EXO Planet escrita por yumesangai


Capítulo 1
Capítulo 1




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“9 minutos de oxigênio” A voz artificial anunciou.

 

Sehun respirou fundo e encarou  a imensidão do universo em sua total plenitude. Ele que havia cumprido três anos de prisão, isolado no espaço, saindo de sua nave-cela, ocasionalmente para pequenos reparos, nem assim havia olhado para o céu do mesmo jeito que fazia da Terra, quando se observa as estrelas e pensa que é uma noite bela.

 

Agora com os destroços da nave flutuando e seu corpo submerso na infinidade do universo, ele respirou fundo mais uma vez.

 

“8 minutos de oxigênio”. A voz repetiu.

 

Sehun fechou os olhos e pensou quando tudo isso começou, quando uma atitude boba e impensada resultou em novas amizades, aventuras intergaláticas e basicamente na salvação da humanidade.

 

***

 

Sehun não podia ficar muito tempo no mesmo lugar, não era nenhum anseio de aventura, apenas de sobrevivência, ele costumava frequentar todos os tipos de bares e conhecer todos os tipos de gente.

 

O tipo que paga para que o trabalho seja executado, e Sehun não tinha 18 anos ainda, então havia uma certa facilidade e recompensa para trabalhos mais arriscados.

 

Ele puxou o capuz ao sentar num banco alto próximo do bar e empurrou uma mochila surrada. O homem ao seu lado puxou o zíper e examinou rapidamente então empurrou um cartão que tinha apenas um código.

 

Código que Sehun digitou no celular e viu os números de sua conta bancária subirem consideravelmente.

 

“Então”. Ele sorriu alegremente para seu melhor contratante. “Qual a próxima missão”.

 

“Uma nave”.

 

“Uma nave?” Sehun repetiu incrédulo. Ele havia roubado duas pistolas da Federação e não havia sido fácil. Uma nave era impossível.

 

“Aparentemente eles gostam de frequentar o ElyXiOn”.

 

Era um bar de alto escalão, apenas membros da Federação tinham acesso. Sehun obviamente não era um, do contrário ele precisaria se candidatar para esse tipo de trabalho. Ele poderia ter uma vida honesta como piloto, engenheiro, técnico, médico e qualquer coisa que a Federação aceitasse.

 

Mas Sehun era apenas mediano em todos os quesitos, ele não era necessariamente bom em nada. Não bom o bastante para a Federação. Não bom o bastante para os trabalhos mundanos da Terra.

 

“Se eu conseguir uma nave, eu certamente não pretendo estacioná-la no seu quintal”. Ele bebeu a bebida que lhe foi oferecida, não era ele quem estava pagando mesmo.

 

“Eu certamente espero que não seja no meu quintal, caso contrário você já era”.

 

Sehun encarou o cartão em suas mãos, com o dinheiro da próxima missão ele poderia comprar uma nave de segunda mão talvez. Seria o bastante para ir para outro planeta?

 

“Você tem que ter um facilitador, eu não consigo entrar em ElyXiOn sozinho”. Seu tom foi mais baixo, ele se inclinou na direção do homem.

 

“Eu acho que você consegue se esforçar um pouco”.

 

Sehun estreitou os olhos, mas assentiu. Existia outros bares que os membros da Federação frequentavam, mas normalmente em grupo. Se ele conseguisse um uniforme e a identificação de um…

 

Ele ergueu o copo em cumprimento e saiu de lá. Tinha acabado de concluir uma missão, essa poderia esperar pelo menos um dia. Seu apartamento não ficava longe do centro, de forma que ele não precisava se preocupar com transporte.

 

A casa também não era grande e luxuosa, nada disso valia a pena quando se estava sempre indo de um lado para o outro. Roubar duas armas da Federação e roubar uma nave na mesma cidade era quase uma tolice.

 

Mas era uma tolice que poderia o levar para o espaço.

 

Desde que o mundo era mundo, ou desde que Sehun se entendia por gente, em seus 17 anos de vida, existiam seres intergaláticos, a Federação, em sua criação, já tinha seres de outras espécies.

 

Até porque esses seres foram os primeiros a chegar na Terra, eles influenciaram a tecnologia e permitiram que naves fossem para mais distante, criando harmonia, criando a Federação.

 

Desde então, não era estranho pessoas de outra cor, com mais braços, mais olhos, famílias misturadas. Ninguém se importava, ao menos não atualmente, mas esse tipo de história de desconfiança e intolerância era algo de livros, de muitos anos já esquecidos.

 

Sehun só queria ir para o espaço, onde existiam colônias, outros planetas. A Federação era o caminho mais nobre e o mais difícil. Se casar com outra espécie era a segunda opção. Comprar sua própria nave, ter a licença de piloto para pequenos “passeios” era outra.

“Céus, eu só queria ser bom em algo”. Ele caiu na cama, pegou o controle e ligou o projetor que mostrava as constelações no teto. Esticou a mão para o infinito.

 

E dormiu.

 

O dia seguinte foi basicamente de preparativos até o final do dia. Seu corpo era seu melhor investimento. Ele deveria ter vergonha disso? Sehun certamente não se importava.

 

O passe para ElyXiOn estava nos tolos da Federação.

 

“Essa noite vai ser rápida”. Johnny comentou com uma bebida cara demais em mãos, para que ele mesmo tivesse pedido.

 

Johnny era um amigo ou algo parecido, o tipo que se poderia ter nesse tipo de trabalho, amigos e negócios a parte, eles se ajudavam bastante, às vezes chegavam a dividir o lucro, mas Johnny não vivia desse dinheiro, era apenas um ‘complemento de renda’ como costumava chamar.

 

“Quem é o idiota bêbado?”

 

“Tem um no banheiro já, o que você vai fazer?”

 

Sehun sorriu. “Você não vai querer saber”.

 

Johnny fez uma careta e saiu com sua bebida na direção de qualquer pessoa que ele estava entretendo naquela noite.

 

O banheiro do bar local era pequeno, com duas cabines e duas pias, o integrante da Federação estava apoiado em uma das pias, com as bochechas vermelhas e mão tremendo. Ele usava um uniforme vermelho de piloto.

 

“Precisa de ajuda?”

 

“Não… eu só preciso de um minuto”. A voz saiu atravessada e meio arrastada.

 

Ótimo. Sehun pensou. Ele abriu as portas das cabines e todas estavam vazias. O rapaz ergueu o rosto agora o observando. Sehun pegou uma pá de lixo que estava encostada e acertou na nuca do garoto que não teve tempo de reagir.

 

“Eu só preciso do seu uniforme, você nem vai se lembrar do que aconteceu”. E começou arrastar o corpo desmaiado para uma das cabines.

 

Ele pegou o que precisava, antes de sair do bar, a mão de Johnny o segurou.

 

“Preciso tomar conta de algo que aconteceu lá dentro? Foi meio rápido, não?” Ele estava tentando pescar algo, mas Sehun não iria envolvê-lo em seu plano, dessa vez ele não queria ajudar.

 

Era perigoso demais. Sehun não tinha nada a perder, já Johnny.

 

“Ele está apago na cabine, eu peguei algo emprestado”. Sehun puxou o zíper do casaco mostrando o símbolo da Federação que ficava na altura do peito.

 

“O uniforme?” Johnny não gritou, mas puxou o zíper novamente escondendo o vermelho. “O que você vai fazer?”

 

“Preciso entrar em ElyXiOn”. Murmurou de volta. “Se aquele idiota acordar, apenas se certifique que ele dançou bêbado e perdeu suas roupas, ok?”

 

“Ok, ok. apenas dê notícias”.

 

Sehun sorriu e saiu de lá o mais rápido possível. Ele pegou um táxi até ElyXiOn, a entrada parecia um portão para outra dimensão, com luzes pulsando na lateral. A roupa de piloto era composta por botas, luvas e um cinto.

 

Sehun já havia mexido nos bolsos do cinto e achado a identificação. No peito havia o símbolo da Federação. A cor vermelha pertencia aos pilotos, a cor amarela dos técnicos, a cor azul de comandantes e patentes elevadas, branco de médicos e seguido de símbolos que indicavam promoções e honras.

 

O piloto não tinha nada disso, o que era sorte, significava que ele não era importante.

 

ElyXiOn tinha o piso todo em branco, o lugar era bem claro, Sehun estava acostumado com bares escuros. O bar que ficava no canto era todo em branco com luzes em azul, estranhamente exótico. Havia uma pista de dança numa elevação, que não chegava a ser um segundo andar. Muitos sofás macios e mesas.

 

E muitas criaturas intergaláticas usando o uniforme da Federação.

 

Sehun não queria encarar, mas havia um ser verde com 10 olhos que ocupavam a cabeça inteira. Ele acabou esbarrando com uma pessoa, humana, graças aos céus.

 

“Me desculpe”. Pediu imediatamente.

 

“Não se preocupe, está meio cheio aqui”. O homem lhe sorriu, ele tinha algumas rugas próximo dos olhos e um sorriso simpático.

 

Definitivamente humano. E de uniforme azul. Perigoso.

 

Ele sentou numa das cadeiras do bar e Sehun sentou ao seu lado. Ele pediu algum coquetel sem nem olhar o cardápio e Sehun pediu um tônico, enquanto observava.

 

Estava concentrado escrevendo algo num guardanapo.

 

“Posso te ajudar em algo mais?” Ele perguntou sem tirar os olhos da matemático que estava fazendo.

 

“Não, estou apenas curioso”. Sehun decidiu ser a sua melhor forma. “As pessoas não costumam frequentar um bar e para fazer contas”.

 

“Mas isso não é qualquer conta”. E olhou em sua direção. “Isso é a solução de uma inconsistência interna que nunca resolveram porque não sabiam a origem do problema”.

 

“E como você descobriu?”

 

“Eu gosto de cálculos”. Respondeu dando de ombros, mas acabou girando a cadeira para ficar de frente para Sehun. “Todo o sistema tem uma base de dados, que resulta em números, certo? Qualquer erro, qualquer divergência está numa forma matemática”.

 

“E você é bom o bastante para descobrir onde está o erro”.

 

“E eu sou bom o bastante para descobrir onde está o erro”. Repetiu com um sorriso confiante.

 

Sehun se perguntou se poderia deixar a missão da nave para outro dia, talvez ele conseguisse se dar bem o Sr. uniforme azul e talvez conseguir um contato ali.

 

“Que tal eu e você…” Sehun se inclinou colocando a mão sobre a coxa do outro, mas antes que pudesse continuar, um alarme soou.

 

 

Todas as unidades, se apresentem à base imediatamente.

 

 

Ele apenas sorriu dando de ombros. E essa era a oportunidade perfeita, Sehun pegaria uma nave e…

 

“Vamos”.

 

“Como?” Ele parou ao ver o homem o esperando.

 

“Você tem um E-99 para pilotar”.

 

Sehun deu um sorriso torto e foi andando atrás dele. Certamente pilotos voavam sozinhos, por que ele precisava estar acompanhado?

 

E-99 estava estacionado, outras naves estavam saindo. E por nave, não era uma nave com tripulação, era como um caça, rápido, pequeno e com um painel complexo. Sehun obviamente entendia sobre isso, ou ele não teria concordado em capturar uma nave, mas era diferente em ter alguém experiente ao seu lado.

 

“Comandante Suho se apresentando”. Ele anunciou batendo o crachá numa espécie de leitor.

 

Sehun estava com as mãos tremendo, mas bateu o crachá na mesma máquina.

 

“Piloto Sehun se apresentando”. Repetiu a introdução, nada indicava seu nome, ou ao menos nada aconteceu quando o Comandante o fez.

 

Sehun estava sentado na primeira cadeira e havia uma atrás, como um co-piloto ou talvez apenas para um passageiro extra como deveria ser o caso. Suho estava ajeitando o cinto, pelo barulho.

 

Sehun começou a mexer nos botões do painel. Muita pressão e pouco tempo. Ele ligou as luzes externas, leu o índice de calibração, ajustou a alavanca de ignição e puxou o controle, a nave começou a flutuar.

 

Ele sorriu satisfeito.

 

Ao empurrar o controle para que a nave seguisse a mesma rota das outras, pois ele certamente não sabia onde ficava a base ou como chegar lá. Felizmente o voo estava estável.

 

“Então Sehun, você é um dos pilotos novos, não?”

 

“Deu pra perceber?” Ele riu de nervoso.

 

“Nossa última turma de formados não tiveram muita experiência, mas não se preocupe, vai dar tudo certo no fim”.

 

“Obrigado, Senhor”.

 

Suho murmurou em concordância e eles seguiram para a base, estacionar também não foi tão difícil, embora ele tenha perdido o equilíbrio e a nave tenha basicamente se chocado contra o chão.

 

E agora ele estava dentro da base da Federação. Como iria sair de lá?

 

Suho desceu primeiro e esticou a mão para ajudá-lo, assim que Sehun segurou a dele, um par de algemas se fechou em seu pulso.

 

“O que?”

“Você está preso por interceptação, furto e falsa identidade”. Suho anunciou.

 

Vários guardas robôs da Federação os cercavam com armas apontadas.

 

“Eu não…”

 

“Eu sou o comandante Junmyeon, e você”. Ele chutou a parte de trás dos joelhos de Sehun o fazendo cair no chão. “Não passa de um ladrão, não vai ter próxima vez, mas você não deveria ter usado o uniforme de Piloto”.

 

Sehun rosnou, mas logo os guardas estavam o carregando e o jogaram numa cela suja, e depois para um tribunal, onde ele permaneceu calado o tempo todo ouvindo sua sentença, nada diferente do que o Comandante havia o acusado.

 

Ele ainda era menor de idade, mas o Governo e os direitos humanos certamente não iriam bater de frente com a Federação, ninguém iria.

 

4 anos de pena. 1 ano por roubo, 1 ano por interceptação, 1 ano por voar sem licença e 1 ano por falsa identidade. De certa forma não era tão ruim, ele certamente esperava em algo como 10 anos.

 

A prisão não era uma cela comum na terra. Ele foi enviado para o espaço, para uma nave solitária. Uma nave de pequeno porte.

 

Seu novo uniforme era cinza, com o símbolo da Federação.

 

Os guardas que faziam sua escolta ainda eram robôs e não eram nada gentis. Assim que as portas da Nave-Cela se abriram, uma criatura alta, com o cabelo azul ciano, um olho brilhando em vermelho e com um sorriso enorme e orelhas pontiagudas se aproximou.

 

“Eu me chamo Chanyeol, serei seu consultor e o que vai te impedir de sofrer distúrbios como depressão e casos mais severos como tentar se matar aqui”.

 

“Ótimo, um androide particular, eu já te odeio”. Sehun o cumprimentou apertando sua mão.

 

Chanyeol apenas manteve o sorriso e as portas se fecharam.

 

E esse foi o início da aventura de Oh Sehun pelo espaço, sua primeira vez, como prisioneiro.


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