Guarda-Costas escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 4
A Decisão de Naruto


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores de meu coração! ♥
Em primeiro lugar, quero pedir desculpas pelo atraso. Eu tinha dito que postaria a fic até ontem, domingo, mas acabei adoecendo e ficando sem condições de pegar na fic. =/ Mas hoje já amanheci melhor, pronta para terminar a história e trazer para vocês! ♥ Peço desculpas desde já pelos erros, eu não consegui revisar. ^^" Mas farei isso outro dia, prometo! ♥ (Edit.: capítulo betado)
Em segundo, mas não menos importante: MUITO OBRIGADA POR TUDO! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ Eu não podia imaginar que minha historinha fosse tão bem recebida, e eu agradeço a todos por isso, de coração! ♥ (Textão nas notas finais, para não perder o costume, rsrs)

Espero que gostem do último capítulo de Guarda-Costas! ♥
Dessa vez o "~*~" não separa mais passado e presente, e sim os pontos de vista do Naruto e da Hinata, tudo bem?
Boa leitura! ♥



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Já havia passado pouco mais de um mês depois do julgamento, cinco semanas após o enforcamento de Kabuto e Orochimaru. A maioria das pessoas no reino começava a esquecer o tormento daqueles dias que seguiram o sequestro do príncipe-herdeiro da Folha.

Com exceção daqueles que se envolveram diretamente na confusão, é claro. Esses ainda estavam tentando se adaptar à nova rotina. Incluindo o próprio príncipe, que estava se dedicando mais do que nunca aos estudos, ao planejamento e cuidado do reino, e aos treinamentos ao lado dos soldados. Minato há muito já se desculpara com o filho por causa de suas palavras duras no aniversário de dezoito anos do rapaz, mas não conseguia esconder de ninguém o orgulho que sentia daquele Naruto focado e dedicado.

Kushina, por outro lado, tinha se aliado a Sasuke e concordado que o disfarce de Naruto estava durando tempo demais. Os dois, que conheciam o loiro melhor do que Minato, perceberam que ele estava se afundando em obrigações para evitar pensar em Hinata e nos últimos anos que passara com ela. A prova disso foi quando a Hyuuga apareceu na sala de jantar, claramente constrangida, e serviu o almoço poucas semanas após seu julgamento. A rainha a cumprimentara alegremente, mas Naruto tremeu dos pés à cabeça e saiu da sala sem comer, consternado.

Sasuke então bolou um plano, pedindo permissão da rainha para colocá-lo em prática, pois se tudo funcionasse, Naruto ficaria “desligado” dos estudos por um tempo e provavelmente abriria mão de sua segunda sombra – algo que o Uchiha desejava mais do que qualquer coisa. O moreno, por mais que gostasse do amigo, simplesmente não servia para o cargo (mesmo temporariamente) de guarda-costas. Estava acostumado com seus próprios horários, seus treinamentos... e de repente teve que largar tudo para acompanhar o príncipe em seus compromissos e cuidar da agenda do herdeiro do trono! Não, definitivamente o Uchiha preferia o antigo Naruto de volta... de preferência com seu antigo guarda-costas também.

O plano era bastante simples: Sasuke daria um jeito para que Naruto encontrasse com Hinata mais vezes, para enfim permitir-se sentir novamente. Kushina chegou a confessar que adoraria ter Hinata como nora – algo que o Uchiha não entendia ser possível, pois Hinata era uma plebeia e Minato jamais aceitaria tal casamento – e que faria de tudo para ter seu menino alegre e brincalhão de volta.

Então tudo começou uma semana antes do aniversário de vinte e um anos do príncipe.

Sasuke avisou Naruto que a rainha o esperava para uma conversa urgente em um dos salões de festa, após o desjejum. Mesmo estranhando tal lugar para uma reunião, o loiro aceitou o convite. O moreno resolveu esperar do lado de fora da sala, enquanto o príncipe fechava as portas entre eles. Naruto sorriu ao ver sua mãe, distraída com a paisagem do outro lado da janela.

— Bom dia, minha mãe. — Ele se aproximou, dando um beijo na bochecha dela. — A senhora não nos acompanhou no café.

— Comi mais cedo. Havia algo que necessitava minha atenção... — Ela o olhou, sorridente. — Mas agora preciso de sua ajuda.

— O que eu puder fazer...

— Estou pensando no seu aniversário na semana que vem.

Naruto riu.

— Esse era o assunto tão urgente que precisava ser discutido logo cedo?

É um assunto urgente, meu filho! Você completará vinte e um anos! Nessa idade o seu pai...

— Estava se casando com a senhora. Sim, eu me lembro.

— E você ainda não procurou uma noiva!

— E nem pretendo, já conversamos sobre isso.

Kushina bufou e Naruto sabia que ela se controlava para não insistir no assunto.

— Vamos pensar na sua festa, por enquanto — retomou, por fim. — Precisarei viajar daqui a alguns dias para a Areia, para tratar de questões burocráticas com a rainha Karura. E como ficarei ocupada e distante, pensei em chamar outra pessoa para organizar sua festa.

— Não precisamos fazer uma festa, mamãe. Pode ser só um jantar com a senhora e papai.

— Não vou discutir — ela falou firme, arrancando um sorriso do rapaz. — Teremos uma festa enorme e eu aproveitarei minha viagem para convidar a família real da Areia também.

— Certo. — Ele riu. — E quem a senhora planeja deixar em seu lugar?

— Hinata — respondeu sem hesitação.

O sorriso de Naruto sumiu no mesmo instante.

— Quero deixar claro que estou comunicando que deixarei Hinata encarregada de sua festa, porque sei que ela dará conta. Não estou pedindo sua opinião quanto a isso. — O tom sério não deixava margem para dúvidas. — Preciso apenas de sua ajuda quanto a decoração e os comes e bebes, se tem alguma preferência. Preciso passar tudo para Hinata daqui a pouco, e como sei que não irá falar com ela...

— Não mesmo!

— Foi o que pensei. E então? — A ruiva abriu um sorriso de repente, como se nada tivesse acontecido. — Laranja de novo? Lámen? Bolo de chocolate?

No dia seguinte ao seu aniversário de dezoito anos, Naruto pediu para as cozinheiras fazerem o mesmo lámen de sua festa. Foi com empolgação que recebeu delas a notícia de que a receita era da família Hyuuga. Naruto pediu de Neji imediatamente e, a partir daquele dia, Naruto insistia, sempre que podia, para as cozinheiras preparem o caldo que tanto amava.

E o bolo de chocolate foi outra paixão recém-descoberta...

— Façam o que quiserem — ele declarou, enfim, entristecido com as lembranças que tanto custara a esquecer.

Ou a fingir que esquecera.

Naruto deu as costas à mãe, saindo do salão. Encontrou Sasuke como a ruiva minutos antes, atento para a paisagem lá fora. Curioso, parou ao lado do guarda, arregalando os olhos com o que via.

A seleção para seu futuro guarda-costas ainda não tinha finalizado.

Hinata estava no meio de um círculo composto por dez homens maiores que ela, mas parecia falar com firmeza, séria e determinada a passar aos outros tudo que sabia e o que eles deveriam fazer em seu lugar.

A mão do loiro foi até o vidro, inconsciente. Hinata estava linda com aquele vestido branco e os cabelos soltos! O contraste de tamanha beleza segurando uma espada também chamou sua atenção... e ele não conseguiu desviar o olhar mesmo quando a jovem passou a treinar a esgrima com todos os dez, os movimentos mais leves e fluidos sem a armadura pesada de seu pai.

— Eu tinha esquecido que ela foi designada a escolher seu novo guarda-costas. — A voz de Sasuke o despertou do transe. — Como essa mulher ainda consegue sorrir? Eu estaria morto no lugar dela!

Naruto o olhou, confuso.

— Do que está falando?

— Hinata está prestando serviços ao castelo, lembra? Ela faz tudo que mandam, seja no jardim, na cozinha ou na limpeza do castelo. Uma vez eu a vi ajudando meu pai a arrumar o galpão dos soldados também. — Ele suspirou. — E sem receber uma moeda de bronze por isso! — Sasuke voltou a fixar seus olhos na Hyuuga, Naruto o acompanhando. — Eu soube que ela pediu permissão a sua mãe para sair do castelo durante as noites, para poder trabalhar fora.

— Mais trabalho?

— Como eu disse, ela não ganha um tostão aqui no castelo. Hinata deve ter arranjado um emprego que a pague bem, para continuar ajudando a família.

Hiashi e Hanabi... Naruto fez tanto esforço para esquecer Hinata que acabou esquecendo dos outros Hyuuga.

— Como eles estão, Sasuke? Você tem notícias de Hana e tio Hiashi?

— Eles estão bem — falou simplesmente, aliviando o príncipe. — Hinata é quem me preocupa...

“Não pergunte, não pergunte, não pergunte” insistia a mente do Namikaze.

— Por quê? — Venceu seu coração.

Naruto não viu o sorriso vitorioso de Sasuke.

— Porque eu não sei que horas ela dorme — respondeu o moreno, mirando o outro ainda fitando Hinata lá fora. — O serviço no castelo não acaba quando você e seus pais vão dormir, Naruto. Um dia eu fui dormir tarde e ainda a vi limpando a cozinha... e quando eu acordei, um pouco mais cedo, Hinata já estava de pé, preparando o café-da-manhã. — Colocou a mão no ombro de Naruto, chamando sua atenção. — Eu sei que é um assunto delicado, mas vou pedir mesmo assim: ordene que deixem Hinata livre durante a madrugada, para que possa descansar. Nesse ritmo, ela não aguenta outro mês aqui no castelo.

O loiro ficou trêmulo, mas mesmo com a mágoa, não sabia ser injusto.

— Dê a ordem por mim, Sasuke, por favor.

E deu as costas, incapaz de continuar vigiando a Hyuuga por mais tempo.

— Obrigado, Naruto! — Qualquer um pôde identificar a alegria em sua voz.

 


O Uchiha não teria a mesma compaixão de Hinata, ele sabia, mas mesmo assim abriu a janela e saltou para o arbusto tão conhecido. Caído ali, fugindo mais uma vez, ele se perguntou pela primeira vez como não tiraram aquelas plantas que o ajudavam a escapar sem fazer barulho. Naruto com certeza pensaria duas vezes antes de saltar se não tivesse nada para amortecer sua queda.

Olhou para baixo, para as pequenas flores que ainda resistiam ao outono. A resposta então veio rápida: Hinata. Sua guarda-costas sabia que ele precisava de tempo fora do castelo, para esquecer da pressão de ser o futuro rei, então fazia sentido que ela mantivesse o arbusto sempre podado e fofo para ajudá-lo a fugir, mesmo que isso significasse uma dor de cabeça para ela.

— O que mais você é capaz de fazer, Hyuuga? — sussurrou ao limpar as vestes e correr para pular o muro.

Após a nova queda, encostou-se na muralha e esperou. Nenhum guarda por perto, de acordo com sua audição treinada. Então correu na direção da vila, parando apenas na rua principal, lotada de gente, capaz de camuflar o príncipe em trajes comuns.

Ele parou para pensar e respirar.

Onde ela poderia estar? Sasuke disse despretensiosamente – Naruto duvidava disso até o último fio de cabelo –, naquela mesma noite, que Hinata conseguiu um emprego em uma taberna noturna. O loiro lutou consigo por horas, mas por fim não resistiu à curiosidade e resolveu fugir para confirmar aquilo com seus próprios olhos.

Naruto visitou algumas tabernas conhecidas, perguntando dos donos se eles viram a Hyuuga ou se sabiam onde ela estava trabalhando. Foi até rápido conseguir a informação, e ele caminhou, nervoso, até aquele bar onde “Neji” o encontrara pela primeira vez.

Estava lotado! Homens faziam barulhos na mesa, batendo os copos e insistindo por algo. Naruto se abrigou no fundo do salão, então notando que haviam construído um palco perto da prateleira de bebidas. Estava decidindo se perguntava logo por Hinata ao dono do estabelecimento ou se acalmava os nervos primeiro com o show.

O tempo decidiu por ele, fazendo seu queixo cair ao avistar a Hyuuga subir o tablado, para o delírio do público. Ela deu boa-noite a todos e, corada, limpou a garganta antes de começar a cantar:


“Se eu ficar
Eu apenas estarei em seu caminho
Então eu vou, mas eu sei
Que eu pensarei em você em cada passo do caminho”

 

Embasbacado.

Não havia outra palavra que pudesse definir melhor o estado do príncipe-herdeiro naquele momento.

— Ela canta muito bem, não é?

Naruto deu um pulo no lugar, assustado ao ver Sasuke ao seu lado.

— Como me encontrou tão rápido?

O Uchiha o olha confuso.

— Encontrar? Eu já estava aqui. Esperei que fosse se deitar para descobrir onde Hinata trabalhava. Não foi difícil... ela ficou bem famosa. — Era uma mentira, é claro. Sasuke já sabia de tudo e imaginava que o príncipe fugiria a qualquer momento para vê-la. Bastou apenas esperar o barulho da janela do quarto dele para sair de seu posto e esperá-lo na taberna. Mas continuou em seu papel, olhando para o loiro como se enfim pensasse nele ali. — O que você está fazendo aqui? Não acredito que voltou a fugir! Não pretende fazer comigo o mesmo que fazia com Hinata, não é? Eu não tenho a paciência infinita dela, Naruto!


“Lembranças agridoces
É tudo que estou levando comigo
Portanto adeus
Por favor não chore
Pois ambos sabemos que não sou o que você, você precisa”

 

— Você sabia que ela cantava? — perguntou Sasuke ao notar que Naruto não tiraria os olhos da moça.

Ele negou, aturdido.

O que mais descobriria sobre Hinata Hyuuga?

— Sasuke... — falou baixinho, para que apenas o moreno o ouvisse. — Um dia você me disse que ela me amava. — O rapaz o olhou. — É verdade?

O Uchiha abriu um sorriso, confirmando com a cabeça.

— Naruto, se eu o vi aqui, pode ter certeza que ela também o viu. — Apontou rapidamente na direção da mulher que cantava, lembrando-o da visão apurada que corria na família de olhos brancos. — Essa música é para você.


“Eu espero que a vida te trate bem
E eu espero que você tenha
Tudo que sonhou
E desejo para você prazer e felicidade
Mas, acima disso tudo, eu desejo para você amor 


E eu sempre amarei você”

 


No dia seguinte já estava de pé quando Sasuke o chamou para o café. Ao invés de seguir o amigo até a sala de jantar, o puxou para fora do castelo.

— Aonde estamos indo?

Naruto parou em frente ao estábulo, abrindo duas portas e liberando os cavalos favoritos dele e de Sasuke.

— Vamos visitar o tio Hiashi.

O príncipe estranhou a falta de protestos, então mirou o outro e deparou-se com um misterioso sorriso.

— O que há com você?

— Nada. — Sasuke deu de ombros. — Só estou curioso. Faz tempo que você não vai lá.

A viagem seguiu tranquila e silenciosa. Sasuke mal podia conter as esperanças, enquanto o loiro não conseguia reprimir o nervosismo. Ao chegarem à fazenda, meia hora mais tarde, Sasuke perguntou se ele demoraria.

— Gostaria de visitar uma conhecida — explicou o Uchiha. — Ela mora a dez minutos daqui.

— A senhorita Haruno? — Naruto o olhou sugestivo.

Sasuke ficou vermelho, decidindo não esperar autorização. Esperou que Naruto descesse do cavalo em frente à casa da fazenda e deu meia-volta com o cavalo, partindo rapidamente, com o rosto ainda corado.

Naruto subiu as escadas da varanda devagar, lembrando da última vez que visitara os Hyuuga... há quase seis meses. Hanabi nunca se importou que ele fosse um príncipe, então com certeza o encheria de cascudos e chantagem emocional para derrubá-lo. E ele sorriu com a ideia, saudoso daquela que considerava uma irmã caçula.

Bateu três vezes na porta de madeira, dando conta que também sentia falta de seu “tio”. Tanta que bastou ele aparecer em sua visão para se emocionar e se jogar em seus braços, como se ainda fosse aquele menino de nove anos que fugia do castelo para brincar.

— Naruto, meu filho! — Hiashi riu de sua impulsividade. — Você está maior que eu!

— Desculpe, tio, eu... — ele falava ainda agarrado ao Hyuuga. — Eu não consegui...

— Está tudo bem, calma. Vamos, entre. Venha comer um bolo comigo.

Naruto aceitou, ainda emotivo e envergonhado. Sentou à mesa da cozinha com Hiashi, que lhe serviu suco e bolo. O rapaz provou o doce, reconhecendo imediatamente...

— Foi Hinata quem fez. Espero que não se incomode, pois ela é a que mais cozinha aqui.

Teve vontade de perguntar como isso era possível, uma vez que Hinata mal parecia parar para comer, quanto mais para cozinhar para sua família. Mas deixou de lado, por enquanto.

— Não. Eu vim justamente falar sobre ela.

Hiashi sentou na sua frente, sorrindo e possivelmente esperando uma explosão.

Que não veio.

— Não vim cobrar explicações, tio. Eu só... só queria entender...

— Entender por que não contamos nada? — O príncipe confirmou. — Por todos os motivos que tenho certeza que já ouviu antes, Naruto. Por causa do emprego, por causa do poder de seu pai... pela vida da minha filha.

— O senhor tentou protegê-la do que aconteceu mês passado.

— Exatamente. — Hiashi segurou sua mão por cima da mesa, o olhando docemente. — Um dia você será pai. E então entenderá o que fiz e porque o fiz. Um pai sempre protegerá os filhos, Naruto. Mesmo quando eles se meterem em problemas.

— Mas ela... — Engasgou, aflito. — Ela poderia se candidatar a uma vaga na cozinha, por exemplo! Ela é uma excelente cozinheira! E eu rapidamente me apaixonaria pelo lámen que ela faz! Então faria questão de conhecer a cozinheira e a reencontraria! Sem disfarces, sem mentiras...

— Sem a amizade que construíram.

Naruto calou-se.

— Você não pode negar que seria diferente, Naruto. Hinata queria estar perto de você, não o olhando à distância, uma vez por semana. Mesmo que você a reencontrasse na cozinha ou nos jardins, vocês teriam obrigações diferentes e não poderiam se ver sempre que quisessem. Então — concluiu o Hyuuga — só sobra um cargo que a deixaria próxima de você.

— Ser minha guarda-costas.

— Ela o amava. — A voz de Hanabi soou alta, vinda de uma das portas. A irmã de Hinata tinha os braços cruzados sobre o peito, séria como Naruto nunca a vira. — Pode pensar o que quiser sobre manter o disfarce por tantos anos. Emprego, seu pai, a forca... mas a verdade é que ela o amava. Por isso arriscou a própria vida por você.

— Hanabi! — brigou Hiashi. — Isso é coisa que se diga?

— Foi ele quem pediu pela verdade, meu pai — retrucou, sem desviar o olhar das írises azuis. — Então que a aguente.

Hanabi então saiu da cozinha, pisando firme e deixando um inconsolável Naruto para trás.

 


— Faça uma boa viagem, minha mãe. — Naruto abraçou forte a rainha. — Não esqueça de avisar Gaara, Temari e Kankuro sobre meu aniversário — brincou.

— Não esquecerei. — Ela riu, afastando-se apenas um pouco, sem desfazer o abraço. — Você está tão abatido, meu amor. Tem certeza que está bem?

— Tenho sim. — Disfarçou com um sorriso.

— É sobre Hinata?

Ele ainda se surpreendia com o fato da mãe conhecê-lo tão bem.

— Vá falar com ela, meu filho. Vocês precisam conversar em algum momento.

— Não sei se estou pronto.

— Não seja um covarde. Já faz mais de um mês! Vai perdê-la por medo?

— Não posso perder o que nunca tive, minha mãe.

Kushina riu, apertando suas bochechas.

— Como você é cego! Não sabe ou não quer ver que ela é apaixonada por você? A ruiva deu outro beijo de despedida no filho, agora atônito.

— Não deixe que a amargura tome conta de seu coração, Naruto. Não se impeça de ser feliz com a mulher que ama só porque ela o magoou uma vez. — Ela abriu um sorriso amoroso, emocionando o jovem. — Perdoe Hinata, querido... seu coração é puro demais para se prender com tristezas do passado! Lembre-se: você é...

— Feito de amor — completou a frase que a mulher lhe dissera durante toda a vida, voltando a abraçá-la e escondendo uma lágrima teimosa entre os fios vermelhos. — Obrigado.

Kushina lhe sorriu, saindo do abraço e pulando para o colo do marido, que praticamente chorava por ter que ficar quatro dias sem sua amada esposa.

Olhando os pais, tão felizes juntos, fez o coração de Naruto acelerar, desejando aquilo para si também.

Sonhando, com todas as forças, ter a mulher que amava ao seu lado.

Para sempre.

— Traga um vestido da Areia, minha mãe — chamou a atenção dela. — O mais bonito que encontrar.

Kushina abriu o maior sorriso que Minato ou Naruto já viram.

A rainha compreendeu perfeitamente a mensagem.

 

~*~

 

O dia dez de outubro amanheceu estranhamente ensolarado, mas combinando perfeitamente com o aniversariante, que era a alegria do reino e do castelo. Às cinco da manhã as criadas já estavam de pé, limpando e arrumando o maior salão de festas, e preparando os últimos doces e salgados para a comemoração.

Hinata inclusa, uma vez que foi encarrega pela própria rainha a organizar a festa.

Passou pelo salão, dando dicas de como arrumar as fitas vermelhas e amarelas e apontando onde ficaria a mesa com tecido roxo e o bolo laranja – cores que o príncipe insistira em ter no aniversário. O que significava toda aquela confusão de cores, ela não tinha ideia, mesmo perguntando a Sasuke, aquele que lhe comunicou sobre a insistência da decoração colorida.

Tudo acertado no salão, era hora de voltar para a cozinha, para vigiar e provar todas as comidas que serão servidas na festa: tudo o que Naruto gosta – ela sempre gostou de agradá-lo, e isso não mudaria nunca –, principalmente lámen como um dos principais pratos da noite.

E tudo isso ainda preparando o café-da-manhã, almoço e chá da tarde da família real.

A cozinha só ficava agitada daquele jeito três vezes por ano, no aniversário da realeza, mas ela pareceu ainda pior quando uma visita ilustre apareceu no meio da tarde, causando nervosismo e falatório nas cozinheiras. Hinata já estava pronta para dispensar quem quer que fosse e mandar as mulheres de volta ao trabalho, mas estancou ao encontrar o príncipe Naruto provando um doce e oferecendo outro a Sasuke.

— Vo-Vossa Alteza! — Ela fez uma reverência desajeitada, nervosa por vê-lo tão perto depois de tanto tempo. — A que devemos a honra?

— Eu soube que minha mãe a encarregou pela organização de minha festa.

— S-Sim, senhor! Mas se a ideia não o agradar, eu posso arranjar uma substituta imedi...

— Não seja tola, eu só queria confirmar.

Hinata confirmou com a cabeça, envergonhada e sem coragem de encarar seus olhos.

— Precisamos falar — ele disse de uma vez, dando um passo em sua direção. — Quando estiver desocupada, é claro.

— E-Eu... — A morena olhou ao redor, preocupada. — A festa, eu não...

— Somente por alguns minutos — ele insistiu. — Pode ser durante a comemoração mesmo, eu não me importo. Você pode?

— Mas a organização...

— Todos são muito competentes, como você bem sabe. Ficarão bem sem suas ordens autoritárias por alguns minutos — o loiro brincou, arrancando um pequeno sorriso da jovem.

— C-Certo.

Ela estava prestes a fazer a reverência e se retirar quando ele a impediu.

— Hinata... você tem vestes apropriadas?

A mulher arregalou os olhos, demonstrando nem ter pensado nisso. Ele sorriu.

— Minha mãe a espera daqui a algumas horas. Ela providenciará o vestido. Já falei com ela.

— A-Alteza...

— Não aceito “não” como resposta, senhorita Hyuuga.

Surpreendeu-se por um instante, mas não o suficiente para que ele notasse. Saudou-o novamente antes que ele saísse da cozinha levando consigo mais alguns doces. Hinata esperou que ele sumisse para se apoiar na mesa mais próxima, ligeiramente tonta e com o coração disparado.

Ele a convidara para a festa!

“Não, não se iluda, Hinata. Ele quer apenas conversar” pensou, tentando se manter sã. “Você deve ter feito algo errado, só pode ser isso. Nada mais o faria vir aqui” concluiu, voltando para os fogões, nervosa.

Quase deixou passar o ponto dos alimentos duas vezes, ainda trêmula com o convite. Precisou ser lembrada por uma das cozinheiras que Naruto a mandou encontrar-se com a rainha, para pedir um vestido emprestado. Porém, ela ignorou o lembrete, alegando estar muito ocupada com os preparos. Foi somente meia hora antes de os portões do castelo abrirem para os convidados que ela foi expulsa da cozinha por algumas amigas que fizera no último mês, mandando-a para os aposentos da rainha imediatamente.

Hinata tremia inteira ao bater na porta do quarto que a rainha usava para se vestir. Uma das criadas atendeu, gritando um “finalmente” e a puxando para dentro, brigando que ela estava “atrasadíssima”.

— E-Eu só vim porque...

— Coloquem-na no banho! — Ouviu a voz autoritária de Kushina de algum lugar, mas não a encontrou. As criadas rapidamente a levaram para perto de um barril e começaram a tirar suas roupas rapidamente, sem nenhuma cerimônia. — E preparem o vestido dela! E a maquiagem! Teremos que fazer tudo em tempo recorde, meninas!

Dito e feito. Vinte e cinco minutos mais tarde a própria Kushina terminava a leve maquiagem no rosto da Hyuuga, enquanto que uma das criadas colocava uma correntinha prateada, com uma pequena raposa como pingente, no pescoço alvo.

— Encontrei no meio de suas roupas — confessou a ruiva. — Espero que não se importe, pois combina perfeitamente com seu vestido.

Hinata mirou seu reflexo no espelho de corpo inteiro e deixou cair o queixo com o resultado.

— Hoje é uma noite especial, Hinata — Kushina declarou ao seu lado, olhando-a seriamente através do espelho. — Não me decepcione.

Não tinha certeza se a rainha falava de seu trabalho na festa, mas confirmou com um aceno leve e respeitoso.

— Pode contar comigo, Majestade.

 

~*~

 

Naruto a viu descer a escadaria principal atentamente. Ela usava um belo vestido azul royal, com as laterais e mangas longas na cor branca, com detalhes e bordado de mesma cor. As curvas da morena ficaram mais destacadas com aquele modelo, diferente do simples marrom que usava naquela tarde. Os cabelos estavam presos em um coque alto, elegante, com mechas soltas contornando o belo rosto feminino. Uma tiara prateada se destacava nas madeixas negro-azuladas, com diamantes e pérolas formando flores em sua cabeça.

O colar, no entanto, foi o detalhe que primeiro chamou sua atenção... reconheceria aquela correntinha prateada em qualquer lugar, mesmo que a raposinha agora estivesse escondida no decote do vestido.

Agradeceu à mãe, que descia atrás das Hyuuga, apenas com um olhar. Kushina fez um excelente trabalho: Hinata estava uma verdadeira princesa!

Aproximou-se do pé da escada, a mão erguida esperando a da morena. Ela ficou extremamente envergonhada, mas aceitou o gesto. Naruto teve vontade de rir ao beijar a mão da moça que, como se ainda fosse possível, ficou ainda mais corada.

— Alteza, — gaguejou — não precisa fazer isso, eu só...

— Você está encantadora, Hinata.

Sentiu-a tremer, mas segurou firme em sua mão, impedindo-a de fugir.

“Sem mais fugas” ele prometeu a si mesmo. “Sem mais mentiras ou segredos”.

Naruto encaixou seus braços e a levou até as portas do salão de festas, apenas esperando seus pais para poderem entrar e recepcionar os convidados.

— Perdoe-me, Alteza — ela falou baixinho, timidamente. — Eu não pude...

— Se ousar me pedir desculpas por não ter comprado um presente, eu me retiro imediatamente — ele brincou, mas suas palavras a deixaram ainda mais reclusa. — Você está cansada de saber que não preciso de mais presentes — esclareceu. — Por ora, sua companhia me basta, Hinata.

Ela confirmou com a cabeça, ainda sem olhá-lo.

Naruto sabia que teria trabalho – Neji sempre foi muito tímido – mas ele não desistiria de trazer à tona aquele sorriso novamente.

Aquele sorriso que descobriu amar.

 


Foi mais difícil conseguir a atenção dela do que esperava. Hinata sempre desviava o olhar para reparar na festa e, mais de uma vez, se separou dele para ajudar as criadas a se movimentarem de forma mais eficiente.

Era a terceira vez que se aproximava dela com as sobrancelhas erguidas e a moça ficava acanhada e lhe pedia desculpas.

— Chega de trabalho, Hinata — ele decretou, firme. — Caso não tenha ficado claro, você não está aqui para servir meus convidados, e sim para ser minha acompanhante.

— O quê?

Não entendeu a dúvida, então ela o levou para uma das sacadas, onde poderiam conversar de modo mais privado.

— Vossa Alteza me chamou para uma conversa — explicou. — Não sou sua convidada aqui.

— É claro que é! Eu mesmo assinei seu convite!

— Vossa Alteza assinou o convite de todos.

— E um deles era seu! Você não o recebeu?

— Recebi, mas achei que era um engano, então eu o enviei para minha família — respondeu nervosa. — Espero que não se incomode se eles...

— Tio Hiashi e Hana vêm? — O sorriso animado dele a assustou por um momento, e ela se limitou a acenar positivamente. — Ótimo!

A animação dele não a contagiou, então Naruto diminuiu a empolgação e esperou.

— O que queria falar comigo, Alteza? — Hinata olhava para os lados, envergonhada e falando baixo. — Com todo o respeito, não estou confortável aqui.

— Precisamos conversar, Hinata, você sabe.

— Não sei se estou pronta, Alteza...

Naruto quase riu. Eles eram mais parecidos do que imaginava.

— Eu também estou com medo, Hinata — confessou, conseguindo seu olhar. — Mas eu não posso mais esperar... eu preciso de uma conversa definitiva para nós, ou temo enlouquecer.

Os lábios dela ficaram trêmulos, e Naruto se perguntou se o coração dela estava tão descompassado quanto o seu. Ele tomou fôlego e continuou:

— Eu nunca lhe disse o quanto sou grato por ter sido não apenas meu guarda-costas, mas também meu melhor amigo... amiga! — ele corrigiu, meio bobo. — Nos últimos anos. Você se lembra de nossa despedida na infância, quando eu lhe disse que você sempre seria minha melhor amiga? Eu não estava enganado, não é? Você esteve ao meu lado por tanto tempo... me ajudou, foi minha cúmplice nas fugas, foi um bom ouvido para minhas lamentações e sempre teve bons conselhos para me dar. Perdoe-me por ter ignorado isso no último mês, Hinata. Eu realmente...

— Não há o que desculpar, Alteza! — Hinata falou rapidamente, esforçando-se para controlar os olhos marejados. — Foi minha culpa ter estragado tudo isso, eu...

— Deixe-me terminar — pediu com um sorriso. Não estava ali para ouvir as desculpas de Hinata e esperava que ela compreendesse isso o mais rápido possível. — Hinata, eu quero agradecê-la por nossos anos de amizade que eu pensei que nunca fosse recuperar. Quero agradecer por ter estado ao meu lado, por ter sido a melhor amiga que eu poderia pedir aos deuses... e por ter salvado minha vida.

— Alteza, eu... — balbuciou. — Eu não fiz mais do que minha obrigação.

— Você estava presa, Hinata. — Ele riu. — Você não precisava fugir, confrontar o rei e ir atrás de mim. Outros iriam fazê-lo. O ponto é que você quis ajudar. Você disse que morreria de desespero na prisão se não pudesse fazer nada.

As palavras da morena durante o julgamento ecoaram na mente dos dois, e ela pareceu ainda mais perturbada.

— Perdão, Alteza, mas... onde está querendo chegar?

— Primeiro quero que pare de me chamar de Alteza. — O semblante da Hyuuga apresentou confusão. — Você pode me chamar de Naruto.

— N-Não! — ela disse assustada. — As coisas não são mais assim, eu não posso...

— Claro que pode. Estou permitindo.

Ela engole em seco.

— Não quero confundir as coisas novamente, Alteza. Eu reconheço agora meu lugar. Sou apenas uma criada que...

— Não se aceitar ser minha esposa.

— O quê?!

Os olhos perolados se arregalaram como nunca antes. A boca se abriu num “O” quando Naruto se ajoelhou e segurou sua mão.

— A-Alteza, o que está fazendo?

— Pedindo sua mão em casamento.

A resposta simples a confundiu e entristeceu, Naruto viu em seus olhos, temendo por uma rejeição.

Que não demorou a vir. Hinata negou com a cabeça e o puxou para cima, forçando-o a se levantar.

— Que crueldade, Alteza...

— Crueldade? — Chocou-se. — Você me odeia tanto a ponto de achar crueldade que eu a peça em casamento?!

— É uma brincadeira de mau gosto, sem dúvidas. — Ela enxugou rapidamente uma lágrima teimosa.

— Eu não estava brincando quando disse para Neji que me casaria com Hinata se pudesse! — ele brigou. — Não estou brincando agora!

Hinata deu um passo para trás, não encontrando mentira em seus olhos.

— Vossa Alteza está falando sério? Não está querendo se vingar de mim?

— Por Deus, Hinata, é claro que não!

— Mas o senhor...

— Pare de me chamar de senhor ou Alteza, Hinata!

— Não! Não vou parar! — Ele tomou um susto com a voz embargada. — O senhor é meu príncipe e eu devo tratá-lo como tal.

— Hinata...

A lembrança de quando brigou com ela, na manhã que descobriu sua verdadeira identidade, pairou entre eles. Naruto recusara-se a ser tratado como um amigo quando Hinata, desesperada, queria ajudá-lo.

“Respeite seu príncipe! Não me chame pelo meu nome! Dirija-se a mim como ‘Vossa Alteza’”. Sua fúria a magoara, mesmo que na hora ela não tivesse demonstrado.

— Eu compreendo que esteja chateado comigo, Alteza, e até mereço que o senhor se mantenha distante e evite minha presença. Mas eu não vou permitir que me faça de boba! Não posso acreditar que de repente o senhor sentiu minha falta e...

— De repente? — ele interrompeu, rindo nervoso. — Eu sinto sua falta todos os dias! Você era minha melhor amiga! — Ele tomou as mãos delicadas mais uma vez, sentindo-a tremer.

— Se o senhor deseja que retomemos nossa amizade, terá que me prometer...

— Amizade? Não, Hinata, você não está entendendo. Eu não quero mais ser só um amigo. — Ousou dar um passo na direção dela, ainda segurando suas mãos com firmeza. — Case-se comigo.

— Por Deus, o que está dizendo? — As lágrimas enfim caíram livremente no rosto dela. — O senhor não conhece as leis de seu país? Eu sou uma plebeia! Um casamento entre nós é uma ideia absurda!

— Não me interessa as leis de meu pai. Estou aqui abrindo meu coração para você, dizendo que desejo, mais do que tudo nessa vida, estar ao seu lado para o resto da minha vida. — Soltou uma mão para limpar o rosto molhado, tentando não ficar no mesmo estado que a jovem a sua frente. Aproximou-se mais, segredando. — Diga que quer o mesmo, por favor... diga que ainda me ama e eu lhe prometo que nada nesse mundo nos separará novamente...

Os olhos perolados demonstraram surpresa pela milésima vez naquele dia. Hinata ficou rubra

— E-Eu nunca...

— Um ou dois passarinhos me contaram outro segredo seu. — Não conteve o sorriso ansioso. — É verdade, Hinata? Você me ama? Quero ouvir de você...

— Na-Naruto...

Ele riu de sua emocionada amiga, as esperanças aumentando com seu nome finalmente sendo dito em voz alta.

— Por favor, Hinata — implorou. — Diga que sim...

A Hyuuga fungou, numa tola tentativa de controlar as lágrimas.

— Sim! — respondeu, comovida, abrindo um sorriso e aumentando o do loiro. — Sim, eu amo você! Amo você com todas as minhas forças! Eu o amei na primeira vez que o vi! Nunca disse nada porque você é o bendito de um príncipe! Eu nunca teria chances com você! Então me conformei a ser sua amiga, sua melhor amiga... tudo para ficar perto de você, Naruto.

O Namikaze não esperou mais um segundo para finalmente provar dos lábios da mulher que amava desde a infância.

O coração ficou mais calmo ao encontrar-se com sua outra metade, e infinitamente mais feliz.

Naruto rodopiou com Hinata em seus braços, incapaz de segurar a felicidade.

— Eu sabia que me daria o melhor presente de aniversário novamente. — Encostou na testa dela, sorrindo bobamente. — Eu amo você, Hinata Hyuuga... eu também sempre a amei. E prometo amá-la até o fim de meus dias.

 


Naruto pediu uma reunião com seus pais no dia seguinte, afirmando ser um assunto de extrema importância. Kushina imaginava o que poderia ser, então fez com que Minato cancelasse todos os compromissos para que os três pudessem se reunir no salão do trono, no meio da tarde daquele mesmo dia.

No entanto, foi com surpresa que o rei e a rainha viram Naruto entrar de mãos dadas com Hinata. O casal parou em frente aos tronos, fazendo uma reverência.

Mas o loiro mais novo não estava ali para rodeios.

— Vou me casar com Hinata. — Ele foi direto ao ponto.

Minato arregalou os olhos, levantando-se rapidamente de seu trono.

— O quê?!

— Vou me casar com Hinata — repetiu, sem nenhum medo em seu olhar. A morena ao seu lado, no entanto, nem ousava levantar o rosto, envergonhada e amedrontada com a reação do rei.

— Mas que absurdo! Quer casar com uma plebeia que o enganou... que nos enganou — corrigiu — por anos?! Você só pode ter perdido o juízo!

— Ao contrário, meu pai. Nunca estive tão certo do que quero. — Ele deu dois passos para perto do rei, falando firmemente. — Não estou pedindo permissão. Estou apenas informando que me casarei com Hinata dentro de alguns meses... e que adoraria que o senhor e mamãe nos desse sua bênção.

— Eu não vou permitir que se case com uma plebeia!

— Ou será essa plebeia, meu pai, ou não será nenhuma outra mulher. Não vou me casar com nenhuma princesa que o senhor escolher, ou com qualquer outra mulher que não seja a que eu amo. Conforme-se.

— Não ouse...

— Eu acho ótimo! — pronunciou Kushina pela primeira vez. Todos a olharam, espantados, enquanto ela levantava do próprio trono e andava até o novo casal, sorrindo como nunca. — Quando pretendem se casar?

— Kushina, o que está dizendo?!

— Na primavera, mamãe — Naruto respondeu animado. — Hinata gosta muito da época das cerejeiras, então estava pensando...

— Kushina! — gritou Minato, à flor da pele. — Você está louca? Hinata é uma plebeia! Não pode se casar com Naruto! E a nossa linhagem?

— Não estou entendendo. — Kushina disse simplesmente, fingindo inocência. — É pelas aparências que Naruto não pode se casar com uma plebeia? Pois saiba que Hiashi Hyuuga é um duque, meu senhor.

— Desde quando? — perguntaram os outros três, Naruto e Hinata surpresos e Minato ainda possesso.

— Desde que eu o nomeei assim — respondeu simplesmente, piscando um olho para o filho. — Há dois dias.

— Você nomeou um duque sem minha permissão?

— Você estava muito ocupado com o julgamento daqueles que sequestraram nosso filho. — Ela deu de ombros. — Não queria incomodá-lo com algo tão simples.

— Simples? — Minato olhou de Hinata, boquiaberta, para Kushina, que sorria docemente. Então ele entendeu... e soltou um suspiro. — Há quanto tempo está planejando isso, Kushina?

— Alguns anos. — Ela sorriu abertamente, orgulhosa de si. — Eu já desconfiava que Neji não era quem dizia ser, mas me custou um tempo para descobrir quem era de verdade. — Hinata abaixou o rosto novamente, envergonhada com o olhar penetrante da ruiva. — E quando soube que Naruto era apaixonado por uma moça desde a infância... desculpe, eu ouvi a conversa de vocês sobre o colar. — Ela apontou, sem-graça, para a correntinha com a pequena raposa no pescoço do verdadeiro dono. — E que essa moça era Hinata, que era Neji... — continuou — Eu tratei logo de garantir a felicidade de meu filho.

Kushina sorriu ainda mais com a derrota, visível no rosto, de seu marido.

— Então acho que está tudo nos conformes agora. — A ruiva bateu palmas, animada. — Hinata sendo filha de um duque, não é mais uma plebeia, então pode se casar com Naruto. Os dois são maiores de idade e se gostam... não há mais nada que os atrapalhe. Certo, querido?

A última frase soou mais como uma ameaça do que uma pergunta, fazendo Naruto rir baixinho. Minato poderia até reinar o País do Fogo, mas quem mandava naquele castelo e na sua família era Kushina, sem sombras de dúvida.

Minato soltou um último suspiro, olhando firme para o primogênito.

— Tem certeza de que é essa sua decisão? — Naruto confirmou, sorrindo. — Então se essa é a mulher que o fará feliz e me dará netos, eu concordo com o casamento de vocês. Desde que... — ele falou rapidamente, antes da comemoração dos três. — Desde que Hinata saia da cozinha e abra mão de sua participação no Exército.

— Mas... — Naruto e Kushina a olharam pasmos, imaginando que ela acataria de bom grado. — Mas e a minha pena? Cumpri apenas um mês de meu castigo e...

Minato revirou os olhos antes de rir, enfim se aproximando da futura nora.

— Você é mesmo um excelente soldado... — Hinata levantou o olhar, chocada com o elogio. — Mas não precisamos mais de seus serviços. Nem na cozinha e nem no exército. — Ele colocou a mão sobre o ombro da moça. — Você está livre para ser quem você é, Hinata. Livre para ser a noiva de meu filho, futura rainha e, se os deuses forem bons conosco, mãe dos meus netos e do futuro rei ou rainha. Já será trabalho bastante, pode perguntar à Kushina.

A morena olhou para a rainha, que afirmava veementemente com a cabeça.

— Você está livre de sua pena, Hinata — reafirmou. — Faça meu filho feliz e eu considerarei sua pena cumprida.

Hinata confirmou, emocionada, perdendo toda a compostura ao abraçar o rei.

— Obrigada, obrigada! — Minato tinha os olhos arregalados. Não estava acostumado a ser tocado. — Prometo que farei seu filho feliz, assim como ele me faz!

E voltou para perto de Naruto, sorrindo como nunca.

Minato riu com a alegria contagiante do casal. Olhou para sua esposa, que mirava o filho à beira das lágrimas.

— Então... — Chamou a atenção dos três. — Primavera?

 


Passeavam tranquilamente pelos jardins, as mãos unidas sempre os lembrando que aquilo era real, que estavam mesmo juntos.

— Como anda a escolha de meu novo guarda-costas, senhorita Hyuuga? — ele brincou a certa altura, fazendo-a rir.

Hinata, mesmo sendo dispensada dos serviços, ainda ficou responsável pela escolha do novo guarda de Naruto. Ela fez questão de ainda participar da seleção e do treinamento do futuro protetor de seu noivo, mesmo que não sozinha desta vez.

— Itachi tem sido de grande ajuda. Já conseguimos eliminar mais cinco concorrentes na última semana. Mas...

Naruto notou sua hesitação, parando em frente a ela e sorrindo com o rosto corado.

— Mas?

— Mas ele insiste em abrirmos vagas para mulheres também — ela falou baixinho, desviando o olhar.

— Não vejo problema. Funcionou nos últimos anos.

O loiro piscou-lhe um olho, mas ela não entrou na brincadeira. Ao contrário, resmungou algo inaudível, deixando-o curioso.

— O quê?

— Não quero... — resmungou ainda mais baixo.

— Diga de uma vez, Hina! — Naruto achou graça de como ela se encolhia, chateada por estar tão envergonhada.

— Não quero outra mulher perto de você — disse de uma vez, ficando de costas e cruzando os braços, orgulhosa.

O sorriso do príncipe se alargou. Contente além da conta, ele abraçou sua noiva, girando com a jovem em seus braços até que ela risse consigo.

— Sua boba! — Ele a virou, enchendo as bochechas de beijos estalados. — Nunca haverá outra mulher em minha vida como você! — Beijou-a na boca, profundamente, provando seu ponto. — Não fique com ciúmes, Hina... eu só tenho olhos para você.

— Nada de ter uma guarda-costas — ela ameaçou mesmo assim.

— Prometo que falarei com Itachi e o farei verificar se o escolhido é mesmo um homem.

Hinata lhe deu um tapinha no ombro, não achando graça na brincadeira. Naruto riu mais, trazendo-a para mais perto e colando suas testas.

— Não seja tola, Hina. Eu jamais olharia para outra mulher... — Fixou seu olhar apaixonado nos olhos brancos como pérolas. — Nenhuma outra é forte e corajosa como você, capaz de fazer qualquer coisa pelas pessoas que ama. Nenhuma é gentil, inteligente e bela como a mulher que eu sempre amei. — Ele sorriu. — E nenhuma seria uma guarda-costas melhor do que você...

 


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Notas finais do capítulo

Antes de agradecer e me despedir, alguns pontos importantes:

1 - A música é "I Will Always Love You", da Whitney Houston. Para quem não conhece, essa música é trilha sonora do filme "O Guarda-Costas". ^^" Eu JURO que tentei desapegar do filme, mas quando eu ouvi essa música no rádio, há alguns dias, eu fiquei tentada demais a colocar no último capítulo! E não resisti, como podem ver... ^^"
2 - Sobre chocolate e lámen. Eles só foram inventados no século XVII ou XVIII, não lembro bem agora, então seria impossível Naruto ser apaixonado por lámen ou bolo de chocolate nessa história. Mas não resisti - parte 2. ^^" Vamos considerar como licença poética. ^^"
3 - Eu sou PÉSSIMA para descrever figurino, pessoas, me perdoem. ^^" Então resolvi deixar alguns links, para quem quiser visualizar melhor o vestido da Hina na festa (http://2.bp.blogspot.com/-_tU6juDgMCw/T4jBEavaH0I/AAAAAAAADLk/WNquC82gmJ4/s320/vestidos%2Bmedievais.jpg), a tiara (https://ae01.alicdn.com/kf/HTB1vmGDLVXXXXbqapXXq6xXFXXXy/New-Fashion-princess-diadem-clear-crystal-crown-pearl-jewelry-Nice-rhinestone-bridal-tiara-best-gift-for.jpg_640x640.jpg) e o tão famosinho colar com a raposa (https://i.pinimg.com/originals/39/bc/88/39bc88efbe22e006ea9763231f0e5adb.jpg). Se os links não funcionarem, me avisem, para eu poder editar.

Acho que é só isso de aviso. Vamos aos agradecimentos! ♥
13 acompanhamentos e 7 favoritos em cinco dias! Muito obrigada mesmo! Tô muito, muito, muito feliz que tenham gostado da minha historinha! ♥ Obrigada também a hinata fjg, Phoenix, Luciana Neves, liiu e thai carvalho por terem comentado no último capítulo, e a Phoenix, que comentou no capítulo 2 também! ♥
E um obrigada, do tamanho da Via Láctea, a __Nathy__, que me apoiou e me incentivou a continuar escrevendo com mensagens aqui e no uazap! Sua linda, muito obrigada por sua amizade, de coração! Essa fic é toda para você! Espero que tenha gostado! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Quero agradecer de novo à kitauzumaki, SBFernanda e UzuKitsune, que também me deram a maior força com essa história! Muito obrigada, meninas! Vocês moram no meu kokoro! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Acho que é só... qualquer dúvida, podem me perguntar, ok? A fic acabou ficando grande demais e eu notei que algumas explicações acabaram ficando de fora com tantos cortes, mas se quiserem eu explico tudinho nos comentários! ♥
Muito, muito, muito obrigada por todo apoio e carinho até aqui, seus lindos! Foi muito importante pra mim! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Até uma próxima vez! *-* =* ♥