Sequestrada - Número 1970 escrita por Carolina Muniz


Capítulo 17
Capitulo 16




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Diga-me como viver neste mundo. Diga-me como respirar e não sentir dor.

 

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¤ Capítulo 16 ¤

Você teria cabeça para beijar alguém estando no lugar de Ana naquele momento... Mesmo que esse alguém seja Christian Grey?

Bom, a morena nunca saberia se iria acontecer ou não, pois Elliot fez o favor de entrar no quarto no mesmo instante, e os dois se afastaram automaticamente, deixando um Elliot com pensamentos maliciosos, uma Ana ofegante e um Christian mais do que confuso.

Ao contrário do que imaginou, Ana não se sentiu estranha na presença de Christian depois do ocorrido, mesmo que o agente parecesse estar tentando evitá-la - como se fosse possível naquela altura do campeonato - ela apenas não se importou com aquilo. Não podia se dar o luxo de se importar com outras  coisas.

E três dias se passaram, dois dias longos e completamente arrastados para Ana. A garota descobriu que podia fechar seus pensamentos e prendê-los no fundo de sua mente. Talvez por causa daquilo ela havia conseguido dormir por algumas horas naqueles dias, sem sonhos e nenhum lembrete do pesadelo que tudo aquilo era.

Ana não sabia bem o que Kate, Elliot e Christian vira nela há três dias que os fizeram querer segui-la para todo lugar, nunca a deixando sozinha, se não era os três, pelo menos um estava em seu encalço. Vai ver eles achavam que ela iria fazer alguma besteira. 

Mas nem em fazer besteira a garota conseguia se concentrar.

E aquela quinta havia terminado também, mais um dia havia se passado. No sábado, Ana estava na casa de Christian - mais do que insistência e uma leve ameaça havia acontecido para a garota sair do quarto -, com Kate, Elliot - os três pareciam ter nascido colados - e a família do próprio. Ana sabia que aquilo com certeza não era típico de agentes, sabe, levar uma das vítimas para a própria casa, apresentá-la à família e ainda ficar mais tempo com ela do que provavelmente trabalhando.

Mas Ana era quem não iria reclamar. Mesmo querendo voltar para seu quarto e ficar debaixo da coberta, ela odiava ficar sozinha.

Em todo caso, Christian tinha uma irmã, de vinte e um anos, chamada Mia. Ela era ótima, mas gostava muito de falar. Ela falava sobre tudo, e em alguns momentos Ana se perdia em suas palavras pois ela trocava de assunto de uma hora para outra. Christian parecia fugir dela. Os pais eram mais reservados, mas igualmente ótimos, tão simpáticos quando a filha, mas eles deixavam Ana respirar.

Naquele momento Ana estava ao lado de Kate, Mia havia ido ao banheiro.

De repente a garota sentia como se aquela sala fosse fechada e pequena demais.

Aquele tipo de coisa começou a acontecer há um tempo, Kate chamava de ataque de pânico estágio 1, mas Elliot mandou a loira calar a boca pois ela não era psicóloga e disse à Ana que ela deveria conversar com um profissional.

Até o momento, Ana não queria mais ninguém em sua vida.

A morena olhou ao redor, todos estavam conversando. Kate continuava mexendo em sua mão enquanto falava. Ana a mirou e retirou sua mão da dela, ganhando sua atenção.

— Eu já volto - gesticulou com os lábios.

Ela balançou a cabeça uma vez e voltou a falar com Grace, mãe de Christian.

Ana subiu as escadas, e acabou na sala de vídeo, andou até a janela e se recostou no vidro frio pela chuva.

Não demorou um minuto inteiro e escutou a porta se abrindo, mas não se virou para ver quem é.

— Tudo bem? - Christian questionou já parando ao seu lado.

— Uhum - murmurou ela.

— O que houve?

— Nada.

— Não parece ser nada.

— Só estou cansada - ela suspirou.

— Cansada? Você dormiu o dia inteiro - acusou ele, recostando-se na parede ao seu lado.

— Obrigada pela delicadeza - ela ironizou bufando e então voltou a prestar atenção na chuva.

A morena bateu o pé no chão numa mania irritante para Christian, e o mesmo segurou sua mão, fazendo-a parar.

Ana encarou o teto e mordeu o lábio.

— É como se tivesse um buraco enorme na minha cabeça. Eu não consigo ficar perto das pessoas. É sufocante. Eu quase não consigo respirar - ela confessou de repente.

— É normal. Você passou por mais coisas que qualquer pessoa em sã consciência aguentaria passar - Christian foi compreensivo.

— Eu só quero que tudo isso acabe - ela declarou.

— Um dia vai acabar - ele garantiu.

— E se quando esse dia chegar, eu já tiver enlouquecido? - ela questionou, e qualquer poderia ter percebido que ela falava sério.

— Não se preocupe, vou te trazer para a sanidade de novo - ele disse, e piscou para ela. - Vai ficar tudo bem.

— E se não ficar?

— Confie em mim.

— Eu confio, Christian - ela foi sincera. - Você é uma das únicas pessoa que eu confio no mundo. Mas nem mesmo você pode me prometer que tudo vai ficar bem. Minha mãe está morta, o Teddy está do outro lado do mundo... E a minha filha? Eu tenho que me esforçar muito para não pensar nela. 

Sua garganta se fechou de novo, com o nó a machucando, e as lágrimas se formaram em seus olhos.

— Droga! Eu estou chorando de novo - vociferou, limpando as lágrimas com a manga da jaqueta. - É só o que eu faço. Daqui a pouco eu vou estar desidratada de tanto chorar!

Ele não disse nada, só continuou a encarando e ela se virou para a janela de novo. Era difícil ver com os olhos cheias d'água, tudo estava meio embaçado. Mas ela podia ver que a chuva finalmente estava parando de cair, mas o aquecedor dentro da casa estava ligado no máximo então ela sabia que o frio estava terrível. Logo, as nuvens estariam pesadas demais para chover e a neve começaria. Ana já podia imaginar as pessoas lá fora brincando de jogar bolas de neve umas nas outras, de fazer anjos no chão. Ela nunca gostou muito daquilo. A neve nunca lhe caiu muito bem, ela era fria demais.

Dã!

Mas Ana não podia negar, era linda. Era perfeito quando ela cobria os quintais e a estrada, os telhados das casas e alguns carros estacionados. Com o contraste que tudo aquilo resultava, era como se o mundo fosse feito de nuvens.

Ana fungou, e outra lágrima escorreu por seu rosto sem nem perceber.

Ela sabia o que era tudo aquilo, todo aquele peso em cima de si era culpa. Pura culpa. E Christian sabia daquilo.

— Não sua culpa, Ana, e Teddy e sua mãe diria a mesma coisa.

A garota os olhos para o chão. Ele levantou seu queixo com o polegar e o indicador, e a fez olhar em seus olhos.

— Nada disso é culpa sua. Você não poderia ter feito nada - ele continuou.

— Mas era a mim que ele queria. Se eu estivesse lá, talvez...

— Talvez. Talvez ele não tivesse feito nada com eles. Mas você acha que sua mãe te deixaria ir? Ou que Teddy ficaria parado vendo um homem te levar?

Ele passou o polegar por seu lábio inferior.

— Você é a vítima, e não a culpada.

Ela balançou a cabeça e lhe deu um sorriso fraco.

Ana sabia que seu rosto estava vermelho e inchado, seu nariz devia estar parecido com o de um palhaço, mas ela não ligava. Estar com Christian era diferente. Não era como se ela sentisse atração, ou necessidade de estar bonita apenas por que ele era um homem. Era mais que isso. Ela não precisava de rótulos, ou de qualquer outra coisa para ficar perto dele. Ela só precisava ficar. É que tinha algo sobre estar perto dele que era tão bom, que mexia ela de um jeito que ninguém mais podia ou pôde.

— Você é aquela coisa boa no meio de um monte de problemas, sabia? - ela disse, com a voz rouca devido ao choro.

O agente sorriu. 

— Eu não sei o que eu faria sem você... Desde que descobriu sobre mim, você não parou. Não se importou com mais nada, só comigo, mesmo depois de me encontrar. E você nem me conhece direito... - mordeu o lábio. - Quer saber? Eu te amo - ela foi sincera.

De repente Christian segurou sua mão e a puxou para mais perto, até que seu corpo ficou colado ao seu. Sua outra mão parou em sua cintura. Ele olhou bem em seus olhos. Seu coração parou. Ele ia beijá-la, não é?

Ela não sabia se aquilo era certo ou não. Mas no fundo, ela queria. Ela queria mesmo. Ela o amava, já sabia disso. Não da forma que um homem ama uma mulher, não era daquele jeito. Era diferente. Ela não entendia que tipo de amor era aquele. Só sabia que era amor. E também sabia que queria beijá-lo. Seu rosto se aproximou do dela, e então ele hesitou. Talvez por que estivesse esperando ter certeza do que queria, ou para ver se ela queria. Ou talvez apenas para prolongar o momento, a ideal expectativa.

Então ela quem o beijou.

 

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Notas finais do capítulo

Xoxo



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