Visitors escrita por keyci


Capítulo 14
Capítulo 14: O treinamento e a árvore


Notas iniciais do capítulo

agora sim a coisa começa a pegar fogo
os sonhos da Nick vão começar a acontecer!
BOA LEITURA =*



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O sonho havia se repetido todas as noites durante uma semana. O frio intenso, as três montanhas e o desespero. Os olhos vermelhos monstruosos que pareciam querer me devorar de uma forma que eu sentisse muita dor e então eu acordava. A cada noite eu acordava com uma necessidade de ir para aquele lugar, e enfrentar o que estava me encarando. Alguma coisa ia muito errada e estar presa naquele Acampamento não me ajudava em nada.

O chalé dos visitantes finalmente estava pronto e todos nós dormíamos lá agora, o que me complicava por causa dos pesadelos. Muitas vezes Roselyn acordava assustada por causa dos meus gritos desesperados e eu simplesmente dizia a eles que não me lembrava do que estava sonhando. Não me pergunte por que, mas eu sentia que eles não deviam saber da mesma forma que não deviam estar lá. Apenas eu.

Estava andando com Annabeth e suas irmãs, comentando sobre qualquer coisa quando uma luz surgiu sobre todo o acampamento. Todos haviam parado para admirar o conjunto de luzes que flutuavam em algumas curvas. Era a aurora boreal. Engoli em seco pensando se devia correr ou não, pois sabia exatamente o que aquilo representava.

_Droga – disse em desalento.

Andei o suficiente para ficar afastada de todos e logo escutei o som de galope. Não demorou para que da aurora boreal surgissem três cavalos alados e sobre dois estavam montado duas mulheres com armadura prateada reluzente e um magnífico elmo na cabeça. Eram Kara e Mist, minhas mentoras em batalha. O terceiro cavalo alado era o meu grande companheiro Johan, não o mais forte e nem o maior, mas com certeza o mais habilidoso. A diferença dos cavalos alados para pegasus era que eram mais peludos com olhos azuis e um pouco maiores em tamanho e volume.

_Kara, Mist – cumprimentei em uma reverencia de respeito.

Elas fizeram seus cavalos pousarem na minha frente, desceram e tiraram o capacete mostrando as belas donzelas que eram. Eram gêmeas e eu era uma das raras pessoas que conseguiam identificar quem era quem, ambas tinha o mesmo cabelo castanho liso, a mesma estatura alta e uma beleza incomum. Todos no acampamento estavam surpresos demais para falar alguma coisa ou se intrometer.

_Espero que não tenha imagino que teria escapado de nós – Kara aproximou-se me deu um braço caloroso.

_Já estava começando a sentir falta de vocês, mas não me interpretem mal, mas não senti falta do treinamento – disse enquanto a abraçava.

_Por azar então viemos acabar com sua felicidade – riu Mist – Pedi a sua mãe para que treinasse um tempo conosco, se você ao menos estivesse se esforçando aqui, mas prefere ficar conversando com os olimpianos.

_Estava apenas seguindo a risca a parte de entrosamento – defendi-me fingindo estar ofendida, mas parecia que era em vão.

Aproximei-me de Johan e ele brincou com meu cabelo demonstrando saudades. Ele tinha a pelugem branca reluzente, mas os cabelos em suas patas eram realmente prateados. Tyler, Ryan e Rosalyn não demoraram a aparecer e começar a conversar animados com as Valkyries. Eles sentiam falta do contato com coisas da nossa terra gélida.

_Estamos partindo apenas por alguns dias – avisou Mist – Antes que Nicole enferruje de vez.

_Quanta boa fé em mim – ironizei.

Mas eu montei Johan com habilidade e já derrotada. Eu não poderia discutir com elas, nunca fui capaz de encontrar um argumento para conseguir fugir dos treinos pesados. Mist e Kara já estavam colocando seus elmos novamente e montando os seus cavalos alados quando senti uma mão quente segurar a minha. Olhei para baixo e sentir meu coração da um pulo.

_O que está acontecendo Nick? – perguntou Eric me olhando preocupado – Quem são elas?

Não sei dizer qualquer coisa sobre mim e Eric, nosso relacionamento maior parte do tempo era apenas treinar arco e flecha o que graças a ele eu estava mesmo melhorando. Mas era sem dúvida o olimpiano com quem eu mais gostava de ficar... Não, era o que eu mais queria ficar perto. Eu não afastei a mão dele, estava gostando mais do que devia daquilo e talvez fosse a ultima vez que sentiria ele tão perto. Olhei para baixo, já que eu já estava montada em Johan.

_Elas são Valkyries, guerreiras que buscam as almas dos guerreiros e servem a Freya, minha mãe. Elas são minhas mestras em batalha, vieram me buscar para retornar ao treino por alguns dias – respondi.

_Muito tempo? – Eric perguntou parecendo triste.

_Não mais que uma semana espero. Ou elas que terão de levar minha alma para Valhalla – contei tentando sorrir.

_Se não quer ir não vá, é um treinamento pesado como disse, como irá suportar... É tão gentil e...

_Não se preocupe – o interrompi e sorri grande – Minha mãe é Freya, sou a pessoa mais qualificada a receber esse treinamento.

Finalmente soltei a minha mão da dele e vi o desapontamento nos olhos dourados que eu adorava fitar. Tentei não mostrar minha própria decepção por me afastar assim dele, mas lutei para não demonstrar isso. Acenei para meus companheiros e para os olimpianos antes de incitar Johan e voar para a aurora boreal seguida por minhas mestras.

Seguimos viagem para Asgard, iria treinar em campos especiais e que sempre acabavam comigo e me faziam passar outra semana em um spa.

_Quem era aquele garoto? – perguntou Kara.

_Que garoto? – tentei fingir desentendimento.

_O que você segurou a mão – explicou Mist.

_Ah sim, é Eric Donavan, ele é um dos filhos de Apolo e estava me ensinando arco e flecha.

_Hmm... Nunca vi você com nenhum outro garoto tão perto – Kara comentou.

Fiz Johan voar mais rápido para que nenhuma delas me visse corar. O que diabos afinal estava acontecendo comigo? Não demorei a avistar Bifrost, o arco-íris que era o caminho para Asgard. Passei galopando por Heimdall, o deus protetor da entrada de Asgard. Ele sorriu e acenou de volta. Fui para o conhecido campo de treinamento, um campo onde havia basicamente os quatro elementos em um lugar só, era um lugar especial e mágico em Asgard. A frente um terreno arenoso, representando o deserto, ao lado dele havia um forte e intenso mar e atrás outro deserto, só que de neve. Havíamos pousado no quarto terreno, um enorme campo.

_Vamos começar com espadas de duas mãos – instruiu Mist sem perder tempo.

Desci de Johan, fiz alguns alongamentos e me concentrei. Logo a cobra em meu bracelete cresceu em segundos para a minha mão fazendo aparecer uma linda espada. A cobra cresceu para trás, passando sua calda de um ombro a outro, descendo por todo o meu outro braço fazendo uma espiral e criando uma espada idêntica a outra na minha mão livre. Girei as espadas para pegar o jeito novamente.

Kara e Mist já estavam equipadas e começaram a atacar. Eu tentei me defender o máximo que podia, mas eu estava mesmo sem pratica. A luta com Sandra era nada comparado com aquilo. Havia caído com facilidade várias vezes o que deixou minhas mestras irritadas. O pior do treinamento era que ali, naquela parte de Asgard, não seria necessário que parasse para se alimentar, dormir, ou fazer qualquer outra coisa que não fosse lutar. O tempo também era outra questão, eu poderia passar uma hora ali e ter se passado um minuto no mundo humano. Um lugar magicamente planejado para treinamento.

Mas assim que eu saia de lá estava acabada, ainda pior do que quando usei o feitiço de cura. Entretanto eu tinha um motivo a mais para lutar com todo o meu vigor, eu sabia que algo estava para acontecer no país do gelo, algo muito sério e grande, literalmente. Eu precisava estar bem treinada se quisesse sobreviver àqueles olhos vermelhos famintos.

Por isso não me poupei de esforços apesar de meu lado vaidoso reclamar. Treinei com as Valkyries todos os estilos que eu pude, criei novas estratégias e aprendi novas. Esperava que pelo menos com aquilo eu pudesse no mínimo sobreviver ao que o destino me reservou. Estava em um momento raro de folga sentada perto da ponte de Mimir, enquanto as Valkyries discutiam planos de guerras ou como a falta de guerreiros honrosos em Midgard.

Fiquei observando distraída a água que descia da ponte. O Deus Mimir era um dos primeiros gigante, possuidor de uma sabedoria vinda diretamente da Yggdrasil, a árvore que ligava todos os nove mundos nórdicos e era uma das nossas principais fontes de poder e de sustento. Odin havia sacrificado o seu olho para poder beber da ponte de Mimir e por um momento eu fiquei tentada a descobrir o que aquelas águas poderiam revelar.

Foi então que eu escutei um som estranho. Olhei para as guerreiras e Mist estava discutindo algo trivial com suas irmãs. Não havia mais ninguém naquela parte de Asgard, até que eu escutei o som de novo, mas dessa vez era o meu nome. Virei para a enorme árvore Yggdrasil e a sentir vibrar. Certo, pode parecer estranho, mas o que na vida de um semideus não era estranho?

_Nicole...

Mas uma vez escutei a árvore chamar o meu nome. Eu não duvidava disso, não era a coisa mais louca se você parasse para pensar que aquela árvore era o eixo do mundo e era uma das coisas mais poderosas de Asgard. Chamar o nome de alguém deveria ser algo mínimo. Quando meu nome foi pronunciado mais uma vez me levantei, olhei paras as Valkyries e vi que estavam distraídas o suficiente para que eu avançasse.

Era totalmente proibido aproximar-se da Yggdrasil, um fruto daquela árvore poderia curar qualquer coisa ou lhe revelar segredos da humanidade. Ali em Asgard havia apenas os seus galhos ligando os palácios, o mais alto era onde ficava o palácio de Odin. O tronco era Midgard e as raízes mais profundas eram... Niflheim o mundo do gelo eterno. Onde estavam as montanhas e aqueles olhos monstruosos.

Aproximei-me mais, sem pensar em mais nada e ousei tocar a árvore. Foi então que tudo aconteceu. Não deu tempo nem ao menos de gritar, o mundo começou a se desmaterializar bem a minha frente, tudo girou e ia desaparecendo virando fumaça em segundos. Dei meia volta querendo ver as Valkyries, mas a ultima coisa que eu vi foi Kara dando risada e sumindo aos poucos até restar o escuro ao meu redor.

Então eu comecei a cair. Estava bem no meio de um nada e caindo, eu sentia o vento batendo no meu corpo, a sensação da gravidade me puxando mas continuava escuro como o breu. Até que meu corpo chocou-se com algo, o choque foi tão grande que meu corpo pulou novamente e caiu sobre a superfície fria.

Abri meus olhos. Eu os havia fechado e nem havia percebido, talvez por isso fosse escuro. Ta eu não sou tão idiota, apenas aconteceu e eu não me toquei. O que eu vi, porém, foi neve. Muita neve. Levantei-me sentindo dores nas costas e nos joelhos, limpei a neve da minha armadura. Por sorte eu ainda estava com minha armadura prateada e não demorei a achar meu elmo enterrado sobre a neve. Ele era prateado como o resto da minha armadura, mas nos formatos de asas ao seu lado, símbolo das Valkyries, as penas eram pintadas de vermelho com fios dourados. Finalmente olhei ao meu redor.

Neve. Frio. Não havia dúvidas de onde eu estava. Não havia dúvidas de que a Yggdrasil me jogou naquele mundo para cumprir o meu destino. Encontrar-me com aquelas três montanhas e finalmente encarar aqueles olhos monstruosos em tom de rubi. Segurei o meu elmo mais firme e conferir o bracelete no meu braço antes de começar a andar. E por mais bobo que fosse eu sorrir, não havia ficado parado no lugar, havia avançado.

_Certo Nick, agora é a hora de sua prova de fogo... ou de gelo – falei tentando me motivar.

Mal havia fechado a boca escutei um relincho. Johan apareceu galopando a centímetros da neve. A confusão e a felicidade me dominaram.

_Johan, o que faz aqui? – perguntei surpresa.

Ele apenas relinchou e fez gestos com sua cabeça para que eu montasse. Não entendia nada do que ele dizia claro, mas os cavalos alados entendiam sempre o que você falava. Montei e deixei que Johan me guiasse, não estava com tanta pressa assim de encarar o meu destino apesar de saber que era inevitável.


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Notas finais do capítulo

Valhalla é o local onde os guerreiros vikings eram recebidos após terem morrido, COM HONRA, em batalha. As Valkyries tem como uma das funções recolher essas almas.