Ainda há esperança escrita por padu


Capítulo 9
Capítulo 9




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Eram tão altas as expectativas de Darcy em relação ao futuro. Seu pai estava prestes a regressar ao Brasil e, apesar de ser um homem convicto de suas tradições, começava a apresentar, aos poucos, forte afeição por Elisabeta e por suas opiniões bem posicionadas. Pôde perceber isto quando, naquele mesmo dia do reencontro, fora surpreendido ao avistar Lorde Williamson e sua esposa na sala de visitas da mansão. Ambos pareciam bastante à vontade na companhia um do outro. A dupla conversava animadamente sobre partituras e melodias contemporâneas, depois de terem dialogado por um bom tempo a respeito de literatura e as críticas inconsistentes para com os romances. Na ocasião, os olhos do rapaz pareciam mais fascinados do que nunca. Afinal, quando poderia imaginar uma possível amizade entre aqueles dois? Pensou em chegar devagarinho para fazer parte da conversa, mas decidiu continuar apreciando de longe aquela bela cena.

O trio permaneceu em Londres por mais dois dias. A burocracia do hospital onde Lorde Williamson esteve internado fez com que Darcy precisasse retornar àquele lugar mais algumas vezes, para resolver os trâmites da alta definitiva de seu pai. Após tudo estar nos conformes, e certificado de que Lorde Williamson estava em condições de encarar a viagem, os três embarcaram de volta ao Brasil.

**

[Duas semanas depois]

— Que alegria! Elisabeta e Darcy acabaram de telefonar para avisar que saíram do porto e já estão a caminho de São Paulo. Amanhã bem cedinho chegarão aqui no Vale e, de acordo com a minha filhotinha, trazendo uma surpresa... O que será? – Exclamou dona Ofélia, entrando na casa efusivamente.

— Fico muito feliz. Já estou com saudades da minha filha. – Replicou seu Felisberto, sem tirar os olhos do jornal. – Mas, Ofélia, a surpresa deve ser a respeito das novidades. As histórias, as crônicas urbanas que certamente eles têm de sobra para nos contar.

— Que crônica urbana o que, Felisberto. Eles devem estar trazendo a notícia de um Beneditinho, quer dizer, Beneditinho Williamson. Já pensou? – Disse, erguendo uma das sobrancelhas e dando uma gargalhada.

— Minha nossa Senhora, Ofélia, só você mesmo! Não queira apressar as coisas. Quando nosso neto tiver que vir, ele virá. – Disse-lhe, revirando os olhos. – Deixe nossa filha e nosso genro aproveitarem esse momento deles.

— Não custa nada começar a pensar no assunto, ora! – Replicou ela, encerrando o tema. Ambos foram dormir agitados e extremamente ansiosos.

Na manhã seguinte, bem cedo, a casa dos Benedito era uma barulheira só. Após preparar, com o auxílio de Dona Nicoletta um café da manhã riquíssimo em variedades, Dona Ofélia saiu acordando todos os moradores, com sua voz e sotaque inigualáveis. Os gritos não eram dos mais escandalosos, mas podiam facilmente irritar a qualquer um. Seu Felisberto, apesar de já ser acostumado com o jeito da esposa, não gostou da ideia. No entanto, rapidamente ficou de pé, pois mal via a hora de abraçar Elisabeta novamente. Rômulo já havia saído para trabalhar, entretanto, Cecília ainda estava no quarto cuidando de seu bebê. A notícia sobre a volta da irmã a deixou imensamente feliz. O dia estava lindo, o sol brilhava intensamente e isso fez com que Lorde Williamson sentisse uma enorme alegria em estar de volta ao Vale do Café. O clima de Londres não o fez bem. Aquele local, embora guardasse boas recordações de seu passado, já não fazia parte dos seus planos. Apesar de demonstrar felicidade, o homem estava também apreensivo. Darcy e Elisabeta não foram capazes de persuadi-lo a acreditar em algumas historinhas a respeito do paradeiro de Lady Margareth. Saber que sua irmã também estava por perto, o amedrontava profundamente. A mulher havia demonstrado nas vezes que o visitara no hospital em Londres, uma face completamente desprezível e insana. Lorde Williamson temia não só por ele, mas por Darcy, Charllotte e, para sua própria surpresa, por Elisabeta também.

Ao abrir a porta, Dona Ofélia não sabia se gritava, chorava ou desmaiava. Pois, as três reações casavam perfeitamente com a ocasião. De todas as pessoas existentes no mundo, Lorde Williamson era a última que ela imaginaria ver naquele momento. Darcy e Elisabeta entreolharam-se, divertidos com a situação. Ao perceber que a mulher estava prestes a passar mal, Darcy prontamente certificou-se de apoiá-la. Demorou alguns segundos para que seu Felisberto se aproximasse da porta, não menos surpreso, porém dez vezes mais calmo.

— Bom dia a todos. – Disse ele, os convidando a entrar. – Minha filha que saudade! – Felisberto abraçou Elisabeta carinhosamente. Enquanto mantinha o olhar direcionado à Lorde Williamson. Em seguida cumprimentou os demais com um aperto de mão.

 Darcy queria poder disfarçar, mas a verdade é que ele parecia absolutamente sem jeito. Ao ponto de não conseguir desenvolver uma conversa. Embora estivesse casado com Elisabeta e, dessa forma, já fizesse parte da família, não se sentia totalmente à vontade em determinadas ocasiões, aquela era uma delas. Após socorrer a sogra, levando-a até o sofá, permaneceu de pé, ao lado do pai e de Elisabeta.

— Então, Lorde Williamson está de volta. – Felisberto deu início à conversa, quando todos já estavam devidamente acomodados. – Não posso negar que, para mim, é realmente uma surpresa!

— Ai Elisabeta, então era essa a surpresa que você comentou com tanto mistério? – Dona Ofélia reclamou, desconfiada.

— Calma mamãe. Lorde Williamson, meu sogro, tem muito que falar. Vamos ouvi-lo? – Disse Elisa, segurando a mão do Lorde, transmitindo-lhe confiança. Ofélia e Felisberto observavam a cena completamente surpresos. Apesar da resistência inicial, Dona Ofélia parecia interessada em ouvir o que aquele senhor tinha a dizer. Principalmente depois de tantos desaforos e desavenças passadas que ela não tinha esquecido. Darcy olhava para Elisabeta transmitindo um sentimento de gratidão. Lorde Williamson, após pedir desculpas pelas ações cometidas no passado, relatou, detalhadamente, todos os acontecimentos recentes em sua última estadia em Londres. Ofélia e Felisberto ouviam horrorizados os relatos daquele homem. E a fúria para com Lady Margareth só aumentava naquele instante. Elisabeta involuntariamente sentia-se emocionada ao escutá-los pela segunda vez. Na metade da conversa, Cecília juntou-se a eles. Inteirando-se, também, de todos aqueles fatos. Após passarem quase toda a manhã na casa dos Benedito, Darcy, Elisa e L. Williamson seguiram para a fazenda Ouro Verde, surpreendendo Charlotte.


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