Hold on escrita por Brru


Capítulo 9
Um passo




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Me perdi em você, amor..

— Então Vitório irá ajudá-la? - Mariana indagou bebericando seu chá.

— Shhhh, Mariana! Fale mais baixo.. - Julieta olhou para os lados. Estavam na casa de chá, uma famosa doçaria da cidade. - Há pessoas por todos os lados.

— Me desculpe, mas minha irmã essa ideia não faz sentido nenhum! - Julieta franziu o cenho.

— E por que está dizendo isso?

— Oras, sair de uma dívida e entrar em outra? Não faz o menor sentido!

— Você prefere que eu me case com o homem mais frio da face da terra?!

— Você fala como se ele fosse um mostro. - Mariana mostrou-se irritada. - Ele nos deu abrigo, Julieta, trata os empregados com respeito.. Não acho justo o que você e Vitório estão fazendo. - respirou, e continuou. - O que pretende? Deixá-lo no altar?

— Não! Porque nós nem ao menos vamos chegar a igreja!

— Você está louca.

— Por que o defende tanto? Gosta dele? - Julieta tentou não demonstrar, mas estava ansiosa pela resposta de sua irmã, e por algum motivo, uma sensação de angústia a tomou.

— Não! Olhe, estou dizendo.. você está louca. - disse incrédula. - Julieta, eu não sei explicar-la, mas de alguma forma percebe-se que Aurélio gosta de você.. Ele a olha diferente.

— Claro, como uma posse sua. Já lhe disse, Mariana, Aurélio quer apenas um filho!

— Tente ver o seu lado, minha irmã..

— Ah, e o meu lado?

— Não acha que algo o fez ficar assim? Ninguém nasce tão quieto e sem estima de vida. - Julieta semicerrou os olhos.

— Você está me assustando.. Cogita que Aurélio pode fazer algo com si próprio?

— Quem sabe depois que você ficar grávida.

— Mariana..

— Desculpe, mas vendo-o tão sozinho, e com você a única pessoa que ele é capaz de fazer qualquer coisa o distanciando, não posso pensar em mais nada. - Mariana segurou sua mão por cima da mesa. - Tente ver o seu lado, pelo menos uma vez, minha irmã.

— Já o fiz, minha irmã.. Hoje mesmo pedi para que ele se abresse comigo, mas o mesmo recuou, e deixou claro que nem um sorriso seu serei capaz de ter.. - sorriu fraco. - Estou com medo, Mariana... - engoliu em seco.. seus olhos de repente marejaram. - Sinto que a cada instante que fico ao seu lado o tenho mais carinho e curiosidade.. Se eu me apaixonar por ele será pior..

— Já está apaixonada, Julieta, se esta sofrendo desta forma é porque já está apaixonada.. Pense, se deixá-lo as coisas podem piorar.

— Eu não estou apa..

— Não negue.. Está velha demais pra isso. - Mariana brincou. Julieta, suspirou profundamente envolvendo-se com seus próprios braços, não está frio naquele final de tarde, mas ela sentia seu corpo gélido.

— Odeio que me conheça tanto. - sussurrou, e Mariana viu seus olhos encherem-se de lágrimas. - Venho há muito tempo querendo saber quem é Aurélio Cavalcante, o homem mistério, aquele que ninguém sabe nada além do que ele deixa transparecer.. E agora estou noiva desde senhor, e vejo que, o que eu sei é o que todos sabem.. Não consigo me aprofundar, ele não permite que isso aconteça. Então, Mariana, tenho que mentir para mim mesma que, não sinto nada, que não tenho vontade de receber seus beijos mesmo achando que não são meus. Por favor, entenda..

— Prefere então que as coisas continuem como estão? - Julieta assentiu.

— Se está tão preocupada, case-se você com ele.

— Não é a mim quem ele deseja..

— Era você sua preferida quando ele esteve em nossa casa..

— E quando você o propôs casamento, o mesmo não pensou duas vezes.. - sorriu. - Não era eu o alvo..

— Pois que má sorte tenho, não?

As duas encerram a conversar por ali. Mariana mesmo discordando da irmã, prometeu guardar seu segredo.

Julieta, olhava pela pequena janela do carro enquanto seus pensamentos se perdiam. Estava tão claro seus sentimentos por Aurélio? A mesma sabia que mesmo negando para outros, não poderia esconder de si que, ele mexia sim com seu lado mais melancólico. Mas deixá-lo saber disso a deixava fraca, queria ser Dona de si, e mostrá-lo isso, no entanto, bastava um toque seu, um olhar mais profundo para deixá-lo levá-la ao paraíso com a suavidade de seus lábios.

Seus beijos eram tão intensos, ao mesmo tempo que doces. Agora pensara em tudo que Mariana disse. Ele sentia algo por ela? Estava tão cega por seu plano que não conseguia ver nada além disso?

Suspirou, e fechou olhos.

"Você é linda."

"Seja fiel a mim"

"...Perfeito, como você."

"Me preocupo com você, Julieta."

As palavras viam e iam em sua cabeça, parecia que ele estava em sua frente dizendo tudo novamente; com seus olhos escuros, mas claros a ela. As mãos dadas, o coração tão acelerado que provavelmente não escaparia de tamanha pulsação.. Ele não estava ali, no entanto, Julieta, podia sentir como se fosse real.. Era um devaneio seu, viveria apenas de sonhos depois o que deixasse?

Não sentiria mais aquela sensação de flutuar, porque tinha certeza que aquilo só aconteceria se fosse com ele. Era único. Era estranho assumir, mas nenhum outro homem a daria aquilo.. queria/desejava apenas com ele, mesmo com jeito duro, calado..

"Não é a mim quem ele deseja.."

Por último ouviu novamente a voz de Mariana, e então abriu os olhos.

— Tentarei!

— O que disse? - perguntou Mariana que cochilava.

— Que tentarei, Mariana.. Pela última vez deixarei que essa minha vontade de saber mais sobre esse homem, guie-me.

O carro parou em frente a mansão, e as duas sorriam, mas logo foram recebidas por uma Dona Guadalupe aflita e nervosa.

— Deus! Onde estavam? - antes que pudessem responder, Julieta ouvira algo se estraçalhar dentro da casa.

— Mamãe, o que está acontecendo? - ela perguntou saindo do carro.

— O seu noivo enlouqueceu! - incrédula com o comentário de sua mãe, Julieta rapidamente rumou para dentro da casa.

Alguns empregados estavam pela sala totalmente assustados, então, ela correra até o corredor do escritório de Aurélio, o som aterrorizante estava mais audível e atormentador. Quando chegara a frente da porta, encontrou Afonso pálido, sem qualquer reação. O mesmo segurava em mãos uma chave, mas sequer conseguia desencostar-se da parede que sustenta seu corpo. Os barulhos vindo do escritório assustavam mais Julieta, mas naquele momento teria que mais uma vez fazer-se de forte e descobrir o que infernos estava havendo.

— Afonso.. - ela disse, e o velho apontou para o seu canto esquerdo. Julieta de imediato virara na direção apontada, dera de cara com dois olhos redondos e azuis totalmente banhados de lágrimas.

Havia passado tão rápido pelo corredor que não tivera sequer notado a pequena menina com seus braços cruzados protegendo o próprio corpo. A mesma segurava um trouxa em mãos, no entrando, sua roupa estava desgastada, e seus sapatos já pareciam sem solo. Os olhos assustados e avermelhados fizeram o peito de Julieta doer..

— Afonso, diga-me o que está acontecendo?

— Ela.. - apontou para a menina. - Ela... É filha do Barão.

— De Aurélio???- indagou de imediato.

— Não, do senhor Afrânio.. - Julieta voltara a respiração com mais calma.. - Senhorita Sampaio, não perca tempo.. Impeça que meu patrão faça uma loucura.

Julieta prontamente segurou na maçãneta da porta e começara a puxá-la. Mas a mesma estava trancada.

— Aurélio!! - gritou batendo sem cessar na mesma. - Aurélio, por favor!!

— O que está acontecendo? - Mariana perguntou.

— Cuide dela por mim, por favor.. - Julieta disse mostrando a menina, a irmã.

— Tudo bem.. - Mariana assentiu pegando a pequena no colo e a tirando dali.

— Consiga uma chave, Afonso! - Julieta pediu.

— Não há outra, senhorita..

— Como não há?? E esta em sua mão? - o velho recuou.

— Ele me demitirá se eu a entregar a mesma.. Por favor!!

— E como quer que eu faça algo estando aqui fora?? - ingadou. - Dei-me a chave!

— Senhorita...

— Afonso, Aurélio esta dentro deste maldito escritório fora de si, se algo acontecer a ele, eu não o perdoarei.. - Afonso vira uma vibração tão forte em seus olhos que, quando percebera sua mão já estava estendida a entregando a chave.

Julieta abrirara a porta, e uma garrafa de vidro voou por cima de sua cabeça.

— Velho desgraçado! - ele gritou

— Aurélio! - ela o repreendeu. Ele estava totalmente descomposto; a camisa branca desalinhada sobre seu corpo, e com alguns botões abertos, o cabelo estava úmido, e Julieta cogitou que o suor tivera o deixado assim, pois o mesmo o levava também em seu peito, e em sua testa.- Acalme-se.. - murmurou.

Metade de seu escritório estava em pedaços, havia estilhaços de vidro pelo chão, papéis e móveis. Julieta, traçando um caminho mais seguro conseguiu aproximar-se dele.

— Acalme-se.. Esta assustando a todos, principalmente a mim.. - voltou a dizer.

Lhe tocou o rosto sério do homem em sua frente, e o viu fechando os olhos. O toque de sua pele fora como um anestésico para Aurélio, de repente ele suspirou mais calmo deixando seu corpo encostar-se na mesa logo atrás de si. Ela passou a observá-lo com mais atenção, parecia ter sofrido uma tortura, os músculos ainda estavam tensos.. E o suor não abandonava seu corpo.

— Deixe-me ver.. - pediu-lhe para abrir a mão, e ele o fez revelando um breve corte entre os dedos. - Por que fez isso? - perguntou o olhando, no entanto, não obteve resposta.. Ainda assim desfez o laço de seu vestido, retirou a fita que marcava sua cintura, e a enrolou em sua mão para que ele parece de sangrar.- Tudo bem? - indagou vendo-o observá-la com detalhes, ele assentiu brevemente.

Julieta então, o envolveu pela cintura apenas com um braço e juntos caminharam até a porta. Não havia mais ninguém no corredor e isso facilitou para que logo estivessem no quarto dele. Ela nunca havia sequer passando em frente da porta do mesmo, achava um perigo extremo principalmente porque tinha cheiro de mistério, e ela era curiosa demais para não se tentar a abrir a porta.

Mas naquela ocasião não teria como fugir, agora carregava em suas costas um homem alto, com provavelmente o triplo de seu peso. Ele ainda permanecia calado, mas com os olhos atentos a ela.. Julieta, lhe ajudou a deitar-se na cama, e timidamente sentou-se ao seu lado.

— Pedirei para alguém vir, e lhe fazer um curativo.. - ele de imediato enrijeceu a mandíbula. - Seja gentil, por favor.

— Não, fique.. - pois sua mão em cima da dela a paralisando.

— Eu não posso. Você sabe disso.. - ele suspirou pesado. - Tenho que vê-la, você a assustou muito.

— Eu... Não queria. - murmurou.

— Eu sei.. - ela confessou no mesmo tom. - Você não faria mal a ninguém, de alguma forma sinto isso.. No entanto, exagerou.

— Ela é minha irmã.. - falou rangindo os dentes. - Aquele... Velho! Traiu minha mãe!

— Você.. a amava muito? - Aurélio desviou seu olhar sem responder. Sua mãe era seu porto seguro, lutou até os seus últimos dias para dar-lhe uma honrada disciplina, longe do que seu pai lhe dava por exemplos. No entanto, morrera tão nova deixou-o sozinho com o pai imoral e presunçoso. - Não responda, vejo que não lhe agrada falar sobre tal assunto. - suspirou.

— Espere.. - apertou sua mão a impedindo de levantar. - Não era qualquer amor.. Eu só tinha ela, era nela que eu confiava.

— Você.. - se aproximou mais dele. -.. Pode confiar em mim, se desejar.

— E, não é isto que já estou fazendo?

— Sim, no entanto, eu preciso de um pouco mais. Quero conhecê-lo, quero que você divida seus temores comigo.

— Perdoe-me, mas não conseguirei fazê-lo, não quero que sinta minhas dores.

— Tudo bem.. - assentiu depois de um suspiro. - Apenas descanse, voltarei logo para vê-lo.

Ela levantou-se rapidamente pasando as mãos por seu feio vestido, mas ele fora mais rápido, a segurou pelo braço e a deitou na cama, se pondo por cima de seu corpo. Julieta ofegou olhando em seus olhos, e sentindo peso dele, agora, de forma diferente. Aurélio, sorrateiramente inclinou-se para frente beijando-a a pele quente de seu pescoço, ela de imediato fechara os olhos o ar quente que vinha dele adormeceu seu pequeno corpo, no entanto, a sensação era das melhores que já sentira em sua vida.

— Me beije.. - ela murrmrou de olhos fechados. Ele voltou a olhá-la; o colo dividido por um decote ousado, e ofegante, a boca parecia seca, mas com os lábios entreabertos. Ela estava pronta, o esperando.

Ele sustentou parte se seu peso, e se afogou nos lábios ansiosos dela, o gemido que saira dos mesmos fizera o corpo do grande homem arrepiar-se, era como se ao tocar seus lábios recebesse uma corrente elétrica. Não tinha mais seus comandos e quando se deu conta, não sentia mais dor em sua mão, agora ela estava entre suas pernas.. Ela acaricia seus cabelos entre os dedos gélidos, mesmo estando nervosa, sentia os toques dele; a mão ligeira sobre sua perna, e a pressão em seu ventre...

— Senhor, Aurélio! - a voz de Afonso os parou. Aurélio a dera alguns selinhos antes de deixa-la respirar com mais liberdade. Ele também estava sem fôlego, com olhos tão inebriados que mal conseguia abri-los.

— Preciso ir.. - ela murrmrou, e ele saira de cima dela.

— Volte.. - pediu..

— Mais tarde.. - ele assentiu.

E agora já não sei mais o que fazer...

 


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