Follow Your Soul escrita por Nez


Capítulo 32
Capítulo 30




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30º Capítulo

-“Olha quem chegou!” – exclamou ela. Com a sua voz  a minha felicidade sucumbiu. Senti um frio na barriga e uns nervos á flor da pele. Será que ela sabia? Impossível!

-“Olá Mariana, já em casa?”- que pergunta estúpida fui fazer, era obvio que ela estava em casa. Ela só olhava para mim, sem me responder.

-“O que foi? Porque estás a olhar assim para mim?” – detestava quando as pessoas fixavam o olhar em mim. Mas não obtive resposta. Ela apenas começou a dirigir-se para mim e, do nada, sem que eu estivesse á espera, deu-me um valente estalo na cara. Doeu tanto, a minha cara virou. Não estava nada á espera disto. Esperava tudo menos isto.

-“’Tás parva? O que foi isto?” – perguntei-lhe, assim que me recompus do estalo que ela me tinha dado. Sentia a minha cara a arder.

-“Há tanto tempo que merecias!” – respondeu secamente e sorrindo.

-“O quê?! Não percebo!”

-“Chegaste e estragaste tudo. Chegaste e tinhas que por esses olhinhos de merda no MEU Sérgio. E como se não bastasse roubaste-o de mim. Estragaste-me a noite. Ele ia comigo, EU ERA O SEU PAR. mas tu… Ai tu… ESTRAGASTE TUDO SUA VADIA DE MERDA!” – e , mais uma vez, do nada, começou a bater-me . Sentia-a em cima de mim, no chão. Eu não lhe queria fazer mal. Ela era a minha prima, mas não podia aturar isto. Puxei-lhe o cabelo, conseguindo ficar por cima. Consegui agarrar-lhe os braços e, em vão, tentei chamá-la a atenção.

-“Mariana por amor de Deus pára! PÁRA! Entende que eu o amo e que ele me escolheu a mim. Queremos ficar juntos em PAZ. E só estás a dificultar as coisas!” – comecei a chorar. A noite que parecia ter se tornado maravilhosa, estava agora arruinada.

-“LARGA-ME ESTUPIDA DE MERDA! Eu vi-vos aos beijos, todos felizes e contentes. Tu sabes que eu o amo, tu sabes. Como pudeste? NÃO ÉS MAIS MINHA PRIMA! Hoje MORRESTE PARA MIM!” – e para terminar e quebrar o meu coração em pedacinhos, disse algo que eu não quereria nunca ouvir na vida – EU ODEIO-TE DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO! - gelei.

Afastei-me dela e olhei-a de longe, encostando-me á parede. Ela estava diferente. Respirava ofegante e o seu olhar era furioso, rancoroso, cheio de ódio,… ódio por mim. Não parecia a Mariana doce que em tempos conheci.

-“MAS QUE RAIO SE PASSA AQUI? FICARAM LOUCAS?” – perguntou a minha tia Dalila, entrando na sala, observando o cenário.

Nem eu nem a Mariana dissemos uma única palavra. Sentia-me a ferver, mas não respondi. Deixei que a Mariana se justificasse.

-“Nada mãe. Não se passa nada aqui!” – disse ela começando a levantar-se do chão e dirigindo-se para o quarto.

-ANDA JÁ AQUI MARIANA MARQUES!” – disse a minha tia pegando-a pelo cotovelo, o que impedia a Mariana de sair da sala.

-“AU MÃE. ‘Tás me a magoar!”

-“Expliquem-me o que se passou aqui. Porque estavam á bulha?” – perguntou a minha tia olhando para mim e depois para a filha.

-“Pergunta á tua sobrinha.” – respondeu a Mariana secamente, laçando o olhar fulminante na minha direcção.

-“Inês?”

-“Tia eu estou tão surpresa como tu. Eu cheguei aqui e de repente a Mariana estava em cima de mim.” – justifiquei-me.

-“Tal como saltaste para cima dele!” – sussurrou . Mas tanto eu como a sua mãe ouvimos, e isso foi o bastante.

-“Ah! Ai ai ai Mariana… Eu nem quero acreditar que fizeste isto á tua prima por causa de um rapaz?!”

-“Não é um rapaz mãe… É O RAPAZ! Ela sabe que eu gosto do Sérgio e estragou-me a noite. Tive que vir para casa com a Carolina e as amiguinhas dela, porque a Inês roubou o meu par. E se me tivesse acontecido alguma coisa? O SÉRGIO DEVIA ESTAR COMIGO!”

-“Mas eu e o Sérgio estamos apaixonados. Quando vais aceitar isso?”

-“Oh filha… se o rapaz gosta da tua prima tu tens que o deixar ir.” – disse a minha tia tentando aproximar­-se da Mariana.

-“Não mãe. Isto não vai ficar assim!” – e num instante soltou-se do braço da mãe e trancou-se no quarto. Escusado será dizer que a minha tia tentou abrir a porta, tentou convence-la a sair e o resultado foi… NENHUM!

-“Tia vou tomar um banho e vou-me deitar tá?”- disse  á medida que ia tirando os ganchos que me prendiam o penteado outrora perfeito. Tal como a minha noite, o cabelo estava péssimo. No inicio estava perfeito, lindo,…mas agora no fim já não tinha ponta por onde se lhe pegasse.

Depois do banho, e tratada a minha higiene diária, vesti o meu pijama e fui para a cama. Sentia-me cansada após um dia tão longo. Estava quase a adormecer, quando recebi uma mensagem.

Era uma mensagem do Sérgio.

“Adorei a noite. Ainda não consigo acreditar que finalmente estás comigo. És especial para mim. Mudaste-me. Beijos , dorme bem princesinha ♥”

Só ele para me animar agora. Depois do que aconteceu na sala, pensei que nada me iria animar, mas claro que o Sérgio era uma excepção. Relembrei a noite nas bancadas e adormeci, com um sorriso na cara. Sentindo-me feliz.

Acordei de manhã com um telefonema totalmente inesperado. Tão inesperado que tive que limpar os olhos e olhar novamente para o nome que aparecia no ecrã.

-“Estou?”

-“Bom dia linda. Dormiste bem?”

-“Tu?! Sinceramente não estou com pachorra para te ouvir agora João. Xau.”

-“ O quê?! Porquê?”

-“Ainda perguntas? É preciso ter muita lata. Xau” – e apressei-me a desligar o telemóvel. Virando-me para o outro lado, tentando adormecer outra vez. O telemóvel voltou a tocar, mas rejeitei a chamada. Ao fim de rejeitar 4 vezes as chamadas, o João desistiu, ou assim parecia. Porque passado um pouco o telemóvel voltou a tocar. Irritada peguei no telemóvel e atendi rapidamente.

-“OUVE LÁ ESTUPIDO, EU NÃO QUERO CONVERSAS CONTIGO, PERCEBESTE?”

-“Inês?!” – arrependi-me imediatamente. Não era uma chamada do João, mas sim do Sérgio.

-“Ai Sérgio desculpa. Não sabia que eras tu. Desculpa.”

-“Eu percebi. Mas quem é que quer conversar contigo?” – perguntou ele desconfiado.

-“Ninguém. Nada de importante.”

-“Inêêsss?”

-“Ok ok. O João estava a ligar-me há bocado , mas eu não quero falar com ele.

-“Aquele idiota. Se eu o apanho…Nem sei o que lhe faço.”

-“Esquece isso. Bom dia!” – disse-lhe e ele riu-se da minha parvoíce.

-“Bom dia princesinha. Eu liguei-te para saber se hoje querias ir dar uma volta comigo á tarde. Queres?” – notava-se o entusiasmo na sua voz, o que me deixou feliz.

-“Claro que quero. A que horas e onde?” – perguntei demasiado rápido. Comecei a pensar se não dei uma de desesperada, mas enfim.

-“Eu vou-te buscar, não vais sozinha tola”. – riu-se – “ Queria mostrar-te um pouco de Tavira hoje. Queres?”

-“Sim!”

-“ Óptimo. Vou buscar-te a casa depois de almoço tá?”– sentia-me a tremer por dentro. Ia ser a primeira vez que íamos os dois passear sozinhos.

-“Ok. Por volta das 14h?” – perguntei.

-“Está perfeito para mim. Beijinhos minha linda. Até logo!”

-“Até logo. Beijinhos.” – estava tão entusiasmada que saltei logo da cama para o chuveiro. Tinha que escolher a roupa para o meu primeiro passeio com o Sérgio . Ri-me da minha parvoíce. Sentia-me uma criancinha feliz quando recebe as prendas na manhã de natal.

O tempo passou num instante e nem consegui almoçar como deve ser, de tanta ânsia de estar com ele.

Finalmente recebi uma sms a dizer para eu descer. Ele já me esperava lá em baixo á porta do prédio.

-“Tia vou dar uma volta. Não volto muito tarde tá?”

-“Vai lá filha. Diverte-te!” – a minha tia deve ter percebido a minha cara de felicidade e foi só juntar as peças do puzzle para perceber que eu ia estar com o rapaz que foi motivo de discussão na noite anterior.

Quando dei por mim já estava a dirigir-me a ele com um grande sorriso na cara , igual ao que ele me transmitia.

-“Estás linda!” – disse ele sorrindo e aproximando-se mais de mim. Senti-me um pouco constrangida. A minha vontade era de o beijar, mas de certa forma não me sentia “preparada”. Parece que era um passo demasiado longo para a curteza da perna. Era muito rápido. E pelos vistos também ele sentia o mesmo, porque me deu um beijo na testa, um beijo prolongado –“Pronta?” – perguntou ele.

-“Sim! Mostra-me lá Tavira.”

Caminhámos de mãos dadas por Tavira, até que chegámos a um jardim . Parecia que estava a ter um dejá vu.

Ele levou-me a um jardim lindo… era amplo e muito verde… colorido por flores amarelas, brancas, cor-de-rosa, tantas cores. Era absolutamente lindo. Tal como o jardim do meu sonho. Inspirei o ar puro e frio desta tarde de inverno, instintivamente, sorri. Sentia-me feliz.. Este jardim lindo , e eu acompanhada pelo Sérgio. Parece que tudo finalmente se encaixava.

Fechei os olhos e concentrei-me. Ouvia os pássaros a cantar, sentia o vento leve  na minha cara, ouvi o rio. Era fantástico. Mas senti algo no meu cabelo ,e depressa me afastei assustada.

-“Calma… Só te queria oferecer esta flor.” – disse ele , colocando-a no meu cabelo – “ ‘tás linda!” – sorriu ele. Será que eu estava a sonhar outra vez ?

-“Obrigada!” – agradeci-lhe –“ Queres que te ofereça uma também? Não tenho nada para te dar…” – ele sorriu meio torto.

-“Há algo que me podias dar, mas não é uma flor!”– e começou a rir.

Sentia-me envergonhada e de certeza que agora já estava parecida com um tomate de tão vermelha que estava.

-“O quê?”- disse olhando para ele, para os seus olhos azuis lindos. Ele riu-se e agarrou a minha face e colocou a mão na minha cintura, puxando-me mais para ele.

-“Um beijo…O teu beijo…” – e senti os seus lábios tocarem os meus. Começou por beijar-me com cuidado, com carinho. E sem forças, entreguei-me ao seu beijo enrolando os meus dedos no seu cabelo. O seu beijo foi-se tornando mais fugaz, e sentia a sua língua a percorrer os meus lábios, a tocar a minha. Beijava-me com paixão. Ele deixava-se sem fôlego. Tive que me afastar.

-“O que foi? Fui depressa de mais?”- perguntava ele sentindo-se arrependido.

-“Não. Deixaste-me foi sem fôlego.”- ouvi a sua gargalhada. E instintivamente olhei para ele sem perceber de onde vinha a graça. E ele calou-se como que pedindo desculpa.

Continuámos a passear pelo jardim passando por um lago cheio de cisnes, tão lindo. Começava a perguntar-me se estava a dormir na minha cama e isto era outra vez um sonho perfeito.

-“Estás a gostar?” – perguntou ele parando de andar e virando-se para mim.

-“Eu estou a adorar. É pena é estar este tempo...” – os olhos dele olhavam para mim e eu sabia que já não estava a conseguir pensar como deve ser.

-“Inês?! Estás bem?” – ele abanava-me suavemente os ombros , para me tirar deste transe.

-“Oh… desculpa! Que vergonha.” – Ultimamente vagueava pelos meus pensamentos com muita frequência.

-“Não faz mal. Parece que não estavas aqui…” – disse ele brincando comigo.

Sentámo-nos nos baloiços do parque infantil, só para descontrair um bocadinho.

-“S-Sérgio?”

-“Sim?”

-“O que somos?” – ele olhava-me como quem olhava para um maluquinho do Júlio de Matos –“Não me olhes assim. Eu quero saber o que somos nós os dois. O que te sou a ti? ‘tás a perceber a minha pergunta?”

Preparava-se para me responder , quando ouvimos um som que parecia rasgar o céu. Assustei-me. E instintivamente saltei para o seu colo, sentindo-me mais protegida com o seu abraço quente.

-“É só uma trovoada. Não precisas de ter medo!”.

Mas a trovoada não vinha sozinha. Pois imediatamente começou a chover , estragando a bela tarde que eu estava a ter.

-“Anda!” – sentí uma descarga eléctrica assim que a sua mão agarrou a minha, obrigando-me a segui-lo a correr para nos abrigarmos da chuva. Só podia ser o meu sonho , outra vez. “Acorda Inês”- pensei para mim

Fomos para de baixo da casa do escorrega. Estava encharcada e, agora, com frio.

-“Bem… isto não estava nos meus planos.”- disse ele  dando o seu sorriso torto. Será possível que até numa tarde chuvosa e trovejante ele conseguia ser mais lindo?

Não parava de trovejar. E se havia coisa de que eu não gostava era de trovoadas.

-“Tens medo?” – perguntou ele rindo.

Não consegui responder. Queria mostrar-lhe que era corajosa e que não era uma simples trovoada que me iria assustar. Mas sabe-se que isso não era verdade.

-“Ah…” – ele percebeu –“Não precisas de ter medo Inês. Aqui estamos seguros” – e puxou-me mais para si. O que agradeci no meu interior. Estava com frio ,e curiosamente, ele estava sempre tão quente.

-“S-Sérgi-o-o… Nã-não che-chegaste a respon-ponder.”- custava-me falar pois os meus lábios tremiam de tanto frio. Chuva e vento não ajudavam muito.

Ele deve ter percebido que eu estava cheia de frio, pois puxou-me para o seu colo, mesmo estando eu toda ensopada, e abraçou-me, aquecendo-me. Sentia-me bem assim.

-“Eu… eu quero estar contigo. Eu acho que não fazes ideia do quão importante és para mim.”

-“Po- porquê?”

-“Eu gosto de ti Inês. Desde que te vi que não te consigo tirar da minha cabeça. Estás sempre presente. E… depois aquele beijo. Eu quero ser o teu namorado. Eu quero ser aquele que faz o teu coração palpitar, eu quero ser aquele que te deixa sem fôlego…”

-“Já deixas...”- murmurei, mas ele ouviu, pois sorriu feliz por o saber.

-“Mas isto é o que penso. O que eu sou para ti?”

-“Para mim?” – já estava arrependida por ter começado esta conversa –“Para mim tu começaste por ser o rapaz atiradiço e convencido da turma. Mas fui me apercebendo que é só uma máscara. Tu és perfeito. Eu...”

-“Tu?”

-“Eu gosto mesmo de ti. Mas ás vezes tenho medo que a minha prima tenha razão e que possas voltar a sentir o que sentias por ela…” – baixei a cabeça. Não queria que ele soubesse estes meus pensamentos. Mas com ele eu era um livro aberto.

-“Não… Não sejas parva. Eu nunca iria fazer isso. Muito menos a ti. Eu gosto mesmo de ti Inês, acredita em mim!”

 Após esta declaração eu já sentia a sua mão quente no meu rosto, os seus lábios contra os meus novamente. Sentia o seu sabor outra vez. Sorri de felicidade. Deixei-me de vergonhas e entreguei-me ao beijo. Percorrendo os lábios dele com a minha língua, colando os seus lábios macios aos meus que ansiavam por mais.

Ali estava eu com ele, colada no seu abraço protegida da chuva tendo o dia mais perfeito da minha vida. Tê-lo ali comigo acabava com todos os problemas. Ele puxou-me para o seu colo e entre beijos disse-me algo que há muito queria ouvir.

Agora sim pensei que só podia estar a reviver o meu sonho. Mas afinal, não acordei. Isto não era um sonho. Era mesmo real. O Sérgio estava mesmo ali comigo dizendo-me que me amava e que queria namorar comigo, porque não aguentava estar sem mim um segundo.

-“Eu namoro contigo seu doido.” – sorri de tanta felicidade –“E prometo-te que vamos estar juntos todos os dias durante as férias sim?”

-“És tudo para mim!” – e levantou-me, fazendo-me girar á chuva que corria lá fora. Mas não me importei. Queria dizer que também ele estava tão feliz quanto eu. Mas como sempre, algo tem de arruinar os nossos momentos perfeitos. Recebi uma chamada que não esperava há muito receber.

-“Estou?”


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Notas finais do capítulo

q estao a achar???



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