Emmett limpou as mãos no macacão já sujo de graxa e em seguida enxugou a testa suada com um pano limpo, correu os olhos pela oficina mecânica em que executava seu emprego de verão, o estabelecimento pertencia a Billy Black e como a demanda aumentava durante o verão e ele dava férias para alguns dos seus empregados era normal que ele contratasse ajudantes de meio período para auxiliar. Emmett tinha acabado o ensino médio naquele ano, agora se preparava para começar o curso de graduação de engenharia  na Universidade de Seattle e aproveitava a oportunidade dado por Billy para fazer uma grana extra.

Naquele momento Emmett tinha acabado de executar uma troca rápida de óleo no veículo do senhora Webb e descansava tranquilamente antes de começar o próximo serviço. Estava sozinho na oficina apesar de normalmente trabalhar com mais dois rapazes: Jacob Black, o filho do dono, e Sam Ulley. Porém atipicamente naquele dia Sam amanhecera doente, felizmente eles tiveram pouco serviço o dia inteiro e aproveitando que era fim de tarde e o movimento caía bastante naquele horário Jacob tinha saído  para dar um pulo na casa da namorada.

Emmett bebeu um gole de água e pegou sua caixa de ferramentas se enfiando debaixo da van de Tyler Croweley que era um péssimo motorista e sempre acabava voltando com o carro antes do previsto, mas o grandão  não reclamaria, geralmente eram pequenos consertos que lhe rendiam boas gorjetas.

Não fazia nem cinco minutos que tinha começado o trabalho quando ouviu as vozes conhecidas de suas amigas Isabella Swan e Alice Cullen, tinham cursado o ensino médio juntas e elas eram as melhores amigas de sua namorada Rosalie Hale.

— Eu tô te falando, Bella, eu realmente acho que ela o está traindo e o pobre não tem nem a menor ideia, a gente deveria fazer alguma coisa a respeito. – Alice parecia revoltada com a traição de alguém e esbravejava sacolejando uma revista em mãos.

— Alice, deixa de ser doida, a gente não vai se meter nisso. Não temos nenhuma prova. – Bella tentava acalmar a amiga e Emmett riu, como sempre parecia que a morena era a voz da sensatez que faltava a baixinha.

Alice bateu o pé e chutou o pneu de um carro pelo qual passava.

— Isso não é justo, se fosse contigo, você não gostaria de saber que estava sendo traída?- Perguntou gesticulando.

— É claro que eu gostaria, Alice, mas eu teria que ter provas, não acreditaria em qualquer pessoa que viesse assim do nada e me disse: Seu namorado está te traindo. Ou que me mostrasse uma revista qualquer como se isso fosse prova suficiente. – Alfinetou a mais alta e quando Alice se preparava para retrucar Bella falou mais alto. – Emmett? Jacob? Tem alguém aqui?

— Eu estou aqui, Bella, só um minuto que eu já vou aí. – Emmett respondeu rapidamente terminando de fazer os ajustes finais. Alice aproveitou a pausa para retomar o que estava dizendo anteriormente.

— A Seventeen não é uma revista qualquer! Isso é sacrilégio. - Era incrível como a baixinha parecia realmente ofendida, Bella fez pouco caso já acostumada com o drama de Alice. – É uma revista muito séria que aborda com muito compromisso os dramas adolescentes, ela dá as melhores dicas de namoro, moda, horóscopo e muito mais, é uma revista completa com um grupo de escritores que são psicólogos especializados em adolescentes e....

— Ta bem, Alice, se você está dizendo. Mas eu duvido que alguém acreditasse que está sendo traído ou traída apenas porque tem uma matéria em uma revista adolescente afirmando isso.

Alice bufou em resposta e elas ficaram em silêncio aguardando que Emmett viesse atende-las.  Alguns instantes depois o grandalhão saiu debaixo do carro e se aproximou.

— Boa tarde, Bella. Boa tarde, Tampinha. O que é que ta pegando? – Ele perguntou voltando a limpar as mãos só que dessa vez num pano que estava mais sujo do que o seu macacão.

— Meu pai pediu pra eu vir te pagar pelo conserto da viatura e ele pediu pra fazer fazer uma declaração para que ele possa anexar junto com as despesas mensais da delegacia. - Bella disse entregando um envelope fechado para Emmett.

— Claro, vou fazer isso agora. Me contem, o que é que vocês estavam discutindo? Sabem que eu não costumo ouvir a conversa alheia mas dessa vez não teve nem como não escutar. – Pediu mostrando o caminho para o escritório onde ficava guardado o dinheiro e também onde estavam localizados os papeis da declaração que ele forneceria ao Chefe Swan.  Isabella e Alice trocaram uma olhar e gargalharam. – Ei, qual é a graça?

— Emmett, você é curioso e um fofoqueiro de primeira, até parece que você não ia ficar ouvindo mesmo que a gente estivesse cochichando e outra coisa, eu só não digo que Tampinha é a mãe porque eu amo a sua mãe. – Alice retrucou se abanando como a revista.

Entraram na sala pequena em tons sóbrios de cinza e preto onde o escritório funcionava, um ventilador de teto que não ventilava nada se movia preguiçosamente, havia um birô de madeira com três cadeiras, sobre ele estavam algumas pastas, papeis de contratos, relatórios financeiros, clipes de papel, canetas e lápis e por fim um computador com um monitor antigo.

— Há, há, muito engraçadinha você. Vai me contar ou não? - Emmett sentou numa das cadeiras e indicou que elas fizessem o mesmo, abriu uma das gavetas e pegou a declaração.  Alice resolveu explicar.

— Eu acho que o Riley pode estar sendo traído pela namorada dele, aquela Victória nunca me enganou, eu sempre desconfiei que ela ainda gostava daquele psicopata do James. E aí eu quero contar, o Riley é meu amigo e já tem um tempo que ele me conta que as coisas não vão bem com a Victória e quando eu li a matéria da Seventeen de hoje eu tive certeza absoluta de que é verdade. – Alice bateu a mão sobre a mesa de madeira.

Bella soltou um muxoxo.

— De novo não. – Ela massageou a têmpora. - A Alice quer que eu concorde com ela nessa loucura, mas eu estava explicando que ela não pode se basear numa matéria de uma revista adolescente para acusar alguém de traição. Você não concorda comigo, Emmett? – Perguntou Bella lançando um olhar enfático na direção do amigo, um olhar que exigia que ele concordasse, porém Emmett estava muito ocupado assinando o papel para reparar naquele olhar e mesmo que não estivesse ele não era exatamente bom em linguagem não verbal.

—O que diz a matéria? Deixa eu ver. – Ele disse estendendo a mão depois de entregar o papel assinado para Bella, guardar o dinheiro na gaveta e fazer o registro no livro caixa. A Swan afundou na cadeira resmungando sobre não acreditar naquilo e Alice exultou abrindo a revista Seventeen numa matéria cujo título era: 8 Sinais de que ela está te traindo.

Emmett começou a ler.

1.Ela mantém segredinhos com as amigas

2.Ela está muito fofa com você

3.Ela está trabalhando mais e fazendo hora extra

4.Ela não comenta sobre o dia dela

5.Ela passou a se arrumar mais

6.Ela está te evitando

7.Ela se incomoda com pequenas mudanças no seu comportamento

8.O orgulho em ser sua namorada acabou

— Nossa! Essa revista é demais. – Emmett disse quando acabou de ler e Isabella se irritou. – Você deveria contar para ele mesmo, Alice, ninguém gosta de levar chifre.

— Agora já chega. Parabéns pela coragem porque bom senso não está tendo! –Isabella arrancou a revista das mãos de um atônito Emmett.- Parem vocês dois, qualquer pessoa pode ter escrito isso. –E então se virou para Alice.- Você não vai se envolver nisso, Alice,  a menos que tenha uma prova concreta. E agora vamos embora que o Emmett tem que voltar a trabalhar. Adeus.

—  O que deu nela? – Emmett perguntou enquanto ela marchava para fora.

— Saudades do Edward. – Alice cochichou. O namorado de Bella estava passando uma semana na casa dos avós maternos em outra cidade.

— Eu ouvi isso, Alice. Mova sua bunda para cá ou você vai a pé. – Ameaçou e Alice se rendeu. Era nisso que dava pegar carona com sua amiga mal-humorada. - Te vejo depois, Emmett. – A baixinha se despediu e o deixou sozinho.

X

Pelo resto da tarde Emmett esqueceu completamente da matéria da revista até que a noite chegou e o seu pesadelo começou. Naquela noite os pais de Rosalie estariam fora e eles tinham combinado de fazer uma maratona de filmes nerds na casa dela. Emmett tomou banho, se vestiu confortavelmente, depois de passar no mercado e comprar pipoca e refrigerante dirigiu até a casa da namorada. Tocou a campainha e aguardou.

Alguns segundos depois Rosalie abriu a porta falando ao telefone animadamente usando uma calça jeans, uma blusa de alças e sapatilhas, parecia que ia sair para algum lugar. Assim que ela abriu a porta seu rosto ficou vermelho e ela gaguejou no telefone.

— Hum.... Mais tarde eu falo contigo então, Bella. O Emmett acabou de chegar aqui e... Até depois. – E desligou o telefone guardando no bolso traseiro da calça. Em seguida deu um selinho rápido na boca do namorado recepcionando-o.  Ele entrou.

— Boa noite, ursinha. – Emmett disse animado. – Você está linda hoje, bem arrumada, parece até que vai sair. – Ele riu.

— Na verdade eu pretendia sair mesmo, o que você ta fazendo aqui, Emmett? – Ela perguntou ainda vermelha. A boca de Emmett se abriu.

— Você esqueceu nossa maratona nerd hoje? – Ultraje era pouco para definir o que ele estava sentindo naquele momento, como assim ela tinha esquecido dele? Rosalie bateu a mão sobre a testa parecendo só lembrar naquele momento.

—Desculpe, Emm, eu esqueci completamente, não me lembrava de ter marcado nada com você hoje. – Ela disse corando.

— Poxa, ursinha... – Ele começou, mas ela o interrompeu.

— Mas, relaxa, eu posso cancelar meu compromisso, só preciso dar uma ligação e pronto. Por que você não vai ligando a TV e colocando a pipoca no micro-ondas enquanto eu troco de roupa? – Ela perguntou dando um beijinho na bochecha dele.

— Com quem você ia sair? – Emmett perguntou desconfiado de repente, a matéria voltando com força total a sua cabeça. Rosalie ficou ainda mais vermelha.

— Ninguém importante. – A loira fez um gesto com as mãos indicando que ele não deveria se preocupar. - Não esquenta, vou trocar de roupa e já volto. – E antes que ele pudesse falar qualquer coisa Rosalie praticamente correu para o quarto.

— Ah minha nossa, eu estou sendo traído! - Emmett se desesperou andando de um lado para o outro no corredor. Naqueles breves minutos Rosalie já tinha dados três dos oito sinais: 1 – ela estava de segredinho com Isabella quando ele chegou, 5 – ela estava muito mais arrumada do que de costume e 6 – ela o estava evitando! – Não pode ser, não pode ser, não pode ser. – Ele bateu com o punho cerrado na própria cabeça dando ligeiros cascudos em si mesmo. – Pensa Emmett, pensa, pensa, pensa.

Por fim ele respirou fundo e movido por um instinto louco pegou um copo, entrou no corredor sem fazer barulho caminhando pé ante pé até a porta do quarto de Rosalie e colocou o ouvido no material de vidro como vira num filme tentando escutar o que ela dizia.

— Alô? É a Rosalie. Eu não vou poder ir. - Uma pausa na conversa. – Sim, eu sei que eu tinha dito que iríamos nos encontrar hoje e eu realmente queria que fosse agora, mas o Emmett chegou aqui e me atrapalhou toda. – Nova pausa e Emmett desejou ser uma mosquinha para poder ouvir o que a pessoa do outro lado da linha falava. – Amanhã depois do trabalho está ótimo para mim. Eu mal posso esperar. Você é maravilhoso, beijos e boa noite. – Ela desligou o celular.

Emmett arfou e correu o mais silencioso que pode de volta para a sala, ligou a televisão e então colocou o pacote de pipoca no micro-ondas, arrasado Emmett sentou no sofá e então fechou a cara. Não podia acreditar, sua Rosalie, sua linda e maravilhosa ursinha, a mulher da sua vida, a mãe dos seus filhos estava lhe traindo da maneira mais vil. Ele cruzou os braços, precisava ser estratégico agora: primeiro iria confirmar os outros sinais, depois descobriria quem era o cara que estava tentando roubar sua ursinha e por último iria despachar o desgraçado pra o outro lado do plano espiritual e então reconquistar sua mulher.  É, parecia um bom plano.

Rosalie voltou para a sala naquele momento.

— Pronto, amor, já resolvi o que tinha que resolver. – Ela disse animada e então vacilou ao ver a expressão furiosa dele. – Hum... Emmett, está tudo bem?

— Claro que está tudo bem, está tudo ótimo maravilhosamente bem, perfeito, fantástico, incrível! – Ele respondeu jogando as mãos para cima.

—Você tem certeza que você está bem? Eu fiz alguma coisa que te irritou? – Os olhos dele brilharam e ele se levantou.

— Eu não sei, me diga você Rosalie, você fez alguma coisa que me irritou? Hã? Algo que poderia me magoar e partir completamente o meu pobre coração? – Ele perguntou se aproximando. – Por que você está tão incomodada com meu comportamento? Tem alguma razão, ursinha?

Rosalie piscou aturdida encarando o namorado.

— Não, é só que você está agindo de uma maneira bizarra hoje e está com uma cara de quem está prestes a matar alguém. Você não é assim. – Ela deu de ombros sem entender nada do porquê seu namorado parecia estar fazendo cosplay de um maníaco. O micro-ondas apitou naquele momento indicando que a pipoca estava pronta. – Eu vou pegar a pipoca e colocar o refrigerante. Escolhe o filme. – Ela disse se afastando em direção a cozinha.

De má vontade Emmett escolheu o primeiro filme da trilogia do Senhor dos Anéis. Rosalie tinha acabado de evidenciar o sétimo sinal: estava incomodada com mudanças no seu comportamento.

Eles começaram a assistir o filme num clima meio estranho, Emmett ainda estava meio emburrado e Rosalie não entendia porque, ele estava sentado numa ponta do sofá e Rosalie na outra, no meio deles havia pipoca numa vasilha grande o bastante para os dois. Com o decorrer do tempo Rosalie foi se aproximando cada vez mais até estar completamente encostada no ombro de Emmett com o pote de pipoca em seu colo.

—Hum...- Ela ronronou se aninhando ainda mais nele. – Você é tão quente e tão fofo, Emm. Eu amo assistir filmes enrolada em você sabia? É o meu aquecedor particular. – Ela riu depositando um beijo na bochecha dele, logo depois colocou pipoca em sua boca. – O que você acha de eu ir la na cozinha e fazer um brigadeiro delicioso para o melhor namorado do mundo? – Ela perguntou beijando sua boca, mas Emmett se afastou.

— Por que você está sendo tão fofa comigo? – Ele era um homem perdido, ali estava sua namorada cumprindo o segundo sinal.

— O que? Emmett, o que é que há de errado com você, hoje? Eu estou tentando te agradar e te fazer relaxar para ver se você desmancha esse bico. – Ela explodiu se afastando dele de volta para a outra ponta do sofá de novo.

— É, mas você não me trata assim sempre, ta muito suspeito isso e quer saber? Eu não quero mais assistir esse filme. Eu quero conversar! Vamos dialogar, dialogar sobre nosso dia. – Ele decidiu por fim .

Rosalie pegou o controle e deu pause no filme o encarando incrédula.

— O que é que pode haver para discutir sobre o meu dia, Emmett? Eu acordei, fui trabalhar e voltei para casa. Fim da história.- Ela disse simplesmente e Emmett corou ainda mais convencido, ali estava o seu sinal de número quatro: ela não comenta sobre seu dia.

Emmett precisava falar com Alice urgente e dizer a ela que contasse para Riley, a Seventeen estava totalmente certa!

— Só isso? Não aconteceu mais nada? Vamos lá, não aconteceu nada de diferente no trabalho? Nenhum cliente novo? Ninguém interessante que chamou sua atenção?

Rosalie também tinha arrumado um emprego de verão nas férias como garçonete em uma lanchonete especializada em vender baldes de frango frito e outros aperitivos no centro comercial da cidade. A loira ficou de pé.

— Emmett, você está passando dos limites e não está fazendo o menor sentido hoje. Está começando a me irritar e eu não quero brigar contigo. Então acho melhor você ir pra casa e outro dia a gente conversa com calma. – Ela disse com o resto de paciência que ainda lhe sobrava. Depois de quase três anos de namoro Rosalie pensava que já estava acostumada com todas as bizarrices de Emmett, mas pelo visto tinha se enganado, aquele garoto conseguia ultrapassar todos os limites.

 - Eu acho ótimo! – Ele disse ficando de pé também. – Amanhã eu te encontro depois do seu expediente. – O moreno marchou rumo a saída.

— Amanhã eu não posso. Vou pegar mais cedo no trabalho e depois vou fazer hora extra! – Ela gritou vendo como ele saia e batia a porta com raiva estremecendo as paredes e fazendo com que um porta-retratos quase caísse.

Hora extra? Só se fosse com o bombadão do celular com quem ela estava saindo.  E ela estava a prova final que ele necessitava: o sinal 3 ela estava trabalhando mais e fazendo hora extra. Tinha 7 dos 8 sinais e total certeza de que estava perdendo sua namorada. Mas não ia deixar aquilo daquele jeito.

Puxando o celular do bolso Emmett digitou um contato, demorou algum tempo até que ele atendesse.

— Eu preciso de um favor. – Ele disse sorrindo maliciosamente. O amante de Rosalie mal podia esperar.

X

Aquela roupa fazia um calor infernal, Emmett estava suando como um porco, o que era bastante irônico de se pensar visto que ele estava enfiado numa fantasia de frango enquanto distribuía panfletos na frente da lanchonete onde Rosalie trabalhava. Depois de ser praticamente expulso da casa da sua namorada Emmett ligou para Tyler Crowley prometendo um desconto no serviço em seu carro se ele lhe emprestasse a roupa com que trabalhava na mesma lanchonete.

Durante todo aquele dia Emmett ficara naquela calçada viajando os passos de Rosalie, aguardando pelo momento em que se encontraria com o carinha do celular, observava o jeito como ela atendia os clientes sempre simpática e sorridente e teve vontade de quebrar a cara de pelo menos uns três sujeitos, em um dado momento tinha até invadido o interior da lanchonete muito tentado a expulsar um cliente abusado que passou tempo demais encarando a loira.

Infelizmente o dono do estabelecimento o tinha visto entrar e o mandou voltar para a calçada, não estava pagando para ele fazer corpo mole.

Quando finalmente o turno de Rosalie terminou ela demorou um tempo se arrumando: tirou o uniforme de trabalho o substituindo por suas roupas, ajeitou os cabelos, depois pegou a bolsa e caminhou para o lado de fora bem a tempo de ver uma moto parar na entrada e buzinar.

— Minha carona chegou. – Ela disse animada correndo para fora. – Tchau Sr. Waylon. Tchau Tyler. – Cumprimentou o colega de trabalho responsável pelas divulgações que apenas acenou para ela, em seguida Rosalie subiu na garupa da moto colocando o capacete.

Emmett observou desesperado sua namorada se afastar na moto de um desconhecido, foi com um golpe de sorte que ele viu Jasper parar na frente da lanchonete naquele exato momento com sua velha bicicleta. Emmett o empurrou para o lado derrubando-o no processo.

— Eu devolvo depois! – Prometeu e então começou a pedalar com dificuldade por causa da roupa deixando um Jasper confuso para trás.

— Emmett? - Jasper reconheceu a voz e balançou a cabeça vendo o amigo roubar sua bicicleta.

Foi um verdadeiro sacrifício para Emmett conseguir seguir Rosalie vestido daquele jeito numa bicicleta já bastante usada, apenas a força do ódio o fazia continuar. Depois de mais ou menos meia hora eles finalmente chegaram até o destino.  O cara da moto tirou o capacete e Emmett se surpreendeu ao perceber que era  Cheney. O bombadão do celular era o Ben? Aquilo com certeza não era o que ele estava esperando.

Eles subiram umas escadas alcançando um apartamento num primeiro andar e Emmett os seguiu a distância e ficou espiando da janela. Havia outro cara dentro do apartamento, ele apertou a mão de Rosalie num cumprimento e em seguida abriu uma maleta mostrando o conteúdo para ela que sorriu fascinada. Emmett não estava entendendo nada e tentou se aproximar para ver melhor. Foi naquele momento que o bico da fantasia bateu na janela chamando a atenção dos três ocupantes do lugar.

Rosalie franziu o cenho reconhecendo a fantasia do colega de trabalho e logo foi tirar satisfações. Com medo de ser apanhado Emmett correu para as escadas tentando alcançar o térreo,mas tropeçou nos próprios pés e acabou embolando escada a baixo até atingir o chão.

— Oh meu Deus! – Rosalie viu a cena e saiu correndo atrás dele.

Ao pé da escada Emmett resmungava ainda meio tonto e com uma dor indescritível na perna, não conseguia sequer movê-la.

— Tyler? Tyler você está bem? O que é que você está fazendo aqui?

A loira estava desesperada, mas a sensação foi rapidamente substituída por raiva quando ela puxou a cabeça do frango se deparando com o seu namorado.

— Emmett? Mas, o que...

— Hum, surpresa? – Ele perguntou meio rindo meio chorando.

— Eu acho melhor você começar a explicar. – Ela exigiu.

 Emmett se rendeu contando uma versão resumida dos eventos.

— E aí eu vim me livrar do seu amante. – Ele concluiu. Rosalie estava vermelha de raiva àquela altura do campeonato.

— Você está me dizendo que achou que eu estava te traindo porque leu isso numa revista sensacionalista adolescente? – Ela mal podia acreditar. Emmett tentou se defender

— Você deu todos os sinais ontem! Você estava muito estranha.

— Emmett! – Ela gritou. – Eu estava estranha porque você estava agindo de um jeito bizarro.

—Você estava de segredinhos no telefone e marcou um encontro com o Ben. Com o Ben, Rosalie.  – Ele disse lutando para se sentar, ainda vestido na roupa de galinha.

Rosalie murmurou alguma coisa e olhou para cima como se pedisse paciência aos céus, na verdade ela parecia contar até dez.

— Emmett, seu imbecil, eu estava de segredo porque eu estava providenciando um presente para te dar no nosso aniversário de namoro. O amigo do Ben que está lá em cima vende artigos autografados, ele conseguiu uma camiseta do New York Yankees autografada, que por acaso é o seu time de beisebol favorito!

Emmett piscou atônito enquanto as palavras afundavam em seu cérebro e então ele suspirou aliviado.

— Então você não está me traindo com o Ben? Ah, graças a Deus!

— Graças a Deus nada, Emmett, eu estou furiosa com você. Como você pode pensar isso de mim? – Ela disse batendo o pé. E ele se encolheu.

— Me desculpe. Eu fiz papel de idiota, não é? Ah Rose, me perdoe, eu fiquei horrorizado com a possibilidade de te perder e eu nem estava raciocinando direito mais. Por favor, ursinha. Me perdoe, eu te amo tanto e você não faz ideia do quanto eu estou feliz por isso tudo ter sido só uma confusão.

— Você é um idiota, Emmett. – Ela disse, mas então sorriu. - Mas é o meu idiota. Só você para acreditar numa matéria ridícula como essa.

Ele riu e se moveu então gemeu.

— Rosalie.... Tem mais uma coisa, eu acho que quebrei a perna. – Ele disse olhando para a própria perna coberta pelo tecido laranja.

—É bem feito para você. – Ela retrucou rindo. – Eu vou te perdoar, Emmett, mas que isso não se repita mais. Que coisa mais ridícula. E outra coisa, espero que meu presente de três anos de namoro seja épico, tão épico quanto essa vergonha que você passou.

Ela se abaixou e o beijou.

— Eu amo você. – Ele disse.

— Eu também amo você. – Ela retribuiu e ele voltou a beijá-la

—Está tudo bem aí, Rosalie?- Interrompeu Ben parado na escada observando eles dois.

— Acho que o Emmett quebrou a perna. – Ela disse se afastando do namorado rindo.

Ben suspirou.

— Vou dizer ao Alec para pegar o carro. – E sumiu escada acima.

— A Bella não vai nem acreditar quando eu contar a ela.- Rosalie disse sentando ao lado de Emmett.

— Ah ela vai sim. Eu roubei a bicicleta do Jasper para vir atrás de você.- Ele confessou e eles trocaram um olhar gargalhando juntos de mais aquele papelão feito pelo Emmett.

Mas o que ele podia fazer? O que era aquela pequena vergonha comparada a perder o amor da sua vida? No amor e na guerra vale tudo.

Ele só tinha certeza de uma coisa: nunca mais leria uma revista adolescente na vida.