—Que caras de enterro são essas? Parecem que foram atropelados por um trem. – Edward riu das expressões dos filhos. – Agnes já foi?

—Sim. E a Lucy está dormindo. – Bella o beijou rapidamente.

—Até agora? – Ele estava surpreso. A filha geralmente era uma das primeiras a acordar.

—Estamos todos cansados. – Tyler deitou a cabeça na mesa. – Não vou conseguir nem treinar hoje.

—O drama eles puxaram de você. – Bella apontou colocando um prato de panquecas na mesa, que foi rapidamente devorado pelos filhos. Para comer eles estavam totalmente em alerta.

—Vocês são muito moles, isso sim. Me sinto renovado. – Esticou os braços. – Como está querida?

—Minha barriga está doendo. – Hayley reclamou. Ela mal havia tocado nas panquecas.

—Podemos faltar hoje? Estou cansado. – John pediu e os pais negaram.

—Todos vão para a aula. Filha, tomou o remédio que te entreguei. – Essa assentiu. – Deve melhorar logo, então. Qualquer coisa peça para nos ligarem.

—Devemos leva-la ao médico? – Hayley negou antes mesmo que a mãe pudesse responder.

—Eu já estou melhor. – Ela odiava hospitais, passou uma boa parte da infância neles e queria distância.

—Deve ser apenas o monte de marshmallows que ela comeu.

—Estavam muito bons. – Se desculpou.

—Gostei muito do acampamento, papai. Você arrasou. – Henry o elogiou e Edward sorriu orgulhoso.

 Estava muito contente por ter conseguido alegrar os filhos. Eles cantaram e contaram histórias ao redor da fogueira. Pela manhã saíram para uma caminhada e nadaram na cachoeira. Lucy tentou pegar um novo animalzinho, mas foi impedida pelos membros da família. Já Hayley teve que ser contida para não sair correndo e escalando como os irmãos. Com o problema no coração, os pais não a deixavam fazer grandes esforços, mas isso não a impediu de se divertir e enquanto os demais faziam atividades radicais demais para ela, ela ficou ouvindo histórias da mãe.

—É só vocês falarem uma data que vamos de novo. – Garantiu e os pequenos comemoraram.

—Esqueci de falar. Vai ter uma competição de matemática essa semana e vou participar da equipe. - Henry anunciou encarando o prato. Ele achava que os pais considerariam aquilo muito chato e não acompanhariam a competição.

—Sério? Que demais filho. - Bella deu um beijo no alto da cabeça dele. - Não esqueça de colocar no quadro para que possamos ir.

—Vocês vão ir? - perguntou surpreso.

—Claro. Vamos torcer por você, com direito a grito de guerra e tudo mais. Pacote completo. - Edward avisou sorrindo para o filho.

—Mas é chato.

—O que importa é que você estará participando e vamos torcer por você.  

—Obrigado, mãe. - Ergueu os olhos mais animado com o apoio dos pais.

—Você vai arrasar, cara. - Tyler deu um tapinha no ombro dele.

—O professor vai me colocar para os desafios mais fáceis, porque ainda sou novo. Mas estou entre os cinco melhores, então está tudo bem. - deu de ombros.

—Tenho certeza de que vai se sair muito bem e vai ser o melhor da equipe. - Edward garantiu e Henry o olhou em dúvida.

—Acho que não pai. Não sou tão bom assim.

—Vem cá. - Edward levantou e levou o filho até a frente da geladeira, que era espelhada. - Olhe bem para você e repita comigo. - Henry revidou os olhos e Edward colocou as mãos no ombro dele - Repita. - ordenou. - Eu sou Henry Cullen e sou incrível.

—Eu sou Henry Cullen e sou incrível. - murmurou baixinho.

—Não. - balançou a cabeça. - Diga com mais força. - Henry respirou fundo e falou mais alto dessa vez. - Isso mesmo. - o elogiou. - Sou inteligente e vou arrasar nessa competição. Repita tudo com bastante força. - o garoto encarou o próprio reflexo e respirou bem fundo.

—Eu sou Henry Cullen e sou incrível. Sou inteligente e vou arrasar nessa competição.

—Vai Henry! - Todos gritaram o incentivando e ele sorriu.

—Você é capaz, só precisa se lembrar disso, sempre.

—Vocês são os melhores. – Abraçou o pai e depois a mãe.

—Só você mesmo para me fazer ter interesse pela matemática. – Tyler o cutucou. – Você é muito inteligente.

—É mesmo, Henry. Quando crescer quero ser inteligente igual você. – John admirava os irmãos mais velhos.

—Tenho muito orgulho de vocês, crianças. São os melhores filhos que alguém possa ter. São talentosos e brilhantes. – Edward amava muito os filhos.

—É verdade. Vocês são maravilhosos e agradeço todos os dias por serem meus filhos. – Bella secou uma lágrima. – Agora terminem logo ou vão chegar atrasados para aula e quero ver todo mundo passando de ano.

[...]

—Vocês deveriam ir, Jackson. O acampamento foi excelente e as crianças se divertiram muito. – Jasper tinha que apressar o passo para acompanhar o sócio, certas coisas nunca mudavam.

—Quem sabe depois que o bebê já estiver maior. – Ele gostaria de acampar, mas a esposa não era muito fã de atividades ao ar livre.

—É melhor esperarem mesmo. – Concordou com ele e retirou o celular do bolso. Gemeu ao ver que era da escola dos filhos. – Edward Cullen. – Apoiou na parede ao ouvir que Hayley fora levada para o hospital. – Estou a caminho.

—Tudo bem? – Jasper colocou a mão nas costas dele.

—É a Hayley, Jasper. – Ele sabia muito bem como Edward reagia ao ver a filha indo para o hospital. Ele sempre temia pelo pior.

—Eu dirijo. – Avisou e os dois saíram correndo.

[...]

—Que bom que está aqui. – Bella se jogou nos braços do marido.

—Calma, amor. Ela vai ficar bem. O que aconteceu? – Eles já passaram por aquilo inúmeras vezes, os filhos pareciam que tinha algum acordo e quase toda semana era um deles que tinha que lhes dar um susto.

—Parece que ela começou a vomitar e como eles sabem do histórico dela, resolveram trazê-la para cá. – Bella o abraçou com mais força, precisava do conforto dele.

—Será o coração? Não deveria ter os levado para tão alto. Era melhor termos ficado embaixo. A culpa é toda minha. – Ergueu os olhos para o alto e pediu silenciosamente para que a filha ficasse bem.

—Não foi sua culpa e ela não se queixou de dor no coração.

—Não vou me perdoar se algo acontecer. – Se afastou dela. – Não aguento mais viver assim, com medo de perdê-la a qualquer momento.

—Edward. – Bella segurou o rosto dele entre as mãos. – Não vamos perdê-la. Nenhum deles.

—Você não pode garantir isso. – Declarou passando as mãos pelos cabelos, o bagunçando.

—Não, eu não posso. Mas farei o que estiver ao meu alcance para garantir que isso ocorra. E sei que você também fará. – Ele a olhou e segurou a mão dela.

—Sempre.

—Ah. Aí estão vocês. – Seth abriu um sorriso ao vê-los.

—Como ela está? – Bella deu um passo a frente e Edward manteve as mãos nos ombros dela, a amparando.

—Sabia que reagiriam assim. – Edward odiava o pediatra dos filhos. Era verdade que ele é um dos melhores, mas sempre agia como se eles não devem se preocupar com nada. E como eles não se preocupariam? Era a filha deles que estava em uma cama de hospital e eles não tinham a menor ideia do que estava acontecendo.

—Sem brincadeiras hoje, Seth, por favor. – Bella pediu e o médico se desculpou.

—Certo. Mas relaxem. A Hayley está bem. Foi só uma intoxicação alimentar e já a tratamos. – Os dois suspiraram aliviados. – Ela está se hidratando. – Apontou para o corredor e eles o seguiram.

—Oi meu anjinho. – Bella correu e a abraçou com cuidado.

—Quero ir embora. – Choramingou tentando tirar a agulha do braço.

—Só mais um pouco e já te liberamos. – Seth pediu. – Gostaria de aproveitar que ela está aqui e fazer alguns exames. É só para garantirmos algo. – Explicou prevendo que eles pensariam o pior. – Não quero criar expectativas, mas acreditamos que a Hayley esteja bem melhor.

—O que quer dizer com isso?

—Da outra vez me perguntou se não era melhor colocá-la na fila de transplante. Os exames indicaram que não seria preciso e acreditamos que ela possa até mesmo parar com o tratamento.

—Estou curada? – Hayley perguntou atenta a conversa.

—Como eu disse, não quero criar muita expectativa, mas acreditamos que sim. Só precisamos de uma confirmação definitiva. Está tendo uma convenção de cardiologia aqui hoje, e gostaria que os médicos dessem uma olhada nela. Se vocês autorizarem, é claro. – Bella e Edward trocaram um breve olhar e concordaram. – Ótimo então. Vai ter que ficar mais um tempinho aqui, mas se tudo correr bem, não vai ver a minha cara tão cedo. Passaremos a acompanhá-la de seis em seis meses e depois anualmente, até que ela se veja livre de nós. É claro que não poderá sair por aí escalando o Everest e nem nada do tipo, por enquanto, mas acredito que quando chegar a fase adulta já estará pronta para isso.  – Hayley sorriu. Ela poderia ter finalmente uma vida normal.

—Eu vou estar curada. – Falou emocionada e foi abraçada pelos pais. Seth torcia para que ele e o cardiologista de Hayley estivesse certos, não queria vê-los decepcionados.

[...]

—Essa daqui. – Apontou para uma bicicleta roxa e pulou de alegria quando o pai concordou com a escolha.

—Pega leve, querida. Você passou por uma série de exames hoje e tem que manter repouso. – Bella beijou os cabelos da filha. Os três não paravam de sorrir.

—Isso mesmo. Os médicos disseram que deve ir aos poucos se acostumando com atividades mais pesadas.

—Andar de bicicleta não é pesado. – Retrucou, doida para aprender a andar.

—E se você começar a fazer manobras radicais, hein? – Edward fez cócegas nela.

—Eu não vou papai. Eu nem sei pedalar. Quero aprender a jogar basquete, será que o Tyler me ensina?

—Vai com... – Bella colocou a mão sobre a do marido.

—Temos que deixa-la ser livre. Sei que está tão assustado quanto eu, mas vamos ter que aprender a não regrar todas as vontades dela. Vamos só ficar de olho e tudo ficará bem.

—Estou tão feliz. – A abraçou. – Sinto que vou explodir de tanta alegria. Desde que descobrimos que ela tinha um problema no coração, essa é a primeira vez que não sinto preocupação em perde-la.

—Esse também. – Hayley falou com o vendedor e Edward arregalou os olhos ao vê-la com um skate nas mãos.

—Retiro o que disse. – Bella riu. – Estou morrendo de preocupação.

—Vamos levar só a bicicleta por enquanto. – Bella avisou. – Uma coisa de cada vez. Não queremos sobrecarregar o seu coração.

—Tudo bem. – Declarou derrotada. Ela já estava feliz por poder andar de bicicleta. – Quando chegarmos em casa posso brincar de pega-pega com os meus irmãos?

—Só com eles, é? – Edward a ergueu e a colocou sentada nos ombros dele.

—Com você também, papai.,

—Que ótimo. Hoje você tem que comer só coisas leves, mas amanhã vamos fazer uma comemoração com muita besteira para comer. – Ela ergueu as mãos comemorando.

—Sorvete é leve? – Perguntou com uma cara sapeca.

—Acho que um só é leve. – Bella pagou pela bicicleta.

—Então vamos buscar os demais integrantes da família e comemorar. – Edward avisou e Hayley soltou um gritinho de felicidade.