, nem a Jay se alistou quem dirá quando ele entrou para a academia de polícia.

Cassy passou tempo o bastante com o homem quando era mais nova e a melhor amiga de Will, e se lembra ainda hoje de como ele era mais legal quando a esposa estava por perto, ou ao menos não tão ruim quanto agora.

— Como ele está? — Cassy perguntou olhando para Jay, mesmo tendo todas informações sobre o estado dele por meio de Will e Mouse, ela perguntou especificamente para  Pat dessa vez, fazendo assim ele se distrair e parar de brigar com o ruivo

— Um tiro — o homem respondeu com descaso fingido — só porque é policial.

— Muita gente leva um tiro pai — Will interveio.

Com apenas um estalar da língua como resposta do pai, o uivo apenas revirou os olhos.

— Vamos pegar quem fez isso senhor — Cassy tocou de leve o ombro dele.

Sem mais nenhuma palavra Pat apenas voltou para a cabeceira da  cama, sentando-se na poltrona ali perto. Cassy apenas observou, com um pequeno gesto chamou Mouse para sair da sala, junto a eles o ruivo frustrado.

— Não pense no que ele fala — Mouse disse para Will — espero você lá fora.

Com um aceno, a morena vê o loiro se afastar antes de se virar para WIll, inesperadamente abraçando-o.

— Sua mãe teria orgulho de vocês — ela disse sentindo apertar o abraço — lembre-se disso — ela sorriu para ele dando um beijo em sua bochecha antes de sair.