Dynasty escrita por Mims


Capítulo 1
Único




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''Thought we built a dynasty forever couldn't break up

It all fell down.''

—Dynasty, Miia

 

O calor do quase verão queimava a pele de Newt, que observava de longe seus amigos entusiasmados jogando futebol no vasto gramado. Mesmo tentando ao máximo, não conseguia tirar os olhos de Thomas desde que este chegara à W.C.K.D. Sem saber, o moreno possuía a total atenção de Newt para si.

O loiro achava incrível como o capitão do time de futebol movia-se rápido, sem perder o foco por um segundo sequer, com movimentos precisos e determinados. Um líder nato, de fato, calculando os mínimos detalhes para ter qualquer multidão virada para si. Thomas sabia chamar atenção quando queria. E alguma parte dentro de Newt sentia que o garoto tinha esse desejo todas as horas.

Quando Thomas marcou mais um ponto para seu time, só se conseguia ouvir tanto os aplausos dos interessados nas arquibancadas – que não passavam de uma dúzia – quanto os cumprimentos de comemoração vindo dos próprios jogadores.

Por um segundo apenas, o olhar de Newt encontrou com o de Tommy e este lhe lançou um sorriso sugestivo e ambicioso, como se o ponto marcado fosse para ele. O que estava na arquibancada não pode fazer nada além de abaixar a cabeça e sorrir para si mesmo. Em seguida, quase que instintivamente, direcionou seu olhar para Teresa, namorada de Thomas, num ímpeto de culpa e superioridade.

A garota estava sentada a metros de onde o jovem se encontrava, mas ele conseguiu achá-la num impulso involuntário. Teresa situava-se com um grupo de amigos, conversando e dando pouco caso ao jogo. Newt tinha certeza que aquele era o grupo de ciências e que possuíam assuntos mais importantes a tratar do que uma simples partida de futebol americano. Ainda mais um treinamento.

Uma parte de si ficou feliz com o descaso da garota e ele sentiu vontade de gritar para Thomas sobre como sua namorada estava indiferente a tudo aquilo. Pensou por longos minutos que, se fosse ele que estivesse com o astro do futebol, agiria completamente diferente de Teresa, mas logo voltou a cair na realidade. Era ela quem estava com Thomas e não ele. Suspirou, enfiando as unhas na palma da mão, tentando de alguma forma distrair-se. Quem sabe para parar de sentir o aperto repentino em seu peito.

Não se passaram sequer poucos segundos quando Minho parou a sua frente com uma expressão divertida.

— Seria bom se você parasse de olhar pra ele ao menos por 5 segundos. – O asiático falou e Newt o olhou torto. Sabia muito bem de quem o amigo estava falando.

— Não estava olhando pra ele, estava olhando pro céu. – Mentiu.

— Não sabia que o céu ficava na bunda do Thomas.

Newt, antes sentado, levantou-se bruscamente e tapou a boca de Minho num misto de euforia e medo por alguém ter escutado aquela frase tão simples, mas que poderia por tanta coisa a perder. Após olhar ao redor e certificar-se que não havia olhos ou ouvidos voltados para si, encarou irritado o rapaz à sua frente, que ria divertido. Mesmo apreensivo, tirou lentamente a palma da mão da boca do amigo, que passou a gargalhar ainda mais alto.

— Cala a boca, Minho. – Resmungou sentindo seu rosto ficar vermelho. Só não sabia se era de vergonha ou raiva.

— Relaxe, sua paixonite secreta pelo líder de futebol está segura e você sabe disso. –Minho assegurou ainda com um sorriso no rosto.

— Pois não parece. –Newt lançou um olhar furioso para ele. –Afinal, porque você não tá no treino?

— Esqueceu da briga que me meti com o Gally semana passada? Tô afastado do time, pelo menos por enquanto.

O asiático deu uma risadinha, mas Newt conseguia detectar o quanto ele estava frustrado por não poder estar treinando. Sabia mais que qualquer um sobre quanto Minho queria e precisava se esforçar para conseguir uma bolsa de estudos para a faculdade e de como priorizava o futebol para atingir tal objetivo. Portanto, mesmo que o amigo insistisse que não se arrependia nem por um segundo de ter socado o rosto de Gally repetidas vezes no pátio do colegial, ele sabia que era mentira.

Ao ver Minho sentando ao seu lado e observando atento ao jogo que prosseguia no campo, o loiro só conseguia lembrar-se do dia em que contara para o asiático sobre sua queda por Thomas.

A conversa que tiveram, regada a uísque e cervejas, rendeu uma série de piadas ao de cabelos negros, que não perdia oportunidade de zombar da cara do amigo. Às vezes, Newt lamentava-se amargamente de ter contado tal segredo, mas essa sensação só surgia quando Minho abria a boca para fazer alguma piada sobre o caso.

E o caso tinha nome, sobrenome e um sorriso que faria qualquer um implorar para que ele arrancasse suas roupas.

Thomas havia chegado com dois anos de atraso ao W.C.K.D., vindo de alguma parte do globo que ninguém fazia ideia. Cursando o penúltimo ano, o moreno havia se mostrado quieto e retraído em sua primeira semana na escola nova, porém, com o passar dos meses, fora se tornando cada vez mais popular e conquistara o respeito da maioria dos colegas. De deslocado à estrela do futebol, isso era o que muitos poderiam chamar de um clichê típico de filmes americanos.

Newt conseguia lembrar nitidamente da primeira vez em que falara com Thomas, no segundo dia de aula. Ambos foram apresentados devido à Alby, um amigo em comum, que estava ajudando o novato a guiar-se pelos corredores do enorme colegial. Lembrava como Thomas sorrira ao cumprimenta-lo, como ele fizera piada com seu nome e de como se encontrara estranhamente encantado pelo garoto.

De repente, Newt se via agindo como um tolo apaixonado, indo contra toda sua natureza anti-amor.

Seus pensamentos foram interrompidos com a série de gritos em comemoração vinda do campo. O time pelo qual estava torcendo havia ganhado a partida. Ao seu lado, Minho aplaudia alegre e coagiu Newt a fazer o mesmo.

Novamente o olhar de Tommy encontrou o do loiro. Dessa vez, ele não desviou e deixou uma série de confusões preencherem seu peito. Os olhares fixos deram origem a um sentimento urgente e agressivo que Newt sabe muito bem do que se tratava, ainda sim não pensou muito sobre.

Eles tratariam daquilo pessoalmente.

 

─── ❖ ───

 

Newt não demorou a se levantar da cama assim que recebeu a mensagem de Thomas. O treinamento que assistiu mais cedo naquele mesmo dia havia terminado há horas, deixando Thomas livre o resto do dia. No entanto, já era noite quando o moreno resolveu falar com Newt e a luz que entrava em seu dormitório não passava de uma mera luminária acesa. Minho estava na cama do lado lendo um livro qualquer e percebeu de imediato assim que o colega atravessou o quarto em direção à porta.

— Pra onde vai? – Ele perguntou, sem tirar os olhos do livro.

— Hábitos noturnos, sabe como é. –Newt sempre dava a mesma desculpa.

— Sabe, um dia eu ainda te sigo pra ver o que você tanto faz rodando pela escola. – Minho suspirou. – Mas, por enquanto, estou com preguiça demais pra isso, então se cuida e fica atento pra não te pegarem.

— Acho que você ficaria desapontado. Não faço nada instigante. – Mais uma mentira naquele dia. Estava ficando bom nisso.

O loiro estava quase abrindo a porta quando foi atrapalhado mais uma vez pelo colega.

— Newt? – Voltou a chamá-lo. Os olhos negros do asiático agora o encaravam com firmeza. – Não faça nada que eu não faria.

O trolho assentiu antes de sair pela porta na ponta dos pés. Sentia-se mal por ter que mentir para o amigo sobre o seu destino, mas não podia fazer nada além daquilo. Não queria e muito menos iria estragar tudo.

O quarto de Thomas não ficava muito longe do seu, na área leste do prédio, entretanto sempre havia o receio de ser pego fora da cama após o toque de recolher. Por sorte, o garoto não esbarrou com nenhum supervisor durante o percurso ao dormitório do outro.

Vez ou outra ouvia um ruído ou o som de alguns passos que o assustava e o fazia se imaginar mais uma vez na sala da diretora Ava Paige, ouvindo longos sermões e provavelmente pegando uma detenção.

Contudo isso não aconteceu e logo Newt bateu euforicamente na porta de Thomas, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O moreno apareceu à sua frente em poucos segundos, dando espaço para que entrasse no cômodo.

O quarto de Thomas era ligeiramente bagunçado, com alguns pôsteres espalhados pelas paredes, algumas roupas pelo chão e as camas por fazer. Newt gostava daquela bagunça familiar e automaticamente deixava escapar um sorriso pelo seus lábios. Sentira falta daquele lugar.

— Onde está Chuck? – O loiro logo sentiu falta do jovem simpático que vivia naquele quarto.

— Enfermaria. Não estava se sentindo muito bem. –Thomas deu de ombros, se aproximando lentamente do loiro.

O olhar do moreno encarava fundo os olhos cor de mel de Newt. Nessa batalha silenciosa, um misto dos mais diversos sentimentos preenchia o quarto, vindo de ambos. Eram raros aqueles momentos de silêncio, com os dois apenas se encarando sem falar uma palavra ou fazer qualquer movimento. Silenciosamente, o loiro desejava que aquele segundo não tivesse fim. Era incrível sentir o corpo do amado junto ao seu, mas encarar aqueles olhos era ainda melhor. Fazia tudo parecer mais real, e alimentava ainda mais as esperanças dele acerca do que poderiam ser.

Porém Thomas era apressado, agressivo e silencioso. Impaciente. Alguns diziam que essas eram as principais características dele. Newt concordava em partes, mas sabia por experiência própria que havia muito mais no garoto que os outros conseguiriam entender.

— Gosta do que vê? –Thomas perguntou provocante, dando um sorriso sugestivo.

— Pergunto o mesmo. – A resposta veio rápida, cortante. Aquela era a maneira deles de agir, em um jogo sem fim de insinuações.

Em poucos segundos, estavam perigosamente perto um do outro. Os olhos sustentando o contato constante e os corpos quase juntos. Não se tocavam, nem um músculo sequer, pelo menos não ainda.

— Já faz tempo. – O moreno sussurrou, encostando os lábios no pescoço de Newt. Uma constatação implícita.

— Não por culpa minha, Tommy.

Thomas sorriu maliciosamente, adorava ser chamado assim por Newt. Ignorou a acusação feita pelo parceiro e suas mãos envolveram a cintura do rapaz em um toque delicado e sensitivo. Em outras circunstâncias, poderia jurar que estava sendo carinhoso. Mas Newt sabia que não. Não era do feitio de Thomas agir daquela maneira.

Estava apenas se preparando para o que estava por vir.

Em poucos segundos, Newt se viu sendo empurrado para cama. Thomas vinha por cima dele, beijando-o fervorosamente com um desejo exacerbado. Os olhos do loiro iam se fechando à medida que o outro ia descendo os beijos pelo seu corpo, em um misto de ansiedade e euforia por saber onde aquilo ia parar.

Os dedos de Tommy brincavam inquietos com o botão de sua calça, abrindo-a em um só gesto. Antes de tomar qualquer outra iniciativa mais séria, voltou a beijar os lábios de Newt que, mesmo sem admitir, estava amando aquele jogo lento e quase torturante que o líder do time de futebol sempre insistia em fazer.

Portanto, ali, sentindo todo aquele misto de sensações e vendo Thomas entregue a seus movimentos, Newt só conseguia manter uma coisa em mente:

Deus, como amava aquele garoto.

 

─── ❖ ───

 

O clima de chuva tomava conta de todo o perímetro da W.C.K.D., fazendo os dias passarem mais devagar. O semblante de Newt mostrava preocupação e sua mente não conseguia se concentrar na aula de programação que se desenrolava à sua frente. Sentia sobre si todos os olhares da sala, perfurando-o.  Seus pensamentos estavam distantes dali, nas palavras que Thomas proferira dois dias antes e que lhe causaram um abalo tremendo. Por mais que tentasse, não conseguia impedir que o conjunto de frases invadisse sua consciência conturbada. Fora pego desprevenido demais. Vulnerável demais.

O primeiro erro que Newt cometeu, sem dúvidas, foi contar a Minho sobre como a relação dele com Thomas havia evoluído. Havia passado dias decidindo se admitia ou não para o amigo tudo que havia vivido ao lado do moreno, um segredo tão importante e tão advertido.

Tommy sempre lhe dizia que tudo aquilo que faziam juntos cabia apenas à eles dois. E a mais ninguém.

Mas Newt tinha uma parcela maior de teimosia e impulsividade do que gostaria e apenas confirmou isso ao se ver desabafando entusiasmado com Minho. Cada encontro, palavra e momento fora proferido numa noite qualquer ao asiático, que se mostrou menos surpreso do que deveria.

— Então está explicado pra onde você ia quando sumia a noite. – Foram as primeiras palavras pronunciadas pelo jovem quando descobriu toda a história.

Como sempre, este jurou segredo. Newt acreditou. Não deveria.

O segundo erro que o trolho cometeu foi deixar Minho ir aquela festa. E, principalmente, não ter ido junto com ele.

Três dias antes, Newt não fazia ideia do estrago que várias doses de bebida e uma briga entre o asiático, Thomas e Gally causaria. Se soubesse, obviamente teria feito algo para impedir.

Minho foi trazido por Caçarola até o dormitório. Ele estava extremamente bêbado, cambaleante e em lágrimas. A primeira reação de Newt foi ajudar o amigo a sentar na cama e buscar um copo de água, dispensando Caçarola logo em seguida, que foi embora lançando um olhar triste para o loiro.

Mesmo estranhando a reação do colega, ele deixou para lá e focou em ajudar aquele que estava deitado na cama, parecendo apreensivo e em uma crise de choro sem fim.

— Minho, sou eu, o Newt. O que aconteceu? – Tentou arrancar algumas palavras do amigo, que insistia em continuar em sua poça de lágrimas.

— M-me desculpa. Eu fiz merda. D-de novo. – O moreno custou a falar.

— Mas o que você fez? O que houve? Fala comigo.

No entanto, o outro só continuou chorando e soluçando até vomitar e depois pegar no sono. Apesar de estar uma pilha de nervos, Newt ajudou o companheiro a se limpar e a ficar o mais confortável possível. Depois de tanto trabalho, pegou o telefone e mandou mensagem para Thomas, que visualizou na mesma hora, mas não se deu o trabalho de enviar uma resposta.

Na mesma hora, o loiro temeu o pior. Tentou se distrair lendo um livro, jogando no celular e até procurou acordar Minho, sem sucesso. Sem ter muito o que fazer, voltava a mandar mensagens para Thomas, que se mostrava muito bom em não responder. Newt, porém, era persistente e continuou até Thomas não receber mais as mensagens. Na pior das hipóteses, tinha desligado o celular.

Bufou, frustrado, e decidiu falar com ele pessoalmente no outro dia.

O terceiro e último erro de Newt foi procurar Thomas pelo prédio no dia seguinte. Esse talvez fosse o erro pelo qual mais se arrependia, pois, se não o houvesse feito, não sentiria a colisão das palavras do seu amado sobre si.

Era tarde quando decidiu rodar todo o campus escolar em busca de uma única pessoa. Minho ainda não havia acordado e algo dentro de Newt pressentia que o amigo estaria de ressaca e provavelmente com dor de cabeça o suficiente para não falar por várias horas, mas a ansiedade que preenchia o peito do loiro era grande e ele nunca foi uma pessoa muito paciente. Precisava descobrir o que acontecera na noite anterior.

Quando encontrou Thomas, este estava andando sozinho por um dos corredores do prédio masculino. Ele parecia um tanto triste de longe, mas quando Newt tocou seu ombro meio receoso, percebeu que o olhar de Thomas era repleto de fúria. De certa forma, combinava com o olho roxo e os diversos arranhões que cobriam sua face. Mesmo assustado com as condições físicas de Thomas, Newt apenas perguntou:

— Porque não respondeu minhas mensagens?

— Porque? Não é óbvio? Você estragou tudo, Newt. – Thomas esbravejou, com um tom acima do normal. Se qualquer um passasse por ali naquele momento, tomaria um belo susto. – Não suportou a ideia de não me ter só pra você, não é isso? Aí insistiu em fuder minha vida, que ótimo!

— De que merda você está falando, Thomas?

Chamá-lo pelo nome sem usar o apelido usual machucou Newt mais do que ele gostaria de admitir. Todavia, eram circunstâncias necessárias e duvidava muito que, naquele momento, Thomas quisesse ser chamado de Tommy.

— Da briga, do Minho. De tudo! – O moreno gesticulava irritado, a voz cada vez mais alta.

— Eu não sei se você é idiota ou só se faz, mas não dá pra perceber que eu claramente não faço a mínima ideia de que porra você está dizendo? – Agora era Newt que estava irritado.

— O imbecil do Minho não sabe se controlar numa briga e falou o que não devia. Você devia estar lá pra ver ele me xingando de todos os nomes possíveis enquanto me socava. E sabe qual foi a melhor parte? ‘’Você deveria parar de ser arrogante e passar mais tempo treinando do que comendo o Newt.’’ Foi essa a merda que ele disse. Eu poderia ter me defendido, mas estava sem reação ao perceber que eu confiei num idiota que não sabe guardar a porra de um segredo. – A ironia e ressentimento na voz de Thomas era evidente.

— Parabéns, por sua culpa o colégio inteiro sabe sobre a gente. Eu ouvi rumores que eu posso até sair do time de futebol e a Teresa não fala comigo desde a festa. Sinceramente, você estragou uma boa parte da minha vida então deixo aqui o meu mais sincero vai se arrombar.

Enquanto um esbravejava, o outro estava sem reação. Não conseguia acreditar no que Minho fizera. O choque percorria suas veias enquanto continuava a ver Thomas falando sem parar sem, no entanto, conseguir prestar atenção em uma palavra sequer que ele proferia.

Quando voltou a si, preferia não tê-lo feito, pois o que ouvira fora pior que mil facadas em seu peito.

Quando você passar por mim, finge que não me conhece, tá bom? Eu não quero nunca mais olhar na sua cara e muito menos ouvir teu nome. Juro como eu queria voltar no tempo e nunca ter falado com você. Ah, e se você vier atrás de mim, pode ter certeza que eu faço questão de quebrar sua cara.

Thomas partiu sem nem olhar para trás, com o andar exalando ódio e os punhos fechados. Newt ainda continuou parado ali por 15 minutos inteiros, em total choque com tudo o que havia acabado de presenciar.

Era inegável que Minho era impulsivo e Thomas, um tanto agressivo, mas aquele conjunto havia sido extremo. Newt se sentia traído, usado e exposto. Aquele choque de realidade era demais para ele.

Toda a escola agora sabia sobre os dois.

No fundo, o loiro se culpou por um dia ter desejado aquilo. Não queria que fosse daquele jeito. Contudo, o que mais aterrorizava Newt era a perspectiva que acabara de perceber.

Thomas nunca mais falaria com ele.

Com esse pensamento, voltou a passos demorados para o dormitório, onde o amigo se encontrava já acordado e sentado na cama. Assim que o loiro entrou, Minho ainda tentou falar com ele, em vão.

Newt ficou o dia inteiro calado, ignorando todos os pedidos de desculpa e tentativas de conversa que o asiático tentava iniciar. Depois de algumas horas, as lágrimas finalmente vieram e ele se sentia legitimamente no fundo do poço.

Antes de tudo isso, havia em si uma pequena esperança, mesmo que quase impossível, de Thomas o escolher, abandonar Teresa e o assumi-lo diante de todo o colégio.  Às vezes, ele passava dias imaginando como eles seriam como um casal, tudo o que eles fariam juntos, mas era uma concepção tão irreal que Newt ria de si mesmo por ter aqueles pensamentos.

E se antes era impossível, agora ultrapassava os limites de tal palavra.

A realidade o assustava cada vez mais, assim como a possibilidade de nunca mais estar com Thomas.

Naquela aula de programação, Newt não conseguia parar de pensar em como fora tolo ao criar expectativas que não poderiam ser correspondidas. Fora tolo em confiar cegamente no amigo sem ponderar sobre as consequências. Fora tolo ao se deixar levar por seus sentimentos estúpidos, nunca temendo o pior.

Um dia, Newt pensou que estava construindo algo poderoso com Thomas. Inquebrável, eterno, possível, perpétuo, mas havia se esquecido de que, nesse mundo, tudo tem um fim.

O loiro daria qualquer coisa para poder voltar no tempo e fazer com que nada daquilo acontecesse. Queria voltar a chamar Thomas de Tommy, a passar momentos únicos com ele, acordar ao seu lado, sentir seu cheiro e sua pele.

Entretanto, a única ação que poderia fazer era aceitar que certas coisas não eram para ser.

Ainda moveria o mundo e os 7 mares por Thomas, mas percebia que este não faria o mesmo por ele. Sustentaria todos os monumentos e dinastias da história se aquilo fizesse Thomas feliz.

Porém Tommy não correria esse risco. Não por Newt. Ele deixaria tudo desabar sobre a cabeça do outro, sem se preocupar com nada além dele mesmo.

Foi exatamente isso que fez.

Sem perceber, silenciosamente, tudo desabou.

E Newt não estava preparado para o peso do impacto.


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