30 Day OTP Challenge escrita por Sue2011


Capítulo 24
Capítulo 24 - A Solteirona e o Libertino ( Parte 3 - Final)


Notas iniciais do capítulo

Dia 24 - Making up aftewards
Gênero: Romance, Drama, Universo Alternativo
Breve Descrição: Aquele em que Rosalie e Emmett finalmente decidem se irão se entregar ao amor que sentem um pelo outro.

O capítulo de hoje é dedicado especialmente a Mack Lutz que tem marcado presença constante nos comentários e que ama esse prompt de época tanto quanto eu. Para você gata, você merece muito mais do que isso.




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Nas duas semanas que se seguiram ao encontro na sorveteria, a relação de Rosalie com Emmett continuou progredindo chegando a um nível de intimidade que ela jamais pensou ser possível alcançar com outra pessoa antes. Ele a visitava todas as tardes para os mais variados passeios, iam a biblioteca, voltaram a doceria pelo menos mais duas vezes e passearam novamente no Hyde Park, algumas tardes apenas ficavam na sala de visitas de sua casa conversando sobre assuntos diversos.

Falavam de política e economia, planos para o futuro, moda e sobre suas famílias e cada vez mais Rosalie se sentia confortável na presença do Duque McCarty. Ele não a tratava como se fosse uma cabeça de vento tampouco parecia recrimina-la por entender de assuntos que teoricamente ela não deveria saber, já que de acordo com a sociedade em que viviam ela deveria se preocupar mesmo era em arranjar um bom marido ao invés de se inteirar sobre o avanço dos industriais e a repercussão econômica que aquilo trazia. Mas Emmett não se importava, ao contrário ele a estimulava e sempre tecia elogios a sua inteligência e Rosalie mais uma vez se deu conta do quanto era fácil se apaixonar por aquele homem e que ela o julgara mal a princípio. Àquela altura o plano para impedir Edward, lorde Masen, de casar com Isabella já fora quase completamente esquecido.

Naquela noite Rosalie e sua família tinham comparecido ao baile da família Denali, uma importante e nobre família da alta sociedade e amigos íntimos dos Cullen. Eleazar e Carmem Denali possuíam três lindas filhas: Kate, Irina e Tânya e apesar de não serem moças muito inteligentes, Rosalie tinha certo apreço por elas, afinal eram exatamente o que tinham sido criadas para ser: bonitas e ágeis lutadoras na caça a um marido.

Rosalie tamborilou os dedos nas próprias coxas no ritmo da música lenta que tocava no salão. Estava sentada em uma das cadeiras que ficavam no canto do salão ao redor da pista de dança,  ao lado da sua mãe que emendava uma conversa animada com lady Swan sobre como a temporada estava animada e como elas estavam ansiosas para os casamentos que ocorreriam ao final dela. Esme já estava sonhando com o enxoval de Isabella e Rosalie sorriu ao ouvir a conversa. Sua mãe era incorrigível e justamente por isso ela a amava tanto. Desviando a atenção para a pista de dança Rosalie viu Isabella rodopiando nos braços de Edward em meio a tantos outros casais, entretanto eles eram diferentes, olhavam-se olho no olho e havia tanta profundidade naquele olhar, tantas verdades, tanto sentimento que por um instante, Rosalie sentiu que estava invadindo um momento íntimo.

— Vou buscar um refresco. – Avisou interrompendo a conversa entre as duas, a mãe fez apenas um gesto com a mão indicando que ficasse à vontade e então voltou a conversar como se ela não tivesse falado. Rosalie bufou.

Com passos rápidos caminhou até a mesa onde as comidas e bebidas estavam servidas praguejando em voz baixa a respeito  de mães relapsas quando esbarrou em alguém.

— Ah, me perdoe, eu....- E então encarou aqueles olhos verdes que a encararam de volta e sorriu imediatamente. – Alice! Que alegria ver você, Deus, eu nem sabia que estava na cidade, porque não me avisou? Eu teria ido visita-la e Oh, por Deus. Faz tanto tempo. – Rosalie sentiu que os olhos ficavam embaçados pelas lágrimas quando envolveu a baixinha pelos ombros e a puxou para um abraço cuidadoso visto que a barriga de seis meses se interpunha entre elas atrapalhando um pouco o gesto.

— Se eu soubesse que teria sido tão bem recebida, com certeza a teria procurado antes. – Retrucou devolvendo o abraço. – Sim, faz um bom tempo mesmo, tive saudades de você. – Se afastaram quebrando o contato e tendo a oportunidade de observar uma a outra com mais calma.

Alice continuava com as mesmas feições delicadas que a lembravam de uma fada, o cabelo estava mais comprido preso numa trança lateral que alcançava um pouco abaixo dos seus seios, usava um delicado  vestido cor de rosa que abraçava sua barriga inchada graciosamente. Rosalie por outro lado tinha os cabelos loiros presos em um coque com alguns cachos soltos na parte da frente emoldurando seu rosto, o corpo envolto em um vestido de musseline verde.

— Você está maravilhosa esta noite, ainda mais bonita do que da última vez que nos vimos. - Alice disse envolvendo as duas mãos na mão esquerda de Rosalie que por sua vez fungava baixinho e tentava limpar as lágrimas dos olhos discretamente. Alice era sua prima mais querida e foi uma dor para Rosalie quando ela se casou com o Conde Jasper Withlock mudando-se para sua propriedade no interior onde eles passavam a maior parte do tempo. Em raras ocasiões Alice voltava a cidade, Jasper era um homem pacífico que amava a paz e a tranquilidade do campo. O fato deles se amarem profundamente e Rosalie enxergar o quanto Alice estava feliz fora a única coisa capaz de amenizar a dor em seu coração. – Oh, querida por favor não chore. – Pediu a mais nova. – Esses hormônios da gravidez tem me feito uma chorona. Por qualquer mínima coisa tenho posto o pobre milorde Withlock louco sem saber o que fazer para me impedir de chorar. – Ela riu e Rosalie a acompanhou.

— Pobre Jasper, imagino o que ele tem passado em suas mãos agora, se já a mimava quando estavam apenas se cortejando, imagino agora que você espera seu primeiro filho. – Rosalie riu novamente. – Onde ele está, por falar nisso?

Alice revirou os olhos e a puxou para dar uma volta pelo salão, a bebida completamente esquecida.

— Está discutindo negócios com Milorde Jenkins. Eu gostaria de ter avisado a você que viríamos, mas foi tudo muito rápido, Jasper recebeu o convite para o baile dos Monterrey, você sabe, o que será daqui a dois dias e disse que não poderíamos perder. Agora, imagine você a minha surpresa quando Jasper, a pessoa menos festeira que conheço decidiu que era um baile imperdível, mas ao que parece Peter Monterrey irá pedir a mão de lady Charlotte em casamento e ele fez questão de ter Jasper por perto. Você sabe o quanto eles são amigos depois de terem passado aquele tempo juntos no exército. Enfim, chegamos hoje a cidade e como eu sabia que iria vê-la não fiz questão de avisar, preferi fazer uma surpresa.

— E que surpresa maravilhosa. – Rosalie disse com um sorriso genuíno nos lábios. – Por quanto tempo pretendem ficar?

— Oh, não muito, o casamento ainda demorará pelo menos um mês para ocorrer e Jasper não pode ficar longe dos negócios por tanto tempo, então iremos embora na manhã seguinte ao baile, bem cedo.

— Que pena, gostaria que você ficasse mais tempo. – Declarou a loira enlaçando o braço no da prima.

— Eu também, mas deixamos isso de lado e vamos falar do que interessa. Você e o Duque McCarty, hã? Eu li as Crônicas da Sociedade, você esteve em todas as últimas três edições. Agora conte-me, você está interessada no duque? – Direta como sempre e nenhum pouco discreta, pensou Rosalie sentindo o rosto enrubescer.

— Alice, isso não é apropriado. – Tentou escapar ganhando um revirar de olhos.

— Ora, você não se atreveria a ignorar o pedido de sua prima preferida que está grávida, não é? Seria muito desagradável se meu filho nascesse com o rosto do seu duque. – Provocou e Rosalie corou ainda mais.

— Ele não é, meu duque. Pare com isso. – Suspirou, sabia que não adiantava tentar escapa de Alice. – No começo eu realmente não o suportava, você sabe que ele tem uma terrível fama de libertino e eu...bem....eu o julguei mal, confesso.

— Rosalie Cullen assumindo que estava errada? - Alice arquejou arregalando os olhos. – Achei que não viveria para ver esse dia.

A loira deu uma cotovelada de brincadeira na prima.

—Você quer ouvir o resto ou não? – Questionou e Alice fez um gesto indicando que não abriria mais a boca. Interrompeu o passo num ponto estratégico do salão ficando de frente para Rosalie de modo que pudesse observar a movimentação no salão. – Ele tem me visitado todas as tardes e damos muitos passeios juntos, ele é um homem honesto, agradável e gentil e é bastante inteligente também e...

—Você está completamente apaixonada por ele. – Declarou a mais nova sorrindo feliz.

— Sim, eu estou. – Concordou Rosalie sabendo que não havia como negar. Suspirou profundamente. – Nós... trocamos alguns beijos quando saímos e ele me leva as alturas, mas nunca falamos de casamento ou de um futuro juntos, nem mesmo sei se ele corresponde aos meus sentimentos. - Deixou escapar.

— Rosalie, você nunca foi mulher de esperar por nada, se você o amo de verdade e acha que ele vale a pena, não espere que ele aborde o assunto, faça você mesma.

— Ah Alice, eu nem saberia como, eu....

— Bem, aí está sua chance. - A prima sorriu e quando Rosalie se virou deu de cara com Emmett vindo em sua direção com um sorriso que ia de orelha a orelha.

— Alice....- Mas a prima já havia sumido no meio da multidão quando ela voltou para encará-la.

A próxima coisa que ela sentiu foi o cheiro de Emmett atacando todos os seus sentidos e lhe roubando o ar, a sanidade e qualquer pensamento coerente, virou para encará-lo dando de cara com seu peitoral coberto pelo terno preto. Sua boca tornou-se seca imediatamente.

— Boa noite. – A voz rouca fez seus pelos da nuca se arrepiarem.

— Boa noite. – Ela repetiu e foi inevitável sorrir.

— Você está linda.

—Obrigada, você também está linda, lindo. Desculpe. – Sua mente estava inebriada e Emmett riu do seu jeito encabulado. Ele estendeu a mão alcançando a sua mão coberta pela luva e o simples calor do corpo dela através do tecido fino foi o suficiente para despertar Emmett por inteiro, já não podia mais relutar, estava apaixonado por aquela mulher e a faria a mãe de seus filhos ou ele não se chamava Emmett McCarty.

Ele brincou com o cartão de danças preso em seu punho antes de abrir a boca novamente.

— Será que a senhorita me concederia a honra desta dança? - Ele perguntou envolvendo a sua mão na dela. Rosalie ofegou. A ideia de estar em público daquele modo, com seus corpos unidos embalados por um ritmo suave e delicioso, a mão dele pressionando sua cintura, o calor sólido do corpo dele se infiltrando em sua pele por sob as camadas de roupa. Seria seu fim.

— Não! – Sua voz soou baixa, porém estridente e ela se surpreendeu com o fato de perder o controle sobre si. Tossiu para disfarçar o nervosismo e tentou outra vez. – Quero dizer, eu não sei dançar, milorde.

Emmett a encarou arqueando as sobrancelhas, uma expressão zombeteira no rosto como se não acreditasse no que ela dizia.

— Acho pouco provável que uma dama versada em literatura, poesia, política e economia não saiba executar uns simples rodopios no salão. – Emmett declarou e em seguida levou a mão dela aos próprios lábios sem uma razão lógica de fato para aquilo, apenas porque era o que ele desejava, beijou o tecido de sua luva e desejou poder arrancá-lo com os dentes e provar a pele escondida por baixo. – Receio de insistir na nossa dança.

— Depois de amanhã, no baile dos Monterrey. – Rosalie disse de supetão com o coração acelerado ao sentir os lábios dele tocando-a, apenas Emmett poderia fazer algo inocente como um beijo em sua mão parecer algo completamente pecador e devasso e despertar o fogo em seu interior.

— É uma promessa? – Ele perguntou em tom brincalhão, pelo visto não escaparia daquilo tão fácil.

— Sim, é uma promessa. Por agora eu gostaria de beber alguma coisa e desfrutar de sua companhia. – Ela deixou escapar e Emmett não deixou de perceber, sorriu mais satisfeito do que admitiria e estendeu o braço para que ela o enlaçasse.

— Sou seu fiel servo, senhorita. Use-me para o que quiser. E de repente sinto minha boca muita seca também, embora possa pensar em uma ou duas formas mais agradáveis de ocupa-la. - Rosalie riu, já acostumada com os avanços do libertino.

—Mais tarde, no jardim. - Ela sussurrou.

— Me parece perfeitamente adequado. – Retrucou um satisfeito Emmett.

X

— Ah, eu acho que vou vomitar. – Rosalie disse subindo as imensas escadarias da casa dos Monterrey. Usava um vestido lilás de tecido suave com contas prateadas enfeitando toda a saia, os cabelos estavam soltos em lindos cachos loiros e ela havia se maquiado com muito esmero. Tinha decidido levar o conselho de Alice a sério e naquela noite questionaria Emmett sobre o futuro, diria que desejava casar com ele e se ele não lhe correspondesse era melhor encerrarem aquilo de uma vez.

— Não se atreva! – Isabella disse segurando sua mão. – Vai dar tudo certo, Rosalie, você é linda e é a moça mais forte e inteligente que eu já conheci, se ele não a quiser é porque não merece tê-la. Mas você está se preocupando a toa, é nítido para qualquer um que o Duque está tão apaixonado por você quanto você está por ele.

Na noite anterior as duas irmãs tiveram uma conversa bastante sincera sobre seus sentimentos e os pretendentes e Rosalie entendeu de uma vez que Isabella amava Edward e que ele a correspondia, e que ambos se casariam. Isabella desejava que Rosalie pudesse aceitar sua decisão. A loira admitiu que estava erradas á respeito do futuro duque e concedeu a irmã não apenas sua aprovação, mas também seus mais sinceros votos de felicidade. E em seguida passaram a fofocar a respeito do seu conturbado relacionamento com o duque McCarty.

Rosalie assentiu para a mais nova tentando controlar o nervosismo. Ao entrarem no baile, passearam um pouco, cumprimentaram alguns conhecidos, conversaram com Alice até que enfim  Edward tirou sua irmã para uma valsa e Jasper levou Alice para tomar um ar nos jardins.

— Eles formam um belo casal. – Murmurou uma voz ao seu lado assustando-a.

— Meu Deus! Você não pode fazer barulho como qualquer pessoa normal? – Ela perguntou para Emmett o fazendo rir. – Sim, eles formam um bonito casal.

—Não acredito, será que a senhorita finalmente resolveu deixar o pobre senhor Masen em paz? – Questionou Emmett incrédulo. Ela deu de ombros indiferente.

— Sei admitir quando estou errada, milorde. E sou capaz de voltar atrás e me corrigir.

—Sei. – Ele disse e então emendou. – Só espero que não volte atrás em suas promessas, pois pelo que me consta a senhorita me deve uma dança e esta parece perfeitamente adequada. – Ele piscou matreiro estendendo a mão e Rosalie sentiu o estômago revirar, mesmo assim empurrou o pavor que crescia em seu corpo para baixo e colocou sua mão sobre a de Emmett deixando que ele a conduzisse para a pista de dança.

Quando Rosalie pôs sua mão no ombro de Emmett e ele a enlaçou pela cintura todo o restante do salão pareceu se apagar, não havia mais ninguém ali além deles dois, os olhares se concentraram um no outro e os pés se moveram numa mesma sintonia, ela sentia o calor dele, sua respiração tocando sua pele, seu cheiro, seu toque, tudo nele a sobrecarregava e só queria desfalecer em seus braços.

Emmett por sua vez se movia com graça e parecia em pleno domínio de suas funções, mas só parecia mesmo. Ele nunca imaginou que uma dança poderia ser uma experiência tão sensual o levando a beira da loucura e do prazer. A simples presença de Rosalie, aqueles lábios sensuais próximos de si, o verde daqueles olhos, a pele pálida e perfumada coberta por um suave rubor era demais para o seu auto controle, queria prova-la com sua língua, com seus lábios, com seus dedos, toda ela. Queria tirá-la daquelas camadas de tecido até revelar sua nudez para si e então a teria debaixo dele chamando unicamente seu nome para sempre, como sua esposa, até que a morte os separasse. Queria ser dela como nunca antes desejara ser de nenhuma outra mulher, queria ter uma aliança em seus dedos, prova de que pertencia irrevogavelmente a ela, queria vê-la carregar seus filhos.  Estava a ponto de beijá-la quando a música acabou. Eles se afastaram e ele a conduziu para o ponto do salão onde a tinha abordado inicialmente.

— Se eu soubesse que seria tão intenso teria dito sim imediatamente. – Ela disse umedecendo os lábios com a ponta da língua.

— Talvez se tivesse dito sim imediatamente não teria sido tão intenso. Vale a pena esperar por algumas coisas ou pessoas. – Ele disse com sabedoria. – Valeu a pena esperar por você. – Completou pegando-a totalmente desprevenida.

— Emmett... – Ela começou, mas ele colocou um dedo a frente de seus lábios num gesto íntimo e nada apropriado.

— Conversaremos mais tarde, tenho um assunto de extrema urgência para resolver agora. – E se afastou rapidamente. Rosalie suspirou tentando conter os tremores que chacoalhavam seu corpo. Amava aquele homem e queria se jogar de cabeça naquilo.

A noite se arrastou lentamente e Rosalie procurava Emmett em todos os lugares, não estava o achando em lugar algum e precisava falar com ele, tinha que dizer que o amava e resolver de uma vez por toda aquela situação ou sentiria que explodiria. Depois de se informar com um criado descobriu que ele estava num escritório estranhamente junto com milorde Masen. Agradeceu a informação e se dirigiu ao local.

A porta estava entreaberta, Rosalie não queria interromper, mas não podia adiar mais. Se aproximou com coragem mas paralisou ao ouvir o que diziam.

— Você tem certeza que é uma boa ideia? Sabe que eu raramente questiono suas decisões, mas você é meu primo mais querido Emmett e não quero que as coisas acabem mal. – Lorde Masen dizia sentado numa cadeira enquanto fumava um charuto, Emmett estava de pé no lado oposto de frente para uma janela apoiando a mão na parede.

— Sim, eu tenho certeza. Obviamente a moça não vai reagir bem, você sabe que ela é espinhosa, mas é o certo. – Ele parecia convicto de alguma coisa, Rosalie não costumava ouvir conversas de terceiros, entretanto alguma coisa a fez permanecer em silêncio. Ainda estava atordoada por saber que os dois eram primos e Emmett nunca comentou nada.

— A vida é muito engraçada. Você se aproximou da Rosalie a meu pedido para distrai-la e deixá-la longe da corte que eu fazia a Isabella e agora... – Edward deixou a frase no ar rindo um pouco, Rosalie sentiu como se um soco a tivesse atingido bem no estômago, as lágrimas de tristeza, humilhação, frustração e ódio correram por seu rosto antes que ela pudesse chama-la de voltas e ela sequer parou para pensar nas implicações do que Edward estava dizendo, não queria ouvir mais nada.

 Como tinha sido burra! Planejou sair dali em silêncio, mas as lágrimas embaçavam sua visão e ela estava atordoada, acabou tropeçando num vaso com uma enorme planta ornamental caindo no processo. A conversa cessou dentro da sala e a próxima coisa que ele soube foi que a sombra de Emmett pairava sobre ela.

— Rosalie? - Ele questionou surpreso estendo as mãos para ajudá-la a se erguer.

— Fique longe de mim! – Ela disse o empurrando e ficando de pé sozinha. Odiou estar chorando na frente dele, odiou ter dado a ele o poder para magoá-la.

— Você ouviu. - Ele se deu conta arregalando os olhos. – Rosalie se me deixar explicar...

— Não! Será que não já basta para você? Será que não já contou mentiras o suficiente e me fez de tola por tempo bastante? – Ela disse o encarando com fúria. – Eu lhe perguntei Emmett, no parque, por Deus, você teve mil chances de explicar, desconfiei de sua aproximação, mas nem mesmo eu poderia supor que era algo tão baixo. – Ela riu, um som estrangulado e desesperado e Emmett odiou aquele som com todas as suas forças bem como saber que era o motivo de suas lágrimas. – E eu não só acreditei em você como eu também.... Oh, agora tudo faz sentido. Todos os passeios e como Isabella parecia feliz quando retornávamos.

— Rosalie.... – Ele tentou se aproximar e ela deu um passo para trás como se ele tivesse alguma doença contagiosa.

— É Srta. Cullen para você. – Ela disse com voz dura enxugando as lágrimas.- Eu não o conheço, milorde e não dou esse tipo de intimidade a estranhos. Espero que tenha aproveitado ao máximo o tempo que me fez de idiota porque foi a última vez que isso aconteceu. Fique longe de mim. Nunca mais quero vê-lo.

E antes que ele pudesse impedir ela saiu correndo de volta para o salão, Emmett a seguiu chamando seu nome, mas ela se enfiou no meio da multidão que se reunia para ouvir o anúncio do noivado de Peter e Charlotte e Emmett a perdeu de vista completamente. Num segundo Edward apareceu ao seu lado.

— Eu sinto muito.- Murmurou. Emmett balançou a cabeça, aquilo ainda não tinha acabado.

Rosalie correu desesperada desviando das pessoas pouco se importando com os resmungos, só queria desaparecer da face da terra. Até que esbarrou em alguém que a impediu de continuar.

— Rosalie? O que aconteceu? Rosalie? – Chamou Alice a segurando pelos braços.

—Só me tire daqui, por favor. - Pediu com voz fraca, iria desmoronar e não precisava de testemunhas para aquilo.

X

Emmett passou a noite inteira em claro, não conseguiu dormir nem por um misero minuto, todas as vezes que fechava os olhos via as lágrimas de Rosalie, sua expressão de dor, a postura defensiva do seu corpo, odiou a si mesmo e desejou ter contado a ela antes, deveria ser ele a lhe dizer, deveria ser ele a consola-la. Quando a visse naquela manhã iria toma-la em seus braços e lhe dizer todos sentimentos que estavam em seu coração, iria dizer que tinha começado daquele jeito, mas agora tudo era diferente pois ele se apaixonara e a amava loucamente, a teria de volta porque simplesmente não havia mais vida sem ela.

O dia amanheceu finalmente e para Emmett foi uma tortura esperar um horário socialmente adequado para visitas. Não conseguiu tomar café da manhã e quando o relógio marcou as nove e meia ele vestiu-se às pressas e deixou sua casa rumo a Mayfair.

Qual não foi sua surpresa ao bater na porta e ser atendido diretamente pela figura de Carlisle Cullen, o Visconde saiu o encarando na calçada deixando claro que ele não entraria em sua casa.

— Visconde Cullen...- Emmett começou.

— Eu o tive em alta conta rapaz, todos nós tivemos, minha esposa e eu acreditamos e incentivamos cada empreitada sua, ignoramos o passado e até mesmo fizemos vista grossa para alguns avanços que poderiam ser considerados inadequados, fomos jovens, sabemos como são os arroubos da paixão, tudo isso porque Rosalie estava feliz e eu nunca a tinha visto daquele modo antes, mas tudo isso termina no momento em que você magoa minha filha. Rosalie não está aqui e ela não deseja vê-lo. Eu não sei o que fez, mas eu nunca vi aquelas sombras nos olhos dela e juro pelo bom Deus que é somente o pedido dela para deixar este assunto para lá que não me fez escorraçá-lo daqui com uma pistola. Não volte mais.

— Senhor, se eu puder explicar....

— Não pode. Ela não está aqui, como eu já disse.

— E onde ela está? Senhor, por favor, eu a amo. Eu amo sua filha e não vou desistir dela. –Emmett disse desesperado e Carlisle se compadeceu ao menos um pouco.

— Ela não quer que você saiba, Emmett. Você é um bom rapaz e eu gosto de você, mas não o escolherei em detrimento da vontade de Rosalie. Sinto muito que não acabou bem, é melhor você ir agora. – E sem mais delongas entrou deixando um Emmett perdido e cabisbaixo na porta da casa, um bolo se formou em sua garganta e pela primeira vez desde que o pai tinha morrido Emmett quis chorar de verdade. Ficou parado ali por mais alguns segundos antes de dar as costas pronto a ir embora. Mas então ouviu o som da porta abrindo novamente chamando sua atenção.

— Ela foi para Hampshire, para a propriedade do Conde Withlock, o marido de minha prima Alice, eles voltaram para casa esta manhã e Rosalie pretende ficar lá para o nascimento do primeiro bebê deles. – A voz de Isabella era suave e ela se movia com graça fechando a porta as suas costas e se certificando que o pai não a pegaria em flagrante. - Se o senhor for rápido será capaz de alcança-la no meio do caminho. Eles não podem viajar muito depressa por causa da condição de Alice, ela está com seis meses de gravidez. Além do mais não tem porque viajar rápido, ninguém sabe que Rosalie foi e ela pediu que nenhum de nós contasse para o senhor.

Contra todas as normas de etiqueta Emmett a abraçou apertado tomado pela emoção, a esperança reacendendo com força em seu peito. Se afastou por fim querendo correr para casa e mandar que preparassem seu cavalo, mas uma dúvida o corroía.

— Por que está me contando? – Perguntou a Isabella que apenas deu de ombros sorrindo.

— Rosalie o ama, vi o brilho em seu olhar a cada vez que proferia seu nome. Quero que minha irmã seja feliz e estou contando com o fato de que milorde a fará feliz. O que posso dizer? Sou uma romântica por natureza.

— Não a decepcionarei, milady. Trarei sua irmã de volta, nos casaremos e eu a farei feliz cada dia da minha vida até que o ar se esvaia dos meus pulmões e meu coração pare de bater.

X

Na tarde do seu segundo dia de viagem uma parte de Rosalie começava a se perguntar se havia feito a escolha certa, seu coração estava quebrado e ela se perguntava se deveria ter ouvido o que Emmett tinha a dizer mas sua outra parte, sua parte racional lhe dizia para deixar aquilo de lado e se concentrar nos fatos, ele tinha mentido, enganado, sequer gostava dela de verdade, estava apenas brincando com seus sentimentos. No primeiro dia de viagem Rosalie tinha pedido a Jasper que fosse com a maior velocidade que conseguisse, queria estar longe o quanto antes da cidade, da sensação de opressão, das lembranças de Emmett.

Mas por fim o ritmo se revelou intenso demais para Alice que deu indícios de estar passando mal. Rosalie amaldiçoou seu egoísmo. Naquele segundo dia viajam com tranquilidade e em poucos minutos parariam numa pousada onde passariam a noite.

Alice tagarelava ao seu lado enquanto Rosalie apenas balançava a cabeça positivamente sem fazer ideia do que ela dizia.

— Você vai adorar nossa casa, ela é tão acolhedora e as pessoas são simpáticas. Podemos fazer piqueniques nos fins de tarde e sair para cavalgar até o lago, Jasper adora pescar e eu sempre fico na beira sentindo a água fria refrescar meus pais e....Você não está ouvindo nada do que digo, está?

Rosalie balançou a cabeça positivamente e Alice riu alto atraindo sua atenção verdadeiramente. A loira suspirou.

—Perdoe-me Alice, estou sendo uma péssima companhia.

— Não, está tudo bem. – A prima fez um gesto indicando que aquilo não importava. Mordeu o lábio inferior. – Rosalie, talvez você devesse ouvir o que o senhor McCarty tem a dizer. -  A mais velha abriu a boca para retrucar, mas Alice prosseguiu falando antes que ela tivesse a oportunidade. – Você é uma boa juíza de caráter Rosalie e eu tenho certeza de que não se apaixonaria por um crápula. Você sempre foi tão crítica, tão pragmática, objetiva, sempre a admirei por isso. – Sentiu o afago de Alice em sua bochecha e sorriu. - Sei que a cabeça pode estar dizendo uma coisa, e o orgulho gritando ainda mais alto, mas talvez seja hora de calar essa voz e escutar apenas o seu coração.

Rosalie assentiu sentindo as lágrimas escorrerem de seus olhos no exato instante em que a carruagem parou. Jasper apareceu estendo a mão para Alice e dizendo que iriam permanecer naquela pousada para a noite, iriam trocar as rodas da carruagem e descansar os cavalos, por fim a convidou a entrar com eles, mas Rosalie declinou do convite afirmando que precisava ficar um pouco sozinha com seus pensamentos.

Desceu da carruagem e caminhou pelas imediações da propriedade por algum tempo até acabar num jardinzinho com uma fonte no meio cercada por tulipas vermelhas. Se ajoelhou e então inalou o cheiro suave das flores. Tocou a água da fonte e antes que pudesse se dar conta estava chorando de novo, mas agora por outra razão.... Era saudades que sentia.

Não sabia quanto tempo ficou naquela posição até que sentiu uma sensação familiar em seu corpo e um arrepio nos cabelos de sua nuca, encarou o chão a sua frente se deparando com um par de botas pretas e ela não precisou erguer o olhar para saber a quem pertenciam.

Arfou e se ergueu, ficando cara a cara com o homem que parecia ser seu maior sonho e seu pior pesadelo. Umedeceu os lábios.

—Você....- Ele a silenciou com um dedo.

— Não, agora você que vai me escutar. Você mulher maluca que não escuta ninguém e com essa boca grande profere suas verdades, você agora vai me ouvir. - Ele respirou fundo. – Sabe o que eu estava fazendo naquela sala com Edward? Eu estava dizendo a ela que precisava conversar com você, que precisava lhe contar tudo e que não podia mais continuar escondendo aquilo de você e sabe por que?

Ela tentou responder, mas ele não permitiu.

— Não, você só escuta. Porque era inconcebível para mim que a mulher com quem eu me casaria não soubesse a verdade, não soubesse que eu me aproximei dela por um pedido estúpido de um homem desesperado, mas que tudo mudou no minuto que ela abriu sua boca insolente e me mandou levantar do local em que eu sentara porque pertencia a sua irmã. Você me conquistou, Rosalie, você me fez sentir vivo. – Ele segurou suas mãos. – Desde que eu perdi meu pai eu me sentia vazio, perdido, um espectro do que eu deveria ser, procurei em bebidas, jogos e mulheres qualquer coisa que me fizesse voltar a ter vontade de estar vivo e então.... Bastou sentar ao seu lado e tudo mudou. Quando nos beijamos naquele jardim eu soube que aquele era um caminho sem volta. Antes de ir novamente a sua casa eu pensei em desistir, pensei em dizer a Edward que não poderia continuar com aquilo. E então eu me irritei, Quem é essa mulher, pensei eu, que acha que tem o direito de invadir minha vida e revirar todos os meus sentimentos e me amedrontar? Eu me convenci de que você não era importante e que eu estava confundindo as coisas, então fui a sua casa.

Rosalie engoliu em seco e as lágrimas começaram a descer por seus olhos diante da declaração.

— Se eu fosse honesto comigo admitiria que estava voltando porque eu queria ver você de novo, porque eu precisava do que só você podia me dar: a alegria de sentir que a vida ainda valia a pena. E naquela tarde depois de quase perder você por causa daquela maldita carruagem eu me dei conta de que estava me apaixonando e céus como eu queria aquilo, como eu queria você. Então eu voltei, todos os dias, não por Edward, nem por Isabella, nem pelo desejo da sua mãe, mas unicamente por nós. Por mim, por você e pelo que eu sentia, eu queria que você se apaixonasse, eu queria ter você em minha vida para sempre porque àquela altura eu já sabia que amava você e eu queria que você estivesse pronta para me amar de volta. – Ele se ajoelhou com lágrimas nos olhos segurando suas mãos. -  E agora eu estou aqui diante de você, implorando o seu perdão, implorando que você me deixe amá-la do jeito que eu sei que você merece Rosalie, e do jeito que eu sei que posso amá-la. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você e quero preencher cada dia da sua existência, quero você ao meu lado, quero que seja minha duquesa, minha imperatriz, minha rainha, quero que seja tudo o que você quiser ser, mas tem uma coisa que você já é, independente da sua vontade: dona do meu coração. Case-se comigo, Rosalie. Por favor, - ele pediu e então repetiu em voz baixa. – Por favor.

O tempo parecia parado enquanto Emmett aguardava que a loira tivesse alguma reação, que o perdoasse ou o mandasse embora apenas para vê-lo retornar de novo e de novo e de novo e quantas vezes fossem necessárias até obter o perdão dela.

Rosalie se ajoelhou diante dele e então o beijou, um beijo completamente diferente do que tinham experimentado até então. Um beijo com gosto de reconciliação, amor e promessas de um futuro feliz, um beijo acolhedor e sereno como um céu límpido depois de uma tempestade.

— O que você está fazendo? – Ele perguntou quando por fim o ar se fez necessário. Ela sorriu envolvendo-o com seus braços.

— Estou ouvindo o meu coração.- beijou seus lábios rapidamente. – Eu o perdoo, Emmett porque o amo, porque eu quero todas as estúpidas coisas que você disse e que eu jurei nunca querer, quero nossa casa, quero nossos filhos, quero você sempre perto. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.- Ela pontuou cada declaração de eu te amo com um beijo em sua bochecha e por fim em sua boca.

— Então vai se casar comigo- Ele perguntou se erguendo e trazendo ela junto.

— Sim, eu me casarei com você. – Ele a agarrou pela cintura e rodopiou sobre o próprio eixo erguendo o corpo dela no ar enquanto o som do riso dos dois enchia o local.

De um quarto no primeiro andar da pousada Alice observava a cena satisfeita com uma xícara de chá quente nas mãos.

— Você não estava passando mal de verdade, estava? – Jasper questionou franzindo o cenho e encarando o sorriso travesso da esposa.

— Eu só queria dar uma chance ao moço. – Ela deu de ombros depositando a xícara sobre uma mesinha, em seguida puxou o marido para perto de si.

— Você é terrível. - Jasper disse encaixando o queixo sobre a cabeça dela.

— Eu apenas vejo coisas que as outras pessoas não conseguem ver. E no momento que eu vi Rosalie e Emmett sabia que estavam destinados um ao outro.

— O casal mais improvável. - Jasper riu. – A Solteirona e o Libertino.

— Jasper, meu querido, nada é improvável quando se trata de amor. – Ela disse procurando seus lábios para um beijo.


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Notas finais do capítulo

Eu to no chão com o final dessa história
Foi uma das minhas preferidas de escrever e eu tenho muito orgulho dela
Espero que tenham gostado
Beijinhos e até amanhã
#contagemregressiva
#Seisdiasparaofim



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