Com amor, Lutávio escrita por Le petit prince egoiste


Capítulo 16
Qual o nome do bebê?


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de hoje levemente inspirado no filme francês "Le Prénom".



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Otávio sustentou o corpo no pequeno vão que existia embaixo da janela de Luccino. Com o rosto avermelhado pelo esforço, o capitão deu três toques na madeira maciça e aguardou, sentindo saudade dos tempos em que Luccino dormia em seu próprio quarto, numa casa mais baixa que a do coronel. Mas ali vivia mais feliz e livre, e isso lhe engrandecia de muitos modos.

Luccino abriu sua janela, espantado ao se deparar com o corpo rígido de Otávio quase pendurado. Ele acenou rapidamente para que entrasse, dando metade de um riso nervoso em sua direção.

“Que loucura é essa, Otávio? A janela do coronel é perigosa!”

“Por um tempo pensei que você ia chamar isso de despautério. Mas o que não fazemos quando nosso amado pede, hum?” Otávio indagou. “Não foi você quem pediu que eu dormisse aqui essa noite? Ou já se arrependeu?”

“Nada disso. Só fiquei surpreso. Já estava pronto para dormir.”

Foi aí que Otávio percebeu que Luccino vestia apenas um calção de dormir, o peito estava por completo exposto ao sereno. O capitão corou, sem deixar de soltar um riso descompromissado.

“Desculpe contrariar seus excelentes planos de dormir a noite toda, mas não é o que eu pretendo.”

A luz passou pelo olhar do italiano, reacendendo sua altivez antes perdida pelo sono desfeito. Otávio se aproximou dele, segurando suas mãos para levá-lo até a janela. Fazia um luar com estrelas atraente aos apaixonados.

“Um tempo atrás eu estava aqui, com Mariana, vendo essas mesmas estrelas, só que confuso sobre os meus sentimentos. Agora estou aqui com você e tudo está no seu lugar.”

Otávio admirou a vista, tentando compreender o ponto de vista de Luccino.

“Como você sabe que são as mesmas estrelas?”

“Eu não sei. São as mesmas, não são?”

Otávio o olhou profundamente antes de dizer:

“Tem uma que você não viu ainda.”

“Qual? Bem, eu não sei muita coisa sobre isso...”

“Luccino” Otávio disse seu nome como um elogio, e o italiano, zonzo a tentar identificar qual estrela faltava, virou seu rosto para o dele. Uma das coisas aos quais Luccino tinha de vulnerabilidade (ou não) era que não sabia dissimular seus sentimentos.

“Sim?”

“A estrela de que estou falando não está no céu exatamente” Otávio respondeu-lhe, não desviando seus olhos dos dele por nenhum momento. Luccino soltou o ar, bobo.

“Ora! Eu levei a sério...”

“Eu estou falando seríssimo!” Brincou Otávio.

Luccino revirou os olhos. Otávio agarrou o rapaz por trás, levando seu queixo aos ombros e enlaçando seu tronco com as mãos. Permaneceram silenciosos por um bom tempo, sem se sentirem nauseados ou constrangidos pela ausência de fala. Logo, então, o sereno se tornou implacável e os dois fecharam a janela para que não pegassem uma friagem.

“Você não vai tirar essa roupa?” Perguntou Luccino, deixando o capitão abobalhado. “Digo, para dormirmos. Dormir de terno não deve ser nada agradável!”

Otávio concordou e começou a tirar sua roupa. Terminado o despir, o capitão decidiu se livrar da camisa e deixou o tórax magro à mostra. Luccino se ajeitou na cama, deitando sua cabeça no peito de Otávio, enquanto ele fazia o que sabia de melhor: acariciar seus tufos de cabelo mais rebeldes.

“Sabe que você fazendo isso eu fico mais calmo?”

“O quê, os redemoinhos? Bom saber.”

“Ainda estou um tanto aflito... O coronel pode ser penalizado por isso... Talvez tenha algum julgamento ou algo assim... Não estou de todo aliviado. O miserável do Xavier algum dia irá pagar...”

“Ei, ei, ei, eu já nem tenho garrafas para atirar na cabeça dos outros por sua causa.” Otávio fingiu advertência.  

“Não preciso da sua defesa. Aprendi esgrima com um professor muito rígido.”

“Ora... Deixe de fazer troça do seu professor... Ou ele lhe aplica uma advertência...”

“Neste caso...” Luccino sorriu de canto.

Otávio trouxe o rosto do italiano para perto do seu e deu-lhe um beijo calmo, daqueles onde existia cuidado com cada movimento, paciência para sentir as ânsias da boca de Luccino na sua. O capitão sorriu no meio do carinho, afagando o queixo do rapaz.

“Ah! Sabe o que eu ia pedir?”

“Deixa eu adivinhar: que eu acerte com uma garrafa todos que entrarem por aquela porta tentando interromper nosso beijo?”

Luccino gargalhou.

“Coitados de Brandão e Mariana! Não, não se trata disso...”

“O que é?”

“Deixe o bigode quanto tempo puder. É a coisa que mais gosto em você.”

“Oh... Quer dizer que o meu charme, os meu irresistível e enigmático olhar... Não valem de nada? Por quem você se apaixonou primeiro? Pelo bigode ou por mim? Devo ter ciúmes?”

“Eu confesso que nem olharia para você se não fosse pelo bigode...”

“Ora!” Otávio quase foi convincente na sua ofensa. “Atrevido!”

Luccino se aproximou mais do corpo de Otávio, que lhe beijou os cabelos com ternura. Ambos adormeceram enquanto conversavam sobre a vida, seus planos, aquele momento, seus sentimentos.

O Vale do Café amanheceu na sua costumeira calma, abrindo os olhos somente quando o sol dava seus primeiros sinais de vida. Mariana Benedito estranhou que Luccino ainda não havia se levantado, logo ele que acordava com as galinhas. Assim, resolveu ir até o quarto para verificar o que acontecia.

“Luccino, você está dorminhoco hoje... Ah!” Ela arfou ao abrir a porta do quarto e encontrar Otávio abraçado com o mecânico. Os dois despertaram de supetão, constrangidos pela cena. Mariana aproveitou para fazer troça: “Se eu soubesse que estavam tão ocupados, teria pedido licença...”

Luccino escondeu o rosto nos lençóis, envergonhado e sem parar de rir. Otávio também ria, os olhos esbugalhados pelo flagra. Mariana olhou rapidamente para a janela e entendeu.

“Se aprontem. Temos uma notícia maravilhosa para o café.”

Luccino e Otávio soltaram a respiração quando a amiga partiu.

“Meu Deus, Otávio!”

“Sorria e acene, Luccino. Vamos lá.”

Otávio lhe beijou na bochecha e se levantou para a higiene matinal. Em seguida, pôs suas roupas e aguardou Luccino terminar de se aprontar. Os rapazes saíram do quarto de mãos dadas, com seus cabelos bagunçados pela noite. Brandão já aguardava à mesa do café, com a mesma cara de alcoviteiro que a de Mariana.

“Ora, capitão! O senhor por aqui...”

Otávio coçou a nuca, desconfortável.

“Sente-se, homem. Da próxima pode entrar pela porta. Mas o senhor nunca foi de métodos muito convencionais.”

Otávio corou e puxou a cadeira para se sentar. Luccino ao lado. Passado o constrangimento, Mariana esfregou as mãos, demonstrando ansiedade. Com a outra mão, segurou a de Brandão, e os dois trocaram um olhar cúmplice.

“Meninos! O senhor e senhora Benedito tem o prazer de lhe informar que... Vamos ter um bebê!”

Luccino e Otávio mal se conteram de felicidade e levantaram da mesa para cumprimentar Brandão e Mariana.

“Que notícia excelente, coronel!” O capitão comemorou.

“Mariana, que felicidade!” Disse Luccino.

Passada a festa, voltaram aos seus lugares.

“Com certeza, se é menino será Mário, não?” Luccino perguntou.

“É, uma boa chance de ser... Afinal, teremos um Mariozinho de verdade correndo por aí, saltitante. Mas e se for uma menina?”

“Tem que ser um nome forte, como a mãe!” Otávio sugeriu.

“Talvez... Veja, eu gosto de Simone... Manuela...” Brandão sugeriu.

“Manuela Benedito...” Luccino testou. “Parece bom!”

“Não quero nem ver a reação de Dona Ofélia quando souber!” Mariana brincou. “Vai culpar os pobres nervos...”

“Eu gosto de Amanda. Amanda Benedito.” O capitão disse.

“Quem era Amanda, uma de suas pretendentes?” Luccino fez-se de ciumento.

“Não, se fosse uma das pretendentes seria... Flávia...” Otávio lhe respondeu, recebendo uma palmada nos ombros como resposta. Mariana e Brandão riram. De resto, o café da manhã prosseguiu normalmente, entre Flávias e Manuelas.


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Notas finais do capítulo

Flávia ou Manuela? q

*quem participa do grupo do fandom no whats sabe da piada interna sobre a Flávia*