Hold on escrita por Brru


Capítulo 3
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A carruagem balançava de uma lado para outro e Mariana não sabia ao certo se era pela fúria de sua mãe, por suas filhas serem um verdadeiro desastre, ou pela tristeza que Julieta carregava nos olhos. A mais nova não sabia o que fazer, mas olhando diretamente para o rosto de ambas, preferiu manter-se quieta.

Julieta fora a primeira a entrar em casa, nem ao menos deu tempo de sua mãe palestrar em seus ouvidos, rapidamente fora para seu quarto livrou-se daquele vestido, do cheiro de molhado que tinha seu corpo, e principalmente das lembranças daquela noite.


— Eu o vi.. - disse enquanto tirava sua última peça de roupa. - O vi, e me arrependi! - grunhiu, e rumou para o banheiro. Mesmo que estivesse morrendo de frio, ainda sim banhou-se na água gélida. Gélida como o olhar daquele homem, mas não como o seu corpo. Ele a fez queimar com um simples toque, e agora era se sentía uma fraca, inútil como nunca se sentira em toda sua vida. - Por que tinha que ser tão insolente? Detestável!

— De quem está falando?

— Mariana! - Julieta gritou assustando-se.

— Estava falando sozinha, e tomando banho de água fria? Esta louca? - ela correu até o armário e buscou uma toalha. - Venha, saia já desta banheira. - Julieta acatou seu pedido, e enrolou-se na toalha. - O que houve?

Mariana a seguiu até o quarto esperando uma resposta.

— Você sumiu o baile inteiro.. Mamãe está furiosa!

— Eu estava tentando manter-me o mínimo apresentável, já que, estava parecendo um monte de feno molhado.

— Julieta, você sumiu por quase uma hora.

— Tempo suficiente para você fingir que estava com vertigem... Ah, Mariana. Mulheres gravidas tem vertigens, você no mínimo estava mentindo. Então, não me julgue.

— Por que esta tão brava, minha irmã? - Julieta respirou fundo, e sentou-se em sua cama.

— Estive com o Barão. - boquiaberta, Mariana sentou ao seu lado.

— E o que fizeram? Como ele é? Seus olhos são mesmo tão obscuros como dizem?

— Mariana, eu não estava flertando com ele. Foi uma coincidência. - levantou-se de repente, e mirou a escuridão que vinha da janela, como o homem que estava em seus pensamentos. - Eu procurava um espelho, e nos esbarramos.

— Isso é o destino!

— Ele fora rude, Mariana, mas também gentil... No entanto, no final de tudo aquilo que estava acontecendo... - engoliu em seco, e olhou nos olhos da irmã. - Me fez sentir apenas com seu olhar abrupto, que eu era alguém común.

— Julieta..- a irmã sussurrou.

— Meus sonhos com esse senhor, acabam a partir de hoje.

— Mas sempre soubemos que ele era duro como uma rocha. Não perdoa devedores, vive a ganhar dinheiro.. Dizem que ele não sorrir, em nenhuma ocasião.

— Ele é frio, Mariana, mas não é tudo o que dizem..

— De todas as formas, eu jamais me casaria com um homem assim. - sorriu. - E você, já conseguiu o que queria, queria vê-lo, ouvir sua voz... Não tem mais motivos para pensar, no Senhor das trevas. - ambas sorriram. - Farei chocolate quente para nós, vista-se, a esperarei na cozinha.

— Obrigada.

— Não tem de quer.. - sorriu a menina, e fechou a porta atrás de si.


Julieta ouviu de longe o relinchar de Soberano, e teve mais certeza que a noite estava prevista para ser exatamente como fora; decepcionante.

...


Aurélio, sentia o gosto amargo do café em seu paladar. Estava a esperar Afonso, que dava ordens aos empregados. Depois de tamanha chuva na noite passada, o sol estava radiante e perfeito para presenciar uma quase guerra que estava prevista para mais tarde. Era exitante, ele poderia dizer, talvez arriscado. Mas o furacão de mulher, passou toda a noite o atormentando. Quando não a imaginava nua, a imaginava a cavalgar por seu corpo.

Não era cedo demais para esta tão perturbado com ela? Mal a conhecia, mal a viu. No entanto, os poucos minutos que estiveram juntos fez efeito sobre suas entranhas e em todo seu corpo. E agora, ele queria saber daquela mulher, era curioso, talvez conseguisse tê-la aos seus pés, sorriu, quem o dera. Aquela mulher o comeria vivo só de saber sobre esse impetuoso pensamento que o mesmo tivera.. Ela era diferente, forte.. Blasfemou mesmo que pudesse ser ouvida, e o a frontou.

Quem o afrontaria?

— Estou pronto, senhor. - Afonso dissera, e então.. Eles partiram para a fazenda Sampaio.


Dona Guadalupe jogara o seu habitual avental no chão quando soube que o Barão estava em sua casa. A senhora quase não acreditou quando fitou tamanha figura em sua frente. O mesmo estava elegante demais para alguém que apenas fora visitar uma falida família. Vestia um dos seus melhores trajes, incluso, sua arrogância.

— O senhor aceita um café?

— Não, obrigado! - a senhora assentiu. - Não desejo me demorar, apenas quero ver sua filha... - um suspense fora feito até ele continuar. - Mariana.

— Oh Deus, Mariana! - a velha disse sorrindo, e a filha que estava em seu quarto correra até mãe desesperada..

— O que houve? A senhora está bem? Mamãe! - Mariana segurava as mãos de sua mãe com desespero. - O que está sentindo?

— Nada, apenas felicidade.

— O que? - Mariana franziu o cenho, até dar-se contar do que estava acontecendo. O Barão a olhava sério, tão sério, que a pobre menina arrepiou-se.. era o demônio em pessoa.. Um belo demônio, pensou ela. - Senhor, Barão. - ela disse rapidamente se pondo atrás da mãe.

— Senhorita, Mariana. - ele disse a olhando, mas seus olhos procuravam outra coisa... E lá estava, ao fundo do corredor, olhando-o e ele não soube ler nada em seus olhos.

— O que está acontecendo? - Julieta aproximou-se e perguntou. Ficou ao lado de sua mãe, como se também estivesse protegendo Mariana.

— O Barão, veio falar com sua irmã.

Ah, mais nada poderia ter doido tanto em Julieta. Procurar por Mariana? E não por ela?

— E o que quer com minha irmã? - indagou.

— Quero me casar com ela! - curto e grosso, e a atingiu como desejava. Viu Julieta olhar para irmã apreensiva, mas também, percebeu sua respiração oscilar, se entrecortar... Falhar nitidamente. Seria medo? Não, não ela não teria medo dele.

Mariana deu alguns passos a frente.

— Senhor Barão, fique ciente de que eu não desejo casar-me com o senhor!

— Mariana! - Guadalupe e a repreendeu, puxando-a para seu lado.

— Eu não vou me casar com esse homem, mamãe! - afirmou. - Não o amo e...

Enquanto Mariana tentava dar motivos a sua mãe de porque não aceitou o pedido de Aurélio. Julieta e o mesmo se olhavam com tanta intensidade, que Afonso que estava ao lado de seu senhor ficara incomodado. Havia uma corrente entre eles, talvez raiva, desejo, ou uma mulher extremamente decepcionada, e rancorosa.

— Mamãe, se Mariana não deseja se casar com esse senhor, não vejo motivos para obrigada- lá. - Julieta tomou a frente.

— Pois eu tenho vários motivos para sua irmã casa-se comigo. - ele olhou para Afonso, e o mesmo lhe entregou uma fixa. - Seu pai me deve, muito. Caso sua irmã se case comigo, perdoarei a divida. - se alguém naquela sala soubesse de seus desejos, teria certeza que ele dizia aquilo diretamente e apenas para Julieta, era ela a desejada. Mas ele não daria o braço a torcer.

— Não somos moedas de troca! - Mariana gritou, deixando mais evidente sua repulsa por Aurélio.

— E meu pai está morto, tenha o mínimo de respeito. - Julieta completou.

— Desculpe. - ele disse recuando um pouco. - No entanto, minha proposta ainda está de pé.. Nos casamos, ou a senhora me paga o que sua família me deve.

— Tenha o mínimo de piedade. - pediu Guadalupe.

— Vendam a fazenda. - Aurélio sugeriu, e Julieta quase o arremessou um sapato na cabeça.

— A fazenda não!-a velha disse desesperada, e olhou para sua filha. - Mariana.. - suplicou. Julieta apoiou as mãos nos quadris e andou de um lado para outro, e Aurélio se deliciava com suas passadas ligeiras, com seu olhar ardente, mesmo que de raiva em sua direção.

— Não me casarei com esse homem! - Mariana afirmou. Julieta as olhou, era sua família e faria qualquer coisa para tirá-las do calabouço, então de repente disse:

— Então... Case-se comigo! - ela falou.. ele firmou mais seu olhar sobre ela, e respirou fundo.

...


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