Guarda-Costas escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 3
O Início e o Fim


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo! xD
Passando rapidinho para deixar mais um capítulo (gigante) para vocês!
Vou deixar o textão para as notas finais. ^^

Nesse capítulo teremos o ponto de vista de Naruto, mas ele não começa no julgamento, ok? Começa algumas horas antes.
Lembrando que a fonte normal retrata o presente e os textos em itálico são lembranças.
Boa leitura! ♥



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Suas pernas pareciam queimar com a corrida, mas ele não parou. Sabia que dariam falta dele em poucos minutos, e que poderiam levar bem menos tempo para encontrá-lo, mas simplesmente não podia deixar de fugir.

Não depois daquela notícia terrível que seu pai lhe dera.

Parou para respirar quando chegou na cerca que delimitava as terras dos Hyuuga. Não era uma fazenda grande, tampouco luxuosa, mas Naruto adorava fugir para lá.

Era seu refúgio.

Pulou a cerca e correu mais um pouco, logo ouvindo as risadas femininas, sorrindo também. Deu um grito e parou bem perto das duas meninas, sobressaltando-as.

— Naruto! — Hanabi, a mais nova, brigou, com as mãozinhas sobre o coração. — Você me deu um susto!

A mais velha também respirava com dificuldade, as mãos também sobre o peito. Porém, Hanabi logo sorriu e correu na direção do menino, o abraçando pela cintura.

— Fazia tempo que você não aparecia! — Ela inflou as bochechas, magoada e saudosa. — Achei que não quisesse mais brincar com a gente.

— Não seja boba, Hana. — Ele achava que a menina era a coisinha mais fofa que conhecia, nunca resistindo à tentação de apertar uma das bochechas gordinhas. Ele aparecera na semana anterior! — Você sabe que aqui é meu lugar favorito no mundo inteiro!

Ela o abraçou de novo, sorridente.

— Trouxe doces para você, Hana. — Naruto tirou dos bolsos as guloseimas envolvidas num tecido fino, que pegara mais cedo na cozinha. — E para você também, Hina!

A irmã de Hanabi se aproximou, pegando um doce antes que a menininha comesse todos.

— Vou levar para papai também! — disse Hanabi, correndo animada para a casa dos Hyuuga, a quase vinte metros dali.

O sorriso de Naruto sumiu quando a pequena se afastou, o que não passou despercebido para Hinata.

— Está tudo bem, Naruto? — Ela segurou sua mão. Ambos coraram com o gesto, mas não desfizeram o contato. — Não devia estar triste hoje. É seu aniversário.

— Eu preciso te contar uma coisa...

Ele a puxou para a árvore mais próxima, sentando sob sua sombra, sem nunca soltar a mão dela.

Inspirou e expirou longamente, várias vezes. Como contar aquilo para sua melhor amiga? Como dizer que os meses que passou ao lado dela, brincando e se divertindo no rio, foram os melhores de sua vida? Mas que eles estavam prestes a acabar?

— Meu pai disse que, quando completou dez anos, foi enviado para o país da Areia, nosso aliado, para estudar e se preparar para o treinamento militar. Disse que foi a melhor preparação que poderia receber antes de se tornar um rei. E... — Hesitou. — Ele quer o mesmo para mim.

Hinata colocou a mão livre sobre a boca, surpresa.

— Areia, Naruto? — Ele confirmou. — Mas Areia fica muito longe! Eu vi na escola! — Ele acenou novamente, cabisbaixo. — Quanto tempo ficará lá?

— Cinco anos.

Os lábios da menina tremeram, e Naruto desviou o olhar. Não conseguiria ser forte se a visse chorar. Tudo o que ele menos queria era deixar triste a menina que mais gostava...

— Eu fugi das lições agora...

— Naruto! — ela brigou, sem se conter, e ele deu um pequeno sorriso. Hinata não gostava quando ele fugia de suas aulas.

— Eu precisava te ver! E te contar que vou ficar longe por um tempo... mas não é porque eu quero, eu juro. E sim porque meu pai está me obrigando! Nem minha mãe gostou da ideia, mas ela não pode ir contra a vontade do rei.

O loirinho apertou mais forte a mão que segurava.

— Não quero ir, Hina... quero ficar aqui com você... — confessou baixinho. — Pelo menos até me levarem embora de novo.

Era sempre assim. Naruto fugia de alguma obrigação ou quando estava entediado no castelo, despistava os guardas graças a sua baixa estatura e corria para a fazenda dos Hyuuga, onde ficava brincando por horas com Hinata, sua melhor amiga, e Hanabi, sua criancinha favorita. Hiashi também não gostava quando o garoto abandonava os estudos para brincar, mas sempre o recebia bem depois de ouvir do loirinho que estudaria em dobro no dia seguinte – promessas sempre cumpridas, ou então o senhor Hyuuga não o deixaria brincar com Hinata.

Quando conhecera a Hyuuga, depois de mais uma fuga do castelo, ela o encontrou à beira de um riacho, jogando pedrinhas nele. Ela se aproximou, indicando que ele deveria se curvar mais para fazer a pedrinha quicar por vários metros sobre a água. Poucos minutos depois os dois estavam disputando para ver quem atirava a pedra mais longe.

Ela não o reconhecera, mesmo depois dele se apresentar como Naruto. Hinata chegou a levá-lo até sua casa quando ouviu o estômago do menino roncar, oferecendo-lhe um pedaço de bolo e um suco. Apresentou sua irmã mais nova, Hanabi, de cinco anos, a quem Naruto logo se apegou. Os três brincaram por mais algumas horas pelo terreno antes que o senhor Hiashi aparecesse, chocado ao encontrar o príncipe brincando em suas terras. Sabendo que metade da guarda real procurava pelo menino, Hiashi logo o levou para o castelo, deixando Hinata surpresa com a notícia de que o loirinho com quem brincara a tarde inteira tinha sangue azul. Naruto não queria ir, mas o Hyuuga prometeu que o garotinho sempre seria bem-vindo em sua casa, desde que não deixasse seus pais preocupados novamente. E assim Naruto o fez, sempre deixando um bilhetinho para sua mãe (e somente para ela) antes de fugir para a fazenda.

Às vezes não demorava uma hora, outras a tarde inteira... mas em algum momento Kushina revelava onde estava seu filho e os guardas iam buscá-lo, seja na fazenda, seja à beira do rio, onde os três adoravam brincar.

E agora que Naruto partiria para outro país, as chances de os soldados já estarem a caminho eram muito altas.

— Não vou me esquecer de você, Hina, eu prometo! — falou firme, pedindo para que ela o olhasse nos olhos. — Os meses que passei ao seu lado foram os mais importantes para mim! Você sempre será minha melhor amiga!

Hinata o abraçou, chorosa. Naruto a apertou forte em seus braços, desejando ficar ali para sempre.

A garotinha se afastou, puxando do bolso um pacotinho de papel pardo e oferecendo para ele.

— Feliz aniversário, Naruto — ela disse em meio a um triste sorriso. — Queria te entregar em um momento mais feliz, mas não sei se teremos tempo...

— É um presente para mim? — Hinata apenas confirmou com a cabeça, corada. — Puxa, obrigado! — Ele coçou a nuca, envergonhado, aceitando o presente. — Não precisava, Hinata, eu...

— Eu quis.

Ele apenas concordou, abrindo a sacolinha e encontrando um colar feito à mão, de couro trançado, com o pingente de uma raposa.

— Não encontrei o símbolo do reino na feira — disse baixinho, parecendo desapontada. — Mas é uma raposa também. E como você disse uma vez que adora raposas, eu...

Naruto a calou com outro abraço apertado.

— Obrigado! É o melhor presente do mundo! — Ele se afastou, largamente sorridente, a acalmando. Colocou o cordão no pescoço. — E então? Ficou bom? Fiquei ainda mais bonito, não é? — A menina riu. — Obrigado, Hinata — falou sincero depois das risadas. — Eu o usarei para sempre.

 

~*~

 

Acordou ofegante.

Aquele sonho de novo...

Levantou da cama, segurando com força a raposinha sobre o peito.

As lembranças o tomavam com mais frequência agora que a reencontrara.

— Não... ela sempre esteve aqui — corrigiu-se.

Tirou o colar do pescoço e resolveu tomar um banho, tentando, a todo custo, tirar as memórias de Hinata Hyuuga de sua mente. Ao se vestir, ele pegou a joia novamente, mas não a colocou ao redor do pescoço, distraído com o pingente.

O cordão feito à mão não resistiu ao tempo. Como tinha prometido sempre usá-lo, o couro se desgastou ainda no país do Areia, devido ao treinamento contínuo e ao tempo árido. Por sorte não perdera o pingente em uma tempestade de areia, mas foi o fim definitivo do cordão. Pediu ajuda a Gaara, o futuro rei do país da Areia e seu novo amigo, para arrumar um novo colar e guardar seu pingente de raposa com mais segurança. No dia seguinte o amigo ruivo o presenteara com uma corrente nova de prata, levando-o ao ferreiro para que reforçasse a raposinha e a fizesse durar mais. Ela voltou nova e limpa para seu pescoço, e Naruto adorou o novo detalhe que o ferreiro fizera: os olhos do canino agora eram brancos...

— Naruto — chamou Sasuke do outro lado da porta. O Uchiha voltara a ser seu guarda-costas temporário, mesmo odiando essa função que ele mais considerava como “babá”. — Está na hora do café.

— Estou indo.

Quatro dias e ele ainda não se acostumou com Sasuke lhe dizendo tudo o que deveria fazer.

Passara quatro anos com Neji o acompanhando para todos os lados.

A diferença o fazia ter vontade de gritar.

A diferença como Neji o tratava, como ele o olhava... céus, como nunca percebeu que era uma mulher ao seu lado o tempo todo?! E justamente a mulher que passou a procurar por toda a Folha desde que retornara da Areia?!

 

~*~

 

— Você me lembra ela...

— O quê? — Naruto desviou o olhar das lições vespertinas para mirar um distraído Neji apreciando a vista através da janela da sala de estudos.

— Vossa Alteza me disse que eu o lembrava alguém quando fui buscá-lo naquela taberna. — O loiro quase riu ao ver o rosto rubro de seu guarda. — Na semana passada — esclareceu. — Lembra-se?

O Namikaze confirmou com a cabeça levemente, meio envergonhado de entrar naquele assunto.

Neji saiu de seu posto e puxou uma cadeira para sentar em frente à mesa do príncipe. A seriedade do rapaz chamou a atenção de Naruto.

— Eu soube que tem procurado por Hinata Hyuuga. — Foi direto ao ponto. — Preciso dizer ao senhor para parar.

— O quê?

— Hinata é minha prima — Neji confessou. — Esses olhos brancos que o senhor reconheceu são uma característica única dos Hyuuga.

— Então você sabe onde ela está? — Não refreou a ansiedade, largando de vez os livros e aumentando o sorriso para o Hyuuga. — É claro que sabe, você é primo dela! Eu devia ter reparado nas semelhanças! Vocês são iguaizinhos! — Passou a tagarelar sem pausa, incapaz de ficar quieto com a notícia que Neji lhe deu. — Eu fui à fazenda dos Hyuuga assim que voltei, mas não tinha uma vivalma na casa. Esperei por horas, mas não apareceu ninguém. Fui atrás de vizinhos, e um deles me contou que os Hyuuga viajaram para Miyama, para visitar parentes. Esperei algumas semanas e enfim encontrei o senhor Hiashi na feira. — Ele parou um pouco para refletir. — Na verdade, isso foi na semana passada. Ele me disse que Hinata ainda estava em Miyama, mas não teve tempo de contar o motivo. Pretendia fugir amanhã, enquanto você estivesse no almoço, para ir até a fazenda e perguntar onde está Hinata.

O sorriso dele ao final mostrava que não tinha nenhuma vergonha em confessar que fugiria novamente. Neji riria se o assunto não o envolvesse.

— Meu tio Hiashi foi para Miyama me buscar — revelou, hesitante. — E deixou Hinata lá, para se casar com um nobre.

Os olhos azuis se arregalaram.

— Está falando sério?

Neji confirmou, o pesar visível em seus olhos.

— Eu não podia deixar que continuasse procurando por uma mulher comprometida, Alteza. Eu não sei como conheceu minha prima, ou o motivo para procurá-la, mas...

— Hinata foi minha melhor amiga. — Naruto se levantou, desolado. — Eu prometi que nunca me esqueceria dela... não o faria mesmo sem a promessa. Mas... — Ele foi até a janela, ocupando o antigo lugar do guarda. — Eu queria reencontrá-la, reatar nossa amizade. Ela foi importante para mim... ainda é. — Ele olhou para Neji, descrente. — Tio Hiashi a entregou para um noivo? Tem certeza?

— Absoluta.

 

~*~

 

Foi a primeira mentira de Neji.

Naruto apertou forte a raposinha nas mãos, as orelhas e o rabo pontudos machucando suas mãos. Mas a dor ali não o incomodava... não chegava aos pés daquela que dilacerava seu peito.

Hinata estava ali, ao seu lado, o tempo todo! Naruto não conseguia entender por que ela não contara tudo no instante que ele revelou estar procurando pela primogênita de Hiashi!

Pelos deuses, Neji foi muito mais do que seu guarda-costas! Foi seu amigo, confidente, cúmplice! Naruto contou a ele segredos que nunca teria coragem de contar a Sasuke, com quem cresceu junto (apesar de o loiro lembrar-se que não eram tão próximos na infância devido aos deveres diferentes, Naruto como príncipe, Sasuke como futuro soldado da Folha)! E mesmo assim Neji nunca lhe disse nenhuma verdade!

“Nenhuma verdade sobre Hinata” corrigiu os pensamentos. Em todo o restante, Neji provou ser verdadeiro e leal...

 

~*~

 

Golpeou a palma no boneco de madeira. Outra vez. Mais outra. Direita, esquerda. Sentiu dores – talvez tenha batido errado – mas não ligou. Continuou. Golpe na esquerda, na direita, em cima, embaixo...

Percebeu que choveu em algum momento, mas não saiu dali.

Quem sabe assim ele não mudasse de ideia ao seu respeito e passasse a respeitá-lo como futuro rei?

— Naruto! — Foi puxado para longe da haste de madeira, mas repeliu o contato, voltando ao seu treinamento. — O que está fazendo? — Foi afastado novamente. — Pare com isso, suas mãos estão machucadas!

Ele não deu ouvidos até o rosto de Neji aparecer na sua frente, entre ele o boneco.

— O que está fazendo?

Neji estava irritado com mais uma fuga, é claro, mas Naruto percebeu algo a mais em seus olhos. Preocupação, talvez?

— Treinando.

Tentou arrastar o moreno para o lado, mas Neji firmou os pés ali.

— Chega, Naruto. Volte para o castelo.

— Quem você...?

Os olhos brancos se estreitaram, desafiando-o a continuar. Naruto se calou, virando o rosto, envergonhado.

— O que houve, Naruto? — O tom do mais novo amenizou e a postura do Namikaze enfim relaxou.

Naruto o chamou para sentar no banco mais próximo, ainda no pátio de treinamento. O loiro soltou um longo suspiro quando Neji falou:

— Vossa Alteza saiu mais cedo de sua festa de aniversário... e eu sei bem que o senhor adora festas. O que aconteceu? Algo na comemoração o chateou? Posso falar com as senhoras na cozinha caso a comida...

— Não foi a festa — disse de uma vez, interrompendo-o. — Estava tudo ótimo, Neji. Obrigado por planejar tudo aquilo para mim, eu realmente gostei muito. — Ele sorriu, sincero. — Principalmente do lámen.

— Então o que houve?

Sentiu os olhos arderem, mas não haviam lágrimas. Um arrepio percorreu seu corpo também, mas acreditou que era por causa do vento frio da madrugada.

— Meu pai — confessou, desviando o rosto do olhar questionador do Hyuuga. — Ele não gostou da festa. Disse que se sentiu envergonhado por me ver gritando e me “comportando como um plebeu sem educação”. Ele acha que sou um péssimo exemplo de príncipe... e que serei ainda pior como rei.

— Pois eu discordo.

A simplicidade do moreno chamou sua atenção.

— Vossa Alteza é jovem! Acabou de completar dezoito anos! É suposto que somente agora passe a agir como um verdadeiro adulto.

— Mas eu tenho responsabilidades...

— É claro que tem! E Vossa Alteza deixa de cumpri-las? — perguntou retoricamente. — Com exceção das aulas de matemática, o senhor se esforça e se sai bem em tudo que um bom príncipe dever fazer, principalmente em relação ao povo, que o adora! Não estou querendo bajulá-lo, estou apenas dizendo o que vejo. — Ele pausou, sorrindo levemente e fazendo o mais velho sorrir também, mesmo em meio a tristeza. — Não vejo problema em Vossa Alteza se divertir uma noite ou outra, desde que isso não seja prioridade em sua vida. E como eu sei que não é... — Deu de ombros. — Com todo respeito, Alteza, não quero desautorizar vosso pai, mas... não concordo que o senhor se reprima por causa de palavras duras que não são verdade. — Ele abriu outro sorriso consolador. — Tenho certeza que Vossa Alteza será um rei tão bom quanto seu pai. — Neji endireitou a postura, fingindo convencimento. — E eu apostei dez moedas de ouro, com o senhor Sasuke, que Vossa Alteza seria um rei melhor que o seu pai. O senhor não pode me fazer perder tanto dinheiro assim.

A risada finalmente saiu de Naruto, deixando um Hyuuga claramente aliviado ao seu lado.

— Obrigado...

Os poucos minutos de silêncio foram bem-vindos.

— O senhor devia parar de fugir de minhas vistas. — Havia um tom de brincadeira em sua voz. — Um dia eu desistirei de procurá-lo.

— Duvido. — O loiro riu.

Neji deu de ombros.

— Eu também. Mas não conte a ninguém.

O Hyuuga se levantou, oferecendo a mão para o Namikaze.

— Vamos entrar, Alteza. Quero enfaixar suas mãos antes que o senhor se recolha.

— Só se parar de me chamar de “Alteza”. Já disse várias vezes que pode me chamar de Naruto.

— E eu já lhe respondi outras tantas que estou tentando.

Naruto aceitou o convite, rindo baixinho. O toque, porém, fez os olhos brancos se arregalarem, surpresos. O príncipe não teve nem tempo de perguntar o motivo, pois a mão o soltou e foi diretamente para seu rosto.

— Vossa Alteza está febril! — ele falou num misto de raiva e preocupação. — O senhor pegou a chuva de mais cedo?

O sorriso envergonhado foi resposta suficiente. Neji bufou, puxando o loiro para dentro do castelo sem cerimônias. Passaram por algumas criadas, e o guarda-costas logo gritou para levarem toalhas limpas e água fria para o quarto do herdeiro do trono.

— Tire suas roupas! — Neji ordenou assim que entraram no aposento.

— O... o quê?

Os dois estavam meio envergonhados, mas o Hyuuga continuou firme:

— Tire suas roupas, Alteza. O senhor precisa trocar por roupas mais secas.

Naruto confirmou com a cabeça, tirando as partes de cima e pedindo, com o olhar, que o outro se virasse para que ele tirasse o resto e colocasse vestes novas. Avisou quando estava pronto, bem a tempo de as criadas baterem na porta. Neji recebeu as toalhas e bacias de água, deixando tudo a postos ao lado da cama do príncipe.

— Vamos, Alteza, deite-se!

Quando obedeceu ao mais novo e estava se preparando com os cobertores, Neji viu o colar que nunca saía de seu pescoço.

— Não está incômodo, Alteza? — Ele apontou para a correntinha prateada. — Não é melhor tirar? — Neji o tocou de novo, deixando o assunto de lado e o empurrando para se deitar, rapidamente colocando um pano molhado sobre a testa do Namikaze. — Durma, Alteza. Eu esperarei que a febre ceda antes de sair.

— Não precisa disso, eu estou...

Os olhos foram rapidamente abertos e verificados pelo rapaz, que estreitou o olhar para ele.

— Estão vermelhos. Durma, Naruto.

Não havia espaço para argumentos ali, então tratou de cumprir o mandado.

 


Abriu os olhos devagar, sentindo-os pesados. Iria pedir para fecharem as cortinas, com o intuito de voltar a dormir, mas havia uma cadeira ao lado de sua cama, onde um rapaz mexia distraído com algo escondido na mão.

Então o loiro lembrou-se da noite anterior, da preocupação genuína de Neji... e recordou quando seu fiel guarda-costas o mandou trocar as roupas e avistou a correntinha em seu pescoço.

O cordão do qual nunca se separava.

O pingente de raposa era acariciado levemente pelo Hyuuga, que deve ter tirado do pescoço do loiro enquanto este dormia, ainda acreditando que poderia perturbar seu sono.

— Foi um presente. — A voz estava rouca e a garganta “arranhando”, consequência por ter ficado na chuva na noite anterior. Neji deu um pulo no lugar, segurando o cordão com força. — De sua prima, Hinata.

O moreno saiu de sua cadeira, aproximando-se da cama rapidamente e colocando uma mão sobre a testa do Namikaze, logo soltando um suspiro.

— Sem febre. Graças a Deus.

E caiu na cama, aliviado, sem perceber que Naruto ainda estava focado no último assunto.

— Você não gosta de falar sobre ela, Neji? É isso?

— O quê?

— Hinata... — Ele limpou a garganta. — Estou falando de Hinata.

O primo dela voltou seu olhar para a corrente em sua palma.

— Ela me deu um colar com esse pingente no meu aniversário de dez anos. Ela estava triste por não ter encontrado o símbolo do reino e nervosa por medo de eu não gostar de um simples colar. Mas como eu poderia não gostar, Neji? Foi o presente com mais sentimento que já ganhei! — Ele respirou fundo, cansado de ficar deitado e sentando ao lado daquele que já considerava seu amigo. — Eu já ganhei muitos presentes, você sabe. Brinquedos, roupas, joias, cavalos... mas nenhum deles teve tanto significado quanto o cordão que Hinata me deu! Ele se desgastou com o tempo, mas consegui recuperar o pingente, para sempre me lembrar dela.

— E-Eu não imaginava que Vossa Alteza tinha tanto apreço por minha prima.

— Apreço... — Ele sorria, perdido em lembranças. — Eu a amei, Neji — confessou simplesmente, fazendo o guarda arregalar os olhos e corar. — Eu só não sabia disso na época. Mas agora... casaria com ela se meus pais permitissem.

— Ca-Casar? P-Perdão, Alteza, mas não está exagerando? Vocês eram crianças. E o senhor ainda é jovem. Conhecerá outras mulheres.

— Não tenho dúvidas disso, Neji. Sei que posso me apaixonar, casar, ter filhos com outra mulher... assim como sei que jamais esquecerei Hinata.

Naruto colocou uma mão sobre um ombro do mais novo, enquanto pedia o colar com a outra. Neji o devolveu timidamente.

— Ela foi especial... a única que me tratou como igual, e não alguém superior, inalcançável. Hinata me tratou com carinho, como se eu fosse seu melhor amigo, e não o herdeiro do trono. Ela brigava comigo e me mandava fazer as lições, e só depois concordava em brincar perto do rio, sempre muito inteligente e responsável para a idade... como você às vezes. — Ele riu. — Eu a adorava demais! Creio que jamais conhecerei outra alma tão bondosa e gentil como Hinata.

— O-O que aconteceu?

Naruto sorriu-lhe tristemente, colocando o colar no pescoço e apertando forte a pequena raposa.

— Meu pai me mandou estudar em terras distantes, para me preparar para o Exército. O dia que ganhei o colar de Hinata foi nossa despedida... foi a última vez que eu a vi.

Neji pareceu compreendê-lo um pouco.

— Então é por isso que o senhor ainda visita a fazenda do meu tio? Para tentar reencontrar Hinata? — O mais velho foi pego de surpresa, corando envergonhado, mas mesmo assim confirmando com a cabeça. — Alteza, eu lhe contei...

— Eu sei que ela vai casar! — Levantou da cama, constrangido. — Eu só... só queria vê-la. Sinto saudade de estar perto dela... ela deve estar linda!

— Mas já faz tanto tempo... o senhor me falou uma vez que não pensa em se casar. E agora está me dizendo que casaria com minha prima!

— Não quero me casar com uma mulher escolhida pelos meus pais — esclareceu. — Gostaria de me casar com a mulher que eu amo... — Ele abriu um sorriso para a raposinha. — Eu não me incomodaria se minha mãe preparasse um casamento para amanhã, Neji, desde que a noiva a entrar na igreja fosse Hinata.

 

~*~

 

Ele confessara seus sentimentos à Hinata! E ela sempre lhe disse que “a prima” estava em outra vila, prometida a outro homem!

Não resistiu ao impulso de jogar os pertences sobre a mesa no chão, irritado, desesperado. O barulho, seguido do grito de agonia, fez com que um dos guardas invadisse o quarto, preocupado.

— Naruto! — Sasuke o impediu de quebrar o restante dos objetos e o arrastou para a cama. — Meu Deus, o que houve com você?

As lágrimas corriam por seu rosto sem se dar conta, a emoção tomando-lhe o corpo e o fazendo tremer.

— Desgraçada... — falava baixinho para si. — Eu confiei nela... confessei que a amava... e ela...

— Está falando de Hinata?

— Não fale o nome dessa mulher! — gritou, fora de si. — Eu nunca mais quero ouvir falar dela!

— Recomponha-se, Naruto! Hoje é o julgamento dela, esqueceu?

Sim, esquecera.

— Não quero ir! — respondeu imediatamente. — Façam o que quiserem com ela, mas não me obriguem a olhar aquela mentirosa mais uma vez! Eu... — Arriou na cama novamente, exausto. — Eu não vou aguentar, Sasuke...

As lágrimas afloraram mais uma vez, e ele não se deu ao trabalho de escondê-las. A dor em seu peito estava ficando insuportável!

— Hinata salvou sua vida — Sasuke falou depois que os soluços do amigo amenizaram. — Ela esteve ao seu lado durante todos esses anos... não acha que ela merece a chance de se explicar?

— Ela teve quatro anos para se explicar!

— Ponha-se no lugar dela, Naruto. Seu pai jamais aceitaria que uma mulher fosse sua guarda-costas, você não aceitaria que ela fosse sua subordinada... e ela precisava do emprego! E era boa nisso, tanto que nem sua birra a fez desistir de ficar ao seu lado! — Os olhos azuis lagrimaram. — E, por Deus, como você esperava que ela lhe contasse quem era quando você se declarava apaixonado por Hinata Hyuuga? — O Uchiha soltou um suspiro cansado. — Hinata sabia que estava se afundando em mentiras, mas já o conhecia bem demais para prever sua reação. E ela não se surpreendeu nem um pouco.

Naruto o olhou quando Sasuke pôs a mão em seu ombro.

— Sei que a amava e que essa mentira o abalou, mas não fique cego pela raiva. Não condene uma inocente só porque ela partiu seu coração, Naruto. Ela não está sendo julgada por ser uma mulher, e sim por ter tramado o seu sequestro. — Ele o convidou a levantar. — E nós dois sabemos que ela jamais seria capaz de traí-lo. Ela o amava demais para isso.

Naruto estancou no lugar, pasmo.

— O que disse?

Sasuke soltou um de seus sorrisos convencidos.

— Depois de ela salvar a sua vida, você ainda acha que era o único apaixonado?

 


As horas passaram arrastadas. Naruto não teve autorização para voltar ao seu quarto, pois Hinata foi liberada da enfermaria enquanto ele tomava seu desjejum e, proibida de sair do castelo, foi “instalada” em seu antigo quarto – ao lado do dele – até a hora do julgamento.

Então restou ao Namikaze abrigar-se nos jardins, martirizando-se pela escolha ao lembrar que “Neji” tinha aptidão para jardinagem. Tanto que, em algumas folgas, ele levava Hanabi ao castelo, para ajudá-lo com as flores de Kushina.

Neji e Hanabi se davam tão bem...

As pistas sempre estiveram ao seu redor e ele nunca investigou a fundo.

Por que nunca pensou em ir para a vila vizinha procurar por Hinata? Lá ele teria provas mais concretas de que a Hyuuga nunca saiu da Folha! E então, bastaria procurar o senhor Hiashi e confirmar o paradeiro de sua primogênita.

Mas ele caiu na mentira da mulher, que deve ter convencido a família a guardar seu segredo... o que explicava o semblante de culpa em Hiashi sempre que aparecia na fazenda para visitá-los.

Tudo embaixo do seu nariz o tempo todo, e ele apenas cedeu às mentiras de Hinata.

Kushina o encontrou cabisbaixo em algum momento após o almoço, sentando ao lado do filho e não dizendo uma palavra. A ruiva se limitou a puxar para seu colo o homem que há muito era maior que ela e o embalou até que parecesse menos aflito, de vez em quando murmurando canções de ninar que antigamente usava para acalmá-lo de pesadelos.

Quando o relógio da torre bateu às duas horas, a rainha teve que se despedir do futuro rei. Beijou-lhe a têmpora e deu o sorriso mais amoroso que podia, dizendo-lhe silenciosamente que acreditava nele. Naruto acenou, abrindo um pequeno sorriso, o máximo que podia naquele momento.

Ainda doía e ela sabia... mas saber que a mãe confiava em sua decisão, mesmo que ele mesmo não soubesse qual, o enchia de forças.

 


Distraiu-se com o pingente de raposa mais uma vez. E preferiu ficar assim enquanto Hinata entrava no salão, era acusada e se defendia. Limitou-se a responder quando falavam com ele e pretendia permanecer perdido em pensamentos até a decisão de seu pai.

Porém, no momento que a moça passou a narrar o resgate, não conseguiu mais fingir que não a ouvia.

Ele não sabia que Hinata tinha desobedecido Minato para salvá-lo. Naruto achou que o crime de desacato se referia a outra ocasião, e não que ela tinha fugido do castelo após mais uma ordem de prisão – e arriscado o pescoço mais uma vez – para resgatá-lo.

Por que ninguém tinha lhe dito isso?

E como assim ela foi escolhida para invadir o galpão por ser menor e mais ágil? Onde estava o juízo de Shikamaru e Sasuke para deixá-la lidar com tantos homens sozinha? E plano do improviso? Ele só fazia aquilo para irritar Neji, não em uma missão de verdade!

Lembrou-se que ainda tentou chamá-la para fugir com eles, mas Sasuke estava confiante que ela fugiria logo. Mesmo relutante, decidiu por seguir os amigos, quase abrindo um buraco no chão de tanto que andava de um lado para outro na estrada, preocupado até o último fio de cabelo.

E quando Hinata apareceu, sorrindo ao vê-los esperando por ela... o brilho de gratidão estava claro em seus olhos! Naruto ainda pensou em correr até a moça, mas Sasuke foi mais ágil, segurando a jovem antes que ela caísse, desmaiada. O Uchiha a colocou sobre o cavalo cuidadosamente, com a ajuda de Shikamaru, partindo depressa para o castelo. Naruto a observou por todo o caminho, cada vez mais pálida...

Tantos anos esperando para reencontrá-la, e naquelas horas na estrada ele a via cada vez mais próxima da morte...

Mas saber que ela sobreviveria reviveu sua dor, sua decepção, fazendo com que esquecesse o medo que sentiu de perdê-la.

— ... é altamente improvável que Hinata esteja envolvida no sequestro do príncipe Naruto. — Ouviu Tsunade dizer. — Nenhum bandido, por mais cruel que seja, machucaria tanto um comparsa em nome de uma farsa.

Claro que não... a ideia de Hinata se juntar com bandidos para roubar sua coroa era ridícula! Neji nunca se interessou por política, simplesmente por não entender nada a respeito.

Como concordara com aquela acusação de seu pai? Onde estava com a cabeça?

— Aquilo não era falso, senhores. Hinata realmente prezava pelo bem do príncipe Naruto — concluiu a médica.

“Nós dois sabemos que ela nunca seria capaz de trai-lo” a voz de Sasuke ecoou em sua mente, despertando uma lembrança quase esquecida devido a toda dor e adrenalina dos últimos dias.

— O que eu ganharia com o sequestro do meu príncipe? — A voz alta de Orochimaru mexeu com seu nervosismo mais do que esperava. — Aquele que eu vi crescer?

— Minha coroa — respondeu alto.

Naruto enfim se levantou, gerando burburinhos pelo salão. Não conseguiria mais ficar quieto no lugar depois de se lembrar...

Foi então que teve coragem de olhar para Hinata pela primeira vez naquela tarde. Era a primeira vez que a via com os cabelos soltos... estavam diferentes da infância. Antes curtos, agora no meio das costas dela, no mesmo tom negro-azulado de suas lembranças.

— Eu quero falar.

Sua voz baixa ainda foi ouvida pelo juiz. Pelo olhar, o homem perguntou se ele queria sentar ao lado de Hinata, mas Naruto apenas sinalizou que ficaria onde estava.

— Quero dizer o que sei também. — Olhou para a pequena raposa em suas mãos, se perguntando se estava fazendo a coisa certa. Por fim, fechou a mão sobre o pingente, olhando para o público. — Há quatro dias, quando Kabuto me chamou nos jardins, avisando que Sasuke me esperava nos portões, eu apenas lhe perguntei se estava na hora do meu sequestro. Ele fingiu-se de chocado, mas ao ver que eu falava sério, Kabuto apenas confirmou. — Os ofegos das pessoas quase o desconcentrou, mas bastou mirar brevemente os olhos assustados de Hinata para se sentir determinado a continuar. — Então eu o acompanhei até os portões, sem apresentar resistência. Eu não estava com cabeça para discutir... e Kabuto pareceu bem mais tranquilo quando não teve que se preocupar com a patrulha. — Um barulho o distraiu. Dois guardas, Itachi e Lee, se aproximaram da cadeira onde estava Orochimaru, impedindo-o de sair. O semblante apavorado do homem ao vê-lo falar praticamente o entregava. — Entrei na carruagem com Kabuto e deixei que amarrassem minhas mãos e meus pés. Mas antes de me amordaçarem, eu pedi para fazer uma pergunta. — Os lábios tremeram e ele abaixou o rosto. Sua voz poderia trai-lo, mas não deixaria que vissem seus olhos. — Perguntei se Neji tinha algo a ver com aquilo. — O choque de todos foi audível. — Perguntei se ele fazia parte do plano... e Kabuto riu, negando-me. Ele disse... — Hesitou. — Ele disse que sabia que Neji era fiel... que jamais seria capaz de corrompê-lo para que ficasse contra mim.

Não teve mais condições de ficar em pé. Voltou a sentar no trono, incapaz de encarar quem quer que fosse. Sentiu uma mão carinhosa em seu ombro, agradecendo mentalmente pelo apoio da mãe.

É... tinha feito a coisa certa.

Sua mãe não se enganava nunca.

Após seu depoimento, não restou dúvidas ao rei: Hinata falava a verdade.

Quando Minato levantou, todos fizeram o mesmo, inclusive a Hyuuga.

— Eu declaro a senhorita Hinata Hyuuga inocente no crime de sequestro do príncipe-herdeiro. E condeno à forca os senhores Orochimaru e Kabuto Yakushi, pelos crimes de sequestro, traição e conspiração contra a coroa. — Ele olhou para a plateia, parecendo notar naquele instante que Kabuto não estava presente. — Eu ofereço um prêmio de dez mil moedas de ouro para aquele que capturar Kabuto Yakushi e os catorze envolvidos no sequestro de meu filho, e entregá-los a mim.

— Treze, Majestade — Shikamaru falou, orgulhoso, em meio a ansiedade em saber do prêmio. — Um deles Hinata já mandou para o paraíso.

— Treze, então. E mais Kabuto.

Itachi e Lee nunca pareceram tão felizes ao escoltar um homem – Orochimaru, no caso – temporariamente para a prisão.

— Quanto à senhorita... — Minato voltou a falar diretamente com Hinata, mas em bom tom para que todos o ouvissem. — Não posso perdoá-la por ter enganado a minha família por tanto tempo, mas também não posso ignorar o que fez pelo meu filho durante os últimos quatro anos. Sendo assim, condeno a senhorita Hinata Hyuuga a prestar serviços ao castelo durante um ano, sem direito a pagamento. E que escolha e treine incansavelmente o futuro guarda-costas de meu filho. Sem direito a negociações.

O sorriso aliviado e emocionado de Hinata diziam que ela nem pensara na possibilidade de argumentar.

— Obrigada, Majestade.

Minato liberou o público, dando por encerrado o julgamento.

Hinata reverenciou o rei, que apenas a cumprimentou rapidamente. Ela pretendia fazer o mesmo com Kushina, mas a ruiva mandou para longe a formalidade e a abraçou forte, cochichando algo no ouvido da morena antes de se afastar e dar um beijo estalado na bochecha da Hyuuga.

E então Hinata o olhou, hesitante. Naruto não conseguiu se mexer, hipnotizado com aqueles olhos cor-de-pérola. Ela, no entanto, interpretou seu silêncio como uma dispensa, também lhe dirigindo uma reverência e se preparando para ir embora com a família.

— Hinata — ele a chamou um pouco baixo, mas ela o ouvira, virando o pescoço rapidamente em sua direção. — Venha aqui.

Ela obedeceu, se esforçando para conter o sorriso ansioso, abaixando o rosto em respeito.

— Alteza.

Naruto ergueu a mão direita, oferecendo o objeto em sua palma fechada. Hinata prontamente abriu as suas mãos embaixo da dele, arregalando os olhos quando recebeu o colar com a pequena raposinha laranja.

— A-Alteza?

— Minhas buscas se encerraram. — O pesar era nítido em sua voz. — Estou devolvendo para a verdadeira dona.

— Mas... mas foi um presente! — Ela tentou devolver-lhe, mas o homem deu um passo para trás, impedindo o contato. Aquilo doeu em ambos, ele soube quando viu nos olhos brancos. — Eu não pedi para que devolvesse quando voltasse! — Seu tom estava a um degrau do desespero. — É seu! Eu lhe dei! Se não quiser usar, tudo bem, mas é seu! Não o quero de volta!

— Não posso ficar com isto. Não mais.

Hinata fechou a mão sobre o colar, os olhos marejando e o rosto contorcido em dor. Naruto não se deixou mostrar os sentimentos como ela... se o fizesse, desabaria ali mesmo.

— Perdoe-me, por favor — ela implorou. — Eu nunca quis magoá-lo. Mas eu não podia deixar que me encontrasse.

— Por causa de seu emprego?

— Também — respondeu sincera, uma lágrima caindo em seu rosto. — E porque não queria que se decepcionasse comigo.

A confusão deve ter ficado nítida em seu rosto, pois logo Hinata respondeu sua muda pergunta:

— O senhor me idealizou, Alteza... — Ela engoliu em seco, mas não desviou o olhar. — Eu nunca fui a mulher que o senhor sonhava... não sou linda, inteligente, gentil, bondosa... estou mais para um soldado bruto que só pensa em cumprir direito seu trabalho. — Os lábios finos tremeram antes de concluir. — Não sou a mulher perfeita que procurava, Alteza. Nunca serei.

Ela ergueu a mão, oferecendo mais uma vez o colar.

— Por favor, fique com ele. Se não por mim, pela Hinata que foi sua melhor amiga há dez anos... ela o presenteou com todo o seu coração.

Naruto hesitou, mas não voltou atrás com sua decisão.

— Adeus, Hinata.

Outra lágrima caiu no rosto da moça. Ela, porém, não insistiu mais, guardando o colar no próprio pescoço. Enxugou o rosto, respirou fundo e reverenciou o príncipe.

— Adeus, Alteza.

Ela ainda tentou disfarçar o sofrimento em sua voz, mas Naruto também a conhecia bem.

Hinata virou-se e caminhou até sua família, que a abraçou forte. Hanabi ainda distribuiu vários beijos pelo rosto da irmã, aliviada por vê-la “livre”.

No entanto, Naruto ainda viu quando a Hyuuga mais velha, já nos portões, soluçou, sendo amparada pela caçula, que enxugou seu rosto tomado pelas lágrimas.

Ele nunca viu Neji chorar em todos aqueles anos como seu guarda-costas.

Parecia injusto que fizesse Hinata chorar agora, no único dia que a via como mulher.

 


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Notas finais do capítulo

Olá para você que chegou até aqui depois de seis mil palavras! ^^" Gente, eu juro que tentei deixar menor, mas conforme eu ia retirando algumas cenas (tirei 4, por fim), eu fui percebendo que algumas coisas poderiam ficar sem sentido, então devolvi algumas e aumentei (mais) o capítulo. Mas qualquer dúvida, podem me perguntar, ok? Eu vou explicar tudinho! ♥
E perdão pelo final triste! Por mais que Naruto tenha ajudado na absolvição de Hinata, eu não podia colocá-los juntos depois disso, como se nada tivesse acontecido. =/ Não é algo fácil de perdoar, então vou retratar isso no próximo capítulo... mas prometo que tem final feliz, tá? ^^"

Quero agradecer fortemente aos nove acompanhamentos, aos três favoritos e também a Luciana Neves e thai carvalho pelos comentários no último capítulo! E, é claro, à presenteada, __Nathy__, que tem me deixado mais boba a cada comentário! ♥

Espero que tenham gostado do capítulo! ♥
Até o próximo (e último)! =*



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