Unidos Pelo Acaso escrita por Saori


Capítulo 3
03. Caixinha de Surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está o mais novo capítulo. Desejo uma boa leitura. ♥



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Rose estava ofegante. Conseguia sentir seu rosto queimar devido aos esforços físicos do treino. Também podia sentir os pulmões trabalhando arduamente para que não lhe faltasse ar. Tirou um fio de cabelo desgrenhado do rosto enquanto olhava para o primo James, mais distante.

— Rose, eu já estou indo. — O rapaz mais velho falou, acenando para a prima. — Não fique muito tempo, também precisa descansar para o treino de amanhã. Será o último antes do jogo.

A ruiva assentiu com a cabeça, sem dizer uma palavra. A falta de fôlego ainda não a permitia emitir sons compreensíveis. Com um sorriso discreto em seus lábios, ela acenou para o primo, que agora deixava o campo. Rose pegou a sua vassoura que estava encostada na arquibancada e a analisou. Até que não estava mal, considerando as batidas e os anos que estava com ela. Embora fosse velha, Rose se dava muito bem com a mesma.

— Weasley? O que está fazendo aqui? — Uma voz masculina perguntou. Ela conseguia escutar o som dos passos se aproximando.

O Malfoy parou próximo dela, analisando-a como um enigma. Rose tinha uma reputação um tanto quanto conturbada. Por ser uma Granger-Weasley, sempre lhe fora exigido muito. Então, antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, já havia uma reputação formada e quase incontestável. Mas havia um ponto em que Scorpius não podia discordar, nem se quisesse, embora fosse provável que nunca iria admitir, pelo menos não em voz alta. Rose era dona de uma beleza única e era, provavelmente, uma das meninas mais bonitas da escola. Mesmo com os cabelos emaranhados e extremamente bagunçados, com os braços cruzados, uma cara emburrada e com as bochechas avermelhadas devido à adrenalina do treino, ela ainda era bonita. Linda, na verdade. Os olhos azuis repousaram sobre o Malfoy assim que ela finalmente processou a sua fala.

— O treino da grifinória já não deveria ter acabado? — Ele recostou-se sobre a arquibancada, com a vassoura na mão.

— Bom, também não está na hora do treino da sonserina ainda. — Rose deu de ombros, pegou a sua vassoura e subiu sobre ela. — Então acho que ainda posso ficar aqui mais um pouco. — Ao fim da fala, ela pôs-se a voar pelo campo, com uma goles na mão. — Que tal uma partida, Malfoy? Uma goleira, um artilheiro. O que acha?

— Não me parece uma boa ideia. — Ele respondeu prontamente.

— O que foi? — Ela se aproximou dele com a vassoura e arqueou as sobrancelhas. — Está com medo de perder para mim? 

— Vai sonhando, Weasley. — Ele rapidamente subiu em sua vassoura. — Até parece que eu perderia para alguém como você. — Disse, arrogantemente.

— Alguém como eu? Sério, Malfoy?  — Ela revirou os olhos. — Vamos fazer o seguinte: eu vou ser a artilheira, e você o goleiro. Vamos... Trocar um pouco os papéis. — Ela piscou e riu, divertida.

O loiro não disse mais uma palavra sequer, apenas se posicionou no campo e esperou até que a Weasley fizesse seu primeiro movimento. Optando pelo lado direito, ela moveu-se com certa velocidade pelo campo. Estava um tanto quanto distante dele. Quando ela se aproximou, o Malfoy moveu-se para próximo dela e as vassouras se chocaram, em uma tentativa falha de retirar a goles das mãos da menina, que voava majestosamente. Quando a viu se aproximar dos aros, o Malfoy voou em alta velocidade, planando de forma confortável para a defesa.

Scorpius parou em frente a um aro em específico. Rose se moveu, ameaçou jogar a goles e observar o movimento ligeiro de Scorpius a fez gargalhar baixinho. O rapaz, por sua vez, parecia impaciente. Ela aproximou-se ainda mais e, ameaçando jogar a goles pela esquerda, atacou pela direita, fazendo-a atravessar o aro que ele anteriormente defendia.

— Então, o que você havia dito sobre perder para alguém como eu? — Ela piscou novamente, aproximando-se do chão e descendo da vassoura.

Os seus treinos alternados com o pai e a tia Gina tinham surtido bons efeitos, afinal. Alguns poucos alunos da sonserina que haviam chegado para assistir ao treino pareciam em choque. Eles encaravam a cena apavorados, como se vencer um sonserino fosse um grande insulto. E talvez fosse na mente deles.

— Não terá tanta sorte na sexta-feira, Weasley. — Ele disse entredentes, nem um pouco satisfeito. Seus olhos cinzentos pareciam completamente repletos de irritação, e ousaria dizer raiva. — E você com certeza irá pagar por isso e pelo dia do salão comunal. — Murmurou, ainda absurdamente irritado.

— Estou morrendo de medo de você, Malfoy. — Falou, um tanto quanto irônica.

Rose apoiou a vassoura sobre a arquibancada e soltou os longos cabelos ruivos cheios e bagunçados. Sabia que aquela não era sua melhor versão, mas os fios presos soltando do prendedor de maneira desordenada já estavam lhe enchendo a paciência. Em seguida, ela pegou sua vassoura novamente e olhou para o loiro, que ainda parecia um pouco surpreso.

— Te vejo mais tarde, Malfoy. — Ela piscou com um dos olhos e permitiu-se dar uma risadinha nada discreta.

— Em minha defesa, eu não estava jogando na minha posição. — O loiro falou, cruzando os braços.

A ruiva não conseguiu se conter em deixar uma outra risada escapar. O Malfoy a encarou extremamente insatisfeito e chateado.

Rose dirigiu-se até a saída do campo, onde encontrou alguns sonserinos, dentre eles estavam Amelia Parkinson-Nott e Drake Zabini.

— Irritou a namoradinha, Scorp? — Pôde ouvir Zabini caçoar de longe. A ruiva, por sua vez, revirou os olhos.

— Nem ouse falar uma coisa dessas, Zabini. Eu e a Weasley? Nem se ela fosse a última garota na Terra. — A ruiva ouviu de longe.

Aquilo a magoou de alguma forma. Não que ela sentisse alguma coisa por Scorpius. Isso definitivamente não era verdade. Não podia ser uma verdade. Estava literalmente fora de cogitação. Mas ver como ele a tratava como uma garota completamente esquisita, a incomodava bastante às vezes. Como havia acontecido agora. A magoava saber o quanto ele a detestava, a ponto dele pensar tantas coisas negativas sobre ela. Isso principalmente porque ele era o melhor amigo de Albus, seu primo e também um de seus melhores amigos. Sendo assim, seria obrigada a aturá-lo, querendo ou não.

Ela suspirou e balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando fazer aqueles pensamentos se dispersarem de sua mente enquanto caminhava para o salão comunal da grifinória, mas era inevitável. Mal ou bem, Scorpius Malfoy sabia como atormentar os pensamentos de Rose, e ela não gostava nem um pouco disso.

— Rose? — Roxanne perguntou quando viu a prima passar pela porta do salão comunal da grifinória. — Está tudo bem?

— Está. Eu só estou pensando em algumas coisas. Cabeça cheia, nada importante. — Respondeu prontamente, com um sorriso no rosto.

— O Malfoy fez alguma coisa dessa vez? Eu não entendo por que ele pega tanto no seu pé! — A prima afirmou, parecia indignada.

— Não tem nada a ver com ele, ok?! E por que você acha que é ele? — Rose pegou o seu uniforme.

— Bem, porque ele costuma te deixar assim. — A mais velha falou, sem entender muito bem a reação da prima.

— Ah, claro.

Irritada sem qualquer motivo aparente, Rose foi até o banheiro feminino, onde banhou-se e vestiu o uniforme regular da escola. Apressada, ela voltou para o salão comunal, onde pegou dois livros e a muda de planta que levou para o pátio. Não demorou muito para chegar lá, cerca de quinze minutos, na verdade, chegou bem rápido, principalmente considerando que encontrara um dos gêmeos Scamander pelo meio do caminho. Chegando no local, Rose acomodou-se em uma das poltronas aconchegantes e abriu um dos livros que carregava. Infelizmente, sua leitura não durou tanto tempo quanto imaginara.

— “O Pequeno Príncipe”? — A voz parecia confusa. Jamais ouvira falar daquele livro antes. O rosto contorcido em uma feição duvidosa deixava isso claro.

Rose olhou para o relógio de pulso. Adiantado. Aquele foi o seu primeiro pensamento. Até que ele havia aprendido a lição, afinal. Repentinamente, ela fechou o livro e o apoiou sobre uma pequena mesa a sua frente. A ruiva acomodou-se sobre a cadeira, ajeitando a postura e cruzando as pernas.

— Bem, me parece que você aprendeu bem a lição. Até chegou cedo. — Ironizou enquanto abria o enorme livro. — Página 134.

— Como esquecer, não é mesmo? — Um sorriso amarelo surgiu em seus lábios.

— Scorpius! Ei, Scorp! — Uma voz extremamente irritante soou ao fundo.

Rose suspirou. Internamente, ela contou até dez e buscou reunir toda a paciência que tinha e até mesmo um  pouco mais. Entretanto, talvez nem toda a paciência do mundo fosse o suficiente para suportar Amelia Parkinson. 

— Parkinson, não vê que eu estou ocupado? — O loiro falou, totalmente impaciente. 

— Mas Scorp, eu achei que fôssemos estudar Transfiguração juntos hoje. — Seu tom de voz era manhoso, mas um tanto quanto assustador para a ruiva. 

— Eu não te falei que eu tinha trabalho de Herbologia para fazer? — Seus olhos acinzentados repousaram sobre a menina ameaçadoramente, quase que expulsando-a de lá com um simples olhar. 

— Você prefere essa Weasley a mim? — Havia um tom de nojo em sua voz quando ela disse o seu sobrenome. 

Rose fechou o livro com força. Muitas vezes procurava não ligar para as críticas, mas quando se tratava de sua família, ela tinha um pavio bem curto. Quase inexistente, para dizer a verdade. 

— O que você disse? — Rose se levantou, aproximando-se da Parkinson. Seus olhos pareciam em chamas, irritados o bastante para fazerem a morena se afastar.

— Exatamente o que ouviu. — Respondeu confiante, tentando não demonstrar o medo que sentia.

— Quer saber de uma coisa? — Seus olhos azuis agora se voltaram para o rapaz. — Vá, Malfoy. Vocês dois se merecem.

Rose recolheu os seus livros, o pequeno vaso de plantas e deixou o lugar furiosa, batendo os pés contra o chão. Aquela com certeza era uma marca de Rose Granger-Weasley. Ao fundo, conseguia ouvir Scorpius Malfoy a chamando, mas estava tão estressada que decidira simplesmente ignorar. 

— Rose Granger-Weasley! — Ele gritou, por fim. — Nós temos um trabalho para fazer, e eu não quebro compromissos. 

A ruiva parou e virou-se para ele. Seus olhos estavam avermelhados, e o rapaz estava dividido em desvendar se assim estavam por raiva ou simplesmente por vontade de chorar. Mal ou bem, ele a conhecia bem o suficiente para saber que haviam coisas que ela não tolerava, e qualquer menção ofensiva sobre a sua família certamente era uma delas.

— Página 134? — Ele perguntou, abrindo o livro que estava em suas mãos.

— Claro... — Ela parecia em choque. Aquele era mesmo Scorpius Malfoy? Porque tinha certeza de que ele não pensaria duas vezes em ir com a Parkinson.

A morena, por sua vez, estava tão irritada que o sangue quente subira para as suas bochechas. As maçãs do rosto encontravam-se extremamente avermelhadas e os punhos cerrados comprovavam tamanha irritação. Sem dizer qualquer palavra, ela simplesmente se virou e se retirou, distribuindo gritos para qualquer pobre alma que entrasse em seu caminho. Rose, que antes encontrava-se dividida entre as lágrimas e a raiva, pôs-se a rir das atitudes mimadas de Amelia. Scorpius, então, retirou os olhos cinzentos do livro e os voltou para Rose. O rapaz, por sua vez, também não conteve-se e começou a gargalhar juntamente da ruiva. A Parkinson realmente era bastante exagerada na maioria das vezes, e rir da colega uma vez ou outra certamente não o faria mal.

— Eu estou mesmo vendo isso? — Albus perguntou, piscando os olhos constantemente. — Rose Weasley e Scorpius Malfoy gargalhando juntos? — Certamente, Albus era a pessoa mais chocada ali. — Correção, gargalhando juntos sem que eu esteja me dando mal?!

— Hm? — A ruiva olhou para o primo, que tinha um olhar duvidoso sobre ambos os amigos. — Do que você está falando, Albus? Aliás, de onde veio?  — Ela fingiu-se de desentendida e bateu com o livro de Herbologia no braço direito dele.

Albus choramingou algumas palavras não compreendidas e passou uma das mãos pelo local atingindo.

— Eu não sou cego, Rose. Sei muito bem o que vi. — Disse, ainda resmungando. — Vai negar também, Scorpius?

— Eu? Rindo com a Weasley? — Fingiu-se de desentendido. — Nem que ela fosse uma ótima piadista.

— Você é realmente um idiota de carteirinha, Malfoy. — Agora, quem levou uma livrada no braço foi ele.

— Isso dói! — Reclamou.

Rose virou as costas e começou a caminhar para longe, tomando distância de ambos, que permaneceram parados, alisando os braços machucados. 

— Mais um dia normal. — Albus suspirou e revirou os olhos.

Scorpius permaneceu de pé e paralisado enquanto observava a Weasley se afastar, sem entender a reação exacerbada que ela tivera. Se a conhecesse bem, a última coisa que ela iria querer, seria ser vista gargalhando ao lado de um Malfoy. Especificamente, ao lado de Scorpius Malfoy. Mal sabia o rapaz, que nem mesmo a ruiva havia entendido sua própria reação. Rose Weasley era mesmo uma caixinha de surpresas. Era completamente impulsiva. E ela não gostava nada disso.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim do capítulo. Espero que tenham gostado. Me digam o que acharam, por favor. Beijos, até a próxima! ♥



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