Hold on escrita por Brru


Capítulo 12
Aliados




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Não

— O que aconteceu, meu filho? - Dona Helena perguntou enquanto tentava amenizar o inchaço do rosto de seu filho.

— Fui atacado por um brutamontes, mamãe.

— Vamos a polícia!

— Não, não! - Vitório olhou a mãe sorrindo. - Ele terá o pior castigo que um homem pode receber.

— Vitório, o que esta pesando em fazer? - a mãe perguntou aflita. - Não vá sujar suas mãos, meu filho! Nossa família nunca teve nenhum assassino ou..

— Se acalme, mamãe, por favor.. Aí. - reclamou sentindo a dor em seu maxilar. - Ele sofrerá com a traição de alguém que lhe é muito importante.. - sorriu. - Esta claro que já se tem sentimento por Julieta..

— Deus! Esta me dizendo que Julieta e você estão tendo um caso?? - incrédula a mulher levou a mão ao peito.

— Bom, eu não reclamaria se isto de fato acontecesse, no entanto, não chegamos a tanto, o que é uma pena.

— Vitório, o que você e Julieta estão tramando contra o Barão?

— É isto que quero saber! - de repente ambos ouviram o soar de uma vez roca.- Boa noite. - Noêmia aproximou-se de Vitório com um curto sorriso nos lábios. - Sempre tive em mente que aquela menina não era flor que se cheire, no entanto, hoje quando os vi em meio aquela guerra inútil percebi seus olhares.. - suspirou. - E como sou uma mulher vivida, logo, me pus a questionar-me porque a mesma ficara tão nervosa com sua simpática visita.

— Antes de qualquer coisa. - Vitório se impôs curioso. - Pode ao menos apresentar-se senhora.

— Oh, que disparate de minha parte. Me chamo Noêmia Cavalcante..tia de Aurélio. - o garoto intessado e cheios de ideias olhou para sua mãe.

— Mamãe, pode nos da um instante, por favor?- Helena contra gosto assentiu distanciando-se. - O que a senhora tem contra Julieta?

— Creio, que tudo.

— Então, devo dizer que já não temos nada o que conversar. Julieta é minha melhor amiga, e quem é seu inimigo também meu será.

— Mas vejo que o Senhorzinho ainda não me entendeu. - a mulher sentou-se. - Quero a menina longe de meu sobrinho, e preciso de sua ajuda. - Vitório desconfiado, suspirou.

— E por que deseja isso, senhora?

— Bom, me é estanho sua escolha. Julieta não tem modos de uma baronesa, sua vestimenta é terrível.. O cabelo sempre está aos ventos, e o pior de tudo; vejo que não faz bem algum para o meu querido Aurélio.

— Isto é certo, ela não o ama. No entanto, discordo de suas outras observações, Julieta é uma mulher linda, radiante. - sorriu.

— Então, fique com ela. A leve para longe de meu sobrinho.

— Este é nosso plano, logo, Julieta estará livre.. É o que mais minha amiga deseja..

— Pois bem, faremos um trato.. - a mulher levantou-se, fazendo assim Vitório acompanhá-la. - Do que precisam? Eu estou disposta a ajudá-los no que for.

— Estamos juntando uma quantia considerável de dinheiro para Julieta pagar o que seu pai ficou devendo ao Barão.. - falou arrancando um sorriso iluminado da mulher.- Vendi alguns cavalos que me pertenciam, bom, e papai me emprestou outra parte, mas ainda nos falta muito..

— Pois já não lhes falta, meu caro.. Em algumas horas irei ao banco e consigo sem problemas o que querem. - ele semicerrou os olhos.

— A Senhora tem em mente que não poderá nos cobrar a quantia, certo?

— Este é o nosso trato, menino... O dinheiro, e você tira a caipira da vida de meu sobrinho. - estendeu a mão rumo a Vitório.

— Então, estamos certos.. - ele lhe apertou a mão, feliz.

— Agora sente-se preciso dizê-lo um pouco sobre o pai de Aurélio.. Caso você precise usar de alguma forma.. - piscou para ele. - Sempre precisamos ter o plano B.

...


O almoço já estava servido na Fazenda Ouro Verde. No entanto, faltavam duas figuras importantes para a mesa esta completa naquela quase tarde. Julieta e Rosa.

Depois de seu delicioso entendimento com Aurélio, Julieta fora ao quarto da pequena Cavalcante, ajudá-la com o banho e com seus longos e castanhos cabelos. A menina ainda estava receiosa por ter presenciado a fúria do irmão. Porém, Julieta logo, tratou de acalmá-la, disse-a que o irmão já estava bem e que a mesma não tinha nenhuma culpa no que ocorreu. Assim, as duas mulheres, enfim, decidiram se juntarem com os demais.

— Ah, enfim! - Dona Guadalupe disse vendo a filha adentrar a sala. Julieta trazia Rosa nos braços e um sorriso tímido nos lábios. - Pensei que vocês já não vinham.

— Não exagere, mamãe. Eu estava ajudando Rosa a banhar-se. - ela olhou rapidamente para Aurélio que sentava-se no centro da mesa.

— E aproveitou para banhar-te também? - Mariana indagou. - Os seus cabelos estão úmidos, e não lembro-me de vê-la subir para seu quarto, só para o de Aurélio. - a mãe de Julieta imediatamente olho-a a espera de uma rápida resposta.

— Pois está me saindo uma bela coviteira, Mariana. Meu noivo e eu.. - deu uma pausa olhando para o homem que a correspondia com um olhar curioso. - Precisávamos de uma conversa, e logo, acabei molhando-me a ajudar Rosa.

Respirando aliviada Guadalupe direcionou um olhar mortal a sua filha mais nova.

— Mariana! Deixe de insinuações! - falou a velha.

— Bom, já resolvido os conflitos devemos almoçar, sim? - Aurélio disse levantando-se. Buscou Rosa nos braços de Julieta e sentou-a próxima de Mariana, em seguida puxou a cadeira para que Julieta pudesse acomodar-se ao seu lado.

— Vocês cheiram igual.. - Rosa, disse olhando para o casal.

— O que disse? - Julieta indagou totalmente ruborizada. Por sorte sua mãe ainda repreendia Mariana.

— Que cheiram igual, um bom perfume... - a menina terminou por comentar e deu atenção a sua comida. Julieta olhou para Aurélio que segurava-se para não rir.

— Não há graça! - ela murmurou para o mesmo.

— Devemos tomar mais cuidado.. - ele respondeu servindo-a um pouco de salada.

— Creio que não será mais necessário. - ele arqueou uma sobrancelha com seu comentário.

— O que pretende fazer? - conversavam atrás de sussurros e olhares em brasa.

— Quem sabe uma greve.. - comentou sentindo o gosto quase amargo da rúcula. Ele se endireitou em sua cadeira e olhou para as demais mulheres que estavam distraidas.

— Quer mesmo me provocar aqui? - a deu atenção, passando a língua entre os lábios.

— Isso é uma ameaça, Senhor Barão?

— É possível que logo eu a colocarei em cima dessa mesa.. - Julieta sentiu algo quente em sua coxa esquerda, e percebeu que a mão dele lhe acariciava ali. - Então, veremos o que será necessário ou não..

— Petulante.. - murmurou quase sorrindo.

— Do que falam? - a mãe de Julieta indagou, fazendo de imediato a mão esperta de Aurélio voltar para cima da mesa.

— Digo a minha noiva que logo a noite as levarei em um sarau na cidade.. - Aurélio comentou surpreendendo a todas.

— Sim, mãe.. - a noiva afirmou disfarçando o máximo a sua também surpresa.

— Perguntarei a minha tia se deseja nos acompanhar.

— Claro. Mas onde ela está? Não a vi o dia todo.

— Creio que saira para tomar um ar na cidade, um de meus carros não está.. - Julieta assentiu.

...


A cidade estava perfeitamente iluminada, e a maior responsável por tanta luz aquela noite, era lua cheia que tomava o céu para si. Guadalupe, Mariana, Noêmia e a pequena Rosa iam a frente afim de juntarem com as demais pessoas.

Julieta e Aurélio andavam mais lentamente. Ela lhe segurava o braço com firmeza, enquanto a cabeça se encostava quase em seu ombro. Observavam as pessoas com seus artesanatos, e vendas. A cidade estava em festa com boa música e toda sua gente feliz.

— Afonso esta feliz. - Aurélio disse olhando a sua frente seguindo cada passo de Rosa com os olhos.

— E por que?

— Porque você finalmente resolveu vestir um vestido dos quais lhe presenteei.

— É uma noite especial.. - ela lhe olhou. - Era necessário esta de acordo com a mesma. No entanto, não pense que irei me dobrar a esta extravagância..

— Eu não me atreveria.. - ela riu.

— É óbvio que se atreveria, Aurélio.. Você sempre se atreve. - ele parou para olha-lá os olhos. A luz da lua a deixou como um anjo em sua perfeita presença. Deus, como estava linda aquela mulher, e como ele se sentia afortunado. Já não lhe era tão difícil demostrar nem que seja um pouco do seu encantamento por ela.

— No entanto, nunca a vi reclamar.

— Do que reclamaria? - segurou a mão dele, e sorriu terna. - Apesar da seriedade, você me faz o bem.. E estou aprendendo a lidar com algumas situações.

— Não é do meu feitio, mas também estou a aprender muito. Porém, fique ciente que prefiro ensinar.. - ela arfou.

— Não seja tão insinuante.

— A lembrei de algo?

— Esta vendo? - balançou a cabeça suspirando. - Você sempre se atreve.

— Sendo assim, me atrevo a convidá-la para dançar? - ela pareceu surpresa. - Não tivemos a honra de fazê-lo quando nos conhecemos naquela terrível noite do baile.

— Tem razão, eu estava encharcada.. - assentiu. Juntaram-se com os casais que já dançavam ao som das cordas dos violinos bem afinados.

Era como um conto. Os queixos erguidos, olhos fixados e corpos em total sintonia. Rodopiavam pelos lados como se apenas eles estivessem ali, exclusivos, em mundo novo, cheio de descobertas e cumplicidade. Os pés de Julieta pareciam flutuar, o Barão a guiava com maestría, dançava bem demais para um homem sério e silencioso. Mas Aurélio sentia-se a vontade em mostrá-la seu outro lado, o lado que conduz a mulher como um perfeito cavalheiro, que a faz sentir-se única em meio a tanta gente.

A conexão dos olhares fez- o a puxá-la mais para perto de si, o que era errado naquela dança, mas quem atreveria-se a interrompê-los?

Ela fechou os olhos acomodando sua cabeça sobre o peito dele.. Era um sonho, Julieta pensou. E só despertou-se quando a música parou.

— Atenção todos! - um homem gritou no meio da multidão. - Agora, uma representação da peça que está rodando todas as cidades do Brasil.- Fez-se um círculo de pessoas, e os homens e mulheres com as caras pintadas começaram sua encenação.

Mariana e Rosa correram para ficarem na frente de todos, enquanto as mais velhas contentaram-se em observar mais de longe. Assim como Julieta e Aurélio, que optaram por estarem em paz mais distante de todos. Ele a abraçava por trás rodeando sua cintura fortemente sem dar nenhuma importância a o que acontecia pelos lados.

— Você sabe que a cidade está em massa aqui, não é? - Julieta indagou.

— Sim.. Por que?

— Não estamos grudados demais? - ele a beijou rapidamente atrás da orelha..

— Ninguém nos olha.. Veja.. Estão todos com as atenções presas pela arte. - ela virou-se entre os braços dele. E convencida de suas palavras segurou-o o rosto e o beijou. Um beijo calmo/romântico e puro para duas pessoas que sempre estavam com as entranhas a ponto de pegar fogo.

Mas os lábios separaram-se quando ao longe ouviram um grito, e pessoas correndo para todos os lados. Uma tropa de cavalos corriam em direção às pessoas, os animais pareciam desesperados por liberdade e passavam por cima de tudo que viam pela frente.

— Fique aqui!

Aurélio disse rapidamente correndo em direção à Rosa e Mariana que estavam presas em meio à gritaria. Julieta erguia a cabeça aflita tentando vê-los, e quando decidiu ir procurá-los sentiu uma dor insuportável em seu pé, alguém havia a pisado com toda força possível e logo a empurrou sobre o chão fazendo-a cair.

— AÍ.. - ela gemeu segurando parte de sua perna, os olhos enxergam-se de lágrimas, e a dor se tornava insuportável.

— Posso ajudá-la? - um homem com os cabelos grandes lhe deu a mão.

— Por favor.. Mas creio que não posso andar.

O homem a pegou no colo levando-a para um canto mais tranquilo. A confusão já estava mais controlada, mas não havia nenhum sinal de Aurélio.

— Me chamo Rômulo.. - o homem disse. - Sou médico, não se preocupe.

— Julieta.. - ela disse entre os dentes. - Me dói muito o pé, ajude-me por favor..

Ele tirou seu sapato delicadamente segurando seu pé entre as mãos.

— Não é nada grave.. A senhorita apenas torceu o tornozelo.

— Por que diabos dói tanto? - mordeu o lábio.

— Tente se a calmar, buscarei um pouco de gelo. - ele a deixou e saira correndo entre as pessoas.

— Julieta! - Aurélio disse seu nome aliviado.- O que faz aqui? O que houve?

— Eu não sei explicar, mas veja.. - ela apontou para o tornozelo inchado. Ele ajoelhou-se aflito por vê-la sentindo dor.

— Vamos ao hospital, você precisa de cuidados.

— Não, não querido, não é necessário..

— Mas como não? - não fora preciso ela responder, Rômulo voltara com uma bolsa cheia de gelo e a colocou em cima de seu inchaço. Aurélio a olhou confuso com a situação.

— Ele é médico.. - ela explicou.

— Desculpe, eu sou novo na cidade.. Me chamo Rômulo, a vi caida no chão e..

— Obrigado. - Aurélio agradeceu o homem sentindo-se aliviado por Julieta ter conseguido ajuda em meio a loucura que acontecia. Ela lhe segurou a mão feliz por sua atitude.

— Onde está mamãe, e as outras?

— Todas a salvo dentro dos carros.

— Graças a Deus..

— Bom, você pode ir, mas deve fazer algumas compressas de água morna e tente não se esforçar muito.. - o médico sorriu. - Ficará bem logo.

— Obrigada.. - ela agradeceu, e Rômulo se fora.

No mesmo instante Aurélio a pegou em seus braços, e lhe deu um beijo rápido.

— Obrigado por esta bem.. - disse com os olhos tristonhos.


...


Não fora fácil, mas Aurélio conseguiu convencer Dona Guadalupe que cuidaria de Julieta com atenção e respeito. A senhora ainda duvidosa só aceitou depois da confirmação da filha, e fora finalmente deitar-se.

Julieta acomodou-se em seus travesseiros observando o noivo tirar o paletó, a gravata e por fim abrir alguns botões de sua camisa. Ele sentara ao seu lado e a tocou o pé.

— Ainda dói?

— Um pouco.. - ela respondeu. Ele tirou de seu bolso um pequeno pote e o abriu. - O que é isso?

— Óleo.. É feito de ervas e minha mãe usava quando eu me machucava.

— Era tão inquieto assim?

— Insuportável.. - ele respondeu derramando um pouco do óleo sobre as mãos.

— Ainda é.. - ela provocou sorrindo. Aurélio a olhou de canto e começou massagear lentamente seu pé. Ele descia e subia as mãos com cuidado apreensivo em machucá-la ainda mais. Julieta soltava longos suspiros, e por hora fechava os olhos.. A dor entre as mãos dele estava se tornando prazerosa, e ela perguntava-se se estava ficando louca. A loção começara a esquentar sua pele, como se estivesse a queimando.

— É normal que sinta um pouco de queimação.. - ele avisou. Levantou limpando as mãos em pano limpo, e deitou-se ao lado dela. - Como se sente?

— Melhor.. - sussurrou sentindo ele abraçá-la.

— Apesar de tudo, tenho uma boa notícia. Encontrei a mãe de Rosa..

— Aurélio, isso é maravilhoso!

— Sim, mas terei que viajar a São Paulo. - ela virou-se para vê-lo de frente. Ele lhe tocou o rosto acalmando-a. - Apenas por um dia..

— Bom, por Rosa vale a pena. - suspirou abraçando-o.

— Sim.- Aurélio assentiu, e lhe deu um beijo entre os cabelos.. - Boa noite.

— Boa noite. - ela respondeu respirando fundo sentindo o conforto de seu corpo.

...

 


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