"Você acha que as coisas teriam tomado uma direção diferente na vida passada se fôssemos quem somos agora?"

"O que quer dizer com isso? Nós somos as mesmas pessoas."

Ele riu fracamente.

"Não somos mesmo. Você não é nada como a Venus daqueles tempos."

Ela fez uma careta, estranhando.

"Kunzite, eu posso te atestar que sou a mesma pessoa."

"Mesma alma, mesma aparência física, mas nem de longe a mesma pessoa."

"Ok, vou te dar essa pérola de indulgência, porque você está dizendo isso? Em que eu sou tão diferente?"

"Primeiramente, minha primeira Venus via humanos como animais de estimação."

Ela arregalou os olhos e abriu a boca pronta para argumentar, quando ele continuou:

"E apenas por isso ela permitia que Serenity visse Endymion, pois ela achava que a princesa perderia logo o interesse ou que ele fosse morrer logo como um hamster que uma criança aperta forte demais."

Minako caiu na gargalhada.

"Meu deus, você diz cada coisa!"

"Estou errado?"

"Claro que está! Eu te amava, e antes que você diga mais disparates, sim, eu, porque ainda sou aquela Venus e nenhuma de nós te via como um hamster."

"Não precisa ficar defensiva, o Kunzite daquela época também era cheio de falhas."

"Como assim?" Ela não sabia porque, mas embora tenha achado a opinião atual dele sobre sua persona anterior tão absurda que chegava a ser hilária, sentia um pouco de animosidade prévia ao imaginar as coisas que ele poderia dizer sobre o homem que havia amado, ou melhor, ainda amava. Saitou estava a confundindo!

"Ele nunca levou Venus a sério como soldado, achava que mulheres não tinham o que era preciso para comandar exércitos, achava que o medo da magia era o que havia escravizado a Terra por tanto tempo, mas que numa guerra a Lua não tinha nenhuma chance por ter soldados mulheres."

Minako não sabia o que responder depois daquilo, qualquer argumento contrario morrendo amargo em sua boca.

"Então eu acho que as coisas definitivamente teriam tomado uma direção ruim se nós fôssemos os mesmos."

"Bem, que bom então que você não acha mais que meu cérebro de mulherzinha é incapaz de bolar táticas de guerra."

"Na verdade estou é feliz que ele não precise, pelo menos não contra mim, pois eu sei que seria derrotado de novo."

"Não precisa tentar me conquistar com elogios, eu prometo que vou lhe comprar feno e uma rodinha de exercícios."

"Não obrigado, não quando eu sei que você acha a vida terráquea válida o suficiente para ter protegido esse planeta e o meu Master durante todos esses anos em que eu não pude, eu sou muito grato."

O sorriso dela mudou de divertido para afetuoso e Minako passou as mãos em volta do pescoço de Saitou.

"Você não tem que me agradecer por isso, eu sou terráquea dessa vez também."

"Ainda assim."

Ela aproximou o rosto do dele, dando um leve beijo de esquimó e sorrindo com o modo ávido que os lábios dele procuraram os seus, mas antes que pudessem se tocar, ela se afastou buscando o olhar dele.

"Mesmo que nosso amor tenha tomado uma direção triste das outras vezes, eu nunca me arrependeria de trilhar um caminho que me levasse a você."

"Mesmo que tenha sido um caminho direcionado a morte?"

"Todos os caminhos são."

"Eu nunca pensaria que ouviria algo tão sombrio vindo de você. Mas para ser sincero, eu também sou grato pela outra vida, mesmo o final. Especialmente o final."

"Como assim?"

"Minha amante esteve comigo na hora de minha morte."

"Saitou, eu fui a causa da sua morte."

"Sabe como eu provavelmente teria morrido se as coisas tivessem sido diferentes? Se eu tivesse vivido até a velhice? Sozinho. Venus teria perdido o interesse em mim antes da minha primeira ruga."

"Você definitivamente tem uma opinião horrível sobre meu eu passado."

"Não é isso, eu não guardo nenhuma mágoa se é o que você está pensando, eu verdadeiramente sou grato que a última coisa que eu tenha visto foi você. O que mais alguém pode pedir do que partir nos braços de quem ama?"

"Desculpa, mas não consigo ver nada bom naquele momento."

"É claro, você teve que partir sozinha. Eu sinto muito."

"Você acabou de pedir desculpas por não ter me matado?" Ela jogou a cabeça para trás gargalhando. "Essa conversa fica cada vez mais doida."

"Então vamos terminá-la antes que Jun te ouça rindo e me peça para que eu conte piadas a ele."

"Imagina a cena!"

"Não, obrigado."

"Mas seria tão engraçado!"

"Minako, para de rir."

"Vem fazer."

E ele nunca recusaria os desafios dela, mesmo os bregas e imaturos.