30 Day OTP Challenge escrita por Sue2011


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Solteirona e o Libertino ( Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Dia 05- Kissing
Gênero: Romance, Comédia
Breve Descrição: Aquele em que Rosalie tenta proteger sua irmã do libertino Edward Masen, mas no meio de tudo isso pode ser o seu coração quem precise de mais proteção contra os avanços impiedosos do Duque Emmett McCarty.

P.s: Não está betado
Perdoem os erros



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—Você está no jornal outra vez, Bella. – Rosalie comentou enquanto deixava que os olhos passeassem pela página do jornal. O Ano era 1824 e ela lia a coluna de Crônicas da Sociedade. Onde basicamente eram publicados todos os escândalos dos grandes nomes da sociedade bem como críticas e notícias a respeito dos saraus e outros eventos a que eram obrigados a comparecer.

Estavam na sala de visitas, um ambiente ricamente decorado com quadros de paisagens rurais de Londres e outros que mostravam a agitação urbana dos grandes centros, as paredes eram de um tom azul celeste que combinavam com as cortinas brancas de detalhes dourados. No centro da sala havia uma mesinha de centro sobre um tapete felpudo com mesclas de tons azuis e brancos em degrade. Sobre o tampo de vidro repousava um conjunto de xícaras de porcelana cheias até a metade onde o chá era servido todos os dias e sua família podia desfrutar da companhia uns dos outros. Mais ao fundo um piano de cauda preto e lustroso estava fechado aguardando que alguém se dispusesse a tocá-lo.

— Hã? – Isabella parecia muito perdida em seus pensamentos enquanto lia outra sessão do jornal, os folhetins. Eram romances em que a cada edição saia um novo capítulo e o principal público eram jovens sonhadoras como a sua irmã mais nova. – O que você disse, Rose?

Isabella piscou seus grandes cílios castanhos como se não tivesse certeza de que a irmã havia ou não se dirigido a ela e Rosalie quase revirou os olhos por esse motivo. Sua irmã era uma sonhadora, vivia com a cabeça nas nuvens e tinha a forte de tendência de sempre procurar o melhor nas pessoas mesmo que não houvesse muito de bom para ser encontrado, era por isso que a mais velha via a necessidade de protegê-la.

 Rosalie já tinha vinte e oito anos, era uma solteirona convicta e muito satisfeita com seu status, tinha um olhar crítico sobre a sociedade e uma língua ferina que parecia capaz de afastar os pretendentes mais desavisados.  Isabella por outro lado estava em sua primeira temporada e fazendo muito sucesso. O rosto em formato de coração somado aos olhos e cabelos castanhos lhe davam uma aparência encantadora e obviamente o seu jeito doce e fácil de conversar com as pessoas conquistara muitos cavalheiros.

— Eu disse que você está no jornal outra vez. – Rosalie repetiu insatisfeita.

— Leia para nós querida. – Pediu Esme, sua mãe, enquanto colocava gotas de leite e um torrão de açúcar no próprio chá e o mexia com uma colher. Ela estava sentada no outro sofá junto com Isabella e de frente para a figura da loira.

Rosalie pigarreou e começou a ler o periódico conseguindo inclusive a atenção de seu pai, Carlisle. Era um homem simples e que adorava a vida no campo longe de toda agitação da cidade apesar disso sempre as acompanhava durante as temporadas para apoiar a esposa na busca por um marido adequado para as filhas, era pouco usual que homens se envolvessem naqueles assuntos e era a verdade que Esme sozinha era capaz de conseguir um imenso número de pretendentes para suas meninas.

—“O amor floresce rapidamente neste início de temporada, muitos jovens senhores já dão indícios de terem suas eleitas para fazer a corte e quem sabe conseguir torna-las suas futuras esposas. Entretanto, nenhuma das damas dessa temporada parecem brilhar tanto quanto milady Isabella Cullen a qual tem despertado cada vez mais o interesse de notórios cavalheiros como o Barão Newton e o jovem Marquês Black. A lista de pretendentes cresce a cada dia e a felizarda dama está sempre a ocupar a pista de dança com o seu cartão de requisição lotado de solicitações, ao contrário de sua adorável irmã, Lady Rosalie Cullen que é sempre vista junto as matronas e demais solteironas nos assentos espelhados pelos cantos do salão. A despeito de todas as opções que tem a sua disposição a jovem lady Cullen já parece ter feito sua escolha, o famigerado libertino lorde Edward Masen, herdeiro do ducado de Forks e que dizem as más línguas tem rendimentos mensais capazes de cobrir com folga os de seus adversários na corrida pela mão de lady Cullen.  O casal já foi visto diversas vezes em animadas conversas nos salões de bailes e no último sarau a que compareceram, milorde Edward ocupou mais de duas danças unicamente com lady Isabella. E nos foi passado de fonte segura de alguém próximo ao futuro duque de Masen que ele pretende pedir a mão de lady Isabella antes da próxima volta de lua. Fiquemos todos no aguardo do desfecho desse avassalador romance. ”

Por um momento todos ficaram e silêncio na sala e Rosalie sentia o rubor subir por seu rosto diante da raiva que se acumulava em seu peito.

— Não ligue para o que eles dizem, Rose, sabe o quanto esses jornais são sensacionalistas. E acredito que quase ninguém leia essa coluna, você não é uma...

— Solteirona? – Rosalie riu diante da hesitação da irmã com o uso da palavra. – Acha que estou irritada pelo que falaram de mim? Eu não ligo a mínima para isso Bell, eu sou uma solteirona e todos os dias agradeço a Deus por isso. Eles insinuaram que você está preferindo lorde Masen por sua fortuna, o que absolutamente é verdade e ainda fazem insinuações como se você fosse aceitar qualquer pedido desse libertino amoral. – Rosalie teve que controlar-se para não amassar o jornal e fazer picadinho dele. Como se sua irmã algum dia cogitasse a possibilidade e unir-se a alguém que certamente só iria machucá-la.

Foi a vez de Isabella corar e apertar os dedos firmemente como sempre fazia ao ficar nervosa levando Rosalie a arquear uma sobrancelha para ela.

— Bem, é fato que milorde Masen como muitos outros homens, já levou uma vida desregrada, mas isso são coisas do passado que não devem ser levadas em consideração. E você sabe o que dizem por aí, libertinos regenerados acabam por se tornarem os melhores maridos. – Sua mãe disse com uma expressão de sabedoria enquanto bebericava o seu chá.

—Isso não faz o menor sentido. Libertinos só querem uma coisa de moças decentes e posso lhe dizer que não é casamento! – Esbravejou, mas foi ignorada por Isabella que deu seu ponto de vista como se Rosalie não tivesse se manifestado.

— Milorde Edward é muito gentil. É um homem educado, sempre me ouve com bastante atenção em nossas conversas e descobrimos que temos muitas coisas em comum. - Isabella defendeu o pretendente corando ao receber um olhar ferino de Rosalie. Será que só ela via o quanto aquela história de libertino regenerado não fazia sentido algum?  Homens como Edward só estavam interessados em uma coisa: diversão. Eles não ligavam a mínima se para isso iriam ferir corações de pobres meninas inocentes como Isabella, mas Rosalie não deixaria aquilo acontecer e já deixara bem claro para ele na última vez que se encontraram que não permitiria que ele iludisse sua irmã e que aquele envolvimento estava fadado ao fracasso se dependesse dela.

Para seu crédito, Edward não pareceu se intimidar com as ameaças de Rosalie e tinha afirmado que graças ao bom Deus aquilo não dizia respeito a ela, mas única e exclusivamente a Isabella.

— Papai? – Rosalie chamou pedindo por ajuda. Seu pai era um homem sensato e viria em seu socorro. Carlisle coçou o queixo por um minuto como se refletisse sobre o assunto e levou mais algum tempo bebendo seu chá puro antes de responder.

—Acredito que não devemos fazer julgamentos precipitados. Milorde Masen tem se mostrado um pretendente perfeitamente adequado até o momento. E sua irmã parece gostar dele. Se tudo continuar neste ritmo não vejo porque ele não possa ser um bom marido.- Sucinto e calmo como sempre assim era Carlisle. Rosalie revirou os olhos. Parecia que o maldito Masen tinha conquistado toda sua família mas Rosalie os traria de volta a razão.  

—Você precisa ser um pouco mais flexível Rosalie. Talvez se fosse menos rígida estivesse casada a essa altura.Você recebeu boas propostas durante suas temporadas, muitas podendo até mesmo ser consideradas irrecusáveis. – Não havia agressividade nas palavras de sua mãe.

—Bom, se a melhor proposta que eu pude conseguir foi de Royce King então eu definitivamente estou feliz por permanecer sozinha.- Retrucou com desdém.

—Royce é um visconde com um nome reconhecido e que lhe oferecia toda a proteção e prestígio que o nome King pode proporcionar.- Sua mãe não desistia. Fora frustrante para Esme ver que a filha desprezara pretendente após pretendente até que não sobrasse nenhum.

— Royce é um crápula que se aproveita das meninas inocentes que trabalham na casa da família dele. Ele é um porco imundo que usa o próprio nome e prestígio para humilhar as pessoas. Eu jamais passaria o resto da minha vida com alguém assim.- A mãe tal como Isabella procurava sempre ver o melhor das pessoas, mas Rosalie ia mais fundo. Chegou a conversar com algumas das moças que trabalhavam na propriedade dos King quando Royce dera o primeiro sinal de interesse e descobriu coisas que não a fizeram ter dúvidas antes de expulsá-lo de sua casa.

Ninguém disse mais nada até o momento em que uma criada veio avisar a Esme que Riley, o caçula da família e único filho homem e herdeiro acordara. Esme agradeceu e se levantou pretendendo ir ao encontro do filho não sem antes relembrá-las do Concerto de Música na casa dos Stanley que aconteceria aquela noite.

— A única vantagem de ser uma solteirona é que não preciso comparecer a esse tipo de evento. – Comentou Rosalie feliz enquanto abria novamente o jornal procurando a página de economia. Já tinha planos do que faria durante a noite na tranquilidade de seu quarto.

— Não seja tola, Rosalie,- Esme a repreendeu.- Você irá conosco, não fará essa desfeita ao convite. Usará seu vestido mais bonito e conversará com as pessoas de forma simpática. Deus sabe que eu ainda não desisti de vê-la casada e com a graça dele terei meu desejo atendido. E não adianta resmungar, você vai e ponto final. - Sem dar chances para que a loira retrucasse, Esme deixou a sala e uma emburrada Rosalie para trás. Não valia a pena discutir. Sua mãe sempre conseguia o que queria no final das contas.

Mais um evento irritante, com pessoas de quem ela não se agradava. Suspirou. Pelo menos para uma coisa aquela noite serviria: iria se assegurar pessoalmente que Edward Masen ficasse longe de sua irmã.

X

Emmett McCarty, duque de uma das mais abastadas propriedades da sociedade londrina ocupava uma mesa numa renomada cafeteria enquanto desfrutava do sabor delicioso de biscoitos açucarados e uma xícara de café quando teve seu lazer interrompido por seu primo e melhor amigo Edward Masen.

— Emmett,meu bom e velho primo. Que coincidência vê-lo aqui nesta maravilhosa tarde. – Edward abriu um sorriso de orelha a orelha que deixou o outro homem desconfiado. Reconhecia aquele sorriso e reconhecia o jeito de Edward quando ia lhe pedir algum favor particularmente desconfortável.

— Não é nenhuma coincidência desde que você sabe que eu sempre venho aqui, Edward.- Emmett retrucou sorrindo de lado. – O que é que você quer?

Edward suspirou. Antigamente era muito mais fácil ludibriar Emmett, mais de uns tempos para cá parecia que o primo estava ficando mais inteligente. Deveria ser a responsabilidade de assumir os negócios da família após a morte do pai. Na verdade, se olhasse bem para o primo, Edward perceberia uma seriedade mais proeminente nas feições que antes eram apenas brincalhonas. Além disso a idade cobrava o preço da responsabilidade também, Emmett estava com trinta e dois anos e já deveria começar a pensar em procurar uma esposa com quem dar continuidade a sua descendência.

—Certo, certo. Tenho algo a lhe pedir. É muito importante e preciso que você escute com atenção está bem?- Edward se preparou para o que tinha a dizer gastando algum tempo em tirar uma sujeira imaginária em sua calça.

Emmett esperou embora paciência não fosse o seu forte.

—Estou apaixonado por uma moça, Emmett, eu realmente gosto dela como nunca gostei de nenhuma antes. Com ela sinto-me especial. Ela é o ar que eu respiro, é a minha vida! Sonho com ela todas as noites e não paro de fazer planos para quando estivermos casados. Jamais imaginei que isso pudesse acontecer comigo. – Iniciou ganhando um aceno do outro para que prosseguisse.- O grande problema é a irmã dela. A mulher é uma megera e já deixou claro em mais de uma situação que não me suporta e não permitirá que eu tenha a oportunidade de iludir Isabella. – Revirou os olhos. – Como se eu sequer pretendesse algo assim. Tenho conseguido despistá-la e assim ganhado algum tempo com minha doce Isabella mas preciso de algo mais eficiente. Então pensei....- engoliu em seco vendo os olhos de Emmett se estreitarem.- Pensei que você pudesse distraí-la! – Soltou de uma vez testando a reação do primo.

As sobrancelhas de Emmett arquearam de tal forma que Edward pensou que encostariam em seu couro cabeludo e tamborilou os dedos sobre a mesa durante alguns segundos antes da voz rouca ser proferida em um tom baixo.

—Deixe-me ver se eu entendi. Você deseja que eu seduza uma megera para tirá-la do seu caminho enquanto você corteja a irmã dela?- Emmett não podia acreditar no que estava ouvindo.

—Falando desse jeito parece algo muito errado. – Edward refletiu. – Mas não é assim tão ruim! Não quero que você desvirtue a moça nem nada parecido. Eu não sou assim. Eu só quero que você a distraia e tire do meu caminho para que eu possa avançar e realizar meu pedido de casamento a Isabella. Tenho tentado mas Rosalie sempre aparece em algum momento e estraga tudo. Ela parece um cão de guarda ao meu redor me rodeando e esperando a mínima falha antes que possa me morder.  Por favor, Emmett. Estou desesperado! – Edward implorou.

Emmett ergueu os olhos azuis para o céu igualmente azul e refletiu por um momento antes de voltar a encarar Edward.

—Vou fazer isso, mas você vai ficar me devendo para o resto da sua vida.

Edward sorriu, era um preço pequeno a pagar se pudesse ter Isabella ao seu lado para sempre.

X

Naquela noite Rosalie estava mais do que disposta a grudar em Isabella durante todo o concerto, observou Edward com seus olhos de gavião passeando diversas vezes perto da mesa de ponche que era coincidentemente perto do local onde elas estavam assentadas para assistir as apresentações da noite. Um pequeno tablado improvisava um palco onde os instrumentos aguardavam pelas mãos capazes do quarteto italiano que a Sra. Stanley fazia questão de anunciar que tinha mandado contratar diretamente da Itália pagando inclusive suas passagens pois eram os melhores músicos de toda Europa. O que Rosalie achava que era um exagero pois de fato jamais ouvira falar nos tais músicos. Se fossem os melhores era de se esperar que ao menos fossem citados não é mesmo?

Ocupava um lugar na terceira fileira, ao seu lado estava sua mãe e ao lado dela seu pai, na cadeira do seu outro lado estava Isabella parecendo muitíssimo inquieta. Já haviam circulado mais de uma vez pelo salão e cumprimentado a todos que vinham dar as boas-vindas e congratular Isabella pela matéria do jornal. Rosalie teve que se controlar para não revirar os olhos diante dos bajuladores. A maioria eram inofensivos de fato, mas algumas das moças encaravam Isabella com pura inveja no olhar, entre elas Jessica Stanley, a filha da anfitriã que tinha a mesma idade de Bella, entretanto nem de longe era tão requisitada.

— Preciso ir ao toalet! – Disse Isabella de repente levantando-se de um salto da cadeira. Como se houvesse sido chamada por alguém ou estivesse prendendo o xixi a muito tempo.

Rosalie franziu o cenho e apertou os lábios numa linha fina. Isabella era uma mentirosa terrível e ela muito boa em ler as pessoas. Podia apostar que era aquele maldito Masen tentando atrair a irmã para longe da sua proteção.

— Eu irei acompanha-la.

Isabella ficou pálida com o oferecimento.

— N-Não precisa. – Gaguejou deixando a fileira de cadeiras o mais rápido possível antes que Rosalie tivesse a oportunidade de impedi-la. A loira ainda fez menção de levantar-se mas naquele momento um homem no palco começou a dedilhar o violoncelo.

Rosalie nem se dera conta de que os músicos já tinham se posicionado. Estava no início ainda, se fosse rápida conseguiria alcançar a mais nova. A mão de sua mãe alcançou a sua no minuto em que fazia força para erguer-se da cadeira.

—Deixe sua irmã em paz, Rosalie.

Rosalie voltou a sentar-se irritada. Aquela noite não tinha como piorar, pensou mas logo viu que estava enganada. Um homem aproximava-se pela fileira de cadeira arrancando alguns resmungos das outras pessoas e então sentou-se ao seu lado. No.lugar.de.Isabella.

Um vinco profundo marcou as feições de Rosalie. Reconhecia aquele homem de vista, já o obsevara em outros eventos embora nunca tivessem se falado antes e ela pouco soubesse a respeito de sua vida. Suas informações resumiassem a saber que era  milorde Emmett McCarty, agora duque devido a morte do pai no ano anterior.  Bem, duque ou não ele não deveria estar ali.

— Com licença, milorde! – Ela chamou sua atenção em um sussurro recebendo mesmo assim um “Shhh” irritante de uma senhora que estava na fileira de trás. Rosalie não se intimidou e tentou novamente. Sacudindo agora o ombro do enorme homem embora soubesse que as regras de etiqueta apontavam aquela como uma grave falha, não deveria tocar estranhos daquele jeito. – Milorde, o senhor não pode sentar neste lugar. Minha irmã está aí.

Emmett a encarou como se ela fosse um inseto incômodo que estava atrapalhando sua noite de diversão. Um sorriso malicioso deixou à mostra os dentes brancos.

—Engraçado que diga isso milady, pois eu não vejo ninguém. Então a menos que sua irmã seja invisível ou tão pequena a ponto de ter sido esmagada pelo meu traseiro ela não está aqui. - Ele riu da expressão perplexa dela .

Como ele ousava? Quem odioso homem rude era aquele? Como podia falar de seu traseiro para ela? Uma dama da alta sociedade. Rosalie ficou momentaneamente sem palavras e aquilo era realmente algo atípico.

— O senhor é burro ou somente estúpido?- Perguntou por fim vermelha até as orelhas tamanha era sua raiva. – Não estou dizendo que ela está aqui agora, mas este lugar pertence a ela. Ela foi apenas ao toalet.

Emmett deu de ombros indiferente ao que ela dizia.

—Tenho certeza de que ela achará um outro lugar tão confortável quanto esse para assistir à apresentação. E se não for pedir demais eu gostaria que fechasse essa boca grande. Estou tentando ouvir os músicos o que se torna difícil com a senhorita falando a todo momento. – Olhou para frente dando a conversa por encerrada.

Que homem odioso! Rosalie estava espumando de raiva e não conseguiu aproveitar nem um mísero momento do concerto. As mãos amassavam sem parar o papel que segurava onde continha as peças escolhidas para serem tocadas durante aquela noite. Sua mente só conseguia pensar em maneiras de socar o imbecil de forma a não chamar muita atenção. Antes que pudesse pôr o plano em prática as últimas notas da canção foram ouvidas e todos levantaram-se para aplaudir. Ela teve que imitá-los e quando terminaram afastou-se o mais rápido possível do duque.

Foi até a mesa de bebidas onde serviu-se de um copo de ponche e pôs-se a procurar Isabella pelo salão enquanto se refrescava com o líquido gelado e delicioso. Uma presença chegou ao seu lado na mesa lançando sombras aos seu redor e não foi surpresa para ela ver o duque novamente. Revirou os olhos.

— O que foi dessa vez milady? Acaso este lugar ao lado da senhorita também está reservado para a sua irmã?- Brincou enquanto enchia o copo com o drink.

— O senhor não tem nada de mais produtivo para fazer milorde? – Rosalie perguntou tentando não transparecer o quanto estava perturbada com a presença dele ao seu lado. Ele estava mais perto do que antes, seus braços se tocavam ligeiramente fazendo com que ela sentisse sua pele quente no local e naquela distância era possível sentir o cheiro da água de colônia dele. Um cheiro almiscarado e forte que fazia cócegas em seu nariz e provocava borboletas em seu estômago.

—Ora milady, estou fazendo o que é esperado que todas façam em festas. Estou conhecendo pessoas, confraternizando, bebendo. Isso é o que de mais produtivo podemos esperar de um evento como esses. Por falar nisso deixe que eu me apresente. Sou Emmett McCarty, duque de Whistledow. E a senhorita deve ser a adorável Rosalie Cullen, ouvir falar muito a seu respeito.- Ele parecia estar fazendo piada e Rosalie não sabia se podia leva-lo a sério. Estreitou os olhos, estava ficando desconfortável.

—Tenho certeza que nenhuma dessas coisas foi assim tão agradável a ponto de querer me conhecer pessoalmente milorde. E devo lhe dizer que sua fama lhe precede também.- Ela bebeu o restante do seu copo depositando-o sobre a mesa.

—Verdade? E o que dizem sobre mim, lady Cullen?- Havia um brilho zombeteiro em seus olhos.

—Dizem que é um libertino da pior espécie, senhor. Que a única coisa com que gasta seu dinheiro são bebidas e mulheres.

—Ah, eles sempre esquecem dos jogos. Também gasto meu tempo com jogos senhorita. – Ele completou e então riu alto, expansivo, de um jeito pouco aceito numa sociedade conservadora como a que eles viviam. Rosalie teve que morder as bochechas para não o mandar se calar.  Mais pelo arrepio que percorreu seu corpo do que pelas regras de etiqueta em si. – Mas deve entender que nem tudo o que dizem por aí é verdade, milady. Sabe como são as pessoas, elas aumentam e inventam além da conta. Tenho certeza de que a senhorita não é tão terrível quanto falam por aí.

Naquele momento Rosalie viu Edward e Isabella saindo por uma porta lateral que dava para o jardim e pensou que aquela era sua chance, tinha que alcançá-los. Mas primeiro tinha que deixar o brutamontes para trás.

—Posso lhe assegurar milorde que sou pior do que dizem e agora tenho um assunto urgente para resolver, não posso mais ficar aqui. Até nunca mais. – Ela saiu em disparada pouco se importando com sua má educação.

Emmett observou atônito enquanto a profusão de babados do vestido cor de bronze que ela usava se agitavam à medida que Rosalie se afastava em disparada. E para ter saído daquele jeito a única explicação era que vira Edward e Bella. Devidamente recuperado Emmett a seguiu a alcançando com alguma dificuldade já nos jardins. Enlaçou o braço ao dela tendo assim a certeza de que não a deixaria escapar outra vez.

—Se milady precisava de um pouco de ar fresco era só me dizer. Eu não hesitaria em trazê-la para um passeio ao jardim.- Rosalie sentiu um ímpeto de lhe aplicar um soco na cara mas resistiu ao impulso. Perdera Edward e Bella de vista com a intromissão.

— Eu tenho minhas pernas, milorde. Não preciso e não desejo que me leva a lugar algum. Na verdade, caso não tenha percebido tenho tentado livrar-me de sua indesejada presença durante toda a noite! – Exclamou erguendo um pouco mais a voz.

 - Já lhe disseram que é muito arisca para uma dama? - Ele perguntou fazendo pouco caso de sua indignação enquanto continuava a caminhar pelo jardim na direção oposta à que vira Edward e Bella seguindo.

— E já lhe disseram que o senhor é muito inconveniente para um cavalheiro? – Ela o encarou de frente se recusando a dar um passo a mais. Estavam debaixo de uma enorme árvore àquela altura.

O peito de Rosalie subia e descia aceleradamente tamanha era sua indignação.

— E já lhe disseram que tem uma língua ferina? Não é de admirar que seja uma solteirona  – Acusou.

— E o senhor é rude. – Contra-atacou Rosalie dando-lhe um pisão no pé arrancando um gemido de protesto e tentando passar por ele e voltar para a festa. Porém Emmett segurou-a pelo braço puxando mais para perto.

 Ele se aproximou mais encurralando seu corpo contra o tronco da árvore. Seus olhos brilhavam perigosamente e Rosalie teve que umedecer os próprios lábios que ficaram secos de repente.

— E a senhorita é absolutamente desejável. – Ele murmurou grudando os corpos de uma vez. Não planejara dizer aquilo. Tinha simplesmente saído.

—Ah! – Rosalie arfou com o contato inesperado. Nunca passara por aquilo antes. Espalmou as mãos em seus ombros tentada a afastá-lo e manda-lo ficar longe, mas suas mãos traidoras apenas se afundaram no tecido de seu terno mantendo-a segura lá e quando a boca traiçoeira se aproximou lentamente da sua ela não recuou.

Os lábios se tocaram no exato momento em que uma gota de chuva tocou o rosto de Rosalie mas ela mal pode sentir o exterior tamanho era o arrebatamento que a tomara. Seu corpo derreteu contra o peito largo dele como um cubo de gelo ao entrar em contato com o calor de uma chama. O contato foi gentil de um jeito que ela não imaginou que ele fosse capaz de ser. Emmett provou seus lábios com lentidão, como se degustasse um banquete precioso que merecia toda atenção do mundo ao ser provado. Ele a acariciou com sua língua e envolveu sua nunca com uma de suas mãos enquanto a outra enlaçava pela cintura mantendo-os juntos. Ela suspirou contra sua boca acolhendo todo o prazer que ele lhe proporcionava, moveu a cabeça correspondendo ao beijo em um instinto primitivo que parecia ter se apropriado dela.

A chuva tinha aumentado aquela altura e quando se afastaram foi que Rosalie pareceu perceber onde estavam e o que ocorrera.

—Isso....Isso foi muito inapropriado de sua parte, milorde. Como ousa tomar liberdade com meus lábios? – Ela corou e se afastou dele e então se sentiu envergonhada por seu próprio comportamento.- N-Nu-Nunca mais se atreva fazer isso. – Correu desajeitada ouvindo o som da gargalhada dele atrás de si.

—Eu sei que você gostou, moça.- Ele riu balançando a cabeça embora estivesse um pouco confuso também. Não planejara nada daquilo mas acontecera e era a verdade de Deus que ele não se arrependia nenhum pouco.

Rosalie correu como nunca até estar novamente no salão, foi ao banheiro para se recompor e depois procurou os pais inventando uma dor de cabeça para que pudessem ir para casa. Tentou de todo jeito se convencer de que o que acontecera fora um erro e que a culpa era toda de Emmett. Não sabia o que tinha acontecido com seu corpo para agir daquela forma mais prometeu a si mesma que aquilo não voltaria a acontecer. Só precisava ficar longe daquele duque estúpido e tudo daria certo. Isso, ficaria longe dele, prometeu a si mesma. Aquele beijo não importara nada, apesar de ter sido o seu primeiro.

Mas apesar de todos aqueles pensamentos quando se deitou em sua cama naquela noite Rosalie tocou os lábios vermelhos com as pontas dos dedos ainda sentindo o gosto de Emmett em sua boca e por um momento desejou guardar aquele momento para sempre. Naquela noite Rosalie Cullen sonhou com olhos azuis e chuvas de verão.


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Notas finais do capítulo

Ufá
Pensei que esse capítulo nunca ia sair aushahsa
Mas deu tudo certo no final
Ai gente eu amo romances de época
Espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu amei escrever
E se vocês estiverem gostando deixem comentários e faça uma autora feliz
Beijinhos e até amanhã



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