Hold on escrita por Brru


Capítulo 13
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A manhã estava com seu clima agradável; sol escondido entre as nuvens, vento forte e silêncio. A mansão estava ainda vazia, apenas, com os empregados colocando tudo em ordem para o café da manhã.

Julieta, sonhava acordada. Nunca havia reparado como os detalhes da madeira do pequeno armário que havia em seu banheiro eram tão ricos, e históricos; pequenos homens em cima de cavalos e armados com espadas prestes a iniciar uma guerra. Alguém certamente queria que a história antiga nunca fosse esquecida, mesmo que tivessem que desenha-la em um simples armário de madeira.

A tranquilidade que a tinha naquele momento era monumental, impagável. A água morna relaxava seus músculos contaminando todo seu corpo com um prazer preguiçoso. O tornozelo, quase bom, estava sobre a borda da banheiro sendo apoiado, por outra perna que não era a sua. Estava confortável, em paz, e mesmo que ainda estivesse olhando para o velho armário, sentia os dedos do noivo acariciando-a os ombros. Ele também estava entorpecido por seus devaneios, suspirava lentamente, mas profundo. O mundo agora lhe parecia de nenhuma importância, estava sentindo-se como se não precisasse de mais nada em sua vida. Olhava para Julieta deitava sobre seu peito e amaldiçoava-se por ter perdido tanto tempo privando-se de uma felicidade que não lhe custara nada, era de graça esta com a mulher querida nos braços em uma simples manhã, era de graça se sentir tão bem a ponto de não desejar mais nada, apenas ter eternos momentos assim. A dor da lembrança de um passado difícil ainda lhe vinha certas vezes, mas ELA, parecia amenizar-la todas as vezes que sorria ou mesmo quando apenas olhava-o.

— Tem mesmo que ir para São Paulo hoje? - ela de repente perguntou, o silêncio se fora dando espaço para o barulho da água sendo empurrada para fora da banheira por seus corpos inquietos. Julieta virou-se para olha-lo.

— Sim.. - suspirou, tocando-a os cabelos molhados. - Tenho uma conversa pendente com alguns amigos, e com a mãe de Rosa.

— Esta certo. - ela assentiu.

— Você pode ir comigo se desejar.

— E deixar mamãe, Mariana e Rosa apenas com sua tia? - disse hesitante.

— Minha tia é difícil, não um monstro, Julieta.

— Então, a leve consigo.

— Não vire o jogo para mim.

— Então, melhor que vá sozinho.. Disse que volta logo, não é? - perguntou lhe olhando os olhos.

— Sim, um dia só, e estarei de volta. Afinal.. - respirou fundo. - Vamos nos casar daqui a dois dias.

— Deus.. - ela levantou a cabeça rapidamente. - Falta tão pouco!!

— Por que a surpresa? Já não vivemos como casados? É só um mero detalhe. - afirmou, e Julieta percebeu o convencimento em sua voz.

— Eu não sei exatamente como chegamos aqui.. - ela virou de vez o corpo sentado enfim em cima de suas pernas. - Mas eu sinto tanto.. E apenas coisas boas. - ela não esperava, mas ele de repente;

— Eu também. Você é radiante, Julieta, tem uma beleza que é só sua.. É intimidante, exala força, paixão.. por seus gestos. - os olhos dela bailavam de um lado para outro, atendos aos lábios dele que sussurram. - A tenho, e sinto muito apreço por ti.

As palavras lhe saíram tão doces, uma naturalidade que Julieta nunca esperou sentir dele. Ela no entanto, não sabia o que falar.

— Sei que tudo começou de forma estranha.. - começou a falar quase insegura do que diria, ainda havia um receio de assusta-lo, afinal, nenhum dos dois havia prometido nada do que estava acontecendo ali. - Mas também, lhe tenho tantas coisas. - suspirou, e o segurou o rosto com mão gélida por sentir a água já fria sobre seus corpos. - Lhe tenho amor, Aurélio.

As mãos do homem se puseram inquietas, sempre imaginou que apenas receberia amor verdadeiro de sua mãe;era a única. Mas, os olhos daquela mulher o dava tanta sinceridade mesmo que tivessem amedrontados, eram sinceros. Ela mordia o lábio a esperava de uma reação sua, e ele, não sabia ao certo o que fazer/dizer. O silêncio de fato a magoria, mas ele sentia tantas coisas naquele instante, poderia dizer alguma coisa errada... Não era seguro com sentimentos, lhe era estanho esta saindo de seu calabouço as poucos, o mundo agora parecia agressivo. No entanto, naquele momento, era doce, com ela tudo se tornava mais calmo e singelo. Então, o que ele poderia lhe dar que seria tão doce como ela merecia e tão singelo como seus gestos, senão um sorriso?

Ele lhe sorriu com os olhos quase fechados, e com os lábios tão abertos que ela se pôs sem acreditar no que estava vendo. Não, não era impossível que Aurélio Cavalcante ficasse ainda mais lindo, porque, o seu sorriso lhe deu uma luz sobre a cabeça e agora ele era o homem mais lindo do mundo, e pertencia apenas ao mundo dela. Era seu.

— Esta sorrindo. - ela murmurou, seria algo tão simples para qualquer outra pessoa, mas para ela havia tantos significados, que a mesma lhe correspondeu, logo, beijando seu sorriso.

...

Aurélio saira logo depois do café, deixando uma mulher com o coração a ponto de explodir já de saudade. Julieta estava feliz, e livre de Alfonso que preferiu ir-se com seu senhor.. O carro já a esperava resolveu tirar a manhã para finalmente conversar com Vitório. Estava disposta a da um fim no plano que deram início dias a trás.

Prestes a chegar a casa de seu amigo, os pensamentos ainda lhe eram presente, pensava principalmente em Aurélio. Mesmo que ele ainda parecesse um homem sério, e assombroso para os demais, ela se sentia privilegiada por conhecer o seu melhor lado, convencida, tinha plena certeza que mais ninguém o tinha conhecimento. Respirou fundo. Ele apenas precisava confiar em alguém novamente, e lhe deu esta chance, isso era tão importante para ela. Sempre fora seu desejo saber mais sobre aquele homem, e agora que sabía de todos os seus lados.. Poderia dizer que; amava todos eles, e melhor, que ele sempre fora mais do havia imaginando.

Soube por uma empregada que Vitório estava no estábulo cuidando de seus cavalos. O menino parecia muito concentrado no que fazia, pois não havia percebido que a mesma já o observava por um tempo, até que então, Julieta lhe acertou uma pequena pedra na cabeça.

— Julieta! - ele reclamou alisando onde a petra havia o acertado.

— Estava tão concentrado, seu tolo! - sorriu. - Não sentes falta da cidade de São Paulo?

— Bom, as vezes. Mas fui criando no campo, você sabe. - limpou as mais em sua camisa. - Quando se tem a origem, é difícil de desgarrar da mesma. Pertenço ao campo.. Aos cavalos. - a pontou para seus animais.

— Esta certo. - suspirou. - Também me seria estranho abandonar este Vale.

— Bom, e a que devo a honra de sua ilustre visita? - ela se pôs aflita e aproximou-se dele.

— Precisamos conversar sobre o nosso plano.

— Há algo de errado? Já não há mais tempo? Eu lhe disse que já estou com quase todo dinheiro em mãos e...

— O dinheiro já não me é mais necessário! - disse de uma vez. Vitório engrandeceu os olhos surpreso por sua revelação.

— O que está me dizendo, Julieta?

— É exatamente isto que ouviu. Já não me necessário!

— E por que diabos?

— Acalme-se, por favor! - lhe rebateu em um tom mais baixo. - Aurélio é um bom homem, Vitório, e de uns tempos pra cá venho lhe tendo muito carinho.

— Eu sempre soube que esta história de morarem juntos não daria certo. Julieta, ele está a manipulando..

— Não!-franziu o cenho. - Ele jamais faria isso!

— Pois a obrigou a aceitar o casório, é capaz de qualquer coisa! Você não a percebido ainda!

— Esta inventando coisas! Eu jamais permitiria que um homem me manipulasse, e se quer saber, sempre tive muito interesse em Aurélio! - revelou ao amigo inconformado .

— Então me fizera de bobo todo esse tempo? Poupe-me, Julieta. - sorriu nervoso. - Vi em seus olho o medo de esta com esse homem.

— Era não medo, e sim receio. Eu não o conhecia o bastante para confia-lo..

— Esta com pena dele, é isso? - ele perguntou lembrando-se de tudo que Noêmia havia lhe dito sobre o passo de Aurélio nas mãos do velho Barão.

— Não! Por que esta insinuando isso?

— Não se faça de tola, você certamente sabe que ele sofreu o diabo nas mãos do próprio pai. - surpresa ela se afastou sentindo certa dificuldade para respirar.

— Como sabe disso? Quem o disso?

— Ora, ora.. Meu pai e o Barão eram grandes parceiros de negócios, eu sabia de tudo que se passa na casa dos Cavalcantes, inclusive, que o Barão traia a pobre da Baronesa. - mentiu, olhando nos olhos assustando de Julieta. - Fará de sua vida um inferno, por pena?

— Pena Vitório? O que tenho por Aurélio nem mesmo deve ser comparado a esse sentimento tão miserável. Tenho sentimentos nobres por aquele homem que conseguiu se reerguer depois de sofrer tanto fisicamente e psicológicamente.. - sentiu seus olhos marejarem. - Aurélio, poderia ter se tornado um monstro como o pai, mas o contrário disso, se tornou alguém duro é certo, mas com o coração tão puro que nem mesmo merece o que estou fazendo!

— É impressionante como você não percebe como está rendida como uma simples serva a seu senhor. - andou até passar por ela. - Quer saber de mais, Julieta? A tia de Aurélio sabe de tudo! - lhe disse sem olha-lá.

— Como??? Vitório você a disse? - o desespero lhe tomou.

— Ela estava disposta a ajudar... - suspirou impaciente.. - Deixe-me em paz, por favor, e volte para onde você já não consegue ser você mesma...

— Vitório, não precisamos terminar assim. Você precisa me explicar o que a tia de Aurélio tem a ver com isso... - ela parou sua suplica quando o mesmo começou a andar se distanciando rapidamente.

Restou a Julieta voltar para casa, estava triste pela discussão com seu amigo, no entendo, aliviada por finalmente ter acabado com toda a história que lhe custaria o amor de Aurélio. Mas ainda estava confusa com o que Vitório havia insinuado sobre Noêmia, se a bruxa sabia de tudo, por que não a delatou?

Diante de sua casa, ela teve que abandonar sua tristeza, e substituí-la por preocupação. Havia um alvoroço na porta de entrada. E quando adentrou a casa, viu os olhos de sua mãe sobre lágrimas assim como de sua irmã.

— O que houve? - perguntou, correndo para os braços de ambas. Mas sua pergunta fora respondida por uma mulher obscura que descia do alto da escada cercada por dois homens.

— Enfim chegou a futura Baronesa. - Noêmia sorriu. - Prendo-a, por favor!

— O quê? - Julieta indagou. - Mamãe? Mariana?

— Acharam uma quantia de dinheiro em suas coisas, minha filha.. - Guadalupe disse entre lágrimas.

— Exatamente quanto me foi roubado. - Noêmia já em frente Julieta completou. - Se você precisava de dinheiro para algo como pagar uma certa dívida, minha querida, apenas era necessário que me pedisse. - Julieta então, entendeu sua insinuação, a mulher havia confabulando o plano perfeito.

— Você está louca! Eu não roubei nada! - o delegado, logo, também descera com o dinheiro em mãos.

— Senhoria Julieta Sampaio? - o homem perguntou.

— Sim, sou eu.. Mas não fiz...

— Esta presa! - ele a interrompeu.

— Não! - ela deu passos para trás fugindo do toque dos homens que tentavam agarrá-la. - NÃO.

— Este é o preço de ser uma ladra. - Noêmia disse em alto e bom som.

— A minha irmã não é uma ladra, velha nojenta.. - Mariana, disse dando um puxão de cabelos em Noêmia.

— Pelo que vejo terei que prender as duas, uma por agressão e a outro por furto! - o delegado gritou tentando amenizar a situação.

— Não! - Julieta gritou. - Deixe minha irmã em paz, leve apenas a mim. - ela estendeu os braços a frente do corpo esperando ser algemada.

— Julieta, não faça isso. - Mariana, implorou. - Você não fez nada! - murmurou chorando. - Essa mulher está mentindo, delegado!! - gritou.

— Faremos a investigação! - o homem respondeu.- Vamos! - disse passando na frente de todos. Julieta olhou por última vez para a mãe e a irmã, e chorou.

Mariana ainda inconsolável lhe seguiu até o carro suplicando para que a irmã lutasse.

— Você não tem culpa de nada, Julieta!

— Eu sei, Mariana, isto é claro.. Mas não tenho como provar.. Não agora.

— E o que devo fazer? Ligo para Aurélio?

— Não, não... Aurélio, não!! Ele não me perdoaria!

— Julieta, ele jamais acreditaria nessa história.

— Ela sabe, Mariana.. Sabe do meu plano com Vitório.. - ela apertou os olhos sentindo as lágrimas em seu rosto.

— Como??

— Se fez isso é porque sabe..Vitório não deixou claro, mas ela provavelmente o procurou e.. Meu Deus.. - soluçou. - Aurélio não irá me perdoar nunca..

— Talvez ele reaja de forma diferente! - a irmã tentou anima-la. - Ele gosta de você, Julieta.

— Não mais quando souber de tudo.

— VAMOS! - o guarda disse segurando Julieta e a pondo dentro do carro.

— Julieta.. Me perdoe. - Mariana murmurou.

— Mariana não faça isso! Não ligue!

— Eu não posso vê-la sendo presa injustamente, não temos como pagar um advogado e você é minha irmãzinha... Eu a amo e... - sua voz imbargou dando lugar ao seu choro. De longe, Julieta viu a mãe sendo consolada por uma empregada, e a pobre Rosa chorando quase escondida em uma pequena estufa de flores.

No entanto, ainda fora resistente.

— Eu darei um jeito.

— Como se estará presa?

— Mariana, me ouça, ele tem que saber por mim..- o carro começou andar e Julieta ouviu Mariana pela última vez..

— Me perdoe..

 


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