Não consigo fugir disto escrita por Mayanne Souza


Capítulo 2
Primeiro contato


Notas iniciais do capítulo

Gente eu mudei algumas coisas da obra original e vou mudar mais.



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Uma semana mais tarde, eu já havia me acostumado com minha rotina em Forks e não recebia mais olhares curiosos, porém o frio ainda me incomodava. Naquela manhã acordei cedo e Charlie já havia saído para o trabalho. Até que estava sendo legal morar com ele, uma vez que ele me dava bastante privacidade. Diferente de minha mãe, que adorava fazer o papel de “mãe-amiga” e vivia a perguntar o que estava acontecendo e como foi o meu dia. Não que fosse algo muito ruim, mas era bom chegar em casa e não dar um relatório sobre tudo que aconteceu na escola.

Também fazia uma semana desde meu encontro com Edward Cullen. E não sei exatamente o porquê, mas aquilo me incomodava. Queria reencontrá-lo para confrontá-lo, colocá-lo contra a parede e perguntar qual era o problema dele. Talvez eu esteja fazendo uma tempestade num copo d'água. Não havia motivo para eu ficar tão abalado com um garoto que me tratou com desprezo, porém, que eu mal conhecia. Provavelmente, no entanto, eu estava fazendo toda essa narração de “Edward Cullen babaca” para esconder que na verdade estava encantado com aquele ser misterioso. 

Depois do acontecimento da sala de aula, eu perguntei a Celine qual era o problema daquele garoto. Ela me explicou que ele era filho adotivo do doutor Cullen, e que ele e suas irmãs estavam na cidade há dois anos, porém eram muito reservados para se enturmar com qualquer pessoa da escola. Na verdade, ela usou uma palavra mais pejorativa do que “reservados”.

Desde então não conseguia parar de pensar nele e acabei por fazer essa narrativa de “somos inimigos” em minha cabeça. 

Quando cheguei no estacionamento encontrei Tommy e Becca falando sobre essa festa que estava preste acontecer. A verdade era que minha primeira intuição estava errada: Tommy e Becca estavam ficando. Ela era uma garota legal de cabelos castanhos e olhos negros. 

— Hoje não tem como fazer as compras, pois minha mãe quer que eu vá com ela até a casa de minha avó — disse Becca. — Não consigo pensar em uma boa desculpa para não ir. Você acha que seu irmão irá aceitar comprar cerveja para gente?

— Com certeza ele vai — respondeu Tommy. — Ele me deve uma.

Eles continuaram a conversa e eu me desliguei do assunto. Em Phoenix havia muitas festas como essa, e apesar de ser convidado para todas, nunca me empolguei verdadeiramente com isso. A propósito, a festa aconteceria nesse final de semana e estava já formulando uma boa desculpa para não ir. Acho que estava me tornando um pouco antisocial, mas não queria que ninguém soubesse disso. 

— Puta merda! — exclamei, fazendo Tommy e Becca voltarem as cabeças para mim. 

— O que foi? — escutei a voz de Becca perguntar.

Lá no fim do estacionamento, perto do volvo prateado, estava Edward Cullen junto com suas irmãs adotivas, Alice e Rosalie. Eles estavam parados, sem conversarem, como se cada um estivesse em seu próprio mundo. Prestei mais atenção em Edward, sua pele parecia mais pálida. 

— Ele está olhando para Edward Cullen — respondeu Tommy e por um momento achei que havia um tom de reprovação em sua voz. Não sei o porquê disso ter me deixado mal. 

Parecendo adivinhar que ele era o assunto de nossa conversa, Edward olhou para mim e eu, sentindo meu coração acelerar, desviei o olhar. 

— Ei, ele está olhando para você — disse Becca sussurrando como isso fosse algum tipo de segredo

— Ele não gosta de mim. — soltei sem conseguir segurar minha língua. 

Becca fez uma careta.

— Por que não? — ela perguntou.

— Acho que ele não foi com minha cara. — levantei os ombros. 

Comecei a caminhar para dentro da sala de aula, evitando os olhares de Edward e as perguntas de Becca, contudo não consegui prestar atenção na sala de aula, meus pensamentos estavam em uma pessoa.

Por uma semana imaginei o momento que iria confrontá-lo e dar a volta por cima depois de me sentir um pouco humilhado com a cena na aula de biologia, porém agora que ele estava ali, meu coração não parecia bater no ritmo normal e borboletas voavam em meu estômago. Se fosse qualquer outro garoto, eu iria enfrentar sem problemas, mas parece que Edward Cullen me deixava covarde. 

No intervalo a cena se repetiu; Becca disse que ele não parava de olhar para mim, e eu permaneci de cabeça baixa, olhando para o almoço, tentando ignorar Edward e a ânsia no meu estômago. 

— Acho que ele está com inveja. — a frase de Celine me chamou atenção. 

— Como assim? — perguntou Becca antes de mim.

— Ele era o garoto mais bonito dessa escola, e agora não é mais. — respondeu dando de ombro. 

Eu ergui a sobrancelhas em confusão. Eu já disse que tinha confiança em minha aparência, sabia que era bonito, no entanto não dava para me comparar a Edward Cullen. Ele parecia perfeito, um verdadeiro modelo, e não só no físico, mas também no jeito de sentar ou caminhar. Qualquer movimento que fazia parecia um comercial de perfume. Eu não chegava nem perto disso. Eu estava apenas dentro do padrão de beleza comum. Edward era arte em carne e osso. Por fim, tive coragem de olhá-lo e ele e estava rindo junto com suas irmãs.

Depois do almoço, era a aula de biologia. Em conclusão, apenas decidi não confrontá-lo, uma vez que não teria coragem. Mas iria ignorá-lo a aula toda. Só que quando sentei ao lado dele, escutei sua voz:

— Oi — disse ele.

Virei a cabeça para olhá-lo e ele parecia tão tenso como na última vez, contudo dessa vez sorria. 

— Oi — respondi sem saber o que mais dizer. 

— Sou Edward Cullen. E você é Beau Swan, não é isso?

Ele não parava de sorrir. Estava sendo muito simpático, o que me deixava confuso. 

Nenhuma resposta minha.

— Desculpe-me se não me apresentei como devia na semana passada. 

— Sim, eu sou Beau Swan. — finalmente respondi e logo em seguida isso me fez sentir um idiota. Edward soltou uma pequena gargalhada como se fosse uma música e revelou dois dentes caninos bem afiados. Puta merda! Eu estava ficando obcecado. Isso não podia ser uma coisa boa. 

— Bom turma — disse o professor chamando nossa atenção. — hoje eu quero que vocês, junto com seus parceiros de laboratório, faça um mapa conceitual da diferença entre doenças hereditárias e genéticas.

Eu não fazia a mínima ideia de como isso funcionava, entretanto Edward pegou o caderno e começou a desenhar as primeiras linhas.

— Professor West, não tem muita imaginação. — disse baixo só para eu ouvir — Todo ano ele manda a gente fazer isso, só que com temas diferentes. Quer tentar?

— É... acho melhor você fazer e eu conferir se está certo.

Ele riu da minha resposta.

— E você, está gostando daqui?

— Ainda não.

Edward parou de desenhar a linha e pareceu refletir um momento sobre minha resposta. Olhou para mim, querendo que eu continuasse a falar.

— Não sou bom com mudanças. — disse e levantei os ombros. 

Ele riu. Parecia que todas minha repostas fazia ele rir. 

— Então por que se mudou para Fork?

— Às vezes temos que fazer aquilo que não gostamos. 

— Então, alguém te obrigou a morar aqui?

— Não — respondi.

Ele continuava a desenhar, porém uma hora ou outra olhava para mim e parecia querer dizer mais alguma coisa. Pegou uma caneta de cor diferente e começou a escrever dentro de círculos e quadrados que ele havia desenhado. Puta merda de novo. Sua letra parecia fonte do word. Será que havia algo nele que não fosse perfeito? De qualquer forma, vê-lo escrever foi uma das coisas mais interessante daquela aula. 

— Sua letra é linda. — confessei. 

Mas uma vez ele apenas riu.

— Você rir de tudo que eu digo.

Seu corpo enrijeceu. Ele largou a caneta e voltou a olhar para mim.

— É porque nunca sei o que você vai dizer. E acredite: há um bom tempo que eu não sei como é isso. 

Ficamos calados por longos segundos, até que ele tirou a folha do caderno e me entregou.

— Terminei. — disse e saiu mais uma vez antes da aula terminar  e deixando-me confuso.


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