O Fantasma escrita por Helen


Capítulo 4
Ato 4 – Miss e Você.


Notas iniciais do capítulo

O Fantasma, em sua jornada, encontra Você e Misericórdia, numa discussão acerca do exercício da bondade.



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Narrador. Era uma vez um menino chamado Você.

(entra Você)

Ele não tinha uma fé muito firme na humanidade, acreditando que ela só pioraria, e que não fazia sentido fazer o bem. Um dia ele encontrou uma menina chamada Misericórdia.

(entra Misericórdia)

Narrador. O nome dela era grande, por isso apelidaram ela de Miss.

Você. Oi Miss!

Miss. Oi!

Narrador. Uma vez Você e Miss estavam andando por uma rua quando um pedinte se aproximou para fazer o de sempre: pedir.

(entra o pedinte)

Enquanto Você ignorava o pedinte completamente, dona Miss pegou no bolso uma moeda que pensou em dar e a entregou. Você ficou revoltado com o ato.

Você. Não sabes tu que ele consegue, de miúdo em miúdo, mais ou menos 200 reais por dia? Achas mesmo que ele precisa estar pedindo? Onde achas que ele gastará tua moeda? Em bebida, cachaça e mulheres!

Miss. Como o sabes?

Você. Ora, por que todos são assim! Todos são falsos, perfeitos atores! Ladrões imundos! É uma pena que só soubeste disso quando já tinha entregado a moeda.

(Miss põe no rosto uma feição esquisita)

Você. Eu sei. A realidade é algo péssimo.

Miss. Não, não. Não é nisso que estava pensando. Mesmo tu tendo dito isso, não me sinto mal por tê-lo entregado a moeda.

Você. Ora como podes dizer isto?! Você foi roubada descaradamente, enganada por suas próprias emoções!

Miss. Mas não me sinto enganada. Diga o que quiser, mas senti que devia dar a moeda e agora me sinto alegre em tê-lo feito. Não sei... Simplesmente me sinto feliz.

Você. Feliz?! Mulher louca, vão levar todo o teu dinheiro pra gastar com merda nenhuma! Devia era manter tudo para si!

Miss. Como é que tem tanta certeza disso?

Você. Porque é assim que as coisas são.

Miss. Como você descobriu isso?

Você. Vi na TV. Nos livros. Na internet... Não vale a pena ajudar ninguém.

Miss. Ah... É uma pena você pensar assim.

(entra Fantasma)

Fantasma. Ah! Se não é a tão linda Misericórdia!

Miss. Olá, Fantasma! (abraça-o)

Fantasma. Olá! (retribui o abraço) Senti sua falta.

Miss. Ninguém me chamou esses dias. Parece que estou sendo esquecida...

Fantasma. Espero que seja só uma impressão. Se não terminarás que nem eu...

Você. Quem é você?

Fantasma. Sou o fantasma de alguém muito jovem.

Você. F-fantasma?!

Fantasma. Não tenha medo. Todos os que foram alguma vez assombrados por mim conheciam meu nome antes de me tornar fantasma.

Você. Tu persegue seus antigos conhecidos?

Fantasma. Não os antigos. Os antigos são fantasmas como eu. Só assombro os que conheci recentemente...

Miss. Pois, ora, Fantasma, vamos tomar um café?

Fantasma. Vamos, vamos. Preciso de algo pra esquentar o gelo dos corações cruéis.

(Misericórdia e Fantasma saem)

Você. Por que não me convidaram a ir também? (sai)

(fim da cena)


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