30 Day OTP Challenge escrita por Sue2011


Capítulo 8
Capítulo 8 - Stay Strong


Notas iniciais do capítulo

Dia 08- Shopping
Gênero: Angst,Drama, Romance
Breve Descrição: Aquele em que Rosalie e Emmett tem que lidar com uma dolorosa perda.



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Poucos momentos na vida de um casal se comparam a plenitude de se descobrir pais pela primeira vez. Num instante se é marido e esposa e no minuto seguinte tudo se transforma e a consciência de que você será responsável pela vida de um outro ser muda completamente sua perspectiva.

Rosalie e Emmett estavam presos naquela aura de felicidade e deliciosa incredulidade depois de receberem a notícia dada por Ângela Cheney, a médica que vinha acompanhado o casal desde que eles começaram a longa caminhada para se tornarem pais. A médica havia se retirado da sala deixando que os dois aproveitassem a novidade sozinhos.

—Nós conseguimos, meu amor. Vamos ser pais, Rose. Vamos ser pais – Emmett estava ajoelhado de frente a sua esposa acariciando o rosto suave, enxugando as silenciosas lágrimas de alegria que deslizavam pelas bochechas rosadas. Pouco parecia importar que estivessem num consultório médico, um ambiente neutro e informal que não era capaz de fornecer o aconchego que o momento pedia.

—Obrigada, obrigada, obrigada. – Rosalie agradecia enquanto se agarrava a Emmett correspondendo a todo amor que o marido transmitia com seus toques gentis. Os braços dela envolveram o pescoço de Emmett puxando-o para mais perto e ela aninhou a cabeça em seu peito sentindo os espasmos que provavam que Emmett assim como ela chorava de emoção.

Fazia mais de dois anos que tinham recebido a difícil notícia que não conseguiam ter filhos devido a uma doença muito comum em mulheres que comprometia a saúde e a mobilidade das tubas uterinas dificultando o transporte do ovócito e diminuindo consideravelmente as chances de fecundação. Endometriose, esclareceu a doutora Ângela, era uma doença que acometia muitas mulheres e estava entre as mais prevalentes causas de infertilidade e dificuldade de concepção.

Na época a notícia deixara Rosalie e Emmett arrasados, já fazia seis meses que eles haviam parado o uso dos métodos contraceptivos ao decidirem que estavam preparados para expandir a família. A cada novo mês as esperanças se renovavam apenas para serem frustradas com os resultados negativos dos testes de gravidez, até que por fim resolveram procurar ajuda médica.

A doença não tinha cura, explicou-lhes cuidadosamente a médica, mas havia tratamento e se eles se dispusessem a seguir as orientações e realizar os procedimentos cuidadosamente havia chances de pudessem tentar novamente com maior probabilidade de sucesso. Emmett e Rosalie conversaram a respeito e resolveram que valia a pena tentar.

Agora, depois de onze meses de tratamento e dois meses de tentativa recebiam a notícia de que tinham conseguido, seriam pais.

—Eu amo você. – Emmett voltou a falar com a voz embargada depositando um beijo suave nos cabelos loiros. – Esse é o melhor presente que você poderia ter me dado e eu estou tão feliz. Qualquer palavra que eu diga não será capaz de transmitir a profundidade do que eu estou sentindo Rosalie. – Ele a abraçou mais forte enquanto chorava como um menininho que recebe um presente a muito tempo esperado e naquele momento ele só podia agradecer a Deus por ter colocado aquela mulher em sua vida e por lhe oferecer tanto mesmo que ele não merecesse.

—Fomos agraciados Emmett, depois de tudo pelo que passamos nós fomos agraciados com essa benção. – Ela ergueu a cabeça do peito dele e beijou seus lábios lentamente se afastando em seguida para encostar a testa na dele. Ambos se encararam em silêncio por um minuto inteiro. Os olhos brilhavam como incontido amor e nenhuma palavra seria suficiente para expressar a felicidade pela benção recebida.

X

Os meses seguintes foram de muitos ajustes e mudanças, desocuparam o quarto que Emmett usava como escritório para trabalhar em casa para ser o quarto do bebê por ser o mais próximo do quarto do casal, Rosalie teve que diminuir a carga horário de trabalho na companhia de decoração onde atuava por se tratar de uma gravidez com maior risco. Felizmente o casal podia contar com o apoio dos familiares e amigos. Edward, Bella, Alice e Jasper vibraram com a notícia tanto quanto o casal e estavam ansiosos para receberem o sobrinho ou sobrinha quem viria. Mais do que ninguém eles acompanharam de perto a luta dos amigos para poderem ter seu sonho realizado.

Naquela manhã de domingo Rosalie acordou animada, levantou antes das sete e começou a preparar o café da manhã, sua barriga de cinco meses estava proeminente por baixo do vestido florido que usava. Mal podia conter a excitação, Emmett estava de folga do trabalho e eles iriam ao shopping para comprar juntos as primeiras roupinhas do bebê. Já haviam recebido um par de sapatinhos de tricô dados por Alice e Jasper e um macacãozinho colorido com estampas de ursos, presente de Edward e Bella. Esme e Carlisle, seus pais, haviam auxiliado na decoração do quarto do bebê, todos muito empolgados em ser uma partezinha daquela felicidade.

Mas aquele dia era especial, era algo somente dos dois. Nenhum deles tinha tocado no assunto anteriormente, porém preferiram deixar para organizar tudo com mais calma após o primeiro trimestre da gravidez que era o que tinha maiores chances de que ocorresse um aborto espontâneo. Felizmente nada ocorrera e seu bebê continuava firme, forte e muito amado.

—Bom dia, amor. – Murmurou um Emmett sonolento abraçando a esposa e acariciando sua barriga. – Bom dia garotão.

Rosalie riu divertida.

— Você acha que é menino? – Perguntou embora a resposta fosse óbvia. Emmett bufou enquanto colocava pratos e copos na mesa e servia uma xícara de café para si mesmo.

—Eu não acho, eu tenho certeza. - Sua convicção era inabalável e fazia Rosalie se divertir. Eles haviam decidido não saber o sexo do bebê até o momento do parto, mas Emmett jurava que era um menino e sempre se referia ao filho como garotão. Tinham realizado uma ultrassonografia no início do mês para checar como estava o desenvolvimento do bebê, mas não tinham se preocupado em perguntar o sexo.

—Bem eu não me importaria em ter um garotinho correndo pela casa, desde que ele não puxasse sua personalidade horrível. – Ela comentou sentando-se a mesa e bebendo seu chá de camomila.

—Há,há, muito engraçada.- Ele fingiu estar zangado mas estendeu a mão por sobre a mesa alcançando os dedos de Rosalie e circulando a aliança dourada em seu dedo anular. – Você está se sentindo bem para sairmos hoje? Sabe que podemos esperar mais um pouco. – Ofereceu com gentileza.

Na última semana Rosalie passara mal algumas vezes e até o dia anterior havia ficado um pouco receosa, de certa forma sair com Emmett para fazer compras para o seu bebê tornava tudo mais real e definitivo e ela ainda tinha medo que de alguma forma aquela felicidade pudesse ser arrancada deles.

Ela sorriu com os olhos lacrimejando, malditos hormônios da gravidez, não podia ter ninguém sendo gentil e de repente já estava chorando como uma criança.

—Não, está tudo bem. Eu estou pronta, Emmett. Vamos fazer isso. - Ela entrelaçou seus dedos aos dele recebendo um aperto de encorajamento em resposta. E naquele momento Rosalie teve certeza que poderia fazer qualquer coisa desde que tivesse aquele homem ao seu lado. Não precisava de palavras para saber que Emmett sentia-se da mesma forma. A verdade brilhava em seus olhos, afinal de contas o marido era transparente como um rio de águas cristalinas. E ela o amava justamente por isso.

X

—O que você acha desse?- Emmett perguntou enquanto segurava uma camiseta branca com desenhos do Bob Esponja e sua turma. Rosalie o encarou e caiu na gargalhada.

—Está lindo, amor. Mas, Emmett, você tem que prestar atenção na faixa etária. Essa roupa é para crianças a partir dos seis meses. – Ela voltou a rir tomando a camiseta das mãos do marido. Emmett franziu o cenho e deu de ombros.

—Uma hora o bebê vai fazer seis meses não vai? Então porque não comprar logo? - Disse ele recuperando a peça e colocando na cestinha de compras. Rosalie balançou a cabeça mas deixou a peça onde estava, não adiantava discutir com Emmett e tinha que admitir que a camisetinha era muito fofa, ainda que fossem demorar um tempão para poder usar.

—Certo. Mas lembre-se que precisamos de roupas para recém-nascidos. Se depender de você só vamos vestir o bebê a partir dos seis meses. – Voltou a rir divertida enquanto acariciava a barriga, um gesto com o qual se acostumara e que agora acontecia de forma inconsciente, era comum o bebê se mexer ao ouvir sua voz e Rosalie gostava de ter essa sensação sob sua palma.

Emmett deu língua para a esposa.

—E você? O que está olhando aí? - Ele perguntou se aproximando e parando ao lado de Rosalie que segurava vários parzinhos de luvas e meias. – Minha nossa como isso é pequeno! – Exclamou surpreso.

—Emmett....Não vamos ter um bebê gigante, claro que as roupas são pequenas. Mas numa coisa você está certo, a maioria das coisas se perde no primeiro mês, eles crescem rápido. -  Foi a vez do marido rir e acariciar a barriga da esposa.

— Você soa como se estivesse imaginando ele indo para a faculdade. – Provocou segurando as luvinhas com as mãos, sentindo a textura macia. Seu coração bateu rápido no peito ao imaginar que dali a quatro meses estaria com uma criaturinha daquele tamanho em seus braços grandes e desengonçados e era a verdade que por mais assustado que ele se sentisse com a perspectiva ele mal podia esperar para que o dia chegasse.

Uma vendedora se aproximou naquele momento com um sorriso gentil nos lábios.

—Bom dia, será que eu posso ajudá-los?

Emmett leu o nome do moça no crachá do lado esquerdo do seu uniforme.

—Olá Kate, bom dia. Nós vamos ter um bebê.- Falou com orgulho fazendo Rosalie revirar os olhos. Como se sua barriga enorme e o fato de estarem numa loja de roupas de bebê não fossem indicação suficiente. –Estamos escolhendo as roupas. Obrigado pela oferta, mas não precisamos de ajuda.

—Na verdade, - Rosalie interrompeu. – Nós gostaríamos de ver as roupas para recém-nascidos.

—É o primeiro bebê de vocês – Perguntou Kate, simpática.

—Sim- Disseram em uníssono.

 - Meus parabéns. Muita felicidade e aproveitem. São momentos mágicos e muito especiais. Diferente em cada gravidez, acreditem em mim, eu e meu marido Garrett temos três. Bem, venham comigo. Recebemos ontem coleções maravilhosas.

Rosalie riu gostando imediatamente da mulher. Com os dedos entrelaçados aos de Emmett seguiram a vendedora aproveitando cada minutinho daquela experiência. Voltaram para casa com muitas sacolas nas mãos e uma sensação de ansiedade na boca do estômago. A cada passo dado almejavam mais e mais pelo futuro sem esquecer de curtir ao máximo o presente. E de uma coisa estavam certos: dariam todo o amor de seus corações para aquele bebê que nem viera ao mundo ainda, mas já os conquistara completamente.

X

As coisas se tornaram nebulosas numa madrugada de quarta-feira, dois meses depois. Rosalie estava inquieta na cama tentando achar uma posição para dormir. A barriga de sete meses dificultava ficar confortável, não conseguia ficar de barriga para cima e as vezes cansava-se de dormir de lado, então perambulava pela casa até tarde da noite a ponto de ficar sonolenta, entretanto Emmett tinha uma reunião importante no trabalho no dia seguinte e precisava dormir cedo e ele se recusava a deixa-la sozinha passando por uma noite desconfortável, assim sempre que ela estava com insônia ele se ocupava em entretê-la. Por isso naquela noite Rosalie deitou ao seu lado na cama e ficou quieta para que ele pudesse dormir e ter um bom dia de trabalho na quinta feira.

Por volta das três da manhã o incômodo se transformou em dor e a inquietação deu lugar a uma sensação ruim na boca do estômago que se transformou em pânico ao sentir algo quente escorrendo entre suas pernas.

—Emmett!- Chamou desesperada fazendo com que o marido acordasse em desespero apenas para encontrá-la com as mãos protetoramente sobre a barriga enquanto empurrava as cobertas com os pés se deparando com uma mancha de sangue nos lençóis. – Nosso bebê!

Rosalie chorava desesperadamente ao ser tomada nos braços pelo marido enquanto ele pegava um celular e ligava para o hospital avisando que estavam indo. Correndo pelo estacionamento com a esposa em seus braços Emmett pensou que nunca antes se sentiu tão assustado em toda sua vida, seu coração batia descompassado no peito e ele só conseguia rezar por um milagre.

Emmett não lembrava como ele conseguiu chegar no hospital, não lembrava do que tinha acontecido depois disso, a única coisa que ele lembrava com clareza era das portas da ala de emergência se fechando enquanto enfermeiros levavam sua esposa e seu bebê para longe e naquela sala de espera ele sentou no chão e chorou como nunca antes tinha chorado em seus trinta anos de vida.

X

—Nós sentimos muito, Emmett. – Alice disse abraçando-o suavemente à guisa de despedida. Jasper balaçou a cabeça positivamente como se concordasse. Ele não precisava falar nada para que Emmett visse compaixão em seus olhos castanhos.

—Ligue se precisar de qualquer coisa. – Edward ofereceu dando um aperto em seu braço.

— Estamos aqui para ajudar no que precisar. – Bella complementou.

—Obrigado, pessoal. Isso é muito importante para nós. Eu vou entrar agora, não quero deixar a Rose sozinha. – Os quatro assentiram e saíram do apartamento deixando Emmett sozinho no hall de entrada. Ele respirou fundo sentindo um aperto no peito e os olhos encherem de lágrimas, mordeu os lábios tentando controlar aquela dor que parecia lhe dilacerar de dentro para fora. Precisava ser forte.

Rosalie tinha recebido alta há três dias. Infelizmente os médicos não tinham conseguido salvar o bebê, houve uma complicação e um processo de aborto espontâneo havia se iniciado, eles conseguiram conter o sangramento e tentaram induzir o parto mas havia muitos ricos envolvidos tanto para Rosalie quanto para o bebê e quando finalmente tinham conseguido retirar o bebê ele nascera fraco e com problemas para respirar, ficou internado na incubadora por cerca de quatro horas até que faleceu.

Um garoto. Do jeito que eles imaginaram. Emmett engoliu o bolo em sua garganta e forçou seus pés a se moverem na direção do quarto que ficava ao lado do seu. Sabia que Rosalie estaria lá. Sua esposa estava desolada e ele sabia que demoraria muito para que as feridas sarassem e ainda assim as cicatrizes estariam lá.

Empurrou a porta sendo recebido por um quarto com decoração branca e verde, nas paredes desenhos de animais  e anjinhos, nuvens que lembravam algodão doce, o berço, a cômoda, o trocador de fraldas, tudo estava lá, intocável. Encolhida do outro lado da parede com um ursinho de pelúcia em mãos estava sua esposa, ainda usava a camisola com que se deitara noite passada, Emmett sabia que ela não tinha dormido, olheiras profundas marcavam sua pele e havia tanta tristeza em seus olhos que Emmett sentiu seu coração se dilacerar um pouco mais. Estava arrasado mas sabia que Rosalie devia estar ainda pior.

Não disse nada, não haviam palavras que pudessem aplacar a dor naquele momento. Apenas sentou-se ao lado de Rosalie no chão e a puxou para seu colo.

As mãos dela fecharam-se em sua camisa, sua cabeça tombando sobre seu peito e um som agoniado rasgou sua garganta enquanto ela colocava toda dor para fora. A dor da perda, a dor de sonhos destruídos, o vazio. Emmett fechou seus braços protetoramente ao redor dela e chorou junto com sua mulher, pois por mais que os amigos sentissem muito, por mais que eles os apoiassem e ele reconhecesse a importância daquele suporte, nenhum deles poderia entender realmente, nenhum deles era capaz de sequer imaginar a dor da perda de um filho tão esperado. Só quem passou por aquela situação poderia entender todas as sensações envolvidas.

Rosalie chorou por muito tempo e ao final ela não saberia dizer se tinham se passado alguns minutos ou muitas horas, nunca imaginou que pudesse existir algo que doesse tanto. Emmett não lhe disse que tudo ficaria bem e que aquilo ia passar e ela ficou grata por isso, não queria ouvir essas palavras, ao invés disso o marido a apertou ainda mais em seus braços, quase a ponto de que ela se fundisse nele e se transformassem um só, e lhe disse.

—Eu estou aqui. Eu sempre vou estar aqui não importa o que aconteça. Vamos superar.

E de alguma forma as palavras trouxeram conforto para o seu coração e ela assentiu, cansada.

—Durma meu anjo e quando você acordar eu ainda estarei aqui.

Rosalie fechou os olhos se deixando levar pelo calor dos braços do marido e pela segurança do amor que sentiam um pelo outro e pela primeira vez desde que soubera que havia perdido seu bebê, Rosalie pensou que ainda havia esperança, uma hora a dor cederia e eles seguiriam em frente. Tinham um ao outro e aquilo era mais do que suficiente, por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Oiii Gente
Olha eu aqui com um capítulo bem bad
Pq afinal nem só de comédia e alegrias vivem as fanfics neh não?
Ai meu coração ta pequenininho
Foi impossível não ficar triste ao escrever esse capítulo
Eu só conseguia pensar nos tantos casais que passam por situações como essa e em como deve ser difícil lidar com isso
E quero deixar aqui essa mensagem de que por mais difícil que seja a situação é importante manter a esperança e saber que uma hora o sol volta a brilhar
Por hoje é isso pessoal
Beijos e até amanhã



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