Ainda há esperança escrita por padu


Capítulo 6
Capítulo 6




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A noite estava tranquila e tudo parecia correr na mais perfeita ordem no Vale do Café. Após fazer uma breve refeição na casa de chá, Almirante Tibúrcio regressou à mansão do parque. As coisas naquela casa iam de mal a pior. Por conta da chegada de sua hóspede, e por receio de que a notícia se espalhasse ou escapasse de seu domínio, o homem teve que despedir uma de suas mais antigas empregadas: Lourdes. A mulher tratava-se de uma grande confidente de Josephine. Que, durante a ausência da senhora daquela casa, sustentara total devoção à sua memória. Mantendo-a distante, ele prevenia-se também de que sua ex-esposa se inteirasse do que ali acontecia. Subiu até o sótão e bateu na porta com total discrição.

— Boa noite Lady Margareth, lhe trouxe isto. – Disse ele, colocando um embrulho sobre a mesa. – Suponho que esteja faminta já que nenhum dos empregados sabe que a senhora está aqui.

— Muita gentileza sua Almirante. – Disse ela, analisando o pacote e fazendo uma cara de insatisfação. –  Não precisava se incomodar...

— Como tem estado por aqui? Por que não abre aquela janela do lado esquerdo? Este local precisa de ventilação. – Disse aproximando-se da janela que, do topo onde se encontrava, apresentava a bela paisagem dos morros que cercavam a região.

— Calma Tibúrcio, são muitas perguntas ao mesmo tempo! Assim você me deixa confusa. – Disse-lhe, sentando-se novamente. – É certo que este lugar não é dos mais agradáveis, assim como toda a mansão. Mas tenho aproveitado bastante o tempo que passo aqui nesse quartinho... Mas isto não vem ao caso! De onde é essa comida? Nunca vi mais terrível! – Disse, largando o prato.

— Da casa de chá. Agradeço-lhe pela franqueza, da próxima vez deixo a senhora morrer de fome. Não sei como, alguém tão mal educada quanto a senhora, pode ter sobrinhos tão íntegros como Darcy e aquela mocinha, Charlotte. Que por sinal sabe conduzir brilhantemente uma conversa.

— Ah! Faça-me rir. O senhor não é o mais indicado para dar lição de moral sobre educação e família, não é mesmo?! Neste ponto, somos até parecidos. – Ela sorriu, desapontando-o.  – Mas você falava de Charlotte? A que precisamente o senhor se refere, Almirante? – A mulher apresentara, subitamente, forte interesse na conversa.

— Ela estava agora a pouco na casa de chá, de chameguinho com aquele rapaz que trabalhou para a Rainha do Café...  Não me recordo seu nome. Fizeram entrevistas com alguns moradores do Vale, não sei para quê e, sinceramente, não me interessa. – O homem estava prestes a se retirar, quando fora surpreendido por Lady Margareth puxando-o pelo braço.

— Calma Tibúrcio, conte-me mais sobre isto. Por acaso Elisabeta estava com eles também?

— Não, só estavam os dois. Se não me engano Charlotte comentou algo sobre uma viagem a São Paulo, de Darcy e Elisabeta. Não entendi muito bem porque não fui para lá com a intenção de ouvir conversas alheias, muito menos de ser seu moleque de recados, com licença.

— Espere! Então Darcy e Elisabeta não estão no Vale do Café? – Indagou, esgotando a paciência do homem.

— Por acaso a senhora está de fato louca? Pois vou repetir: Sim, ao que parece, Darcy e Elisabeta viajaram hoje para São Paulo. É exaustivo conversar com você Lady Margareth. Além de mal agradecida, mal educada, a senhora também é surda ou se faz. Com licença. – Saiu batendo a porta com força.

“Então quer dizer que meus queridos pombinhos não estão por perto... Parece que, como se diz por aqui, o destino esta pondo a carroça dos meus planos na frente dos bois...” – Pensou ela, enquanto tirava uma longa capa de dentro de seus pertences.

**

Assim que chegaram a São Paulo, Elisabeta e Darcy telefonaram para a fazenda Ouro Verde, informando sobre a tranquila viagem que fizeram. Embora estivesse ansioso, aos poucos Darcy apresentava uma postura mais forte e confiante, ainda mais após receber a notícia, através de um telefonema feito a Vicente, que seu pai apresentara, naquele mesmo dia, uma satisfatória melhora, respondendo muito bem ao tratamento.

— Eu estou tão contente, meu amor! Sinto que Lorde Williamson regressará conosco bem antes do que imaginávamos. – Disse ele, envolvendo-a em um abraço.

— Que assim seja Darcy! O que mais quero é ver seu pai reestabelecido, e que vocês três possam resolver todas as desavenças. – Ela aninhou-se ainda mais em seus braços, encostando a cabeça no peito dele. – Ai meu Deus!

— O que houve? – Perguntou, fitando-a assustado.

— O que seu pai dirá quando souber que também sou uma Williamson? – Retribuiu o olhar, ainda mais assustado que o dele.

— Ficará muito satisfeito, pois não poderia ganhar melhor nora. Não se preocupe com isso meu amor. Tenho total certeza de que meu pai não mais interferirá em nossas vidas para nos causar algum tipo de desgosto ou sofrimento. Eu estou tomado por um sentimento de positividade. E, quando pensamos positivo, a vida nos retribui com a mesma intensidade.

— Eu quero muito que isso aconteça. – Elisabeta depositou um beijo em Darcy. – Mas, será que meu marido pretende passar a noite toda só conversando? Eu tinha uma ideia melhor...

— Hum! Acho que sei perfeitamente qual é essa ideia... – Disse segurando os braços de Elisabeta contra a cabeceira da cama, beijando-a com paixão.

**

Passava-se das duas horas da manhã. As luzes estavam parcialmente apagadas, mas era possível avistar sem muita dificuldade a porta principal, bem como todas as outras da fazenda. Tendo sido uma antiga moradora, não foi difícil para Lady Margareth dá seu jeito de adentrar, cautelosamente, a casa. Com bastante cuidado, a mulher, vestida de modo peculiar, invadiu a sala, direcionando-se em seguida ao escritório.

— Deve ser aqui, só pode ser neste lugar onde Elisabeta guarda suas baboseiras. – Ela aproximou-se de uma das mesas principais da sala, vasculhando todos os papéis. – Ela gosta muito de brincar com fogo, não é mesmo?! Especificamente quando o assunto é queimar coisas importantes. Vamos ver o que ela pensará sobre a ideia de queimar os manuscritos de seu livrinho amado e tudo o que está relacionado a ele...  – Disse ela, reunindo apressadamente todo o material, o destruindo por completo.


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