Lionheart escrita por Carol


Capítulo 21
Capítulo 21




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Sirius acordou atrasado naquela manhã. De longe aquele estava sendo o final de ano letivo mais caótico que já vivera durante os anos em que estivera em Hogwarts. Parecia que em questão de dias sua vida havia simplesmente virado de ponta cabeça.

Ter que dividir seu tempo entre os treinos pesados de quadribol, devido à final do campeonato, com os estudos assíduos para que pudesse realizar os NIEM’S com excelência estavam sugando a pouca energia que tinha, uma vez que além das obrigações, sentia-se imensamente entristecido com o que acontecera entre ele e Marlene lhe causando desanimo e apatia para lidar com o resto. Devido a tais fatos, vinha de alguns dias de noites mal dormidas, e quando deitou em sua cama na noite anterior, seu corpo apagou, dando viés ao cansaço mental e físico que se faziam tão presentes nas últimas semanas.

Logo que acordou, mal tivera tempo de se arrumar e nem sequer conseguira tomar café, pois tinha que comparecer à aula quanto antes. E quando finalmente parou à porta da sala do professor Slughorn, teve que respirar fundo algumas vezes antes de entrar. Em sua atual situação, aquela aula estava sendo como tortura para ele, não só pelo fato de que poções não era lá uma de suas matérias de maior afinidade, mas, porque durante as aulas tinha que estar perto de Marlene.

Desde a última vez que conversaram as coisas não melhoraram e eles mal se falavam. A loira até tentou conversar com o professor para que pudessem mudar as duplas, no entanto, ele não aceitou alegando faltar pouco para o fim do período e eles ainda tinham trabalhos para entregar em conjunto. E para Sirius era meio óbvio que Slughorn não aceitaria, afinal, as aulas tinham tido uma melhora significativa desde que ele e James haviam se separado, visto que nem Marlene ou Lily deixaria que um dos dois fizessem algumas de suas brincadeiras, arriscando ter a atenção chamada pelo professor.

Após ter seu acesso permitido pelo professor, o moreno suspirou com pesar ao se aproximar da mesa de dividia com McKinnon. Sentia falta até de ela ralhando com ele para que prestasse atenção, entretanto, agora as aulas se resumiam a poucas palavras trocadas entre os dois.

— Com licença – ele se pronunciou, tomando o lugar ao lado dela.

Marlene levantou o olhar até ele, assentindo com a cabeça, voltando novamente sua atenção a suas anotações.

— Ele pediu para fazermos essa poção aqui – ela informou empurrando seu livro e suas anotações para que Sirius pudesse ler – Eu comecei picando alguns ingredientes, se você quiser ir fervendo isso aí...

A loira apontou com a cabeça o conteúdo no caldeirão e Sirius assentiu rapidamente, se propondo a fazer o que a garota havia pedido.

— Me desculpe o atraso! O treino de ontem acabou comigo e quando James me chamou eu acabei voltando a dormir.

— Tudo bem, Slughorn havia apenas dado algumas instruções – respondeu sem se estender e voltou sua atenção a poção.

Sirius se sentiu bobo por tentar puxar conversa, vinha sendo assim, e o silêncio que costumava ser confortável, agora o deixava maluco. Só queria poder voltar a ter alguns instantes de conversa com a garota. Mas ele respeitou seu espaço e se manteve calado durante a aula, tentando dar o seu máximo na poção, pensando que assim quem sabe ela não se sentisse orgulhosa dele.

No entanto, por mais focado que estivesse, não conseguia evitar observá-la. E pelo jeito como as bochechas da loira coravam vez ou outra, ele sabia que seus movimentos não estavam passando despercebidos e que provavelmente ele deveria estar sendo muito esquisito. Mas não se importava, as aulas de poções estavam sendo os únicos momentos que tinha para ter a garota tão perto de si novamente, e ele só queria aproveitá-los.

E foi enquanto observava absorto uma Marlene concentrada, com os olhos cerrados e o lábio inferior preso entre os dentes ao mesmo tempo em que moía algo do qual ele não fazia a mínima do que era, e ele divagava sobre como ela parecia tão linda quanto uma obra de arte naquele momento, que Sirius sentiu sua mão queimar.

Soltou um xingamento baixo, voltando sua atenção ao caldeirão e se dando conta que o conteúdo formava bolhas espessas.

— Sirius, cuidado! – Marlene exclamou, afastando a mão dele do caldeirão e levando mais perto de si para analisá-la – Machucou?

A voz dela era preocupada e agora ela o olhava nos olhos. Ao se dar conta do toque da garota em sua pele era como se não tivesse dor alguma, não tinha sido algo grave, mas ainda que sua mão estivesse em carne viva ele não poderia ligar menos naquele momento.

— Não, tudo bem. Eu me distrair e esqueci de continuar mexendo, por isso começou a borbulhar.

— Quer ir até à enfermaria dar uma olhada?

— Não, eu estou bem – ela o encarou desconfiada e Sirius deu um sorrisinho. – Sério! Foi uma queimadura boba, não há com o que se preocupar.

Ele encarou novamente a sua mão que ainda estava sob as dela, constatando que realmente não fora nada demais. Marlene também as fitou e corou levemente.

— Ok! – e então o soltou delicadamente – Posso continuar mexendo se quiser.

— Não, vou prestar mais atenção, prometo!

Ela assentiu e os dois prosseguiram trabalhando em silêncio e sem mais acidentes. Sirius teve que se segurar para não praguejar quando a aula acabou e a loira caminhou para fora da sala, deixando seu perfume impregnado em suas narinas.

***

— Quando você vai parar de ficar suspirando e resmungando pelos cantos, e vai ir lá conversar com ela? – James questionou com um ar impaciente.

Estavam sentados na mesa da Grifinória jantando e Sirius observava Marlene de longe, enquanto ela ria de algo que Alice a contava. E contemplando aquele sorriso que ele achava tão bonito, se perguntava como poderia não lamentar, afinal? A saudade que sentia de tê-la perto de si e de ser o motivo de alguns daqueles sorrisos era tão grande que se tornava uma dor quase que palpável.

Os dias que se passavam desde que tudo acontecera eram torturantes e Sirius se sentia péssimo. As palavras que a garota dissera durante a conversa simplesmente não saiam de sua mente e ele constantemente se pegava relembrando daquele dia como uma maneira de punir a si mesmo por tê-la chateado. Toda vez que se recordava da mágoa em sua voz e de seus olhos marejados, era quase como se seu coração estivesse sendo esmagado por uma mão invisível ou algo do tipo.

E eles haviam passado tanto tempo juntos nos últimos meses que estava sendo difícil até mesmo assimilar como era viver sem tê-la ao seu lado, era como se tudo ao seu redor tivesse perdido a graça. Sentia falta de absolutamente qualquer coisa que envolvia a garota, das brigas e os momentos de estresse, das risadas e das brincadeiras que tinham um com o outro, e mais ainda do cheiro, dos beijos e abraços que havia se tornado o seu lugar preferido, era como um lar. Todas às vezes em que se sentiu triste ou desamparado de alguma maneira, o abraço da garota fora capaz de lhe transportar para a mesma sensação de acolhimento e amparo que obteve ao formar uma nova família com os Potter’s e seus amigos. E agora, ter que lidar com falta disso estava sendo muito pior do que ele poderia imaginar.

— Eu não quero a machucar, Prongs! Ela já me pareceu chateada o bastante.

— Caso você não tenha percebido, ela já está machucada, agora é a hora de você consertar tudo! – James suspirou e o encarou como se ele fosse idiota.

— Marlene aparentava estar muito certa de sua escolha quando conversamos, talvez o melhor para ela seja que nos afastemos.

— Sirius, sinceramente, você já foi mais esperto! É claro que não é o melhor, ela gosta de você – respondeu impaciente. – E você vai finalmente me explicar o que rolou entre vocês? Porque ouvir da Marlene aos berros não foi muito esclarecedor.

Sirius quase riu.

— Nem eu sei cara, foi doido. Depois daquele lance das cartas, ela ficou chateada porque não queria que o Cooper se sentisse de alguma forma superior, sabe? Como se ela gostasse dele ainda e toda essa questão do ego. E eu também estava bravo e meio chateado com a minha relação com a Valerie, já que ela ficava nesse rolo sem fim e sem saber o que queria, e, ao mesmo tempo, tentava me impedir de viver outras coisas enquanto ela saía com quem quisesse, acho que queria provocá-la de alguma maneira e toda essa questão de ego também.

James rolou os olhos e suspirou.

— Como é possível que vocês dois tenham escolhido tão mal os ex’s?

Sirius soltou um risinho baixo e continuou:

— Quando o Cooper foi conversar com a Marlene ela inventou estar namorando, não disse que era comigo, mas me beijou aquele dia no treino meio que para provar e aí não precisou explicar mais nada. Coincidiu de Valerie ver e fazer aquele show, então quando a Marlene veio se desculpar por ter me beijado, eu dei a ideia de começarmos a fingir estarmos namorando para lidar com os dois. E apesar de ela não querer a princípio, acabou aceitando e nós fomos nessa. No começo era só fingimento mesmo e era até engraçado, mas depois nós fomos nos envolvendo e gostando disso tudo.

— E vocês não conversaram sobre isso?

— Sim, chegou num ponto que não dava simplesmente para ignorar que as coisas estavam mudando, mas de início foi algo tipo: “ok, a gente se gosta e sabemos que agora não é só fingimento”. Era bom e a gente queria aquilo, porém, depois de um tempo ela começou a me questionar algumas vezes sobre o que de fato estava rolando e querendo esclarecer as coisas, mas eu sentia que não poderia a oferecer as respostas que ela queria. Sabia que tinha sentimentos por ela, no entanto, estava confuso. E eu ainda não estava conseguindo afastar a Valerie da minha vida e isso foi se tornando um problema, porque apesar de não ter nada romântico entre nós dois, a Marlene ficou chateada e insegura, então ela terminou comigo por acreditar que eu ainda gostava da Valerie. – disse desanimado. – Por eu estar perdido com tudo isso, com meus sentimentos pela Marlene e tentando entender o que sentia de fato pela Valerie, já que ela teve razão ao dizer que eu só comecei tudo isso porque queria provocá-la, não tive nenhuma atitude na hora, só fiquei pensativo com as coisas que ela me disse.

— Ela pensa que você não se importa.

— Mas isso não é verdade, a última coisa que eu queria era que ela ficasse desse jeito porque sei que ela não merece!

— É, eu sei! Eu sei que você gosta dela, porém, ela não tem certeza disso. Depois do que rolou entre ela e o Matthew não é de se julgar que ela tenha ficado mais defensiva nesse sentido, e se você não deixa claro o que quer, não ajuda muito, não acha?

Sirius suspirou alto. Andava pensando muito nisso ultimamente, todas às vezes que Marlene tentara conversar sobre eles, ele sempre desviara o assunto, mesmo deixando claro a ela que gostava de estar com a mesma, no entanto, se perguntava se fora suficiente. E chegara à conclusão de que se fosse o contrário a situação e o ex-namorado da garota ainda fosse uma figura presente em sua vida, ele também teria se sentido inseguro e enciumado. Porém, sabia também que não havia agido de tal maneira a fim de entristecê-la, só estava tentando entender melhor seus sentimentos quanto a tudo.

— Eu sei, James, sério! Se você soubesse o quanto todos os “e se” têm me torturado. Eu só não queria atropelar as coisas, acabar fazendo merda, porque a Marlene é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci, mas no fim não adiantou nada – respondeu exasperado.

— Você fala como se tudo já estivesse perdido entre vocês, porém não está. Ela gosta de você e esse tipo de sentimento não some de uma hora para outra e seu sei que você gosta dela também, eu te conheço, mas Marlene não, não a ponto de ler os seus sinais.

Sirius abriu a boca, mas Potter o interrompeu:

— Se você me disser que não quer a machucar, eu juro que vou te socar! Eu entendo que você se preocupa com ela, eu também me preocupo e fico péssimo em saber que ela está triste por causa disso e que em partes é minha culpa também, contudo, simplesmente desistir e tentar seguir como se nada tivesse acontecido não é a melhor das soluções. Ela só precisa da confirmação de que você gosta dela tanto quanto ela gosta de você, além do mais, essa decisão de tentar ou não de novo é dela, não é você que tem que decidir se basta ou não, a não ser que para você já tenha sido o bastante, mas a julgar pela maneira como você anda se arrastando por aí como se o mundo tivesse acabado, eu creio que não. Além disso, não é justo a deixar pensando que o que aconteceu não foi mútuo. E eu nem sei se você ainda está confuso em relação a Valerie ou coisa do tipo, mas sinceramente, se você for só um pouquinho verdadeiro consigo mesmo, vai perceber que sabe bem a resposta. Eu sei que apesar de ser seu amigo, não tenho que querer impor minha vontade sob a sua, mas está na sua cara que é a Marlene, eu nunca te vi tão bem quanto nesse tempo que esteve com ela.

Sirius se sentiu muito idiota quando sua garganta apertou e ele se viu a ponto de chorar naquele instante, no meio do salão principal.

— Eu sei que é ela, no fundo, eu sempre soube. O lance com a Valerie era mais pela ideação do que poderia ter sido, mas eu sabia que já era um passado e que não tínhamos mais nada que nos ligasse. Eu sei disso, eu sabia quando Marlene veio me dizer aquelas coisas, mas eu não queria meter os pés pelas mãos, ela me disse que não queria estar com alguém que não sabe o que quer, e ela está certa. Eu só precisava de um tempo para colocar a cabeça em ordem, só que depois fiquei pensando que se ela já estava triste comigo, o que poderia acontecer se eu tentasse voltar? Ela não merece nada menos do que a perfeição.

— Sirius, ela não quer alguém perfeito, ela quer você. Ela sabe dos seus defeitos e das suas qualidades e ponto, isso é o bastante. Eu também a acho incrível e vou querer o melhor para ela sempre, mas essa perfeição que você está falando não existe! Provavelmente você vai chateá-la, assim como ela também vai te chatear, é normal. Uma relação se trata de duas pessoas diferentes trabalhando em conjunto para o melhor, mas os momentos difíceis também fazem parte. Só que se você continuar com esse pensamento vai acabar deixando escapar algo especial e isso não é justo com nenhum dos dois.

Sirius desviou o olhar do amigo para a loira, que agora levantava-se junto a Lily provavelmente se encaminhando para o salão comunal, enquanto absorvia as palavras de James.

— E você, conseguiu falar com ela? – perguntou depois de um tempo.

— Ah, eu já tentei me aproximar algumas vezes e a convencer de que não fiz por mal, mas ela ainda está chateada comigo e só tem falado o básico. Me sinto horrível, porém, deixei de ser ignorado, o que já é um avanço. – James respondeu ao mesmo tempo que brincava com o restante da comida em seu prato. – Pelo menos Lily voltou a falar comigo normal, porém, fez questão de me lembrar que fui muito intrometido.

Sirius soltou um risinho.

— E foi mesmo, não é?

— Mas se não fosse por mim vocês nunca teriam ficado juntos.

— Isso não te torna menos enxerido – Sirius provocou risonho. – Vou ficar bem esperto com as minhas coisas perto de você.

James rolou os olhos, mas sorria levemente quando tacou um pedaço de papel amassado no amigo. Mais tarde, quando os dois estavam no salão comunal da Grifinória acompanhados de Remus e Peter, se preparando para começarem a jogar uma partida de xadrez de bruxo, Sirius sentiu seu coração disparar quando ouviu Marlene chamar seu nome.

— Sim? – ele respondeu rapidamente, voltando sua atenção para a garota.

— Amanhã, depois da aula de transfiguração, você vai estar livre?

E novamente seu coração deu um pulo forte em seu peito. Ele deve ter parecido esperançoso ou animado demais, porque ela rapidamente emendou:

— Precisamos terminar o trabalho sobre a Poção Polissuco – ele assentiu, bem mais desanimado.

— Claro, podemos terminar amanhã, quando você puder estará bom para mim.

Marlene concordou e logo se retirou. Quando o moreno retomou a atenção para os amigos, deu de cara com James e Remus o fitando de maneira risonha e ele não conseguiu evitar que seu rosto corasse.

— Sério, vai falar com ela! Você parece um idiota – James disse rindo e Remus assentiu com um pouco mais de compaixão pelo amigo, segurando a risada.

— Você que é um idiota, Potter!


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Notas finais do capítulo

Oii gente, como vão?

Não desisti da história, só sou muito enrolada, mas aos trancos e barrancos vamos indo ahahah. Estamos nos capítulos finais e logo finalizo.

Resolvi trazer este capítulo (e único) na visão do Sirius, para que pudesse ficar claro como ele se sentiu em relação a Marlene e ao que houve também. Espero muito que vocês gostem e caso queiram, deixem comentário sobre o que estão achando.

Beijão e muito obrigada por acompanhar a história ❤️



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