Unidos Pelo Acaso escrita por Saori


Capítulo 2
02. Atrasos Não São Tolerados.


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui está mais um novo capítulo da história. Tenham uma ótima leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/766743/chapter/2

Um mês e meio. Mil e cinquenta e seis horas. Muitos segundos em que a ruiva teria que aguentar Scorpius Malfoy, pelo menos três vezes na semana e além do horário de aula. Como se não bastasse ter que suportá-lo quando estava com o seu primo, Albus. Ou nas aulas. Ou quando tinham partidas de quadribol. Ela passou uma de suas mãos pelos fios de cabelo bagunçados e suspirou, enquanto encarava a planta entregue pelo professor Longbottom na última aula. Ficara tão furiosa que nem sequer trocara uma palavra com o Malfoy, e ele também não fizera questão de dizer qualquer coisa.

Ela vestiu-se adequadamente para o café da manhã, trajando o típico uniforme de Hogwarts. Impaciente, puxou os seus fios de cabelo rebeldes, prendendo-os em um rabo de cavalo alto. Encarou-se no espelho, como se quisesse dar forças a si mesma para ter uma conversa civilizada com Scorpius. Decidida, ela finalmente deixou o dormitório e seguiu em direção ao salão principal para tomar o café da manhã.

A mesa da grifinória não estava muito cheia, isso provavelmente porque ainda estava cedo. Seus olhos reviraram o salão e, em uma mesa oposta a sua, pôde ver o loiro sentado com os outros sonserinos. Rose bufou indignada e caminhou em direção à mesa de sua casa, sentando-se ao lado de sua prima, Roxanne Weasley.

— Francamente, por que lidar com sonserinos é algo tão difícil?! — Rose proferiu, ainda indignada, enquanto pegava uma fatia de bolo da mesa. — Quer dizer, como podem ter uma personalidade tão insuportável? Claro que tem exceções, como o Albus, mas isso não vem ao caso.

— Ainda sobre o trabalho em grupo? — Indagou a prima. — Sabe, acho que deveria falar logo com ele. Evitar problemas o quanto antes, entende?

— Eu sei, eu sei. Você tem razão. — Rose cortou um pedaço do bolo e o levou até a boca. — Mas eu não consigo ter uma conversa civilizada sequer com o Malfoy. Ele é irritante.

— Não é possível que vocês se deem tão mal. — Roxanne proferiu, em seguida, mordeu um pedaço de sua maçã. — Quer dizer, ele é o melhor amigo do Albus e vocês dois vivem juntos. Vocês devem se ver com frequência.

— Ah, claro. — Respondeu sarcasticamente. — Para minha total infelicidade. — Comeu mais um pedaço do bolo. — E eu evito falar com ele em, deixe-me ver... ah, todas as vezes! — Revirou os olhos. — Agora vou tentar resolver esse problema no qual eu não me enfiei.

A ruiva levantou, decidida. Ajeitou a enorme capa que cobria o seu corpo e olhou para a prima, como se buscasse forças em seu olhar confiante. A outra, por sua vez, deu um sorriso para ela. Aos poucos, ela se afastou, marchando em direção à mesa da sonserina, mesmo que contra a sua vontade. Ao chegar lá, ficou alguns segundos observando-os conversar, impressionada com como não perceberam a sua presença, ou simplesmente a ignoraram. A menina cruzou os braços, suas bochechas já estavam vermelhas, mas não de timidez, e sim de raiva. Buscando chamar a atenção, ela pigarreou, fazendo com que o pequeno círculo de amigos ficasse completamente em silêncio e, consequentemente, com que todos os pares de olhos se voltassem para ela.

— Malfoy, preciso falar com você. — Ela proferiu, curta e grossa.

— É sério, Weasley? Nem de manhã eu posso ter paz? Seu primo não está aqui, como pode ver. — Ele disse, olhando ao redor.

— Agora. — Seu tom de voz era incisivo. A ruiva caminhou e afastou-se da mesa, esperando que o loiro fizesse o mesmo.

— O que é? Fale logo, não tenho o dia todo. — O loiro falou, claramente emburrado.

— Trabalho de Herbologia todas as segundas, quartas e sextas, às cinco da tarde, no pátio e sem atrasos. Ouviu bem? — A ruiva indagou retoricamente.

— Três vezes na semana, é sério, Weasley? Qual é a necessidade? Sente tanto a minha falta assim? — Ele ironizou, com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Vai sonhando. — A Granger revirou os olhos. — Tenha um bom dia e... Não se atrase. — Ela enfatizou suas últimas palavras, saindo do salão e deixando o Malfoy para trás.

Rapidamente, o horário da aula de transfiguração chegou. Essa, por sua vez, ocorria com os lufanos e grifinórios juntos e costumavam ser bem divertidas e pacíficas, principalmente porque Rose sempre se dera bem com lufanos, e Ted Lupin era a prova viva disso.

A aula chegou ao fim mais depressa do que ela gostaria. Foi legal e algumas transfigurações mal feitas lhe renderam uma boa risada. Ao fim da aula, Rose foi diretamente para o salão comunal da grifinória, onde desenrolou um pedaço de pergaminho para fazer anotações sobre a aula assistida.

— Ah, Rosie. — Roxanne a chamou enquanto entrava no local. — E como foi com o Scorpius hoje? Você saiu tão furiosa que eu fiquei com medo de... Bem, de falar com você.

Rose tinha a personalidade forte, e todos sabiam disso, inclusive a própria ruiva. Por conta disso, era conveniente, e bastante sã, que ninguém falasse com ela em momentos de irritação.

— Bom, eu fui bem clara. Do meu jeito, é claro. — Desviou a atenção do pergaminho para a prima, que se esforçava em prender o riso.

— Já posso imaginar. — Ela finalmente gargalhou.

— Ei, Hugo, Lily! — Rose chamou pelo irmão e pela prima. — Estão se divertindo na primeira semana de aula? Não há ninguém no pé de vocês, certo?

— Está sendo muito legal! — Hugo respondeu, empolgado.

— E não, não há ninguém no nosso pé. Eu não deixaria, não é mesmo?! — A Potter deu uma piscadela e uma risada sapeca lhe escapou. Ela também era dona de uma personalidade um tanto quanto peculiar.

Na maioria das vezes, Lily Luna Potter era um doce, uma verdadeira princesa. Entretanto, quando precisava, ela se transformava em uma espécie de Rose, com uma personalidade tão forte quanto a da prima mais velha. Chegava a ser assustador, de um modo que até mesmo Rose se sentia ameaçada às vezes. Mas só às vezes.

De repente, duas mãos taparam os olhos azuis da Granger-Weasley por alguns minutos, ela, por sua vez, se pegou pensativa. As primas e o irmão gargalhavam ao fundo, o que fez com que Rose deixasse uma risada escapar também.

— James, isso só me enganava quando eu era criança! — Ela disse, em meio as próprias risadas.

— Mas nunca perde a graça. — Ele se jogou sobre uma das poltronas vazias.

Eles passaram horas conversando de maneira descontraída. E Rose amava os tempos em família, fossem eles em casa ou na escola. Quando olhou para o seu relógio de pulso e viu que eram dez para as cinco, ela subiu, pegou a pequena muda de planta e, apressada, correu em direção ao pátio do castelo.

Cinco minutos de atraso. Dez. Vinte. Rose já estava furiosa o suficiente para dar um tapa na cara do Malfoy. Deixara bem claro — sem atrasos. Ela levantou-se da cadeira, pegou a pequena muda de planta e marchou até as masmorras do castelo. Em frente à parede, Rose murmurou a senha da sonserina que, graças a Albus, tinha conhecimento.

Quando ela atravessou o salão comunal esverdeado, furiosa, ainda com os pés batendo fortemente contra o chão, pode ouvir os murmúrios dos sonserinos ao seu redor, dizendo coisas como: “quem deixou aquela menina entrar?” ou “como ela veio parar aqui?” Ela nem sequer teve tempo de reconhecer os rostos ao seu redor. Estava tão furiosa que o único rosto que reconheceria seria o do Malfoy. Aquele sim ela faria questão de reconhecer. Quando chegou ao dormitório, avistou Scorpius deitado sobre a sua cama, dormindo. Inconscientemente, ela sacou a varinha e apontou para o outro.

Rictumsempra. — A menina falou, alto e claro, acordando alguns sonserinos a sua volta, incluindo Albus.

O Malfoy, por sua vez, acordou, debatendo-se em sua cama e gargalhando descontroladamente enquanto encarava a menina com a muda de planta em uma das mãos e a varinha na outra. Por fim, ela guardou a varinha, esperando até que o efeito do feitiço passasse para que pudesse falar com ele.

— Deve ter tido um sonho muito engraçado, Malfoy. — Um sorriso de lado um tanto quanto cínico surgiu em seus lábios rosados.

— Rose, você... — Albus tentou começar a falar, mas Rose o olhou tão brava que o fez repensar e se calar.

— O que você está fazendo aqui, sua louca?! — Scorpius levantou-se da cama em um pulo, furioso.

— Do que você me chamou? — Ela sacou a varinha novamente, apontando-a para o rapaz.

— O que você quer? — Desconversou, com uma cara de completa irritação.

— O que eu quero? — Ela deu um passo na direção dele, ainda com a varinha em suas mãos. O Malfoy, por sua vez, deu um passo para trás. — É sério? — Mais um passo para frente. O loiro deu mais um passo para trás, encostando na parede. — Eu disse que eu odeio atrasos. — Ela o encurralou e estava tão próxima dele, que ele conseguia ouvir sua respiração. — Então não se atrase. Nunca mais, entendeu? — O rapaz permaneceu em silêncio e engoliu seco. — Eu disse nunca mais, entendeu?

— Entendido... — Ele respondeu em um sussurro, que a fez deixar um sorriso aparecer em seus lábios.

— Ótimo. — Ela guardou a varinha novamente. — Estarei te esperando no pátio. É bom que não demore.

Virou as costas para o rapaz, com um sorriso vitorioso e satisfeito em seus lábios. As pessoas falando ao seu redor e cochichando sobre ela pouco a importavam mais. Foram quinze minutos até que o Malfoy chegasse no pátio, com uma feição um tanto quando emburrada.

— Será que você enlouqueceu?! — Agora, quem estava furioso era o loiro. — Como conseguiu entrar lá?

— Do mesmo jeito que você. — Um sorriso sereno apareceu em seus lábios. — Falando a senha.

— E como você... — Antes que pudesse completar a frase, conseguiu encontrar a resposta para a própria pergunta.— Albus.

— Albus, sim. Mas a senha não é nem um pouco criativa. Sangue puro, sério? Qualquer pessoa com um cérebro acertaria. E vocês são mesmo uns preconceituosos. — Ela disse, abrindo o livro de Herbologia.

— Poupe-me de suas lamúrias, Granger. — Ele jogou o corpo sobre a cadeira vazia.

— Vamos, temos uns quinze minutos. Eu tenho treino de quadribol às seis e ainda preciso trocar de roupa. — Seu tom de voz era impaciente.

— E o que temos que fazer? — O loiro perguntou, em sua feição havia uma ponta de dúvida. — Eu não trouxe o livro.

— Ah, claro. — A menina estendeu o livro para ele. — Pega, só tenha cuidado. — Que tal regar? Parece uma boa ideia. — Ela disse também olhando para o livro.

— Hm, claro. — O Malfoy respondeu e se levantou-se. Ajeitou-se próximo à planta, retirou a varinha da capa preta e apontou para o vaso. — Aguamenti. — De repente, um jato de água jorrou sobre a planta. Como mágica, a mudinha, antes um verde fechado, adquiriu uma cor mais viva.

— Magnífico. — Rose estava encantada. — Agora devemos escrever no pergaminho. Precisamos fazer anotações diárias. — Ela falou, parecia pensativa. — Eu posso fazer a anotação de hoje. Deixe-me ver.

A ruiva pegou um pergaminho do bolso, abriu-o sobre a mesa e escreveu algumas palavras. Depois que terminou, o mostrou para o loiro.

— Parece bom para você? — Indagou, observando as feições do rapaz.

— É, não está ruim. — Deu de ombros.

— Sabe, Malfoy, sua língua não vai cair se você me elogiar algum dia. — Ela piscou, pegou o vaso de planta e seu livro. — Bom, por hoje é só. Te vejo na quarta-feira.

Ela saiu saltitante pelo salão. Estava tão animada com o treino de quadribol que teria a seguir que mal conseguia conter sua alegria. Scorpius, por sua vez, a acompanhava com seus olhos acinzentados, assustado. Embora odiasse ter que admitir, alguma coisa em Rose Weasley o deixava curioso de uma forma que ele não conseguia compreender. Como alguém podia mudar tanto, da água para o vinho? Rose Weasley tinha uma personalidade própria e única, isso ele precisava admitir. E, bom, isso era digno de sua atenção.

A menina foi até o seu dormitório, pegou sua muda de roupas e levou-a até o banheiro, trocando de roupa o mais rápido que pôde. Assim que viu-se pronta, correu para o campo de quadribol, evitando chegar atrasada, afinal, detestava atrasos, mesmo com relação a si mesma.

— James, o que eu perdi? — Perguntou, ainda correndo para próximo do grupo reunido no centro do campo.

— Nosso primeiro jogo vai ser na sexta-feira, contra a sonserina. — Ele disse, com as feições sérias.

Rose congelou por alguns segundos. Desde quando os jogos eram divulgados tão em cima da hora? E desde quando começavam tão cedo? E se a grifinória perdesse aquele jogo, teria que aguentar o Malfoy caçoando e a irritando, no mínimo, três vezes durante a semana. Só pensar naquilo já estava tendo dor de cabeça.

— Nós definitivamente precisamos ganhar esse jogo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do mais novo capítulo. Como sempre, comentários e opiniões são muito bem-vindos. Também espero que continuem acompanhando a história. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unidos Pelo Acaso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.